The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 38
The Return Of The Past


Notas iniciais do capítulo

Então, povo, como vão vocês? Postando nessa madrugada linda, que só serve como fonte de inspiração :3 Ao menos, para mim .q Então, espero que gostem ^~^ Sugiro ouvir qualquer coisa tristinha ou mais devagar , tipo Bon Iver - Holocene, ou The Fray - Be Still < 3



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– Por que você fez aquilo? – Consegui dizer, cruzando os braços. Elrohir estudava o homem pela minha mente, quieto. – E por que sumiu de repente? Quer dizer, as memórias...

– Voltaram. – Ele completou, coçando o queixo. – Olha, eu realmente não queria. Bem, na verdade, eu não tinha muita escolha. Tornac disse que só me ajudaria assim.

– Te ajudaria com o que? – Respirei fundo. – Você está com fome?

– Bem, a viagem até aqui foi longa. – Ele deu uma risada fraca. – Durou três anos.

– Bem, é mesmo longa. – Suspirei. – Venha. Vamos te arrumar comida e você me conta a história.

Levei Aidan até os refeitórios, pedindo a um dos anões uma refeição simples para o mago. Ele parecia inquieto, mas relaxou um pouco ao ver o prato com pão e queijo e a caneca de hidromel.

– Ok, pode começar. – Tinha pegado uma caneca para mim mesma. – Do início.

– Bem, veja bem. – Ele comeu antes de falar. – Acho que é melhor começar com a parte da minha justificativa. Você já deve ter ouvido sobre seu Verdadeiro Nome?

– Vagamente. – Me lembrava de ouvir minha mãe comentando sobre aquilo com Wayn, mas nunca me interessei muito.

– Bem, para poupar tempo, é um nome único na Língua Antiga, que resume todos os seus medos, vitórias, orgulhos, tudo sobre você. – Ele limpou a garganta. – Isso é a coisa mais sagrada que pode existir. A partir do momento que alguém diz seu Verdadeiro Nome em voz alta, você está sob o poder de quem disse.

– É como Galbatorix tem tantos seguidores. – Conclui, um pouco horrorizada com aquilo e imaginando qual seria o meu. – Era como ele o tinha?

– Mais ou menos. – Ele disse, parecendo sem graça. – Veja bem, Tornac sempre foi um grande amigo. Desde sempre. Crescemos juntos. Quando ele foi servir Galbatorix, senti que devia ir junto. E ainda conseguiria um pouco de dinheiro para minha mãe e meu pai.

– Mas então tudo mudou.

– Sim. Tornac ainda me contava tudo, inclusive o que sentia sobre servir ao Império. Era tanta frustração quanto a minha própria. – Tomou um gole do hidromel, pensativo. – Não se escapa daquele lugar. Ao menos, não sem que ele fique sabendo.

– Ele sabe que eu...?

– Se você saiu daquele lugar viva, foi porque ele quis. – Aidan deu de ombros. – Eu percebi isso tarde demais. Galbatorix me usava para magias como bloquear sons de seus aposentos e até buscar informações em mentes, sem me mostrar. Ele não me deixaria ir com tanta informação. Foi quando ele pronunciou.

– Seu nome.

– E o de Tornac também. – Ele suspirou. – Estávamos presos naquele castelo, sem qualquer esperança. Foi quando comecei a perceber que eu tinha mudado. Mais triste, melancólico. Quase desesperado. Sabe o que acontece, então?

– Não. – Neguei com a cabeça também, dando ainda mais ênfase.

– Seu nome muda. Qualquer poder que ele tinha sobre mim, estava indo embora. Se esvaindo devagar.

– Tornac, o dele também? – Perguntei, me lembrando das visitas que ele fizera até a cela.

– Ele começou a perceber aquilo depois que você chegou. – Aidan deu um sorriso fraco, simpático. – Tornac sempre fora um ótimo mestre. Murtagh com certeza teve sorte. E eu também.

– E eu, por conhecê-lo. – O outro concordou.

– Ele me prometeu que me ajudaria a ir embora. Não deixaria Galbatorix perceber que eu estava livre até que eu já estivesse bem longe. Tentei convencê-lo a vir junto.

– E por que ele não foi?

