The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 15
Fazendeiros


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, tive uma semana difícil. Enfim, aqui estou, particularmente não achei esse capítulo muito bom, mas... Vocês decidem! Boa leitura e deixem reviews!



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POV – Fernando

O homem de cabelos negros e olhos castanho-escuros, que me apanhara vigiando entre a grama baixa; cochichava com o homem de pele negra e a bela mulher de cabelos avermelhados. Tentavam tomar uma decisão, mas estavam claramente em conflito.

Pareciam um trio forte e determinado, tinham armas, suprimentos e, claro, olhares ferozes nos rostos. Ao contrário de nós. Uma parte do nosso grupo estava realmente firme e determinada, a outra largaria as armas e fugiria caso a situação se tornasse desfavorável.

Numa luta – se houvesse alguma – o trio com certeza venceria nosso grupo; a vantagem numérica nos tornava apenas mais fracos. Mais bocas para alimentar, mais conflitos para resolver. Menos chances de escapar...

Nunca havia desejado juntar-me aquele grupo. Minha irmã e eu, morávamos antes de tudo isso acontecer, em uma fazenda próxima, uma das primeiras a ser tomada. Perdemos nossa família e amigos e, resolvemos tomar o rumo da cidade; pensávamos que teríamos mais chances de encontrar comida e abrigo.

Ashley e eu, porém, fomos interceptados por essas pessoas; a velha que exigia ser chamada de Mãe, por algum motivo que eu desconhecia era a líder. Roubou toda nossa comida, colocou enxadas e outros tipos de lâminas mal feitas em nossas mãos e obrigou-nos a lutar para defender sua fazenda. Um pedaço de terra com construções velhas apinhadas de teias de aranhas e ninhos de ratos.

Neste momento, Ashley e eu testemunhávamos – de um ponto privilegiado, sentados na beira da estrada de terra – horrorizados o que estava prestes a acontecer sem nos envolver, ela estava aninhada em meu peito, lágrimas escorriam por seu rosto adolescente.

A Mãe gritava insultos e pressionava os ocupantes do carro; ameaçava a vida de Selena e seu filho. Selena não corria perigo de verdade, estava apenas representando para amolecer os corações do trio.

Súbito e chocante, o ronco do carro pôde ser ouvido. O homem de cabelos negros acelerava, iria atropelá-los!

POV – Steve

Resolvemos o que iríamos fazer.  Inesperadamente, Bruno arrancou com o carro na direção dos moradores rurais.

Parou a centímetros de atropelar o grupo.  E, algumas pessoas, na pressa de sair do caminho, acabaram caindo ao chão, gerando uma instabilidade geral no grupo.

- Entra no carro, moça! – gritou Bruno.

A mulher com o recém-nascido não parecia querer vir, medo de nós, talvez?

- Moça! Agora! – instou ele.

Ela não tinha escolha. Era refém daquelas pessoas e correria perigo se não confiasse em nós.

Um homem forte de porte atlético com um corte de cabelo moderno, usando regata branca, recuperou o equilíbrio e agarrou-a por trás. Nenhum dos dois desviava o olhar da nossa direção; a moça, assustada demais para reagir a qualquer coisa, apenas segurava com força a criança em seu colo.

Um grunhido e um grito distantes fizeram todos congelarem onde estavam. Até mesmo a velha senhora manteve um olhar assustado no rosto por alguns instantes.

Em seguida, o primeiro infectado surgiu por trás de uma mulher loira e abriu-lhe a garganta.

- Barulho demais. – comentou Carla, sombriamente.

Logo, uma dezena deles invadia a estrada. Pessoas correram desesperadas e em meio à confusão, Bruno puxou a mulher e seu filho para dentro do carro. O homem que antes a agarrava tentou nos seguir, mas um zumbi mordeu sua panturrilha esquerda.

A velha senhora gritou algo incompreensível e correu em nossa direção, vários seguiram seu exemplo e em poucos instantes os moradores rurais desesperados tentavam nos arrancar do carro. Era a única maneira de sair dali.

- Seus malditos! Procurem por outro carro, esse é nosso! – gritei enquanto socava uma mulher com metade do corpo para dentro do carro.

- Bruno... – gemeu Carla, tentando ao máximo ajudá-lo contra a enxurrada de pessoas que tentavam ocupar seu lugar no carro – Tire a gente daqui!

A mulher que resgatamos, estava histérica ao lado de Carla no bando de trás, parecia disputar uma competição de berros com seu filho e aquilo estava me irritando. Em meio a toda aquela luta por sobrevivência, a única coisa que ouvia eram os gritos enlouquecidos no interior do veiculo.

Um homem obeso de rosto avermelhado atingiu o vidro traseiro do carro com um machado já sujo de sangue, cacos de vidro minúsculos choveram sobre Carla e a mulher, que protegeu o filho com o próprio corpo.

Quando, conseguimos, enfim nos mover, foi inevitável o atropelamento de algumas pessoas. Não lamentei. Não havia tempo para isso.

Olhei para trás, Carla tinha os braços e rosto ensanguentados, os fios de cabelo que não foram arrancados estavam embaralhados e sujos, seus olhos estavam levemente arregalados.

- Tudo bem com você? – perguntei.

- Não, mas vou ficar. – declarou.

- E quanto a você? – perguntei à outra mulher, sem esperar resposta lancei outra questão – Tem nome?

Reprimindo um soluço de agonia e pesar, ela respondeu:

- E...E...Estou bem. É só que... – arfou pesadamente – Me chamo Selena.

- Selena... Fique tranquila, está segura conosco agora.

Ela retribuiu com um sorriso torto fraco.

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Já havia amanhecido um novo dia. Durante a noite havia me revezado com Bruno ao volante, para que pudesse descansar um pouco, mas ele já havia assumido a posição novamente.

Selena e Carla custaram a adormecer, a primeira chorara durante a maior parte da noite. 

Uma criança, refleti; como seria cuidar de uma criança agora, nesse mundo?

Suspirei e esse movimento súbito acordou a mulher que era a única que ainda dormia.

- Bom dia. – Carla e Bruno falaram em uníssono.

- Bom dia. – resmunguei, irritado.

A mulher permaneceu em silêncio por alguns instantes, quando nos encarou, seus olhos estavam marejados.

- Pode segurá-lo por um minuto? – indagou para Carla e entregou-lhe o filho.

- Sim, claro. O que precisa fazer?

Selena não respondeu, o silêncio constrangedor dominou o carro por aproximadamente dois minutos, quando resolveu falar, sua voz era cruel e gélida.

- Nunca corri perigo de verdade, sabiam?

- Como é que é... – começou a perguntar Carla.

- Tudo uma armação... – deixou as palavras pairando no ar e terminou com uma risada baixa – O homem que segurava a corda era meu marido. O pai do meu filho... E o único motivo para eu ter vindo com vocês, resume-se em uma palavra: Vingança! – a voz era calma e controlada, mas deixou transparecer seu ódio no final da frase.

Bruno e eu nos entreolhamos, mas era tarde. Selena com o olhar furioso, jogou-se contra a parte de trás do banco dele; com um movimento rápido, ela sacou uma faca enferrujada e cravou-a em nosso motorista.

O carro perdeu o controle.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Ah, e sugestões para os próximos capítulos são aceitas!

:D Obrigado por ler!!