Os Marotos - A Criação do Mapa escrita por Bianca Vivas


Capítulo 19
Halloween


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que mereço uma surra. Nunca atrasei tanto e juro que não foi algo que eu desejei. É muito difícil estar no terceiro ano (e ainda quebrar o computador). Mas agora estou de férias até Março e só faltam seis capítulos. Então, muito provavelmente, até o fim de fevereiro vocês terão a terceira temporada. E não, não vou prometer nada.



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Enquanto Sirius, Marlene, Remo, Pedro e Dorcas (estes últimos desistiram de procurar por Malcolm que, no fim, estava na Torre da Grifinória) conversavam amenidades no Salão Comunal, Tiago e Lílian se perdiam nos corredores de Hogwarts. Na ansiedade de contar aos amigos a nova descoberta, Tiago puxara Lílian pela mão sem prestar atenção aonde ia. A única companhia agora era o quadro de um esquisito cavaleiro medieval que não parava de falar.
Nenhum dos dois, entretanto, prestava atenção em Sir Cadogan e suas histórias sobre o Rei Arthur e Os Cavaleiros da Távola Redonda. Eles estavam mais preocupados em discutir quem tinha culpa naquilo que estava acontecendo e como iam sair dali. No calor da discussão, Tiago atirou sem pensar:
— Se você não saísse por aí de má vontade, chorando pelos cantos e batendo nas pessoas, nada disso estaria acontecendo!
Lílian calou por um breve momento. Tempo suficiente para seus olhos verdes se encherem de cólera e o rosto ficar tão vermelho quanto seu cabelo. Ela levou os punhos ao ar. Mas, ao invés de atirá-los em Tiago, ela bateu na parede ao lado do quadro do cavaleiro. E então escorregou pela parede, chorando. Estava visivelmente nervosa e estressada.
Tiago estacou onde estava. Não mexia um músculo, apenas observava a garota chorando. As grossas lágrimas caíam de seus olhos e desenhavam um rastro luminoso por aquele rosto infantil. Sir Cadogan, que contava a grande história de uma batalha, também calou-se. Olhava de Lílian para Tiago, sem saber o que dizer. Potter balbuciou algumas palavras sem sentido, mas Lílian não fez sinal de ter ouvido.
Ficaram os três na mesma posição — Lílian chorando na parede, Tiago estacado em sua frente e Sir Cadogan com uma história presa na garganta fitando as duas crianças. Até que, finalmente, Evans enxugou os olhos e se levantou. Lançou a Tiago um olhar fulminante que foi completado por palavras em tom de ameaça.
— Nunca conte isso a ninguém. Especialmente ao Severo.
— E por que mesmo eu contaria alguma coisa pra aquele Seboso? — perguntou Tiago em tom de desafio.
— Ele não gostaria de saber que chorei por uma trouxa — Lílian disse em voz baixa e Tiago teve a impressão de que a menina estava falando consigo mesma.
Entendendo que Lílian tivera alguma briga feia com a tal da Petúnia, que mencionara mais cedo, Tiago resolveu tomar as rédeas da situação.
— Er... Sir... Sir Cadogan? — Tiago chamou. — É esse o seu nome, certo? — ele perguntou, já que o quadro não respondeu.
Sir Cadogan então saiu de seu transe. Estivera observando com muito interesse toda a cena que se desenrolara e quando viu que Tiago o chamava, chegou a se espantar e cair de costas na grama.
— Sim, sim, é meu nome — respondeu o cavaleiro, tentando se levantar. — Em que posso ser útil?
Sir Cadogan fez uma reverência tão curvada, que Tiago teve medo que ele caísse de novo.
— Bem, eu e minha amiga — apontou para Lílian — estamos perdidos. Sabe onde estamos?
Sir Cadogan deu uma breve risada e respondeu.
— Ora, estão no sétimo andar. — Riu de novo, como se não acreditasse que alguém pudesse se perder naquelas bandas do colégio. — Quer que eu os ajude a encontrar o caminho?
— Poderia fazer isso? — perguntou Lílian, com um sorriso fraco.
— Mas é claro! Sempre ajudo grifinórios perdidos! — disse Cadogan, inflando o peito de orgulho.
Tiago e Lílian se entreolharam. E sorriram. Sir Cadogan começou a pular de quadro em quadro, levando-os de volta à Torre da Grifinória. Enquanto os acompanhava, ia contando suas fantásticas histórias e os dois fingiam que prestavam atenção na falação do pequeno cavaleiro.
