The Secret Weapon escrita por Pacheca
Notas iniciais do capítulo
Então gente, ressurgi das cinzas
– Bom dia, Elwë. – Passei por ele em um dos corredores vazios da montanha, com um sorriso no rosto. Não dormi muito na noite passada, mas não me importava. Desde que assumira a posição de capitã de uma das divisões, não dormia muito.
– Bom dia, capitã. – Ele parou na minha frente, bloqueando meu caminho. Parei, apoiando uma mão no cinto. – Você está maravilhosa hoje. Pretende matar alguém de amores?
– Ora, você nunca foi tão imbecil, Elwë, mas vou aceitar o elogio. – Dei de ombros, tentando passar por ele. Não consegui.
– Então, veja, eu fui conversar com Ajihad, logo agora, de manhã cedo.
– Ok, e daí? – Cruzei os braços, com uma sobrancelha erguida. Ele deu um sorriso antes de responder.
– E daí, que ele me disse que agora eu sou, oficialmente, um dos seus homens.
– Ora, muito bem. – Descruzei os braços, apoiando a mão no punho de uma das minhas espadas.
– Alguma ordem, capitã? – Era a primeira vez que eu via Elwë tão empolgado. Sorri.
– Por agora, nenhuma. Vá treinar um pouco. Deve estar enferrujado, querido.
Consegui passar por ele, só para dar cinco passos e senti-lo agarrando meu braço. Me virei, encontrando os olhos verdes dele. Muito próximos. Próximos demais.
– Senti sua falta. Vai ver o cara novo?
– Na verdade, não. Vou ver o garoto novo, Eragon. – Pisquei para ele, sorrindo. – Ciúmes, Elwë?
– Na verdade, um pouco. – Não soube responder. Me despedi com um aceno e saí do corredor, entrando em outro, e assim por diante.
Não demorei muito a chegar no último andar, onde tinham alojado o garoto e sue dragão. Passei pela construção monumental dos anões, o diamante gigantesco no teto, admirada.
Bati na porta de leve, esperando uma resposta. Depois de alguns instantes, o garoto abriu a porta, com o cabelo atrapalhado e as roupas um pouco tortas.
– Podia terminar de se vestir. – Apontei para ele, sorrindo. Eragon ficou sem graça, mas me deixou entrar.
O alojamento era um pouco baixo, tive que me curvar para passar pela porta. Estava escuro lá dentro, então tive que me acostumar um pouco antes.
– Vim checar se está tudo bem com vocês. – Deixei o plural bem óbvio na frase. – Tudo certo por aqui?
– Sim. Obrigado. – Deu um sorriso fraco, mas ainda assim convincente. Sorri de volta.
– Bem, vim lhe dizer que sempre que quiser saber algo ou quiser praticar, me procure. Se não quiser procurar mais ninguém, claro.
– Ah, sim. Obrigado de novo. – Depois de hesitar por alguns segundos, ele fez a pergunta inevitável. – Como conheceu Brom?
– Passei por Carvahall uma vez. Não foi muito bom, mas ok. – Franziu as sobrancelhas. – Eu estava fugindo de um bando de Urgals que queriam me levar até Uru’baen. A cidade foi adorável.
– Ah. Faz muito tempo?
– Depende de quanto é muito tempo para você. Para mim, parece que foi a uma eternidade, mesmo tendo só 4 anos. Quase 5.
– Me perdoe a indelicadeza. Quantos anos você tem?
– Quantos você acha que eu tenho? – Respondi com outra pergunta, que na mesma hora o deixou pensativo. Parecia que estava fazendo o maior cálculo existente para responder.
– Você parece ter por volta dos 20 e alguma coisa. – Deu de ombros, ainda pensativo. – Ao menos na aparência. Mas deve ser pouco mais nova. Por volta de 23?
– Vai com calma, garoto. – Ri. – Apesar de ter crescido muito, só tenho 18. Faço 19 logo.
– Nossa. – Não sei se ficou chocado, não estava observando-o. Meus olhos estavam sobre a espada de Brom. Bem, agora dele.
– Você tem quantos?
– 16. – Passou a mão pelos cabelos desarrumados. Ficamos em silêncio. Não durou muito, porque me levantei e falei.
– Tenho que ir, Eragon. De novo, se precisar de qualquer coisa, me procure. Até mais. – Dei um aceno e deixei o quarto.
