The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 12
Consequências da Infecção(parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está meio light no sentido: zumbis, porém é a partir dele que a história tomará novos rumos...
Boa leitura!



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POV – Claire

Recostei-me pesadamente na parede, exausta.

Estava na sala de estar de um apartamento bem organizado; livros bem agrupados em uma estante, sofás de luxo bem centralizados ao redor de uma mesa com tampo de vidro, nem uma centelha de pó e o melhor: Nada de mortos-vivos.

Victor, porém, conseguiu deixar-me ainda mais surpresa ao acender as lâmpadas do ambiente.

- Bem vinda à minha humilde casa. – ele se esticou confortavelmente no sofá à minha frente

- Humilde? – perguntei cética – E... e... Como você tem energia?

- Geradores. Encontrei-os aqui quando cheguei.

- Então quer dizer que essa casa não é sua?

- Ah, não. Achei uma semana depois da Infecção.

- E os donos?

- Fugiram ou morreram... Esse lugar está seguro, eu te garanto.

- Certo, e como me achou naquela casa? – perguntei, estremecendo ao imaginar o que mais poderia ter acontecido se Victor não tivesse interrompido.

- Estava vigiando as coisas... e pela janela do segundo andar pude ouvir seu disparo, em seguida, vi você correndo dos mortos. Percebi que estava em apuros e resolvi ajudar!

- Entendi. E a propósito... – hesitei, mas continuei – Obrigada por me salvar.

- Não precisa agradecer. – ele fez uma pausa – Poderia me retribuir, dizendo seu nome, ao menos?

- Claire.

- Claire... nome bonito! – apreciou ele – Então, Claire, como sobreviveu por tanto tempo? Pertence a algum grupo?

Mordi o lábio inferior. Não era tão boa em mentir, mas não podia dizer sobre as crianças para aquele homem. Ainda não confiava totalmente nele. E se fosse só mais um querendo se aproveitar de mim? E se fosse alguém que pudesse fazer mal as crianças? Não podia arriscar.

- Eu... estava vagando por aí.

Victor não parecia convencido, provavelmente vira a bolsa de alimentos que eu ainda mantinha, bem presa ao corpo e isso por si só, já delatava a verdade. Eu não estava sozinha.

O apartamento – agora de Victor – ficava a algumas quadras do orfanato, eu apenas precisava dar um jeito de escapar discretamente... E rápido! As crianças precisavam de mim. Precisavam dos alimentos. Precisavam sobreviver...

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Deixei a água quente seguir seu caminho pelo meu corpo até pingar para dentro da banheira. Estava ali há uns dez minutos, tentando limpar-me. Como se isso fosse retirar um pouco da mácula que ficara em mim após a experiência desagradável...

Olhei para o monte de roupa suja ao lado da banheira, a faca de Ana estava apoiada no tênis manchado de sangue. Não me recordava de tê-la pego, mas estivera desequilibrada nas últimas horas, talvez ainda estivesse. Tinha torturado uma pessoa e ao invés de sentir remorso ou pena, um sorriso surgia em meus lábios sempre que recordava a situação em que deixara o estuprador.

Percebi que a minha arma de fogo havia desaparecido; provavelmente caída em um canto da casa suja, onde o homem me atacara; ou talvez Victor a tivesse pego. Não importava.

Perdi o controle das lágrimas e escorreguei para dentro da banheira, desanimada.

Agarrei a faca e ali, sob a luz amarelada da lâmpada, pensei no suicídio. Seria tão mais fácil cortar um pulso com a faca, ou então, simplesmente deixar a água da banheira preencher minhas narinas, pulmões e quem sabe o buraco em meu peito...

- Claire, tudo bem? – ouvi Victor perguntar do outro lado da porta.

- Tudo. – respondi com a voz fraca. Victor também pensava que eu podia me suicidar. Ou talvez só se preocupasse com o fato de fazê-lo em seu banheiro... Mas de qualquer forma, não o faria, pois, minha missão não fora cumprida. Não ainda. Precisava resistir ao que seria o maior alívio no momento... Por Ana e pelas crianças. Ao menos a bolsa com os suprimentos precisava ser entregue.

Então, no banheiro de Victor, apenas chorei e rezei para que o homem que me deixara daquele jeito, estivesse agonizando em uma poça do próprio sangue. Talvez devorado lentamente pelos zumbis.

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- Gostou de tomar um bom banho quente? – indagou Victor. Estávamos na cozinha do apartamento luxuoso; eu usava um vestido vermelho que devia ter pertencido a antiga moradora da casa, um vestido largo o suficiente para caber duas Claires; e Victor – após rir – havia prometido arrumar roupas do meu tamanho na próxima incursão dele.

