- Sakura, o FBI está na União Soviética?

Nos segundos que se passaram entre essa pergunta e minha resposta eu pensei em negar, porém eu tive uma vã esperança que contar a verdade faria Naruto desistir da missão de invadir a fábrica.

- Dois colegas da agência de Nova Iorque me encontraram em Moscou. Eles vieram a mando do FBI... – era difícil contar isso ao Naruto - Shikamaru e a Ino me propuseram que em troca das fotos dos documentos da construção da bomba, o FBI me colocaria como sendo uma espiã da Interpol

- Por que você trabalharia para a Interpol? – perguntou Naruto confuso

Eu desviei meu olhar dos olhos de Naruto e passei a olhar fixamente para as águas do rio que corriam apressadas em direção ao leito.

- Como agente da Interpol eu poderia fornecer informações diretamente para o FBI, em troca o FBI me protegeria das acusações de traição que a CIA pretendia fazer a meu respeito.

- Eu não entendo, por que o FBI ia querer essas informações? A CIA está no caso há muito tempo...

- O FBI não está vendo os resultados da CIA. O FBI acha melhor que os Estados Unidos ataquem antes de serem atacado.

- Aqueles malditos do FBI deveriam se preocupar com a segurança do país.

Voltei a olhar para o Naruto.

- E é isso que eles estão fazendo. O FBI está tentando não ser surpreendido pelos soviéticos num ataque com uma poderosa bomba de nêutrons.

- Como você sabia sobre o FBI? – perguntou-me Naruto.

Eu abaixei minha cabeça e fiquei olhando para a grama.

- Eu já lhe contei... Shikamaru e Ino, meus colegas da agência de Nova Iorque, eles foram contratados pelo FBI... Eles me contaram tudo sobre a CIA... Contaram tudo sobre você.

Naruto ficou agitado e começou a falar alto.

- Foram eles que contaram que eu trabalhava para a CIA!!!

Eu rapidamente ergui minha cabeça e o encarei duramente.

- Você deveria ter me contado – o repreendi.

- Sakura, me desculpe – pediu-me com um tom de arrependimento na voz.

- Naruto, não é o momento para isso. Não se pode mais mudar o passado, mas ainda temos o futuro a nossa frente. Shikamaru disse que eu estava em meio a um jogo de espiões, e mais do que nunca eu acredito que ele está certo. Eu não sou a única peça nesse jogo... 

Naruto segurou minha mão e apertou bem forte.

- Sakura, eu vou te tirar desse jogo... – ele me disse olhando-me nos olhos.

Senti-me submergir em seus olhos oceânicos e a repentina falta de ar era a prova que eu estava afundando.

- Você sempre quis me proteger, agora eu entendo porque dizia para eu não voltar para os Estados Unidos. Você queria que eu ficasse na Europa ao seu lado... – com a minha mão livre toquei seu rosto sereno - Eu não sei qual o próximo passo que devo dar, só sei que quero seguir ao seu lado.

Naruto inclinou a cabeça e depositou um beijo em minha testa.

- Não é seguro ficar em Moscou, eu prometo que assim que a missão tiver fim eu voltarei para os Estados Unidos.

A insistência de Naruto em seguir com a missão deixou-me irritada.

- Por que quer seguir com a missão? – comecei a gritar - Eu já não lhe disse que tenho as fotos, entregue-as de uma vez para a CIA!

- Sakura eu vou destruir a cápsula.

Fiquei surpresa com o que Naruto me disse naquela hora.  O plano era outro.

- Destruir a cápsula?!

Naruto sorriu de forma travessa.

- Sakura, você disse que se entregarmos o microfilme para a CIA poderá haver uma nova guerra, então o temos que fazer é destruir a cápsula assim não haverá bomba para se preocupar – explicou-me Naruto de uma maneira que fez parecer isso algo simples de ser feito.

- Por isso quer invadir a fábrica? Para destruir a cápsula?

Naruto assentiu balançando a cabeça suavemente.

- O Sasuke também acha que o melhor a se fazer.

Difícil dizer se fiquei mais surpresa em saber que Naruto pretendia invadir a fábrica para destruir a cápsula que abrigaria a ogiva da bomba de nêutrons, ou se por saber que o Sasuke estava a favor disso.

Minha voz assumiu um tom autoritário.

- Eu não quero que continue com essa missão!

Naruto abraçou-me com força e lágrimas começaram a cair de meus olhos depositando-se no casaco dele. Eu levantei a cabeça e meus lábios procuraram seus lábios.

- Eu te amo, Naruto... – sussurrei antes de beijá-lo. 

Nossos lábios se separaram e nossos rostos se afastaram.

Os olhos oceânicos de Naruto estavam úmidos. Era tão raro ver olhos oceânicos molhados.

Eu não sabia dizer se Naruto sofria mais por sua própria dor em seguir com a missão ou se pela minha dor.

- Sakura – Naruto tocou meu rosto de uma forma tão suave que era como se eu fosse uma boneca de porcelana que podia se partir com a simples pressão de seus dedos.

Eu segurei sua mão entre as minhas.

- Promete que você vai voltar para mim? Eu vou te esperar, não importa quanto tempo passe, eu te esperarei...

Havia ansiedade em meus olhos, eu esperava por palavras positivas ao meu requerimento para que assim houvesse um pouco de paz em meu coração.

- Eu prometo. 

As palavras às quais eu esperava ouvir saíram da boca de Naruto, porém não ouve paz em meu coração depois de escutá-las.

Eu puxei um pouco minha perna e meu tornozelo latejou, tentei disfarçar a dor. Afundei minha cabeça no ombro de Naruto buscando a paz que eu tanto precisava sentir naquela hora, havia tantas incertezas e medos que era quase insuportável pensar num amanhã.

Eu levantei minha cabeça e encarei Naruto, agora sem mais lágrimas escorrendo por minhas bochechas.

- Naruto...

Naruto voltou seu olhar para mim.

Eu precisava criar uma ilusão que me permitisse sonhar com o futuro.

- Quando tudo isso terminar eu vou morar em São Francisco com você.

Essa era uma esperança que eu criara para poder continuar sonhando e assim escapar da vazia e escura solidão.

Naruto riu sem jeito ao escutar-me.

- Sakura...

- O que foi? – perguntei num tom de curiosidade.

Naruto colocou a mão atrás da nuca.

- Eu não moro em São Francisco

- O que?! – eu estava confusa

- O escritório central da CIA é em Washington, por isso eu moro em Washington.

Eu comecei a socá-lo de leve no braço.

- Seu mentiroso! E quanto toda aquela história de São Francisco?!

- Eu morava em São Francisco – Naruto defendeu-se.

Eu afastei-me de Naruto e cruzei meus braços.

- Tem alguma coisa mais que eu não saiba que você queira me contar? – perguntei fingindo estar brava. 

Naruto sorriu.

- Que eu te amo.

E num movimento rápido Naruto inclinou seu corpo para frente e me beijou nos lábios.

- Bobo! Isso eu já sabia – eu disse durante um intervalo do beijo.

Nova Iorque, São Francisco, Paris, Moscou... Não me importava onde estivéssemos, bastava simplesmente estarmos juntos.