Sir Cadogan os deixou próximo ao quadro da Mulher Gorda. Disseram a senha e entraram na Sala Comunal. Ao ver o ambiente aconchegante nos tons de vermelho, se lembraram da passagem atrás do espelho. Lílian correu para o pequeno grupo onde se encontravam Marlene, Dorcas, Sirius, Pedro e Remo. Tiago, ao contrário, foi em direção às escadas. Fez um sinal para seus amigos e lançou a Lílian um olhar significativo — não queria que Dorcas Meadowes soubesse da passagem secreta.
Quando chegou no dormitório dos meninos, Tiago se virou e deu de cara com seus três melhores amigos no mundo todo: Sirius, Remo e Pedro. Os três já esperavam, pela demora de Tiago, que algo tivesse acontecido. Potter, por sua vez, afundou na cama e começou a contar a história para os Marotos.
A cada palavra de Tiago, Pedro arregalava os olhos. Remo e Sirius, porém, estavam muito quietos. Pareciam refletir sobre algo. Quando terminou de contar tudo — exceto a parte do choro de Lílian aos pés do quadro de Sir Cadogan — Remo finalmente falou.
— Tiago, você não acha que pode haver outras, acha? — Sua voz transparecia um misto de medo e animação.
Antes que Tiago tivesse a chance de responder, Sirius saltou na frente.
— Mas é claro que há! Devem haver várias e aposto quantos galeões quiserem que sei aonde elas dão.
Remo olhou meio desconfiado, mas Tiago apenas concordou.
— Nos arredores de Hogwarts, provavelmente em Hogsmead.
— Como sabe...? — Lupin estava impressionado.
— Ora, não é óbvio? — Pedro perguntou, se metendo na conversa. — Quem iria construir passagens secretas para dentro do próprio castelo?
— Exatamente! — Sirius deu um salto. — Quem as construiu queria sair sem ser visto. Por isso devem haver várias, espalhadas por todos os andares do castelo, para facilitar pro bruxo.
Remo estreitou os olhos. Fazia sentido. Mas, se como dissera Sirius, haviam muitas, como descobririam as outras? Expôs o empecilho aos amigos e Sirius foi o primeiro a dar uma solução, sua mente trabalhava a mil naquele momento.
— Bem, se o bruxo queria sair sem ser visto, tinha que ser algo extremamente comum em algum lugar remoto. Como o espelho que o Tiago achou.
— Ou perigoso — completou Pedro. — Como o Salgueiro Lutador.
— Impossível — Remo afirmou categoricamente. — Ele foi colocado no ano passado, para não deixar os alunos irem até a Floresta Proibida. Por minha causa.
— Ah, é... — disse Pedro, desanimado. — Como vamos descobrir agora? Já que estão disfarçadas de coisas comuns?
— Muito fácil. — Tiago, que permanecerá calado enquanto os três discutiam o local das passagens. — Vamos perguntar.
Remo caiu na gargalhada, mas Tiago continuava sério.
— Duvido que algum aluno saiba dessas passagens e duvido ainda mais que algum professor nos diga onde ficam.
— Não estava falando de alunos e professores. — Tiago sorriu, apreciando a atenção dos amigos e o espanto de Remo. — Estava falando dos fantasmas, quadros e elfos de Hogwarts!
Agora foi a vez de Sirius e Pedro rirem. Tiago não poderia estar sugerindo que quadros velhos, fantasmas e elfos domésticos conhecessem os segredos mais profundos do Castelo. Mas ele estava, e Remo entendeu o motivo. Fez as risadas dos dois silenciarem e sorriu para Tiago.
— É genial! — ele disse, entusiasmado. — Os fantasmas e quadros estão aqui há tanto tempo, provavelmente desde a fundação da escola, que com certeza devem ter visto alguma coisa. E os elfos domésticos... Bem, eles são capazes de magia que os bruxos não conhecem. Podem muito bem saber tudo sobre esse castelo!
Pedro pareceu compreender o ponto de vista de Remo e Tiago, mas Sirius continuava rindo.
— Sei não, duvido que a Mulher Gorda ia prestar atenção em algo assim, ou Pirraça. Ou a maior parte deles.
Tiago já se preparava para começar uma discussão com Sirius, mas foi interrompido pela voz ampliada magicamente da Professora Minerva McGonagall.
