The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 14
Consequências da Infecção(parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Que tal deixar um review? Ou - eu sendo ganancioso - que tal deixar uma Recomendação? :P



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POV – Claire

O que antes fora Peter parou, pois nessa exata fração de segundo, um projétil trespassou sua cabeça, espirrando sangue e miolos sobre mim.

Olhei para trás e vi um homem. Por um momento minha cabeça vagou incoerentemente e não reconheci Victor ali, à minha frente. Ele agitava um dos braços e gritava para mim, enquanto descarregava uma saraivada de balas na direção da escada de madeira.

- Você está bem? – gritou ele colocando seu rosto a centímetros do meu, tentando captar minha atenção.

Não respondi, apenas assenti vagamente, sem forças para pronunciar uma palavra que fosse.

- Precisamos ir! – gritou Victor, tentando tirar-me do torpor do momento.

- Não! Não posso! Ainda não! – respondi, praticamente cuspindo as palavras, minha voz soava estranha para mim, fortemente abalada.

- Mas, por que não?

- Preciso... encontrar.

- O que? O que você precisa encontrar? – gritou ele, mas eu já disparava pela escada de madeira, tomando cuidado para não pisar nos corpos cravejados de balas.

Evitei olhar realmente para os corpos, apenas observava-os e constatava que não eram quem eu procurava. Estava à procura de Ana. Ou melhor, a procura de seu corpo. Queria colocar uma bala em seu cérebro e dar descanso a sua alma. Mas não encontrava.

Avancei pelo corredor, agora sujo de sangue e com um cheiro fétido de corpos em decomposição. As lágrimas percorriam meu rosto, e embaçavam minha visão. Talvez fosse melhor mesmo... Não ver.

- Claire! Pare, não sei o que está procurando. Mas não está mais aqui. Conforme-se.

- Ah, é? Sabe o que não deveria estar aqui? – perguntei, mas não esperei resposta – VOCÊ! Você não deveria estar aqui, Victor! Me seguiu, por acaso?

- Eu apenas queria garantir que chegaria segura ao seu destino! E sim, eu segui você.

- Você não é meu pai! Não tem que se sentir responsável por mim!

- Não sou mesmo. Aliás, me parece que você nunca teve um. A julgar por esse lugar...

- Seu filho da puta! Isso não é assunto seu!  – gritei; Victor tocara em um assunto delicado. Antigamente, antes da Infecção, qualquer um que tocasse no assunto – principalmente na escola –, levava um soco na cara.

Ele estava prestes a responder, quando uma voz pronunciou:

- Claire. – chamou, era uma voz suave, embargada de emoção e alívio.

A bolsa de suprimentos escorregou até o chão sangrento.

- Ana! – exclamei, com a voz ainda mais esganiçada. Ela sobrevivera!

Ela correu para me abraçar, gesto que retribuí sem um único momento de hesitação.

Em seguida, Ana soltou-se e me olhou com um sentimento inconfundível estampado no rosto. Raiva.

- POR QUE NÃO VOLTOU ANTES? – berrou – Poderia ter evitado tudo isso! – fez um gesto com os braços indicando todo o espaço ao redor.

- Ana, escute-me, pelo amor...

- ESTAVA COM ELE, É ISSO? – gritou e indicou Victor, parado ali, constrangido – Ele é o quê? Um amante que encontrou no caminho? Estava com ele, enquanto todos nós morríamos?

- Está sendo injusta... – tentei argumentar.

- Você, ein? – deu um passo à frente para captar a atenção de Victor – Aproveita-se de que não existem mais leis para ficar com uma menor de idade!

- CHEGA! – gritei, em meio a lágrimas de frustração.

- Chega? – perguntou Ana, cínica.

- Não tem ideia do que passei para chegar até aqui...

- Ah, é? Passou pelo quê? Passou uma noite com seu amante? Só se for.