– Ele precisava ficar para trás. Se certificar de que ficaríamos todos a salvo de Galbatorix. Você e eu. – Aquilo foi como um banho gelado. Tornac fizera tamanho sacrifício... – E Murtagh também. Ele sabia que o garoto seria alvo. Por ser filho de quem é.

– Ele deve estar morto. – Falei, acabando com meu hidromel. – Dois traidores o levaram.

– Vocês eram próximos. Muito. Sinto muito. – Ele balbuciou, comendo mais. – Enfim, nosso acordo era esse. Vocês se esqueceriam enquanto aquele cordão que ele te deu continuasse inteiro, e eu poderia ir embora.

– O cordão era o que segurava a magia? – Perguntei, me lembrando do colar desconhecido que eu nunca quisera tirar.

– Silbena, você mudou a vida dele. De verdade. Dos dois. – Ele estendeu uma mão sobre a mesa de pedra. – Tornac se sentiu feliz pelos seus atos. Salvar as vidas de amigos e pessoas importantes.

– O que ele pensava de mim? – Falei, pegando a mão estendida.

– Ora, querida. Sempre soube de Tornac mais do que ele próprio. – O mago riu, apertando levemente meus dedos. – Amor se manifesta de várias maneiras. Em várias idades, mesmo que tão distantes. Ele sempre negou, era como algo proibido. Mas ele te amou, em tão pouco tempo.

Não consegui responder. Elrohir me confortava em silêncio, apenas evidenciando sua presença na minha mente. Aidan continuou, antes que minhas lágrimas caíssem.

– Murtagh também tinha sentimentos fortes por você. Mas os dele sempre foram mais confusos. Em momentos eram puros, como amor de dois irmãos, em outros eram cheios de incertezas e medo. E outros ainda eram simplesmente irracionais demais, até para sentimentos. Momentos em que ele encarava o prato pensando nas correntes que te prendiam.

– Murtagh é da minha idade. Talvez ele visse em mim a amiga que ele nunca tivera.

– É uma possibilidade. – Sua mão soltara a minha. – Era algum tipo de amor, mas eu nunca soube ao certo qual. O de Tornac era simples e direto, o tipo que deixaria qualquer pessoa feliz. O de Murtagh, eu já não tenho tanta certeza.

– Aidan. – Chamei-o, querendo fugir daquele assunto. Não gostava de ser fraca, muito menos na frente dos outros. – Por que veio até aqui?

– Bem, eu imaginei que você viria para cá. Sua mãe me disse que era o plano desde o início, chegar aos Varden. E a causa me parece justa.

– Você encontrou minha mãe. Como ela está?

– Ela sente sua falta. Fica feliz que você não precise mais dela, tanto assim, ao menos. – Ele deu de ombros. – E diz que te encontrará logo.

– Quando a encontrou? Quero dizer, tem vagado por três anos. E onde?

– Teirm, há menos de seis meses. – Ele disse, acabando de comer. – Delrio virá te ver. Ela nunca vai te deixar assim, garota.

– Bem, você deve estar exausto. Venha, vamos te conseguir um quarto. – Fiquei de pé, guiando-o pelos corredores. Aidan parecia tentar gravar aqueles caminhos, como se planejasse ficar. – Você se acostuma.

– Eu posso imaginar. – Ele deu de ombros, ainda estudando os túneis.

– Aqui. – Era um quarto um pouco menor e mais simples que o meu. Só o catre e um baú. Mais nada. Ele entrou, respirando fundo. – Ei, Aidan, mais uma coisa. Como pode saber o que eles sentiam?

– Sabe, quando se tem muito contato com a magia, você aprende a entrar em contato com aquilo ao seu redor também. Muitos podem sentir de onde vem as energias. Outros sentem essa energia como se fossem parte deles. Eu tive contato com a energia que os sentimentos produzem. É como um pensamento que as pessoas tem mas não percebem, por isso não conseguem escondê-lo.

– E todo mundo tem isso?

– Nasuada tem agora um pensamento misturado de tristeza e vontade de seguir em frente. O elfo do cabelo curto, Elwë? Ele se sente agora cansado de fugir, por isso está feliz por estar aqui. Ele também tem amor nele. Um dos homens que me encontrou na cachoeira, garoto da lança. Nasuada o chamou de Sano. Ele tem muito amor e arrependimento dentro dele. São quase estampados em sua cara. E você...É difícil dizer.

