Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 35
CAPITULO 31 – RUMOS




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Minha cabeça ainda girava com tantas informações. Eu sei que eu ainda levaria um tempo para conseguir colocar meus pensamentos em ordem, porém tempo era algo que eu não tinha.

 

Já era madrugada e a minha posição no sofá não havia mudado. Com as pernas encolhidas junto ao corpo e o olhar fixo na porta do quarto eu ficava pensando o tempo todo.

 

“Será que o Naruto está preocupado comigo?” – perguntei a mim mesma em pensamento.

 

Eu balancei a cabeça tentando afastar esse tipo de pensamento tolo direcionado a Naruto.

 

“- A CIA esperava por isso... Queriam que você se apaixonasse por ele... Era tudo um plano Sakura, não era real.”

As palavras de Ino eram como um banho de água fria que me despertava de meu sonho perfeito de amor.

 

Não era real... Doía saber disso. Meu peito ardia como se houvesse brasas o queimando, e eu me sentia a mulher mais estúpida do mundo. Eu era uma espiã, como eu não havia percebido tudo antes? Por que foi tão fácil acreditar que Naruto me amava? E em meio aos meus questionamentos, eu encontrei uma possível resposta a várias perguntas... Solidão... Eu estava tão sozinha e tão desejosa de ser amada por alguém, que acabei acreditando cegamente no amor de Naruto... Acima de tudo, eu confiei nele...

 

A missão de Naruto sempre fora me levar para as mãos da CIA, assim como a preciosa informação que eu carregava em meu pescoço. Não adiantava eu querer me iludir que ele alguma vez foi sincero comigo em relação aos seus sentimentos, e quanto mais eu pensava em tudo o que eu e o Naruto havíamos passado juntos mais imbecil e tola eu me sentia. Desde o começo, ele tentou me fazer acreditar em suas boas intenções e sua amizade, inclusive me levou para um passeio em Leningrado onde havia acontecido nosso primeiro beijo... Talvez algo até mesmo planejado, seria mais fácil se ele me conquistasse logo de cara.

 

Ficar pensando nos momentos em que passei ao lado de Naruto me fizeram cair cada vez no no vazio da desilusão e do desespero. Eu estava sozinha num país que não conhecia e estava trabalhando para pessoas que... Eu nunca imaginei que pudesse trabalhar. A missão havia sido contratada pela Hungria, e eu...

 

- Eu fui uma idiota, Naruto sabia, ele sabia de tudo e não me contou.

 

O desespero começava a tomar conta de mim.

 

Eu fechei meus olhos e lentamente comecei a abri-los, eu estava recuperando uma parte da razão de meu ser. Não havia tempo para lamentações, eu tinha que ser forte e seguir em frente sozinha, só que agora mais cautelosa do que nunca.

 

Eu tinha a informação que precisava pendurada em meu peito, uma parte da missão estava concluída, eu somente precisava saber para quem eu a entregaria.

 

Erguendo minha mão toquei o pingente que continha o microfilme.

 

- KGB, CIA, FBI, INTERPOL, HUNGRIA... Quantos mais desejam essas informações?

 

Não havia dúvidas que aquela informação era bem valiosa, e foi por ela que eu acabei sendo envolvida no que Shikamaru chamou de “jogo de espiões”... O nome me pareceu perfeito, afinal faz sentido pensar que isso é um jogo, e que o grande prêmio é a informação sobre a bomba de nêutrons.

 

Bomba de nêutrons... Ela já havia me causado muitos problemas e eu nem sequer sabia muito bem de sua existência.

 

- Eu deveria entregar esse microfilme para o Shikamaru e a Ino e assim voltar para a casa!

 

Tomando essa decisão eu me livraria do problema, porém instantes depois eu me senti uma pessoa horrorosa por dizer tal coisa. Eu estava sendo egoísta. Eu não precisava repetir-me as conseqüências que essa informação traria caso eu a entregasse para os Estados Unidos, ainda mais para o FBI que segundo meus antigos companheiros pretendia usá-la para iniciar uma nova guerra mundial. Estava em minhas mãos impedir que isso acontecesse... Eu podia ser um simples “peão”, mas eu era muito importante nesse jogo.

 

E se eu era o “peão”, eu estava certa que o rei era Nagato.