- CHEGA ANA! EU FUI ESTUPRADA! – declarei - Sabe o que é isso? Não, não sabe! Então cala essa maldita boca!

Diante daquilo, ela se calou.

- E-eu... Eu não sabia... – desviou o olhar, envergonhada.

Fuzilei-a com o olhar. Era como se ela diminuísse a cada instante, enquanto minha fúria crescia.

- Acalme-se, Claire. A pirralha não tinha como saber.

Ana estava sentindo-se mal demais para responder à ofensa.

Quando ninguém se moveu, Victor se pronunciou novamente.

- Considere tudo pelo que ela passou... – Victor deixou as palavras no ar.

- Ok. – foi minha única resposta.

- Precisamos sair daqui. E, rápido! Os disparos e os gritos provavelmente chamaram a atenção dos zumbis.

O clima ainda estava tenso – assemelhava-se com a calmaria que vem antes de uma tempestade –, quando nos movemos em direção à escada do orfanato. Ana, porém, continuou parada, fitando o chão sangrento.

- Ana – chamei, controlando a fúria que ameaçava dominar meus próximos atos – Venha conosco.

- Não. – falou; a voz fraca.

- Precisa vir! Vai fazer o quê se não vier conosco? Não tem chances.

- Claire... ahn... precisamos mesmo ir. – alertou Victor.

- Ana, venha conosco!

- Não posso...

- CLAIRE! – gritava Victor; ao fundo, percebi grunhidos e o – agora – familiar arrastar de pés.

- Ana! – exclamei – Por favor.

Diante disso, ela encarou-me com os olhos marejados e se decidiu. Primeiro um passo, depois o outro.

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Corremos por ruas apinhadas de infectados, a maioria sendo eliminada por Victor. Ana tinha sua faca novamente às mãos e eu uma nova, que Victor fez questão de me dar. Percebi, um pouco tarde demais, que a bolsa repleta de alimentos ficara no orfanato. Como se os zumbis fossem comer pão integral e tomar leite desnatado.

Não fizemos a rota direta entre o orfanato e a casa de Victor, os infectados se aglomeravam em nosso caminho; ao invés disso, corremos pelas ruas e becos próximos, que aumentavam a distância a ser percorrida, mas que nos levariam ao mesmo destino.

Porém, num impulso, corremos para um beco mal iluminado. Que logo descobrimos ser sem saída.

- Merda! – urrou Victor.

- Isso não pode ser o fim... – lamentou Ana.

- E realmente, não é! – exclamei exultante, apontando o bueiro – Temos uma opção.

Após alguns instantes de hesitação, concordamos em escapar por ali.

Descemos primeiro, Ana e eu e, por fim, Victor.

Estávamos em um túnel, úmido e sujo, cheirando a dejetos humanos e sangue. Fiz uma cara de nojo, mesmo que esta não pudesse ser vista por mais ninguém na escuridão intensa do local. 

Victor, prevenido, iluminou o local com uma lanterna. A princípio nenhum de nós viu nada, mas então Ana soltou um gritinho abafado.

Ri dela, era apenas um rato que no meio de uma corrida, passou por seu pé. Victor também sorriu, mas então suas feições tornaram-se sombrias.

- Esse rato...

- ...estava correndo de alguma coisa. – completei por ele.

- Ei, olhem – apontou Ana – O que será aquilo?

Uma mancha negra avançava em nossa direção; franzi a testa.

Eram ratos, mas havia algo de errado com eles. Estavam andando todos juntos e... tinham olhos de um vermelho brilhante; outros tinham partes dos corpos mutiladas, como se tivessem sido roídas.

- São ratos... contaminados! – afirmou Ana, assombrada.

- Não. Eu chamo eles de... Consequências da Infecção. – comentou Victor, soturno. 


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Notas finais do capítulo

Er... eu não revisei o capítulo. Então, se encontrarem erros, avisem-me imediatamente.