— Todos os alunos da Grifinória, por favor compareçam à Sala Comunal imediatamente.
Os quatro alunos se entreolharam, perguntando-se o que havia acontecido e desceram, temendo o pior, as escadas que os levaria até a sala comunal.
A Professora McGonagall estava parada, na frente do retrato da Mulher Gorda, rodeada de alunos. Segurava um pergaminho na mão e assim que todos se calaram, ela o desenrolou.
— Informe à todos os alunos de Hogwarts — ela começou a ler. — No dia 31 de Outubro de 1972 será realizada a festa de Halloween da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Quando ela leu essa parte, os quatro respiraram aliviados. A professora Minerva não tinha descoberto nenhuma de suas travessuras.
“Este ano ficou decidido que a festa será à fantasia. Portanto, é obrigação de cada aluno providenciar uma fantasia adequada para o momento.
Atenciosamente, Professor Dumbledore.”
Quando ela terminou de ler, o alvoroço começou. Era um costume trouxa vestir fantasias, eles não sabiam porque Dumbledore decidira fazer isso este ano, já que normalmente o Dia das Bruxas era comemorado com um grande banquete. Mas não iriam questionar. Sirius menos ainda, que adorara a ideia e já estava imitando para os mais próximos qual seria a reação de sua mãe quando descobrisse aquilo.
— Sirius Black — chamou a Professora McGonagall por cima das vozes dos alunos.
Ao ouvir seu nome, Sirius ficou pálido. Tiago, Remo e Pedro prenderam a respiração. Tiago capturou um olhar de esguelha de Marlene, que apesar de estar do outro lado da sala, observava a cena e adivinhou o que acabara de acontecer. Sirius, sem ter escolha caminhou até a Professora.
— Estou aqui, professora — ele disse, já prevendo a detenção que ganharia.
— Me acompanhe, por favor, Sr. Black.
Os dois passaram juntos pelo quadro da Mulher Gorda. Antes que Sirius reunisse coragem para perguntar o que havia acontecido — mesmo que já soubesse — Minerva começou a falar.
— Encontrei sua prima antes de vir para cá, fora da cama. Ela me disse que queria lhe entregar isso. — Antes que Sirius pensasse de que prima a Professora Minerva estava falando, ele viu um pergaminho ser empurrado para suas mãos.
Sirius desenrolou o pergaminho sem ler. Pulou logo para a assinatura, pequena e fina. Era de Narcisa. Sua prima. Às vezes, esquecia que eram parentes. Eram tão diferentes quanto duas pessoas poderiam ser e não se davam nada bem. A única coisa em comum era o sobrenome que, em breve, mudaria — ele esperava.
Alisou o pergaminho lendo seu conteúdo. A cada palavra, não sabia se ficava aliviado por não ter levado uma detenção da Minerva ou angustiado com o que a carta dizia.
Enrolou o pergaminho novamente e percebeu que McGonagall continuava ali, parada a sua frente. Como não tinha nada a dizer, ele perguntou a primeira coisa que lhe veio a cabeça:
— A senhora deu uma detenção a ela, professora McGonagall?
— Mas é claro que dei, Black. Que pergunta! — respondeu a Professora Minerva, meio ofendida meio orgulhosa por ter tirado pontos da Sonserina. — Agora volte para sua cama, Black, ou serei obrigada a tirar pontos seus também.
Sirius voltou para a Sala Comunal da Grifinória. Estava uma zona. Todos comentavam sobre quais fantasias usariam e se perguntavam em que lugar iriam achar fantasias decentes. Raramente bruxos se fantasiavam, esse era um costume trouxa. O menino teve certa dificuldade em achar os amigos, mas seus olhares se cruzaram e ele fez sinal para irem a um lugar mais reservado. Tiago puxou Remo e Pedro para o dormitório, enquanto Sirius procurava por Marlene. Aquilo dizia respeito a ela também.
Minutos depois, na segurança do dormitório masculino, Sirius desenrolou o pergaminho mais uma vez e o leu em voz alta, para todos escutarem.
— “Querido primo, seu próximo duelo será no dia 31, no mesmo dia da festa de Halloween que Dumbledore está organizando. Dessa vez, não vamos te deixar no escuro. Você duelará contra Severo Snape. Atenciosamente, Narcisa Black”.