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– Vim assim que pude, Ajihad. O que houve? – Entrei na sala ofegante. Ajihad parecia tenso, com os outros comandantes ao redor dele.
– Os Gêmeos avistaram um grupo de Urgals por perto. Não se sabe para onde foram. – Não olhou para mim enquanto explicava. – Então, um dos anões deu a ideia de que poderiam estar entrando pelos túneis.
– Túneis?
– Escavações antigas, não usamos mais a maioria deles. Alguns caíram, outros estão prestes a. Mas vários estão em condições de uso. – Me inclinei sobre a mesa, no meio dos outros homens.
Um mapa da caverna, cheio de pontos de onde eles poderiam estar vindo. Muitos lugares. Me afastei, tentando pensar em algo. Uma solução.
– Podemos mandar alguns grupos checarem os túneis. Procurar por algum sinal de aproximação. Não? – Perguntei, mas um dos anões presentes negou.
– São muito túneis, como dissemos. Poderíamos procurar por dias a fio sem encontrar sinais, e ainda restariam vários.
– Alguma ideia, então? – A mania que eu tinha de andar de um lado para o outro começou.
– Acho que precisamos nos preparar. Eles vão chegar, mais cedo ou mais tarde, antes que os achemos. – Suspirei com as palavras do Mestre de Armas.
– Tem razão. Preparamos um contra-ataque. E defesa, claro. – Parei, fitando a parede. – Não vai ser suficiente. Quantos são?
– Muitos. – Ajihad disse, a voz amarga. – Centenas, provavelmente. Uns 300?
– Por ai. – Os Gêmeos. Para alguma coisa, ao menos, eles eram úteis. Observar.
– Quando os viram?
– Poucas horas atrás, Capitã. Devem gastar mais uns dois dias. – Minha mente trabalhava a todo vapor. Minha luzinha piscava freneticamente, me cansando. Mas não parei de pensar.
– Temos que achar um jeito de pegá-los de surpresa, estarmos prontos não vai ser suficiente. – Finalmente parei, observando os túneis.
– Óleo. Quente. A melhor solução. – Um dos outros capitães disse, com os braços cruzados sobre o peito largo.
– Você diz, por cima dos túneis? Na entrada? – Ele concordou com a cabeça.
– Podíamos fazer armadilhas também, mas gastaremos tempo demais. – Ajihad completou. – Todos concordam com a ideia?
– É a única que temos, não é? – O silêncio deixou claro a falta de outras opções. – Muito bem. Ajihad, meus homens estarão prontos ao seu sinal.
– Muito bem. Quero você entre os atacantes. Mas deixe parte do seus homens na defesa também. – Murmurei em concordância e me distanciei da mesa mais uma vez.
– Tulli, você e seus homens vão agir com Silbena. – Quem deu a ideia do óleo fervente. Ele apenas grunhiu, concordando.
– Muito bem, senhor.
– Vão, todos vocês, agora. Mantenham-me informado.
– Com licença, senhor. – Acenei em despedida e saí da sala, quase correndo pelos corredores. Fui direto para a cela dele.
Alguns dias se passaram desde que os dois chegaram ali, que ele estava preso. Quase uma semana, na verdade. Dispensei os dois guardas e entrei, encontrando deitado olhando para o teto.
– Ah. Você. – Ele se sentou, passando a me olhar. Parecia bem feliz, para alguém que estava preso. Olhei para o teto também, tentando entendê-lo. Ao menos um pouco.
– O que você estava fazendo? A coisa boa está no teto ou no que ele te lembra?
– Lembranças. – Sorriu. – Tornac.
– Seu cavalo? – Me lembro de terem comentado sobre o cavalo dos dois. Tornac era o de Murtagh.
– Não. O homem que tinha esse nome. Ele era meu mestre.
– Tornac... – Repeti o nome dele, simplesmente esperando que algo acontecesse. – O que houve com ele?
Murtagh não respondeu. Nem precisou. Mas continuei pensando na causa, sem dar voz à minha dúvida. Ele cortou o silêncio com sua voz grave.
– O que veio fazer aqui?
– Não sei. – Dei de ombros. – Bem, na verdade, vim te dar um aviso.
– Pois então, dê.