 

Novamente Nagato entrava na minha vida para destruí-la e levar o que eu mais amava. Há 12 anos ele havia assassinado meus pais, e agora havia me envolvido em um jogo de espionagem do qual eu não sabia se havia saída. 

 

Como uma luz que se acende na escuridão, eu comecei a entender melhor os motivos de minha contratação... Tudo estava interligado. Um riso nervoso veio a meus lábios, e eu pensei em como haviam conseguido me colocar em meio a esse jogo sem que eu percebesse.

 

- Maldito Nagato! Ele me contratou por causa do meu pai, ele pensou que eu também era uma especialista em armas como ele!

 

Eu já imaginava que a minha contratação fosse devido a uma falsa crença que eu tão especialista em armas como meu pai, só não imaginava que Nagato podia estar por trás disso.

 

Nagato pareceu ter planejado bem a minha contratação. Konan deve ter ouvido amigo de meu pai falar sobre eu ser uma especialista em armas tão boa quanto o meu pai, ela deve ter se interessado e pediu que ele me indicasse para a missão que a Hungria pretendia realizar na União Soviética, claro que isso sobre o conhecimento de Nagato que esteve o tempo todo no backstage. O que ele não esperava era que eu não era uma especialista em armas, e nem tampouco que o governo americano e soviético pudessem entrar em meio a missão...

 

- Nagato já deve saber que a KGB e a CIA estão envolvidas, por isso Konan desapareceu... Algo saiu errado, e ele me abandonou nas mãos da CIA... Se o FBI não tivesse querido essas informações também, eu jamais saberia que um dia a Hungria esteve envolvida nessa missão.    

 

Qualquer outro sentimento que eu possa ter sentido desde que descobrira sobre o “jogo de espiões” desapareceu naquela hora, e apenas o ódio imperou em meu coração. Se Nagato estivesse na minha frente eu juro por meus pais que o mataria sem piedade.

 

Shikamaru riu quando eu disse que o capturaria para me livrar das acusações e Ino disse que era ridícula essa minha idéia, foi a mesma atitude das outras pessoas da agencia quando eu contei que eu prenderia o assassino de meus pais. Por que eles riam de mim? Será que não me achavam capaz o suficiente de fazê-lo? Por isso eu desejei tanto ser bem sucedida nessa missão, porque assim eu poderia mostrar para todos que eu era realmente uma grande espiã, e quando houvesse provado isso eu iria atrás do Nagato usando o dinheiro que recebi pela missão... Usando o dinheiro que eu recebi... do Nagato.

 

A vida pode ser bem irônica muitas vezes, eu pretendia ir atrás do Nagato usando o dinheiro que ele me deu para trabalhar para ele!

 

- Grande espiã que eu sou... –a ironia da situação me fez sorrir - Me deixei envolver demais, e eu nem percebi...

 

Fracasso, desespero, raiva, desilusão, medo, dúvida... Eu não sabia que era capaz de sentir tudo isso em apenas uma noite. Olhei para o mapa em cima da mesa.

 

- Uma boa distância de Moscou...

 

Quanto tempo levaria para eu chegar a Budapeste? Se eu fosse de trem levaria muito tempo, mas se eu fosse de avião, eu estaria lá em algumas horas. Só havia um problema, como eu conseguiria comprar uma passagem de avião para Budapeste se eu não falava russo?

 

Conforme eu pensava em tudo que havia passado, e repassava mentalmente os relatos de Shikamaru e Ino a noite foi terminando, logo o dia iluminaria as ruas de Moscou e eu precisaria voltar para casa.

 

A tristeza se sobrepujou aos outros sentimentos naquela hora... Eu não podia voltar para o apartamento, Naruto estaria lá, e...

 

- O que vou dizer a ele? Que sei da verdade? 

 

Pela primeira vez naquela longa noite, lágrimas vieram a meus olhos e escorregaram por minhas bochechas. Escutar de Shikamaru que Naruto sabia de tudo foi o que mais doeu em mim.

 

- Naruto não me ama...

 

Quantas vezes ele abriu a boca para dizer que me amava? Aposto que menos vezes do que ele devia tê-la fechado para ocultar seus segredos...

 

Se de fato havia um mínimo de amor, então, porque ele não me contou nada? Por que me deixou seguir sendo um “peão”?

 

“Eu não a quero envolver mais na missão”

 

Será que eu não estava suficientemente envolvida? Além disso, esse tipo de envolvimento era perigoso para mim, eu estava sendo acusada de traição por minha própria pátria a qual eu pensava estar protegendo...