– Não sabe o que eu sinto?

– Não é isso. É que você sente demais. Amor, saudade, dor, tristeza, pressão, medo, tudo isso de uma vez só. Mas na maior parte, vejo satisfação, confusão e alegria. Muito amor também.

– Já disse do amor.

– Não é o mais importante deles? – Ele sorriu. – Agora, isso é culpa do cansaço, a falta de atenção. Se me der licença...

– Até amanhã, Aidan. – Me despedi, um sorriso fraco. Ele com certeza era útil. Um grande mago. E grande conselheiro amoroso também, ao que aparentava.

Fui pensativa até meu quarto, pensando em cada um dos sentimentos listados.

Saudade da minha mãe, da tripulação toda do The Sender.

Dor por me sentir sozinha de vez em quando, de jeitos que nem a presença de Elrohir amenizava a sensação.

Tristeza em parte pela dor, que também era causada pelas perdas, as derrotas, as falhas.

Pressão, a sensação de que alguém sempre esperava algo a mais de mim, algo que eu não era capaz de oferecer.

Medo de que tudo que está sob meu poder ruísse, medo que um erro meu pudesse destruir tudo que os Varden já haviam construído.

Satisfação também, claro. Eu era respeitada, mesmo sendo a capitã mais nova. Tinha influência, poder, força ali dentro. Conquistara meu lugar ao sol, por assim dizer.

Alegria de ter feito amizades, de ser tão adorada.

E a que mais me consumia. Entrei no quarto antes de listar os nomes da minha confusão.

Elwë.

Sano.

Murtagh.

E, mesmo que não importasse mais, o longe do meu alcance, Tornac.

Me sentei na cama, respirando fundo. O amor que ele dissera, não sabia a quem direcionar. A verdade era aquela. O amor pela minha mãe, por Wayn, pelo próprio Ajihad e Nasuada e Orun. Eram diferentes do que eu tinha pelas confusões.

Depois de guardar minhas espadas e me livrar do coque nos cabelos e dos suspiros no peito, de me deitar, fechei os olhos e deixei as lágrimas fugirem pelos cantinhos das pálpebras cerradas.

Tudo que eu me lembrava de Tornac, inclusive o sorriso que ele me dava, e as memórias de Murtagh, nas duas vezes que estivemos juntos veio à tona. Chorei por bastante tempo, até que os rastros ficaram secos e eu dormi.

Me lembrava bem daquele sonho. Tive-o quando ainda estava presa.

Eu estava numa campina, um lugarzinho bonito e aconchegante. O vento ainda me atingia. E lá estava ele. Tornac, ao meu lado, sorrindo feliz. A mulher morena, que antes eu não sabia quem era, agora eu reconhecia como Nasuada. Tornac não falava, não se mexia, não fazia nada. Sequer respirar.

Assim como na vida, nos sonhos os sentimentos também exercem grande influência. Meu sonho paradisíaco se tornara um sonho triste. Tornac parecia um boneco, com o sorriso fixo. Parei ao lado dele, chorando com um sorriso em meu próprio rosto.

– Eu sinto tanto, Tornac. – Falei, esperando que ele ao menos me ouvisse. Nasuada parecia parada também. –Oh, Tornac, se eu soubesse que esse foi o preço. Perdão.

Abracei-o, sem qualquer retorno. Ainda chorando, olhei para o perfil do homem mais velho.

– Ei, Tornac, não sei se Aidan disse a verdade. – Sequei uma lágrima, que foi substituída por outra. – Mas eu acho que te amei também. Ou amo, eu nem sei.

E, ainda assim, minha única resposta naquele sonho paralisado foi o vento, que apenas resfriava minhas bochechas, por onde as lágrimas rolavam. Só servia para provar que minhas palavras estavam sendo carregadas para longe.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Olha, sempre achei isso meio tonto, mas confesso que chorei enquanto escrevia .q Enquanto ia lendo para ver o que estava escrevendo, ia chorando junto .q Mas chega de tontisse, até mais :*



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