Todos ficaram em silêncio, observando Sirius. Ele sabia o que cada um dos seus amigos estava pensando. No dia em que Severo Snape o derrotou. E ele também estava pensando nisso. Sentiu então o medo de perder o duelo gelar sua espinha. Até que Tiago caiu na gargalhada.
— Ah, vamos lá, o Sirius acaba com o Seboso de olhos fechados — ele disse, dando um tapinha nas costas do amigo.
— Bem, não foi isso que aconteceu da última vez... — Lupin estava cauteloso.
Marlene e Pedro concordaram com Remo. Sirius sentiu seu estômago afundar.
— A gente não devia subestimar o Seboso — falou Pedro, fazendo uma careta.
— Ah, me poupe, até parece que vocês não sabem do que o Sirius é capaz de fazer. — Tiago, mais uma vez, puxava o saco do melhor amigo.
— Sim, nós sabemos — disse Marlene. — E é por isso que temos que tomar cuidado com o Severo. Lílian disse que ele...
— Não me importa o que a Evans disse! — gritou Tiago, ficando vermelho. — Que ela sabe sobre o Sirius? Sobre duelos? Só por que ele é bom em poções não significa que saiba duelar. Sirius vai vencer essa de olhos fechados e sem varinha, podem apostar. — Tiago estava nervoso, encarava todo mundo, esperando que alguém o contrariasse.
— Tudo bem — disse Lupin, por fim. — Mas ele vai ter que treinar todos dias a partir de agora.
E treinou. Mal tinham tido tempo para pensar nas fantasias que iriam usar ou no Mapa do Maroto. Todo o tempo livre era usado para fazer os trabalhos que os professores passavam ou treinar duelo na Sala Precisa. Remo não negava que receava uma derrota de Sirius e, várias vezes, Lílian ameaçou contar tudo ao Dumbledore. Ela não queria ver seus amigos duelando — ainda mais quando tinha certeza que Severo derrotaria Sirius.
Se não fosse por Dorcas Meadowes, que agora queria ajudar os Marotos em tudo, eles teriam sido denunciados. Ela convenceu Lilian a ficar calada sob o pretexto de que Alvo Dumbledore era, provavelmente, o bruxo mais poderoso dos últimos tempos e, portanto, não havia uma coisa que acontecesse no Castelo que ele não soubesse. Dorcas também foi muito útil porque, como Lílian se recusava a tomar partido e ajudá-los de qualquer maneira, ela deixava que eles copiassem seus deveres e ainda procurava por feitiços novos (mesmo que a maior parte deles os Marotos já conhecessem).
O tempo passou tão depressa que não perceberam quando a Lua Cheia chegou e, poucos dias depois, a festa de Halloween.
Tiago, Sirius e Pedro estavam terminando de se arrumar quando Marlene entrou de supetão no quarto. Eles quase não a reconheceram. Ela trajava um vestido estranho. A parte de cima era azul e a de baixo amarela, e tinha mangas bufantes brancas. Na cabeça, uma tiara vermelha. Seus cabelos estavam estranhamente arrumados e bem mais curtos, como se tivessem sido encolhidos e em seu rosto havia uma expressão angelical completamente atípica da Marlene McKinnon que conheciam.
Percebendo os olhares de estranhamento dos três, ela esclareceu:
— Branca de Neve. Foi ideia da Lília. Parece que é uma história trouxa para crianças.
— E onde achou a roupa? — perguntou Sirius, encantado.
— A mãe da Lílian mandou para nós. Eu, Dorcas, Mary, Emmeline e Alice. — Ela sorriu para Sirius. — Genial, não?
— Sim — Tiago respondeu antes de Sirius. — Mas não foi para isso que você veio aqui.
— Não — concordou Marlene. — Tenho que passar o plano pra vocês.
Os três sentaram na cama enquanto ouviam Marlene explicar o que iria acontecer. Primeiro, Narcisa iria até a Floresta Proibida. Severo a seguiria. Após algum tempo, os quatro, usando a Capa da Invisibilidade, seguiriam os dois. Mas para que não descobrissem da existência da capa, Marlene e Sirius sairiam de sua proteção antes que se tornassem visíveis para os sonserinos.
— Tudo está maravilhoso Marley, mas como espera que Narcisa e o Seboso entrem na Floresta sem serem vistos?
— É, aposto que terão professores rondando a área — Pedro concordou com Tiago.
Foi aí que Marlene abriu um largo sorriso.
— Vamos criar uma pequena confusão no Salão Principal.