Uma pena          que eu não vá estar aqui até a sua próxima incursão, pensei, já tinha planos de fuga cuidadosamente elaborados em minha cabeça, gostaria de ser discreta, mas lutaria se precisasse.

- Claro! Sinto-me muito melhor! – respondi cínica – Tudo pelo que passei nas últimas horas sumiu com um bom banho quente!

- Olha Claire... Sei que passou por uma situação difícil...

- Esqueceu de dizer: perturbadora e humilhante.

- Isso... Eu só estava tentando dizer que você não precisa reagir assim...

- E QUER QUE EU REAJA COMO? – gritei furiosa, ao mesmo tempo em que estapeava a mesa, fazendo os pratos tremerem e seus conteúdos se espalharem.

O restante do jantar passou-se em silêncio.

Alguns minutos depois, Victor anunciou que iria se retirar, estava mesmo um pouco tarde e ambos já bocejávamos; provavelmente passava-se da meia-noite.

Victor mantinha um quarto de casal para ele no andar de cima e me deixara ficar com um dos quartos de hóspedes, intocado. Dera-me também a chave para que pudesse trancá-lo e destrancá-lo pelo lado de dentro.

- Ok, durma bem. – respondi e observei enquanto Victor subia as escadas e entrava em seu quarto, ouvi a porta sendo trancada e também o molho de chaves caindo ao chão.

Meu coração se acelerou. Se as chaves estivessem caídas próximas à porta, eu poderia pegá-las!

Fingi me deitar. Seria impossível sobreviver do lado de fora agora, em plena madrugada, então aguardei, elétrica, o momento certo. Não tinha escolha senão esperar até o primeiro raio de sol, ao menos.

Quando percebi que o dia clareava, pulei da cama e, apesar de não gostar, vesti as roupas que estivera usando antes, o vestido iria me atrapalhar no que estava para fazer.

Deitei-me de frente à porta e espiei pelo vão que havia entre a madeira e o assoalho. Permiti o coração de se inundar de esperanças quando vi o molho de chaves, bem em minha frente, quase totalmente acessível. Estiquei o braço e por um momento tive medo de não conseguir, até que as chaves se encontraram com meus dedos.

Victor havia sido bom comigo, então separei a chave de seu quarto de todas as outras e a passei por debaixo da porta, no local onde o molho de chaves estivera antes, assim ele não ficaria preso.

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Um infectado entrou em meu caminho. Com a faca desferi um golpe impreciso, que acabou cortando apenas uma das orelhas do morto, recuei e, em seguida desferi outro golpe, este atravessando seu crânio podre.

Não havia encontrado tantos deles em meu caminho até o momento. E os que encontrei pude driblar ou matar. Tinha a faca de Ana e uma arma de fogo que encontrara sobre a estante de livros de Victor; por mais que odiasse roubar, principalmente da pessoa que salvou minha vida. Porém precisava de todos os recursos possíveis para sobreviver.

Avistei o orfanato e meu coração encheu-se de alegria. A bolsa em minhas costas pareceu ficar mais leve, enquanto um alívio apoderava-se de meu corpo. As crianças ficariam bem!

Adentrei com tudo no primeiro andar do orfanato, destruído desde o primeiro dia da Infecção. Porém, observei marcas de sangue recentes nas paredes. Estariam os mortos trazendo vítimas para devorar ali?

Mas não importava. Eu daria um jeito se tivesse acontecendo qualquer coisa do tipo.

Subi as escadas de madeira e toquei a portinhola, respirei fundo, minhas chances de sobreviver eram menores ao lado das crianças, mas era o certo a se fazer.

Dei batidas alternadas na madeira, um toque secreto que combinara com Ana para o caso de ela não me ver chegando pelas janelas.

Esperei por alguns instantes e nada. Foi quando percebi a portinhola destrancada. Ana já havia me visto pelas janelas e destrancado-a, deduzi.

Abri o acesso ainda feliz e dei de cara com a cena mais desesperadora e impactante de toda minha vida.  O sorriso morrendo imediatamente.

A cena mais horrível, negra e diabólica possível!

Três zumbis elevavam-se de cima de um monte de corpos infantis mutilados. Gritei ao perceber que um deles era Peter.

A decisão nunca estivera em minhas mãos, afinal. O destino determinara que eu passaria por todas aquelas coisas, para no fim, encontrar o orfanato atulhado de corpos.

O choque desequilibrou-me e caí da escada de madeira, atingindo o chão com um baque surdo. Um grito escapou de meus lábios e naquele momento, desisti de lutar pela vida.

Acabaria assim, de uma forma tão horrenda e deprimente?

Ao menos, eu, Claire Sankots tentara.

O corpo reanimado de Peter avançou na minha direção e parou, a centímetros de morder meu pescoço...


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Notas finais do capítulo

Reviews...?
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