The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 2
Talking To Strangers




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Em poucos dias atracamos no porto de Teirm, como sempre, com a desculpa de que éramos mercadores. Ninguém acreditava muito, afinal, que navio mercador carregaria uma criança consigo.

Paramos em uma estalagem, não fiz questão de saber o nome. Não fiquei com os outros homens bebendo (é, eu já bebia nessas ocasiões) e fui dormir.

Minha mãe percebia que eu estava triste, mas não dizia nada. Nessa noite preparei minhas coisas em uma mochila, minha mãe pediu alguém para preparar um alforje com água e comida.

Olhei as espadas, pensando quais eram os Cavaleiros donos daquelas armas. Imaginei os dragões com aquelas cores, voando por ai. Coloquei-as em um canto e sai do quarto.

Não sei se minha mãe me viu saindo da estalagem, mas se viu não fez nenhuma objeção. Olhei as ruas de Teirm um minuto antes de começar a andar a esmo.

Caminhei alguns minutos antes de parar. Parei por curiosidade, em frente a uma loja estranha, cheia de plantas e ervas. Parei hesitante na porta, mas decidi entrar.

Trombei em um ou dois artefatos estranhos antes de conseguir me mover direito. Sobre o que eu imaginava ser um balcão um gato preto enorme repousava. Não sei se dormia, mas não se incomodou com minha presença.

Não encontrei ninguém na loja, mas ainda estava impressionada com todas aquelas ervas e artefatos. Senti um incômodo, alguém tentava invadir minha mente.

Desde cedo, minha mãe me ensinou a defender minha mente. Durante essas lições, eu descobri algo interessante. As mentes das pessoas, geralmente, são como um espaço indefinido, com alguma música ou força.

A minha era como um farol. Era uma luzinha brilhante no escuro, e eu podia dar-lhe a forma que eu quisesse, a cor que eu quisesse. É difícil explicar, mas era mais difícil invadir minha consciência por isso.

A pressão não diminuía, e por fim, a curiosidade me fez ceder. Não reconheci o dono da mente, até que ele abriu um dos olhos.

Impressionante, sua mente. Posso perguntar o que te traz aqui?

Curiosidade, incerteza, eu acho.

Vocês humanos são sempre tão incertos.

Você é um gato.

Sou um menino-gato, mas pode me chamar de Solembum.

Perdão, Solembum.

Ele saiu da minha mente e fiquei com a luzinha verde por um momento. Ele continuava deitado no balcão, mas agora com ambos os olhos abertos.

Uma mulher surgiu não sei de onde e se aproximou sorridente. Ela era baixinha, com os cabelos cacheados caindo sobre o rosto.

– Posso ajudar?

– Depende do que você chama de ajuda. – Falei num sussurro, mas ela deu uma risadinha.

– Muito bem observado.Sou Angela. Quer comprar algo?

– Não tenho dinheiro. Entrei por curiosidade. Já conheci seu amigo ali e já vou.

– Espere, já conversou com Solembum?

Apenas assenti. Ela olhou para o gato, aparentemente conversando com ele. Depois de alguns segundos, ela se virou e me olhou antes de falar novamente.

– Gostaria que eu previsse seu futuro? Apenas uma pessoa antes já recebeu a atenção de Solembum assim, a única que merecia tal feito meu.

Pensei um momento. Claro que eu gostaria de, ao menos, ter uma ideia do que me aconteceria, mas não sei se lidaria bem com que eu ouvisse. Assenti de leve depois de algum tempo pensando.

Ela sumiu um breve instante e logo trouxe um saquinho e me sentou em uma mesinha. Depois de dizer alguma coisa ela jogou o conteúdo do saquinho sobre a mesa. Ossos entalhados.

– Tudo bem, vejamos. – Ela avaliou por um instante os ossos antes de começar. – Bom, essa é bem rara. Esse, indica um amor. Você é bem jovem, eu sei, mas é o que indica. – Ela indicou um osso com um desenho de rosas entrelaçadas com uma barreira entre elas.

“Sua vida amorosa vai ser complicada, algo vai impedir que fiquem juntos, mas não será sua sina compartilhada. Fará uma grande descoberta em sua jornada, seja lá qual for. Agora, esse é o mais difícil. Deveria indicar seu tempo de vida, mas não me mostra um tempo definido. Será bem sucedida entre os seus, talvez até lidere seu grupo. Acho que é isso”

Queria perguntar se eu sobreviveria ao deserto, mas imaginei que ela não poderia me responder. Me levantei e me virei para ir embora, Solembum pulou do balcão e parou na minha frente.

Não revele sua descoberta a ninguém. Ela vai ser sua arma secreta, a de toda uma era. Vá em paz e chegue ao seu destino rápido.

Não perguntei o que ele quis dizer, até porque não tive tempo. Sai da loja e voltei para a estalagem. Fui para o quarto, minha mãe já dormia. Me deitei e dormi, tentando esquecer a previsão da herbolária.

Acordei antes do amanhecer, minha mãe já tinha saído. Vesti as calças e a cota de malha. Calcei as botas sobre as calças e vesti uma capa com um capuz.

Prendi as espadas nas minhas costas, sob a capa. Mesmo escondidas eu poderia pegá-las rapidamente se precisasse. Sai do quarto com a mochila e parei na frente da estalagem, minha mãe caminhando com um cavalo na minha direção.

Ela ajustou o alforje e checou a sela. Depois me entregou as rédeas e me olhou.

– Qual seu nome, garoto? – Poderia perguntar diretamente ao animal, mas não queria fazer contato mental com ninguém.

– Comprei-o por um bom preço. O dono me disse que ele atende por Thunderbolt. Formidável, não?

Assenti, acariciando o focinho do cavalo. Ele era totalmente negro, com a crina bem aparada e o pelo escovado.

Minha mãe me abraçou e me ajudou a montar. Não me sentia muito segura tendo que viajar por terra. Não que eu não gostasse da terra firme, mas me acostumei a passar longas viagens em águas desconhecidas.

O primeiro raio de sol começou a aparecer sobre a muralha de Teirm. Esporeei Thunderbolt e parti sozinha na direção dos portões da cidade.


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Notas finais do capítulo

Reviews seriam bons ;)



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