— Que tipo de confusão? — Sirius quis saber.
— Digamos que é melhor tomar cuidado com o Pirraça hoje à noite — ela disse e saiu com um sorriso travesso no rosto.
Sirius, Tiago e Pedro a seguiram, imaginando o que Marlene iria aprontar. Mas esqueceram tudo no momento em que pisaram os pés no Salão Principal. A grandiosidade da decoração era encantadora. Tiago e Sirius se entreolharam. Dumbledore certamente andara dando uma olhada em festas de trouxas. As tradicionais abóboras estavam lá, com velas dentro como acontecia todo ano. Mas também haviam luzes que piscavam por todo salão, e todas na cor branca. O chão estava todo coberto de cascalho com caminhos levando às mesas e abrindo-se para uma pista de dança. As flâmulas das quatro casas estavam rasgadas e sujas de sangue falso. Morcegos grandes e teias de aranha se penduravam do teto.
— Gostaram? — perguntou uma voz atrás deles e, quando se viraram, deram de cara com Hagrid.
Os três garotos se apressaram a abraçar o meio gigante. Hagrid deu leves palmadinhas nas costas de todos eles.
— Você ajudou na decoração, Hagrid? — perguntou Pedro.
— Sim, sim. Quem vocês acham que trouxe as teias de aranha e o sangue de dragão? — disse Hagrid, orgulhoso de seu trabalho. — Mas os professores ajudaram também.
— É impressão minha, ou essa é uma imitação de uma festa trouxa? — Sirius corria os olhos pelo salão amando tudo ali.
— Ideia do Dumbledore. — Hagrid confirmou.
— E como Dumbledore sabia como era um Halloween trouxa? — Tiago estava curioso.
— Bem, como eu ia dizendo, os professores ajudaram. — Hagrid foi mostrando o que cada professor fizera. — A Professora McGonagall andou espiando os preparativos para as festas trouxas. Professor Flitwick invocou o morcegos e encantou as lâmpadas trouxas. Professora Sprout arranjou essas plantas estranhas. — O que eles achavam que era cascalho era, na verdade, uma planta escura que agarrava os pés dos alunos.
Os meninos admiravam todo o trabalho e, como sugerido por Hagrid, foram provar o estranho líquido carmesim em uma das mesas. Mas não tiveram tempo nem de chegar perto da bebida. Pirraça entrou no Salão Principal gritando e derrubando tudo. Fez um vento enorme e saiu jogando Visgo-do-Diabo nos alunos. Sirius imaginou que aquela seria a brecha deles. Olhou para Tiago esperando que a Capa da Invisibilidade os cobrisse, mas isso não aconteceu.
Potter estava de olhos arregalados. Esquecera a Capa no malão, já que ela não estava em seu bolso. E não teriam muito tempo. Logo Dumbledore seria chamado e acabaria com a festa de Pirraça.
— O que seria de vocês sem mim? — Ouviram uma voz conhecida, mas não viram corpo algum e, em seguida, sentiram algo deslizar por cima deles.
— Marlene! — Tiago estava aliviado. Ela os salvara. — Como sabia que eu estava sem a Capa?
— Vamos logo, não temos muito tempo — ela sussurrou, mas sem necessidade devido a confusão no Salão Principal.
Apenas quando já estavam fora do castelo, próximos a Floresta, que Marlene falou novamente.
— Fiquei com medo de que você esquecesse a Capa, Tiago, então fui atrás de vocês, mas como não te encontrei, fui no dormitório e abri seu malão. Por sorte, cheguei a tempo.
Tiago, sem pensar duas vezes, abraçou Marlene. Ela salvara a vida de Remo e ele seria sempre grato. No escuro, Marlene corou.
— Bem, acho melhor saírmos aqui — disse ela, tirando a Capa e puxando Sirius.
Os dois acenderam as varinhas, porém Pedro e Tiago decidiram deixar as deles apagadas. Andavam tão colados a Sirius e Marlene que não fazia muita diferença.
Finalmente avistaram duas varinhas acesas na escuridão da Floresta Proibida. Uma era segurada por uma garota baixa, loura e pálida. Se não fosse pela pose arrogante, ninguém jamais ousaria dizer que ela era uma Black. Ao seu lado, um garoto de cabelos pretos oleosos que emolduravam um rosto macilento. Severo Snape vestia os trajes da Sonserina, a casa que tanto venerava.
