The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 35
The Real Battle


Notas iniciais do capítulo

Gente, to chorosa aqui ç.ç Amei escrever esse capítulo, espero que gostem :3



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A maçã não tinha gosto em minha boca. Comia no automático. Orun foi até meu quarto com o nome dos anões que não queriam,Sano logo atrás. Cada movimento que eu realizava me deixava mais perto do confronto.

– Juntem esses homens e os mandem para Munem. – Os dois saíram juntos. Respirei fundo.

Passara os últimos anos me preparando para aquilo. Confronto direto. Não era uma ideia muito atraente no entanto. Matar ou morrer. Já tinha estado em situações como aquelas antes. Não queria participar daquela no entanto. Tinha um mau pressentimento.

– Ok. Está tudo bem. Você sabe fazer isso, vai conseguir. – Comecei a falar sozinha. Ótimo. – Minha armadura. Preciso dela.

Aos poucos fui me acostumando com a ideia. Fui colocando cada parte da armadura prateada com cuidado. Comecei pelas pernas, amarrando firmemente as correias.

A parte mais difícil era o peitoral. Vestia uma malha por baixo da armadura. Alguma coisa com metal élfico, leve e resistente. Puxava as correias, sem força suficiente para prendê-las.

– Precisa de ajuda? – Elwë. Ele parou ao meu lado, tomando as correias das minhas mãos. – Isso aqui não é muito prático.

– Geralmente tenho ajuda nessa parte. Um escudeiro. – Dei de ombros. Estava com mais pressa daquela vez.

– Apertada demais? – Neguei com a cabeça. Estava como eu queria. Ele prendeu a fivela, se afastando um pouco. – Consegui uma espada, só espero que seja resistente. Bela armadura.

– Obrigada. Não ponha toda sua força, simples assim. – Deu uma risada. – O que foi?

– Não está nem um pouco feliz. Isso é bom. Mostra que não é uma assassina de sangue frio.

– Por que não vai se arrumar, hum? – Prendi meu cinto, uma espada em cada lado da cintura.

– Porque estou pronto. Nunca usei armadura. Coisa de elfo de Osilon. – Deu de ombros. – Realmente, adorei sua armadura. Mas prefiro você sem ela.

– Ah, era só o que faltava. – Revirei os olhos. Ele sorriu. – Deixe as cantadas para depois.

– Então, posso te elogiar?

– Se é disso que chama, depois. – Falei, andando pelo quarto. Prova do meu nervosismo.

– Relaxa um pouco. Se entrar num campo de batalha tão tensa vai morrer em poucos minutos. – Aquilo fez meus ombros caírem um pouco. Me sentei na cama.

– Tem razão. Preciso estar ciente do que estou fazendo. – Respirei fundo. – E preciso ir atrás de Tulli.

– Então vá. – Estava deitado, os braços sob a cabeça e os olhos fechados.

– Vai ficar aqui? – Ergui uma sobrancelha.

– Se importa?

– Volto logo. – Deixei o quarto, sem lhe dar uma resposta direta. Enquanto caminhava pelos corredores, prendi meu cabelo num coque, da melhor forma que pude. Uma mecha menor que o resto, que só ia até meus ombros, se soltou.

– Silbena. Aye, Capitã. – Saudação pirata. Sempre se lembrava da mãe e de Wayn quando ouvia aquilo. – Todos prontos?

– Apenas aguardando as ordens. – Falei,as mãos na cintura. – Quanto acha que vão demorar?

– Espero que não muito. Os homens ainda estão empolgados, por assim dizer. Não podemos deixar o ânimo deles despencar.

– Qual nossa estratégia? Atacar?

– Matar o máximo que pudermos. É esse o plano. – Anui com a cabeça, pensativa. Aquela agonia de que algo ia dar errado não me abandonava.

– Muito bem. Estamos aguardando com vocês.

– Obrigada, Capitã.

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– Está na hora. – Um mensageiro de Ajihad me acordou. Conseguira dormir um pouco antes do ataque, o que significava energia. Ótimo.

– Vamos acabar logo com isso. – Prendi o cabelo novamente. Não queria ir para a batalha, mas tinha que. Fiquei de pé e fui atrás do anão.

Estávamos no centro da montanha. Era possível ver todos os túneis dali. A primeira coisa que vi foi Eragon e Saphira, os dois protegidos por armaduras e prontos para combate.

