Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 43
CAPITULO 38 – POR TRÁS DA CONTRATAÇÃO




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Naruto se deteve próximo a um carro parado com as portas abertas.

- Vamos usar esse carro – ele disse olhando bem para o veiculo.

- Pretende roubá-lo! – exclamei espantada.

- Bem, Sakura nós não podemos voltar andando para Moscou.

Eu tinha que admitir que Naruto tinha razão, iríamos precisar de um veículo.

- Está bem, vamos usar esse carro.

O carro parecia ter sido abandonado, de certo o dono havia saído correndo quando viu o ataque a cidade. Naruto curvou a coluna e eu desci de suas costas apoiando em um pé só. Saltitando eu entrei no carro.

Naruto entrou do lado do motorista e assim que eu fechei a porta ele ligou o carro.

- Como ligou o carro? – perguntei num tom de surpresa.

Naruto me apontou para a ignição.

- Eu usei a chave – respondeu simplesmente. 

 

Eu balancei a cabeça e sorri. Sorte nossa o dono ter deixado a chave no contato.

Naruto dirigiu rápido pelas ruas destruídas de Budapeste. Nós íamos à direção da saída da cidade. Meu tornozelo latejava com o balanço do carro, mas eu reprimia qualquer gemido de dor para não preocupar o Naruto.

- Você conhece a saída da cidade?

Naruto não tirou a atenção da rua a sua frente, simplesmente respondeu.

- Sim.

Eu arqueei as sobrancelhas num sinal de espanto.

- Como pode conhecer Budapeste? Esteve numa missão aqui antes? – perguntei-lhe num tom irônico.

- Não. Eu estou aqui há um dia, e já percorri toda a cidade lhe procurando.

Eu fique enternecida por suas palavras.

Em poucos minutos, Naruto conseguiu sair da cidade logo depois de driblar os destroços de prédios e os corpos das pessoas mortas espalhados pelas ruas.

Havia poucos carros na estrada, as pessoas fugiam a pé usando o manto da noite para se ocultar do ataque inimigo, Naruto também tentava manter-nos oculto, por isso não havia acendido os faróis do carro. 

 

Pela janela do passageiro eu via as pessoas carregando nas costas o que podiam, deixando para trás seu passado, seu presente e seu futuro... Elas apenas seguiam em frente sem rumo numa tentativa de salvar suas vidas. A fuga tinha que ser rápida, assim que os ataques aéreos cessassem, os soldados vermelhos voltariam para Budapeste. Questionei-me se os governantes por um momento pensavam nessas coisas quando decidiam atacar um país. Será que havia as pessoas se tornavam más apenas por serem de outra nacionalidade? Eu não acreditava mais que os soviéticos eram todos maus.

Senti uma tristeza profunda em meu coração e pensar na situação daquelas pessoas que abandonavam seus lares fez me entristecer ainda mais. Eu de repente pensei em mim, eu estava longe de minha casa, porém eu sabia que minha casa estava esperando por mim, no final da missão eu voltaria para o meu confortável apartamento localizado a duas quadras do Central Park.

Naruto tocou meu ombro fazendo-me despertar de meus devaneios.

- Sakura, você está bem?

Eu virei meu rosto e o vi abrir um sorriso terno. Meu coração se acalmou um pouco.

Eu balancei a cabeça num sinal positivo e Naruto voltou sua atenção para a estrada.

Ainda que eu estivesse assustada por conta de estar em meio a uma guerra, eu sentia uma paz em meu ser ao pensar que Naruto estava comigo; eu não estava mais sozinha no mundo.

Um caminhão do exército carregando militares passou apressado por nós, já estávamos a uma grande distância de Budapeste, Naruto virou o carro para uma pequena estrada de terra que conduzia para dentro de uma floresta. Ele seguiu dirigindo por quase meia hora até mesmo depois que a estrada de terra terminou, Naruto queria ter certeza que nos afastaríamos bem da estrada principal.

Eu não lhe perguntei o porquê dele estar desviando da estrada, porque sabia que quando o dia amanhecesse seria mais difícil nos escondermos sem o véu escuro da noite para nos cobrir.

Pela manhã Budapeste estaria cheia de soldados e civis se enfrentando e recolhendo os mortos, era arriscado ficarmos num lugar assim.

Naruto parou o carro em um pequeno recuado de terra que havia, e o colocou atrás de algumas árvores. Estávamos a uma boa distância da estrada principal.

- Vamos esperar clarear o dia para continuarmos... – Naruto colocou a mão atrás da nuca - Eu não sei o caminho de volta para a União Soviética.