— Cadê o idiota do Potter? — Severo perguntou.
Sirius sentiu vontade de voar em cima dele naquele momento, mas sentiu a mão de Marlene o segurando. Narcisa riu.
— Então não trouxe seu guarda-costas, por quê?
— Tiago é muito... Exaltado — disse Marlene, pesando as palavras antes de dizê-las. — Eu vou ser a madrinha de Sirius está noite.
— Excelente — falou Narcisa. — Já conhecem as regras, o primeiro a ser desarmado ganha.
Os dois meninos, Sirius e Severo, se encaminharam para frente, para o meio da clareira. Se encararam e fizeram uma reverência. Snape era muito bom em duelos e lançava um feitiço atrás do outro e como Sirius ainda não havia dominado o Protego, tinha que sair correndo de seus feitiços. Vez ou outra, conseguia executar o feitiço de proteção, mas era muito fraco e ele tinha que segurar a varinha bem firme na mão, para que ela não voasse, graças aos feitiços convocatórios de Snape. Por sorte, o sonserino também não os dominava completamente, então, após meia hora de duelo, Sirius, à muito custo, ainda tinha a varinha em mãos.
Narcisa gritava para Severo continuar lutando bravamente. Marlene, por sua vez dizia palavras de incentivo a Sirius enquanto tentava fazer Narcisa calar a boca. Não era legal gritar na Floresta Proibida quando não sabiam o que havia nela.
Por fim, depois de muito suar, Sirius viu sua oportunidade. Narcisa gritava feitiços para Snape, que não tirava os olhos da varinha de Sirius. Black viu quando Severo fez menção de atacar e, antes que ele pudesse executar o feitiço estranho sugerido por Narcisa, Sirius gritou:
— Petrificus Totallus!
Severo Snape caiu congelado no chão da Floresta Proibida. Sirius correu e lhe arrancou a varinha. Jogou-a para Narcisa que estava de cara emburrada frente a mais uma derrota.
Tiago, que assistira tudo incrivelmente tenso e com vontade de arrancar ele mesmo a varinha de Snape, comemorou em silêncio. Teve vontade de abraçar Sirius, mas isso denunciaria ele e Pedro.
Narcisa desfez o feitiço de Sirius e ajudou Severo a se levantar. Ela lhe devolveu a varinha e os dois saíram andando na frente, Narcisa com o nariz em pé e Snape lembrando muito um morcego, com a capa esvoaçando em seus calcanhares. Marlene e Sirius, comemorando, foram atrás.
Quando já estavam na metade do caminho para o Castelo, deram de cara com Alvo Dumbledore. As crianças estacaram onde estavam, mas Dumbledore apenas sorriu bondosamente.
— Srtª Black e Srtª McKinnon, as duas pessoas que eu mais gostaria de ver — disse o diretor, olhando as duas meninas com um curioso interesse. Então, como se finalmente desse pela presença dos outros dois, olhou para Sirius e Severo. — Fora das camas tão tarde? Temo que essa seja uma grave violação de nossas regras. — Dumbledore estalou a língua e sacou a varinha.
Com um movimento, duas pequenas fênix prateadas e luminosas saíram da ponta da varinha. As aves saíram voando para dentro do Castelo. Dumbledore as observou partir, mas logo voltou sua atenção para os garotos.
— Vão procurar os diretores de suas casas, estão a espera de vocês — ele falou para os meninos, que saíram correndo. Olhou novamente para Marlene e Narcisa. — Senhoritas, gostaria de dar uma palavrinha com as duas. Poderiam me acompanhar?
Antes de partir, porém, Dumbledore olhou para o exato ponto onde se encontravam Tiago e Pedro. Tiago cruzou seu olhar com o de Dumbledore e teve a impressão de que o diretor podia vê-los debaixo da Capa da Invisibilidade — o que deveria ser uma grande bobagem, já que estavam invisíveis. Dumbledore deu uma pequena risada e rumou para dentro do Castelo, com as duas garotas o acompanhando.
Tiago e Pedro respiraram aliviados, mas não esperaram para ver o que aconteceria. Saíram correndo atrás de Dumbledore e, uma vez dentro do Castelo, se apressaram para chegar à Torre da Grifinória.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, também achei o duelo fraco, mas não queria prolongar mais o capítulo e nem dividí-lo, porque comprometeria o planejamento da história.
Segundamente: obrigada por ler e por ter paciência comigo.



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