Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 44
CAPITULO 39 – MEDOS.




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Pelo vidro do carro, embaçado pelo orvalho da noite, eu vi o dia clarear.

- Eu estou com fome! – reclamou Naruto colocando a mão sobre o estômago.

- Eu também!

Naruto limpou o vidro com a manga da blusa e olhou de um lado a outro do bosque a nossa frente.

- Acho que vou ter que buscar alguma coisa por aí.

- Eu te ajudo – ofereci-me de pronto.

- Seu tornozelo está machucado – disse ele apontou o tornozelo machucado.

Eu ergui meus ombros e logo os abaixei soltando um largo suspiro.

Eu não podia me movimentar, meu tornozelo estava bem inchado e doía bastante.

- Eu vou ver o que encontro – disse Naruto sorridente – Você fica no carro.

Não havia como discordar. Nós não podíamos passar muito mais tempo sem nos alimentar.

- Tome cuidado, Naruto.

Ele desceu do carro e foi até o porta-malas provavelmente em busca de alguma caixa ou ferramenta.

- Veja Sakura tem um monte de comida no porta-malas! – gritou assim que abriu o porta-malas.

Imaginei que o dono do carro devesse ter posto a comida ali na intenção de sair da cidade. Graças a ele, nosso café da manhã foi garantido.

Naruto sentou-se a meu lado e juntos partilhamos alguns pães e leite. Nunca a comida me pareceu tão saborosa.

Após nosso “café da manhã”, nós ficamos em silêncio olhando o exterior do carro e escutando o cantar dos pássaros. Estávamos cercados por árvores, e parecia não haver o menor sinal de civilização por perto; eu estava tranqüila por estarmos num lugar protegido. Eu evitei olhar para Naruto por um bom tempo, até que senti a mão dele tocar a minha mão que estava sobre minha coxa. Ele não disse nada, apenas segurou minha mão bem firme. 

O tempo passava tranquilamente, e naquele lugar afastado parecia-me que a guerra havia ficado bem longe. Nós esperávamos o crepúsculo para que pudéssemos voltar à estrada, não queríamos nos arriscar numa viagem em plena luz do dia. Em silêncio eu desejava que o crepúsculo nunca chegasse, ou que pelo menos pudéssemos voltar a viver juntos naquele apartamento de Moscou.

No começo da tarde, Naruto estava bem impaciente com a forçosa espera.

- Eu vou explorar por aí – ele disse endireitando-se no banco do carro.

Eu o encarei surpresa.

- Está maluco? Como pretende sair andando por aí sem conhecer nada?

Naruto esboçava uma expressão de preocupação.

- Temos que encontrar um caminho seguro para cruzar a fronteira.

- É perigoso ficar andando nesse lugar... – eu tentei adverti-lo.

Naruto olhou para mim tentando sorrir.

- Não vou me afastar do carro e qualquer problema eu ainda tenho a minha arma.

- Idiota! Acha que um revolver é eficiente contra fuzis e metralhadoras?

Uma coisa eu havia aprendido do tempo que passei com Naruto, quando ele queria fazer alguma coisa, nada o impedia de fazê-lo.

- Eu terei cuidado.

Assim que Naruto sumiu por entre as árvores, eu decidi olhar meu tornozelo. Eu não queria ficar mexendo nele na frente dele, pois não o queria preocupar.

Sem a atadura, eu tentei movimentar o pé e apesar da dor aguda eu consegui mexe-lo, um sinal de que não houve rompimento do osso; no entanto, havia uma séria lesão que me impedia de usá-lo para sustentar meu corpo. Eu voltei a amarrar a atadura em volta do tornozelo deixando o pedaço de madeira encostado a minha panturrilha como apoio.

Não demorou a que Naruto voltasse.

- Sakura, tem um rio logo à frente – ele gritou enquanto se aproximava do carro.

Eu abri a porta do carro. Pude escutar o som de águas correndo a curta distancia dali.

- Leve-me até lá – eu pedi a ele.

Apesar das baixas temperaturas o clima estava gostoso. Naruto me carregou nos braços até que chegássemos ao rio. O lugar era maravilhoso.

O rio que cortava o bosque tinha águas cristalinas e em sua margem havia crescido uma grama rasteira, o fraco sol que brilhava incidia seus raios nas águas do rio fazendo-o brilhar.

- Naruto, coloque-me sentada perto do rio.

Mesmo que me olhando com uma expressão curiosa no rosto, ele fez o que eu pedi sem questionamentos.

 

Eu sentei na grama próxima a margem do rio, bem devagar eu fui me arrastando até chegar à beira do rio, retirei meu sapato e a atadura.

- Sakura, o que está fazendo? – perguntou Naruto curioso.