Eu ri baixinho.

- Não tem problema – eu coloquei minha mão em seu braço - Nós encontraremos uma maneira de voltarmos para Moscou.

O céu ainda estava muito escuro mesmo a madrugada quase chegando ao fim, no inverno as noites eram mais largas e os dias mais curtos. Estava bem frio do lado de fora do carro, e a bruma da madrugada caiu sobre o vidro da frente do carro deixando-o embaçado. Minha mão continuava sobre o braço de Naruto, mas meu olhar estava fixo do lado de fora do carro; o cansaço começava a tomar conta de meu corpo.

- Sakura como está seu tornozelo?

Eu voltei meu olhar para o Naruto, porém minha visão estava desfocada; meus olhos ardiam de cansaço.

- Ainda dói – disse tirando a mão do braço de Naruto e a colocando sobre meu tornozelo.

- Temos que encontrar um médico.

- Está maluco! – gritei endireitando-me no banco – Não podemos nos expor dessa maneira!

- Mas seu tornozelo está machucado – replicou Naruto num tom de voz de preocupação.

Eu novamente coloquei minha mão em seu braço.

- Eu não vou morrer por causa disso – eu disse sorrindo.

Naruto olhou-me com incredulidade.

- Você disse que estava doendo.

- Quando voltarmos aos Estados Unidos, eu prometo que vou procurar o melhor especialista em tornozelos do país.

O oceano dos olhos de Naruto ficou agitado, e dessa vez foi ele quem desviou seu olhar para a escuridão da madrugada.

- Sakura, eu não vou voltar aos Estados Unidos.

- O que está dizendo? – eu apertei suavemente seu braço.

Meu coração saltou em meu peito. 

 

- Sakura, a CIA quer provas sobre a bomba de nêutrons... Eu não posso voltar para os Estados Unidos sem essas provas – havia tristeza embargando sua voz.

Senti meu coração apertar e bater mais rápido. Naruto girou a cabeça em minha direção, e posou sua mão sobre a minha apertando bem firme.

- Sakura, você tem que voltar para os Estados Unidos... Sozinha...

Uma forte corrente elétrica atravessou meu corpo, e por um minuto senti o ar faltar a meus pulmões.

Eu podia impedi-lo de voltar, eu apenas precisava dizer a Naruto que eu tinha as provas da existência da bomba pendurada em meu pescoço dentro do pingente. No entanto, se eu fizesse isso a CIA teria as provas que queria para iniciar a Terceira Guerra Mundial; eu não podia ser egoísta a esse ponto, salvar a quem amo e condenar milhares de pessoas a morte.

- Você... Você vai seguir com a missão? – a minha voz trêmula denunciava meu estado de aparente choque e nervosismo.

- Sim.

- Eu vou ficar com você – eu disse bem baixinho.

- Não! – a negativa de Naruto foi imediata

Eu tirei minha mão de seu braço. Eu gradualmente recuperava minha razão.

- Eu não vou voltar para os Estados Unidos... Não...

Eu puxei minha mão para junto de meu corpo, com o movimento acabei movendo um pouco o pé e meu tornozelo latejou forte; a expressão de dor foi inevitável. Naruto aproveitou o momento para segurar meu pulso.

- Sakura, você tem que voltar para os Estados Unidos, é perigoso continuar aqui! – o tom de voz dele se tornou mais urgente.

Eu encontrei a desculpa perfeita para não voltar... Na verdade, eu me lembrei dela.

- Se eu voltar serei acusada de traição... A CIA vai me prender. 

Naruto riu como se eu tivesse contado uma piada.

- A CIA não vai te prender, porque você está trabalhando para a CIA.

Eu não compreendi o que ele estava tentando dizer. Eu já tinha trabalhado para tanta gente nessa missão que eu nem mais sabia para quem eu trabalhava, pelo menos em teoria porque em prática eu estava sozinha; não, eu não estava sozinha, Naruto estava comigo.

- O governo húngaro me contratou para a missão. Eu não pertenço a CIA – eu tentei explicar a Naruto a minha situação, não que eu não imaginasse que ele já soubesse dela.

Naruto me puxou para mais perto dele.

- Eu disse que te protegeria, Sakura – ele me disse sorrindo.

- O que disse a CIA? – perguntei curiosa.

- Que você sabia de tudo e que havia decidido nos ajudar a conseguir as fotos dos documentos.

- Quando disse isso a eles?

Naruto ficou pensativo por um tempo antes de me responder. Pareceu-me que ele não queria me contar tal detalhe.