– Estamos nos preparando para um ataque. Urgals. – Parei de frente para ele. – Ajihad pode não ter dito nada, mas sou boa lendo pessoas. Na maioria das vezes. E ele acha que você os trouxe.
– Por ser filho de Morzan? – Ele tinha ficado irritado. Pude ver o brilho da raiva nos olhos cinzentos.
– Provavelmente. De uma forma ou de outra, se continuar aqui dentro, pode não durar muito tempo. Ao menos, não vivo.
– E o que espera que eu faça? Entregue minha mente para aqueles dois? – Cruzou os braços. – Não vou fazer isso.
– Já te disse que se quiser, eu faço. – Negou firmemente. Insisti. – Por favor, Murtagh. Só o essencial.
– Não! – Ele me agarrou pelos braços, me sacudindo. – Por que se preocupa tanto assim? Me deixem aqui.
– Se você prefere assim. Mas ao menos me solta. Não quero morrer com você.
– Me desculpe. – Me soltou, se recompondo um pouco. – Só não insista mais, a resposta ainda é não.
– Tudo bem. Me perdoe. – Cruzei os braços também. – Tenho que ir.
Hesitei um pouco na porta. Então tirei o cristal ao redor do meu pescoço e o entreguei para Murtagh. Antes que ele perguntasse qualquer coisa, falei.
– Não sei, talvez seja um amuleto. Proteção. Não sei. Deve precisar dele mais do que eu.
– Por que quer tanto assim me proteger?
– Por mais que não me lembre, sei que você fez parte do meu passado. – Olhei para ele uma última vez. – Não gosto de pensar que vou ficar incompleta pra sempre. É o que vai acontecer se você morrer. Então, fique vivo.
Saí da cela, chamando os guardas de volta.
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– Todos que fazem parte da minha divisão, reúnam-se. – Chamei em voz alta pelo campo de treinamento. – Andem logo!
Em poucos instantes, grande parte dos meus homens estava por perto. Mandei chamar os restantes e os esperei. Quando todos estavam por perto, os outros homens que treinavam já tinha ido atrás de seus comandantes.
– Recebemos ordens diretas de nos prepararmos. Uma batalha será travada dentro dessa caverna. – Comecei a falar, as mãos na cintura. – Urgals foram avistados numa área próxima, vindo em nossa direção.
“De acordo alguns dos anões, vários túneis na montanha, agora desusados podem ser o que lhes permitirá entrar. Temos que estar prontos para quando isso acontecer. Uma parte de vocês estarão defendendo esse lugar. Nosso lar. Os outros me acompanharão num ataque direto. O plano é tentar pegá-los de surpresa, com óleo quente. Ainda assim, alguns passarão, e é nosso dever impedi-los. Entendido?”
“A partir de agora, estejam prontos. A qualquer momento, podem nos mandar atacar. Quando isso acontecer, quero todos vocês preparados. Por ora é só. Vão. Aprontem-se.”
Com isso, os homens começaram a se dispersar. Alguns pareciam animados com a batalha por vir, enquanto outros só aparentavam preocupação.
– Elwë, Sano, Orun. Venham cá. – Chamei-os, caminhando pela área. – Quero todos vocês no ataque comigo. Orun, quero que você converse com os anões, se algum deles tiver preferência pela defesa, me avise.
– Sim, senhora. Lhe informarei em menos de uma hora.
– Muito bem, vá logo. Sano, faça a mesma coisa com o resto dos homens. Tem o mesmo prazo que Orun. Ande.
– Sim, capitã. – Bateu continência e saiu. Me virei para Elwë.
– Você. – Apontei para ele, pensativa. – Tem uma armadura?
– Não vai ser difícil conseguir uma. O problema vai ser minhas armas. Tomaram tudo que eu tinha em Osilon.
– Então, sua tarefa é procurar por boas substitutas. Agora. E depois uma armadura. Ande logo. Vá. – Ele se curvou levemente e disse antes de sair.
– Agradeço por me deixar lutar, Capitã. – Fiquei sozinha, pensativa. Não sabia o que sentir quanto àquilo. Mas ainda assim, tinha que me preparar. Fui até meu quarto, marchando.
A primeira batalha de verdade. Não que eu nunca tivesse matado ninguém antes. Mas dessa vez. Era a primeira vez que eu realmente estava tensa.
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E ai? Compensou? Prometo não demorar mais .q Um beijo :*