The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 17
Passos na Floresta


Notas iniciais do capítulo

Vamos voltar a ter POVs do Bruno em breve, vislumbres do passado das personagens, também, que vão esclarecer muita coisa.

Boa leitura o



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POV – Carla

Fumaça espiralava ao meu redor. Tossi.

O carro havia saído da pista e capotado duas vezes, para nossa sorte não havia parado de cabeça para baixo.

Aninhei a criança que berrava contra meu corpo com um dos braços, enquanto trabalha com o outro para abrir a porta amassada.

- Merda! Bruno? –dizia a voz de Steve aborrecida à frente. Devia estar tentando retirá-lo do carro.

Por fim, consegui abrir a porta com um estrondo. Estava me preparando para sair quando braços finos agarraram-me por trás em um golpe que arrancou meu fôlego.

- Solte-o! – gritou Selena histérica, arranhando meus braços e rosto expostos.

- Não! Sua vadia imprestável! Ingrata!

Desferi uma cotovelada na lateral do seu corpo, esta gemeu de dor e seu aperto se afrouxou um pouco, repeti o golpe e dessa vez ela me soltou.

- Ele é meu filho! – berrou.

- Você não o merece. – Chutei a mulher com o pé esquerdo, empurrando-a para dentro do carro.

Comecei a me afastar cambaleante do carro, mas não o suficiente para livrar-me daquela maluca desequilibrada; Selena irrompeu de dentro do carro e pulou sobre mim. Rolamos na terra fria e no asfalto gasto, sem escolhas, coloquei o bebê berrando para o lado, o mais longe possível da briga.

Agora tinha ambos os braços livres.

Selena tentou pegar o filho, vendo essa oportunidade, agarrei seus cabelos e aproximei seu rosto de encontro ao meu joelho. Algo estalou, possivelmente seu nariz.

Irada, ela estapeou e arranhou meu rosto na terra; por alguns segundos, teve vantagem na luta.

- Puta! Viajando com aqueles dois homens, é? Eu me pergunto para qual deles você deu primeiro. – falou.

Aquilo realmente me irritou e o tapa que dei na mulher fez com que se curvasse em um ângulo que, supus, não era nada saudável para sua coluna.

- Nem todas as pessoas são como você, aprenda isso. – rebati.

Ela ergueu o olhar e encarou-me. Em um esforço inútil começou a levantar, para seu azar meu pé direito atingiu a lateral da sua cabeça primeiro.

Caiu, inconsciente no asfalto com pernas e braços sujos de terra.

Nunca havia feito nada do tipo e a adrenalina que corria em minhas veias era estonteante. Comemorei meu feito por alguns instantes, rindo do corpo inerte à minha frente, até lembrar do bebê, esquecido em um canto durante a briga.

Olhei tranquilamente para onde tinha deixado-o. E não encontrei nada.

Uma centelha de agonia trespassou meu peito, como uma flecha atravessa um cervo durante uma caçada.

Desesperada, vasculhei a estrada com os olhos. Pela visão periférica, vi Steve tirando Bruno do carro, olhava na minha direção, esperando auxílio, talvez?

Se esperava, não o teria, até que encontrasse o bebê.

Frustrada, chutei uma pequena pedra para fora do meu caminho. Então, ouvi. Agudo e repentino. Um choro de criança. Tão rispidamente quanto havia começado, o som se extinguiu.

Fiquei sem ação por um instante, organizando os pensamentos. O choro não estava longe, poderia ir até lá e encontrá-lo, se tivesse sorte, ainda com vida.

No momento seguinte, precipitava-me pelas árvores forradas de musgo. Não saberia dizer quanto tempo levei até encontrar a clareira. Um círculo coberto por folhas secas e pequenas frutinhas vermelhas impróprias para consumo. .

Nessa clareira encontrei o corpo da criança, ainda envolto no cobertor azul-claro. Receosa, porém, decidida, me aproximei.

A barriga da pequena criatura fora grosseiramente aberta, os órgãos internos, arrancados. Senti a bochecha molhada pelo líquido quente das lágrimas, deixei que escorressem e se depositassem na terra.

Agachei-me sobre o cadáver e ergui um punhal acima de sua cabeça. Precisa ser feito, repeti diversas vezes a mim mesma.

Estava baixando a arma, quando a coisa abriu os olhos. Perdi o fôlego e me afastei, soluçava e não tinha mais certeza de que podia matá-lo, apesar de a necessidade ser ainda maior.

A transformação fora rápida; não deixei de notar.

- Anda Carla! – disse para as árvores e folhas.

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Fiz o sinal da cruz por cima do crânio perfurado.

O silêncio durou pouco. Novos grunhidos substituíram os anteriores. Passos. Muitos passos. Respirei fundo e andei nas pontas dos pés até a árvore mais próxima.

Não tinha exatamente a maior habilidade do mundo para escalar árvores, mas o desespero daquela situação me ajudou.

Equilibrada criticamente, observei um garoto de no máximo treze anos de pele branca e roupas rasgadas se aproximar do corpo frágil e curvar-se sobre ele. Fungou. Aspirou o ar por um momento e então, olhou diretamente para mim.

Uma expressão de reconhecimento passou por seus olhos vermelhos e ele avançou, as mãos sangrentas raspando o tronco.

Reconhecimento de uma presa vulnerável.

POV – Steve

Bruno estava ferido, Carla perdida e Selena inconsciente. Pelo menos pela última eu agradecia, aquela desgraçada esteve atuando direitinho e merecia uma surra ainda maior de Carla.

Olhei para o carro. Destruído, e poderia até explodir a qualquer momento. Decidi que não me arriscaria mais com aquela lata velha e retirei Bruno e a bolsa de armas de lá, o mais rápido possível.

Bruno, inconsciente, não parava de sangrar, por mais que eu pressionasse a ferida com minha camiseta, já ensopada de sangue. Poderia ter sido pior, a faca penetrara apenas em um ponto abaixo de seu ombro, ao invés de atingir alguma função vital.

Estávamos vulneráveis ali. Eu tinha de dar um jeito de encontrar um abrigo antes que a noite caísse. Mas haveria algum, em meio às árvores daquele fim de mundo?


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Notas finais do capítulo

Capítulo ficou um pouco curtinho, mas tá bom, o que acharam?