- Quando contou a CIA que eu sabia da verdade? – voltei a lhe perguntar.

Naruto viu que eu não iria cederia em minha pergunta.

- Depois que invadimos a fábrica.

- Isso foi pouco tempo depois de nos conhecermos.

Ele abriu um sorriso bobo e eu senti um calor aconchegante envolver meu corpo, e sem dar-me conta tombei a cabeça para frente e encostei a testa no peito de Naruto.

- Obrigada.

O que mais poderia ser dito?

Naruto colocou sua mão sobre minhas costas e começou a fazer-me carinho.

- Eu não quero te perder, Sakura.

- Eu também não quero te perder.

Quanto mais eu desejava ficar ao lado de Naruto, mas eu sentia que nossas vidas estavam predestinadas a se separarem para sempre; era desesperador se sentir impotente diante disso.

- Sakura, casa comigo?

Eu levantei minha cabeça para olhá-lo, ao contrário do que eu imaginava o rosto de Naruto estava bem sério.

- Não – respondi também séria, Naruto ficou decepcionado com minha resposta – Eu só posso aceitar me casar com você quando me contar quem é Naruto Uzumaki.

Ele sorriu com ternura.

- O que quer saber? – perguntou num tom animado.

Eu recostei minhas costas no banco e olhei para frente.

- Pode começar me contando como decidiu ser um espião.

Eu pouco sabia da vida de Naruto e de repente interessou-me conhecê-lo.

- Ser um espião foi idéia do meu tio, eu queria trabalhar na policia.

- Do seu tio?

O rosto de Naruto assumiu uma expressão mais leve, era como se falar de si mesmo o fizesse bem.

- Sim, quando meus pais morreram num acidente de carro, meu tio Iruka me criou. Ele trabalhava para a CIA, e assim que cresci, ele me colocou para trabalhar lá.

Eu olhei para Naruto e sorri.

- Agora entendo como você foi parar tão novo na CIA.

- O que mais quer saber? – perguntou-me Naruto animado.

Eu voltei a olhar para frente e fiquei em silêncio por um longo tempo.

- Sakura... – Naruto chamou por meu nome.

A luz do dia começava a surgir.

- Naruto – eu não olhei para ele – Você já amou outra mulher?

Foi a vez dele de ficar em silêncio por um tempo antes de me responder.

 

- Por que pergunta isso, Sakura?

Eu olhei-o séria.

- Você morou com sua parceira da CIA naquele apartamento... Você a ama?

Não pude deixar de mencionar a tal parceira de Naruto. Eu ainda sentia-me incomodada por saber que eles haviam partilhado o mesmo teto.

- A Hinata? – perguntou Naruto confuso.

- É, você a amou? Ou ainda a ama?

- Não – a resposta de Naruto foi bem curta.

Eu não acreditei no que ele me dizia e acabei me exaltando.

- Vocês moraram no mesmo apartamento! Não me diga que nunca aconteceu nada entre vocês, eu vi como aquela garota te olhava!

- Eu nunca dormi com a Hinata! – rebateu-me de pronto um pouco zangado.

- Mentiroso! – repliquei em resposta num tom de voz alto e agressivo.

Naruto arregalou o olho surpreso com minha reação.

- Desculpe-me – eu percebi que estava exagerando. 

Eu não entendia por que eu estava agindo daquela maneira... E se Naruto tivesse amado outra mulher? Será que eu era assim tão possessiva e ciumenta? Esse era um lado de minha personalidade que eu não conhecia, talvez porque eu nunca houvesse me sentido tão ligada a alguém como eu estava a Naruto.

Ele desviou seu olhar para frente.

- Eu sei que a Hinata gosta de mim – confessou-me Naruto – mas ela sabe que eu não a amo.

- Por que veio com ela para a União Soviética?

Naruto voltou seu olhar para mim.

- Há dois anos Sasuke suspeitou que a fábrica estivesse com planos de construir uma bomba nuclear, e eu e a Hinata viemos para a União Soviética investigar, só que não conseguimos entrar na fábrica; Sasuke disse que ficaria vigiando se eles fossem mesmo construir uma bomba nuclear.

- Era essa a sua missão há dois anos?

- Sim.

- E agora voltou por causa da mesma missão...

- É, mas dessa vez foi diferente. Eles disseram que a Hungria havia contratado uma espiã para tirar fotos da fábrica, e então a CIA decidiu me colocar como seu parceiro.

- Para que pudesse me conquistar e assim roubar as fotos quando eu as conseguisse com a ajuda de Sasuke. 

 

Naruto ficou envergonhado quando eu disse que ele apenas foi contratado para me conquistar.