Não era exatamente a melhor estada do mundo para eles. Suspirei. Meus homens trocavam algumas palavras com os de Tulli. Sano, Orun e Elwë estavam me cercando, como se fosse uma deusa.

Os caldeirões já estavam prontos. O fogo abaixo deles era mantido por alguns anões. O ar estava estagnado. Pesado. Quase sufocante. Fechei os olhos e fez uma prece.

“Me proteja, senhor. Meus homens. Nos ajude a vencer.” Não sabia para quem rezava. Um dos deuses que minha mãe me ensinou a respeitar. Pude perceber que Sano e Orun também pareciam presos à alguma entidade. Menos Elwë.

– Pronta?

– Acho que sim. – Respondi. Sentia toda a ansiedade de Elrohir. Sua vontade de invadir a montanha e nos ajudar na batalha. Toquei sua mente.

Fique quieto. Sabe que não pode ser visto.”

Queria estar com você.”

“Você está. Mas agora, fique quieto.”

– Muito bem. Espero que todos esses deuses nos ajudem.

– Não tem um? Deus?

– Elfos não acreditam nessas coisas, minha cara. As coisas são o que elas são e fim. Sem nada inexplicável por trás.

– É um pouco estranho ver as coisas assim. – Ele deu de ombros. – Gosto de ter onde me segurar.

– Faz sentido. Acho que nesse ponto, você sempre vai ser mais feliz.

Fiquei em silêncio. O primeiro estrondo ecoou pela montanha. Eles estavam chegando. Maravilha. Desembainhei as espadas. Foi a vez de Tulli falar algo para incitar os homens.

Respirei fundo. Começou. Os Urgals surgiram na entrada, para logo em seguida começarem a gritar com o óleo sobre eles. Podia sentir aquela dor.

– Muito bem. Vamos lá. – Girei as espadas, esperando que eles se aproximassem. Todos prontos para atacar. Um rosto que eu achei que nunca mais teria que ver surgiu na multidão de Urgals.

A pele extremamente pálida, quase transparente. Os olhos e cabelos vermelhos. E aquele sorriso macabro de quem apreciava dor e sofrimentos. O espectro. Durza.

Eragon também reagiu. Os Urgals que escapavam do banho quente começavam a nos alcançar. Nosso ataque começou. Era quase automático. Comecei a atingi-los da melhor forma possível.

O som era de violência. Aço colidindo com aço. Gritos de dor e de desespero. Os rugidos de Saphira. Os gritos de guerra dos Urgals. Tulli e eu incitando nossos homens.

E Elrohir berrando na minha cabeça com uma fúria pura e incontrolável. Já podia imaginá-lo procurando uma entrada lá fora. O afastei por um momento. Se continuasse com ele, ia acabar me perdendo na batalha.

Eragon sumiu depois de meia hora de guerra. Não conseguia achá-lo em lugar nenhum. Nem mesmo com minha luzinha. Continuei lutando. Sano estava atacando um deles com a lança. Elwë estava entre dois, um sorriso macabro no rosto. Orun ajudava um outro anão a se levantar.

Senti uma nova presença. Eragon ressurgiu. E junto dele Murtagh. Sorri. Meus membros, já pesados pelo cansaço, voltaram ao normal.

Queria ter contado as horas. Mas no lugar, contei corpos. Um dos Urgals me pegou pelas costas, tentando me matar com uma clava. Não consegui, mas com certeza quebrou de vez minhas costelas.

O ar me escapou. Cai, o rosto no chão já manchado pelo sangue de outros. O ataque final não chegou. O Urgal caiu ao meu lado, morto. Murtagh estendeu a mão.

– Tudo bem? – Concordei, ignorando a dor na lateral do tronco. A armadura estava amassada, uma ponta me cutucando.

– É. Vou ficar legal. – Voltei ao combate. – Te devo uma.

Depois daquilo, mais nada foi o mesmo. A dor nas costelas escurecia minha visão. Não suficiente, logo depois de matar mais um inimigo, uma onda de um sentimento escuro e turvo me atingiu em cheio.

Eu não sabia de onde vinha. Sei que era ruim. Horrível, na verdade. Elrohir também sentia aquilo. Quis sentar e chorar, por algum motivo, mas tinha que me manter em combate.

Outro Urgal me atacou. Arremessou uma faca, que passou de raspão pelo meu rosto. Minha bochecha esquerda começou a arder de imediato. Ataquei, cansada. Ainda assim, consegui matá-lo.