 

Assim que o sol brilhou no horizonte, eu deixei o quarto de hotel de Shikamaru e Ino levando comigo o mapa geográfico. Apesar de ter passado a noite em claro, eu não me sentia cansada, talvez por efeito do turbilhão de sentimentos em meu interior.

 

Frustrada com o rumo que a missão havia tomado, e pela maneira imprudente e desleixada que eu a vinha conduzido, eu pensei no que eu podia fazer para consertar a situação; porém não havia uma maneira de fazê-lo... Na verdade, havia sim, mas eu teria que entregar o microfilme que estava baixo a minha proteção. 

 

Não! Eu não o entregaria nem para a CIA, nem para o FBI e muito menos para a KGB, se era isso mesmo que a KGB também queria. Eu estava plenamente consciente das conseqüentes que teria se eu o entregasse para os americanos, eu não seria a responsável pelo começo da Terceira Guerra Mundial.

 

As ruas de Moscou estavam vazias aquela hora da manhã, e isso me deixou confortável.

 

Mesmo que eu fosse apenas um “peão” nesse jogo de espiões, eu manteria meus princípios.

 

- Um “peão” não volta atrás e não recua, o jogo tem que continuar... É a vez da “tomada en passant”

 

No jogo de xadrez há uma jogada que se chama “tomada en passant”. Nessa jogada um peão avançado captura um peão que ande duas casas em seu primeiro movimento. Quando o peão chega à oitava casa, ele é promovido: ele é retirado do tabuleiro e é colocada em seu lugar qualquer outra peça, geralmente a Dama, exceto o Rei.

 

O rei é uma peça preciosa demais para ser desperdiçada, e era a cabeça do rei dessa missão, Nagato, que eu queria. Eu já havia me decido quanto a isso.

 

Eu não voltaria para os Estados Unidos para ser presa, e tampouco aceitaria a ajuda de Shikamaru e Ino... Eu me conformei com o fato de nunca mais voltaria a ver minha terra natal.

Não me importava o fato de ser algo suicida ir para a Hungria em vista dos últimos acontecimentos. Shikamaru havia mencionado que estava acontecendo um levante popular anti-regime soviético, as coisas deviam estar bem agitadas por lá; seria mais seguro e prudente não me aproximar da Hungria, mas eu já não tinha mais um caminho seguro para seguir. Rezei para que pelo menos eu pudesse cumprir a promessa de acabar com Nagato antes de morrer. 

 

O ponto de ônibus onde eu esperava todos os dias para ir para a fábrica estava vazio, diferente do que habitualmente estava; ainda era cedo para as pessoas irem trabalhar. Eu avistei ao longe o ônibus fazer a curva em uma praça, e então corri rapidamente até o ponto. Eu iria para a fábrica naquela manhã, mas não iria para trabalhar.

 

Antes de ir para a Hungria, eu tinha que falar com Sasuke. Eu precisava saber uma coisa mais antes de partir, e único que poderia me dar tal informação era Sasuke.

 

Durante o trajeto eu tentei me convencer mentalmente de que o que eu faria era o certo, e comecei a imaginar quais seriam as atitudes que eu tomaria quando me encontrasse com o Sasuke. Eu era um “peão” nesse jogo, mas eu era a única que conhecia todas as peças do jogo: CIA, KGB, FBI, HUNGRIA... Eu conhecia cada peça do “jogo de espiões”, porém não me sentia mais tranqüila ao pensar nisso.

 

Sem perceber cheguei a fábrica.

 

Eu desci do ônibus e atravessando o gramado me dirigi a escada que conduzia aos escritórios. Como era esperado o hall estava vazio, nem mesmo Karin estava lá para me recepcionar com seu tão característico mal-humor. Cruzando o hall eu fui até a sala de Sasuke, eu esperaria por ele ali dentro.

 

- Bom dia, Sakura – Sasuke me saudou assim que eu abri a porta.

 

Eu me assustei ao vê-lo sentado em sua mesa.   


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Notas finais do capítulo

nota da autora:
Sakura escolheu seu caminho: ela está decidida a ir para a Hungria. Será que o encontrou com Sasuke poderá mudar a idéia dela?

As coisas começam a esquentar daqui para frente, não percam!



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