- Eu não achava certo fazer isso – ele tentou se justificar – Eu não queria te enganar, Sakura.

- Ainda assim você aceitou a missão e não me contou nada.

- Eu queria te contar...

- O que fizeram com meu parceiro?

- Eu sou seu parceiro Sakura.

- Não digo você. Eu tinha que me encontrar na União Soviética com um parceiro designado pela Konan... Vocês o mataram?

- Sakura, eu sou seu parceiro – voltou a repetir Naruto.

- Konan, a missão...

- Aquela mulher me contratou para a missão, bom não a mim. Outro agente da CIA se fez passar por mim, e ela aceitou contratá-lo.

Eu ri sem jeito.

- Tudo estava planejado, não é mesmo? – a CIA realmente era muito boa quando o assunto era espionagem, eles jogavam bem. Porém havia algo que eu não havia compreendido – Naruto, se a CIA sabia que eu trabalhava para a Hungria por que não me mandou prender logo e deixou a sua parceira Hinata no meu lugar?

Naruto demorou uns segundos para me responder. 

- Sakura, a CIA precisava dos seus contatos para entrar na fábrica.

- Meus contatos? Se refere a Jiraya e Tsunade?

Como se houvesse outros contatos.

- Sim, foram eles que nos ajudaram a entrar na fábrica.

- E quanto a Sasuke? Pensei que foi ele quem conseguiu os empregos...

- Ele não tem esse tipo de influência.

Maldito mentiroso! Sasuke havia dito que fora ele quem me contratou para trabalhar na fábrica.

- O Jiraya e Tsunade não são meus contatos, quero dizer, eles não são contatos do governo húngaro. Eles trabalham para a KGB.

- A KGB! – repetiu Naruto surpreso.

Eu balancei a cabeça num sinal positivo.

- O que eles estão fazendo na missão?

- Vigiando nossos passos... Mas parece que eles desistiram de nós...

- Como sabe que Jiraya e Tsunade são da KGB?

- Quando eu fui com Sasuke ao Bolshoi... - algo me ocorreu naquela hora – Sasuke não contou para você que Jiraya e Tsunade trabalhavam para a KGB?

- Não.

Sasuke sabia que Jiraya e Tsunade eram da KGB, afinal aquele homem do exército que se sentou a nosso lado havia dito a Sasuke que a KGB estava lá e aí ele apontou para Jiraya e Tsunade que estavam no piso inferior. Sim, Sasuke sabia, mas não contou.

Eu virei para Naruto e segurei seu casaco.

- Naruto, na noite do Bolshoi um oficial do exército disse a Sasuke que a KGB estava lá, e aí ele apontou para Jiraya e Tsunade... Foi assim que eu descobri.

Naruto arqueou as sobrancelhas.

- Desgraçado! Sasuke deveria ter me contado direito.

- Mas ele não o fez... - preocupou-me saber que Sasuke não havia dito nada a Naruto.

- Não... Sasuke apenas me disse para esquecer os contatos da Hungria porque eles estavam mortos. Eu achei que ele não estava falando sério.

- Eu não sei se posso confiar em Sasuke... Talvez ele esteja trabalhando para a KGB.

E tinha certa lógica pensar isso afinal Sasuke trabalhava numa fábrica soviética, mesmo sendo um americano.

Naruto riu de minha suposição.

- Fique tranqüila Sakura. O Sasuke tem esse jeito estranho, mas ele é legal. Além disso, o Sasuke não ia ficar do lado da KGB.

- Por que não? – questionei Naruto curiosa - Ele trabalha numa fábrica soviética!

Naruto ficou sério.

- Porque foi a KGB que mandou matar o pai dele.

Eu fiquei sem ter o dizer por um momento.

- Eu não sabia...

Naruto sorriu. Ainda que eu soubesse de muitas coisas, tinha muitas outras que eu não sabia e talvez jamais viesse, a saber. No entanto, eu precisava descobrir tudo o que eu pudesse nessa missão.   

Voltamos ao jogo. Novas informações...

Sasuke não está do lado da KGB, porém não contou a Naruto que Jiraya e Tsunade estavam.


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Notas finais do capítulo

nota da autora:
Sasuke não está do lado da KGB, porém não contou a Naruto que Jiraya e Tsunade eram da KGB. Ele tampouco foi o responsável por colocar a Sakura e o Naruto na fábrica, foi Jiraya e Tsunade quem o fez... Em termos de agencia secreta, foi a KGB... Agora por que a KGB faria isso? Deixo para vocês pensarem a respeito...