Fui naquele ritmo, até que terminou. O último deles parou na minha frente. Percebi que todos me olhavam, esperando o golpe. Peguei minha espada e a enterrei em seu peito, suspirando.

Terminou.

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– Capitã. – Um dos meus homens voltou. – Contei 27 mortes.

– Droga. – Falei, sentando no chão. Alguém me estendeu um odre cheio. Só depois de dar um gole percebi que era Sano. – Muito obrigada. Pode ir.

– Com licença. – O homem se afastou, arrastando seus pés pelo cansaço.

– Isso é muito. 27. – Sano disse. Pude perceber que estava cansado, mas não a ponto de desmoronar. – Mas fomos bem.

– Sim. – Tomei mais água. Aquela onda preta e opressora ainda me apertava. Devolvi o odre e abracei meus joelhos, as lágrimas correndo pelo meu rosto.

Ao longe, podia perceber uma agitação. Eragon e Saphira. Algumas horas desde o fim já tinham se passado. Os dois estavam exaustos, mas satisfeitos. Eram as novas estrelas. Tinham matado Durza.

Os anões é que não estavam tão felizes. Sua rosa, a joia gigante no teto fora despedaçada. Respirei fundo. A onda começava a formar cenas e imagens.

Me vi na minha cela de novo. Dessa vez, o homem que ficava comigo iluminava seu rosto, sorrindo fraco. Travei. Aquela memória finalmente estava completa. O homem dos cabelos castanhos e olhos tristes.

Agora as lágrimas vinham sem parar, pingando do meu queixo. Tornac. Era ele. Foi ele quem me ajudou a fugir. Ele que me fazia companhia. E Murtagh. Também me lembrava dele.

A vez que foi até minha cela. Quando ele me contou sobre sua vida com Tornac e de como tivera ciúmes de mim, no início. Comecei a rir entre lágrimas. E se eu tivesse os levado?

O homem sinuoso. Numa sala escura. Foi ele. Me lembro, foi ele quem me fez esquecer. Então, por que de repente, tudo voltara? Eu não queria aquilo. Aquela dor, aquela culpa.

Murtagh surgiu na minha frente. Ele estava tão cansado quanto os outros, mas ainda estava pronto. Ia com Ajihad pelos túneis, procurar os Urgals que haviam fugido.

– Silbena, você...

– Era Tornac. – Respondi entre as lágrimas. – Quando ele morreu? Foi por minha culpa, não foi?

– Eu não sei. – Ele estava tão perturbado quanto eu. – Nós três, a gente...

– Eu devia ter trago vocês comigo. Você e Tornac. Acharíamos esse lugar. – Eu chorava feito uma criança quando se perde da mãe. Era patético.

– Não adianta mais chorar. Foi ele quem fez isso. Pediu Aidan para nos fazer esquecer. – Pensava em alguma coisa. – Agora faz sentido. Os dias que Tornac ficava calado demais.

– Eu arruinei suas vidas. A sua e a dele. – Parei de chorar. O rosto molhado, mas sem nenhuma nova lágrima. – Me perdoe.

– Foi escolha dele. Não sei porque, mas foi. Não se culpe por algo que não pode alterar. – Murtagh se ajoelhou de frente para mim. – Talvez isso seja um sinal. Nos unirmos de novo.

– Eu amava vocês. Ainda amo. De uma forma tão real que não posso imaginar. Porque vocês moveram montanhas por mim.

– Vou com Ajihad. Descanse um pouco até que eu volte. E então vamos discutir isso direito. – Ele ficou de pé de novo. O cristal. O queria de volta, mas sabia que foi destruído.

– Eu sonhava com ele. Você e Nasuada também, por algum motivo. – Dei um suspiro. – Eu estava tão atordoada naquela cela que o imaginava como um protetor.

– Ele o era. – Respirou fundo. – Tenho que ir.

E se foi. Ajihad o esperava, já na entrada de um dos túneis. Sabia que ele queria provar sua fidelidade. Sorri. Talvez, quando ele voltasse, pudéssemos buscar as respostas que faltavam.

Talvez pudéssemos voltar até aquele dia, aquele sentimento e aquela confiança que tínhamos, rápida e sem lógica.

Talvez...


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Notas finais do capítulo

E então? Saudades Tornac ç.ç



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