Submergi meu pé na água. A água estava tão fria que parecia que agulhas estavam sendo enfiadas em minha carne, agarrei-me a grama para suportar a dor sem gritar.

- Meu tornozelo está muito inchado, estou tentando aliviar a dor – expliquei-lhe com calma, reprimindo ao máximo uma expressão de sofrimento.

- Na água? – perguntou-me Naruto um pouco confuso.

- Não é a água que é benéfica, é o frio. Como eu não tenho gelo, estou usando água fria mesmo.

Naruto me olhou admirado.

- Você sabe muitas coisas de medicina.

- Eu fui treinada para sobreviver a qualquer coisa – eu disse num tom jocoso – Sobreviver até mesmo a essa missão. 

Naruto não riu da minha aparente piada, seu rosto permaneceu sério.

- Hey, por que essa cara?

Naruto sentou-se ao meu lado.

- Nada.

Naruto não quis me contar o que lhe afligia, mas eu acreditava entender sua preocupação com o meu bem estar.

- Vamos voltar de trem – eu disse enquanto olhava as águas do rio correr.

- Trem?!

- Sim, foi como eu vim para aqui. Eu ainda tenho algum dinheiro comigo, podemos voltar de trem; apenas temos que chegar até a estação.

- Não podemos voltar para Budapeste.

- Não digo a estação de Budapeste, há outras estações de trem antes de Budapeste.

- Então Vamos voltar em trem!

Naruto não demorou a concordar comigo.

Eu queria poder voltar para Nova Iorque, já estava cansada daquela missão. Eu não queria voltar para Moscou.

Pensar a respeito de voltar fez-me lembrar de algo que me causou um aperto no coração.

- Naruto... – havia um nó em minha garganta, eu mal conseguia falar – Você vai ficar mesmo aqui?

Naruto não desviou o olhar de meu rosto. Notei que seus olhos oceânicos estavam vazios e sua voz saiu baixinha, quase como um sussurro.

- Eu tenho que ficar... A minha missão não terminou

Eu agarrei em seu casaco e puxei-o contra meu corpo, isso o fez me olhar com espanto.

- Você não sabe como essa missão é perigosa?!

Naruto olhou-me com seriedade e nessa hora um arrepio passou por minha espinha

dorsal. Minhas mãos soltaram o casaco dele.

- Sakura, você vai voltar para os Estados Unidos - Naruto segurou meu braço fazendo meu corpo ficar totalmente voltado para ele; meu tornozelo latejou, mas eu agüentei a dor sem gemer ou reclamar – Sakura essa missão não é mais sua.

- Eu sou sua parceira – retruquei sem saber o que de fato deveria dizer – Se você ficar, eu fico também! – eu estava decidida a não abandoná-lo.

Naruto abaixou a cabeça e fixou seu olhar no pedaço de grama que estava entre nós.

- Eu não quero que nada aconteça com você, Sakura. 

Quando Naruto voltou a erguer sua cabeça vi que seus olhos oceânicos estavam claros e iluminados. Eu não me deixei comover por sua preocupação, eu estava realmente zangada por sua teimosia em ficar.

- O que vai fazer? Invadir a fábrica? – perguntei-lhe com um leve tom de ironia na voz.

- Eu sou o único que conhece a fábrica, eles precisam de mim.

Quando eu questionei Naruto a respeito de invadir a fábrica eu não imaginei que as intenções dele fossem essas mesmo. Eu puxei meu braço para junto de meu corpo.

- Você... Você está machucado.

Naruto riu.

- Não é um machucado sério, você mesmo disse isso.

O fato de Naruto ter rebatido meu argumentado para ele não ficar fez-me ficar ainda mais zangada. O sangue fervia em minhas veias.

- Idiota. O que pretende? Quer acabar morto? 

 

Naruto beijou meus lábios suavemente, dando pouca importância ao que eu dizia.

Eu senti que poderia resolver essa situação se entregasse a Naruto o microfilme com as fotos da cápsula; bastava apenas eu realizar um movimento para salvar a vida dele e iniciar a Terceira Guerra Mundial.

Eu afastei meu rosto e o beijo se desfez. Eu não podia ceder em minha raiva.

- Se pretende ficar para morrer, saiba que eu não vou ser sua viúva! – eu usava as palavras de forma severa.

Naruto parecia entender que meu ralho era uma tentativa desesperada de fazê-lo voltar comigo para a América.

- Sakura, essa bomba de nêutrons é muito perigosa; ela pode destruir um exército sem destruir nenhum prédio – Naruto quis me fazer entender quão importante era seguir com a missão - As vidas das pessoas de nosso país estão em risco.

- E você quer ser o herói delas? – perguntei irônica e ao mesmo tempo brava – Quer uma bandeira americana em seu caixão?    

- Eu tenho que cumprir a missão – a voz dele mostrava a sua seriedade.

- A CIA não se importa com o que pode acontecer com você, mas eu me importo – gritei em desespero.

- A CIA tenta proteger nosso país...

Naruto defendeu sua agência e isso me irritou ainda mais.

- Proteger nosso país a custa da vida de seus agentes? – retruquei nervosa – Meus pais trabalharam para a CIA! Até o dia que um homem veio a minha casa – lágrimas caíram de meus olhos – Me dizer que meus pais estavam mortos e que eles não podiam ir buscar os corpos deles porque era muito arriscado.

- Sakura, não chora, tá?

Naruto limpou minhas lágrimas com as pontas dos dedos.

- Eles abandonaram meus pais, e nem se preocuparam comigo – em minha mente eu revivia o traumatizante momento do anuncio da morte de meus pais – A CIA nunca se importou se eu iria morar num orfanato ou no Central Park.

- Seus pais trabalharam na CIA?

A raiva e a irritação que eu sentia deram lugar a tristeza que rapidamente tomou todo meu corpo.

- Por que acha que eu odeio tanto a CIA? Não sabe como foi difícil aceitar que você era um agente da CIA.

Eu retirei minha corrente e abri o pingente cilíndrico, o microfilme com as fotos da cápsula e dos documentos caiu na palma de minha mão.

- Aqui está a informação que a CIA quer. Eu não quero um agente da CIA na minha porta dizendo que você não vai voltar mais para mim... Eu não suportaria viver isso novamente.

Naruto olhou-me pasmado.

- Sakura, esse microfilme...

- É o original, o que eu joguei na lareira estava vazio.

- Você estava com ele esse tempo todo?! – Naruto ficou bem surpreso.

- Sim. Eu não pretendia entregá-lo a CIA porque se o fizesse lhes daria um motivo para iniciar a guerra contra a União Soviética.

- Por que não o destruiu?

Senti-me incomodada com a pergunta de Naruto. 

 

- Não interessa, o microfilme está aqui!

Os olhos de Naruto tentavam procurar a resposta dentro dos meus.

- Pare de me olhar dessa maneira! – eu o repreendi – Pegue logo esse microfilme e entregue para a CIA.

- Você não quer isso, não é?

Eu não queria entregar a CIA o microfilme com as fotos, mas também não queria que a CIA tirasse de mim mais uma vez quem eu amava.

- Se CIA colocar as mãos no microfilme, os Estados Unidos atacarão a União Soviética e uma nova guerra começará. Uma guerra maior do que a vivemos em Budapeste.

Naruto dobrou meus dedos fechando minha mão sobre o microfilme.

- É melhor guardar isso num lugar seguro.

- Não tem mais utilidade para mim – eu abaixei a cabeça como se fosse uma criança prestes a contar aos pais uma travessura que fez – Eu pretendia usar o microfilme para chegar até o Nagato.

Senti os dedos de Naruto pressionarem mais forte a minha mão.

- Queria tanto assim chegar até o Nagato?

Eu ergui a cabeça e encarei os olhos de Naruto que me condenavam.

- Ele matou meus pais, queria minha vingança a qualquer custo – eu tentei justificar-me.

Naruto soltou a minha mão.    

- Você precisa voltar para casa – rebateu-me Naruto mostrando-se incomodado por saber de minhas intenções de uso do microfilme.

Eu olhei brava para Naruto, eu não pretendia partir sem ele.

- Eu não vou voltar para os Estados Unidos sem você! – rebati nervosa - CIA, KGB, Hungria... Até o FBI! Acha que eles estão brincando em Moscou?!

- FBI! – repetiu Naruto surpreso – O que o FBI tem a ver com isso?

Eu mordi meu lábio inferior, eu havia falado demais.

- Sakura, o FBI também está na missão?

Eu tirei meu pé da água e peguei a atadura.

- Quero voltar para o carro.

Naruto segurou em meus ombros.

- Sakura, o FBI está na União Soviética? 


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Notas finais do capítulo

nota da autora:
Em meio a raiva e o desespero Sakura acaba mencionando o fato do FBI estar em Moscou, e agora não tem como mentir a respeito disso.

As grandes revelações do cap foram: saber que os pais da Sakura trabalhavam para a CIA, isso explica o fato dela não gostar de agências governamentais de espionagem, assim como a enorme preocupação dela com Naruto; e a confirmação que o microfilme com as fotos não foi destruido, pois a Sakura pretendia usa-lo para se aproximar de Nagato.

Espero que estejam curtindo a fic

AGUARDO REVIEWS!!