Os Marotos - A Criação do Mapa escrita por Bianca Vivas


Capítulo 20
Dissendium


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos! Acho que nem deu pra sentir falta, né? 2016 tá fazendo bem pra mim e pra minha criatividade. Se continuarmos nesse ritmo, teremos um capítulo por dia haha. Mas eu não prometo nada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/330774/chapter/20

Tiago e Pedro decidiram que iriam esperar por Sirius e Marlene. Queriam saber o que aconteceria. Sirius foi o primeiro a voltar. Disse que ficaria de detenção, ajudando Filch a arrumar a sujeira que Pirraça fizera. Marlene, entretanto, demorou tanto que eles desistiram de esperar e foram para suas camas, dormir.
Na manhã seguinte, não encontraram com Marlene nem com nenhuma de suas fiéis amigas. Deram um tempo na Sala Comunal, mas nenhuma delas apareceu. Seguiram para o salão principal então. Porém, mal conseguiram comer algo. Estavam preocupados com Marlene. Já estava quase na hora do correio e ela nem dera sinal de vida.
No exato momento em que as corujas entraram voando pelo Salão Principal, Lílian, Mary, Dorcas, Alice e Emmeline adentraram no Grande Salão. Tiago franziu o cenho. Marlene sempre estava com Lílian. Aonde estaria agora? Sirius, sem perder tempo e com um rosto incrivelmente pálido, logo perguntou:
— Cadê ela?
Lílian olhou para os lados, para se certificar de que ninguém ouviria e se aproximou de Sirius.
— Desceu antes de todo mundo — sua voz era um sussurro quase inaudível e Tiago se esforçava para ouvi-la —, parece que teve uma conversa muito longa com o Dumbledore e teve que descer mais cedo. Achei que fosse encontrá-la aqui... — Lílian fez uma pausa, seus olhos verdes percorreram a mesa da Grifinória e se cravaram nos rostos dos quatro meninos. — Sinceramente, não sei o que...
— Deve estar conversando com a Professora Minerva — Tiago interrompeu a garota, já se levantando para ir até a sala da Professora de Transfiguração.
Os olhares dos amigos, porém, o detiveram. Tiago seguiu o olhar de esguelha deles e se deparou com uma Professora Minerva sentada em seu devido lugar na mesa dos professores. Tiago soltou um breve “ah” e voltou a se sentar. Como nenhum deles fazia ideia de onde McKinnon estava e como ninguém tinha mais nenhuma sugestão para dar, terminaram de comer em silêncio.
Quando o café-da-manhã terminou, rumaram para as estufas. A primeira aula do dia seria Herbologia. Pedro não estava muito animado, detestava mexer com plantas. Tiago, Sirius e Remo tinham esperanças de que pudessem encontrar amiga na estufa. Então saíram desembalados pelos terrenos de Hogwarts até chegarem às estufas.
A Professora Sprout carregava um grande saco numa das mãos e um abafador de ouvidos na outra. Haviam vários jarros com plantas aparentemente normais colocados sobre a mesa de mármore, mas os garotos sabiam que com certeza aquelas plantas possuíam características mágicas. E estavam certos, já que num canto estava uma grande cesta com abafadores de ouvidos, os quais a Professora Sprout mandou todos pegarem e segurarem.
— Hoje vamos estudar Mandrágoras — disse a Professora, apontando para os jarros. — Alguém pode me dizer o que são e para que servem as Mandrágoras?
Lílian Evans levantou a mão e começou a falar:
— São plantas que se parecem com seres humanos. Suas raízes são bifurcadas e lembram o corpo e rosto de um ser humano. Os gritos de uma mandrágora podem matar quem os ouve. Suas raízes são utilizadas para fazer analgésicos e poções para despetrificar pessoas previamente petrificadas. — A resposta correta de Lílian provocou palmas e exclamações de prazer na professora, que concedeu 20 pontos a Grifinória.
Tiago, entretanto, não prestou atenção em uma única palavra da garota. Seus olhos vagavam pela estufa, procurando pelo olhar travesso de Marlene. Sem encontrá-lo. Ela não estava na estufa assim como não estava no Salão Principal na hora do café-da-manhã. Potter olhou para Sirius.
— Eu sei — Sirius sussurrou, antes que Tiago dissesse algo. — Também achei que ela pudesse estar aqui, mas pelo visto, Marlene decidiu cabular a primeira aula, não é?
Tiago assentiu, com uma forte sensação no estômago de que Marlene não estava passeando livremente pelo colégio. Já ia dizer isso a Sirius, quando a Professora lhe lançou um olhar severo e perguntou:
— Suponho que algum de vocês saiba onde encontrar essas maravilhosas plantas, não é? — Ela se dirigia a Tiago e Sirius. Potter não fazia ideia de qual seria a resposta correta, mas Sirius respondeu prontamente:
— Em lagos profundos no sul da Europa — e logo acrescentou: — e na Ásia e África. Com menos frequência, já encontraram Mandrágoras em terras frescas.
A Professora Sprout arregalou os olhos, surpresa. Sirius nunca fizera menção de responder nada em suas aulas. Concedeu dez pontos a Grifinória, de má vontade. E logo voltou-se para explicar qual seria a tarefa do dia.
— Hoje vocês irão aprender a reenvasar Mandrágoras! — disse ela, se animando novamente. — Terão de usar abafadores de ouvidos, então vão logo pegá-los. — Ela bateu palmas e todos os alunos correram para o grande cesto onde se encontravam os abafadores.
— Professora, o que acontece se esquecermos de usar os abafadores? — Frank Longbottom perguntou.
— Ora, não prestou atenção no que a Srtª Evans disse, Longbottom? — ralhou Pomona. — Vocês morrem, é claro. Por sorte, essas daqui — ela deu um tapinha num dos vasos — são bebês ainda. O máximo que pode acontecer é vocês perderem os sentidos e acordarem dias depois na enfermaria. — Os alunos pareciam assustados, mas Pomona bateu palmas e todos voltaram aos seus lugares segurando os abafadores de ouvido.
Quando todos os alunos estavam quietos olhando para seus vasos, a Professora Sprout voltou a falar.
— Abram o livro na página oito. — Todos os alunos se apressaram a pegar o exemplar de Herbologia: A Magia das Plantas e o abrir. Quando estavam mais uma vez quietos, Pomona ordenou: — Quando eu contar três, quero que coloquem os abafadores de ouvido e puxem as mandrágoras com força e as coloquem no vaso ao lado. Um... Dois...
Antes de contar o “três” a professora de Herbologia foi interrompida pela chegada súbita de uma menina pálida de longos cabelos negros desgrenhados. Os olhos da menina, escuros como seus fios, cruzaram com os dos Marotos e, em silêncio, ela disse que explicava tudo depois. Tiago não deixou de notar que as vestes dela estavam amassadas, como se tivesse se trocado as pressas e gotas de suor salpicavam sua testa.
— D-desculpe o atraso, professora — arfou a menina. — Eu estava com a Professora McGonagall.
— Ah sim — disse a Professora Sprout, meio assustada. — Recebi um patrono de Minerva dizendo que se atrasaria. Pois bem — Sprout bateu palmas —, pegue um abafador de ouvidos e junte-se ao Sr. Black — mandou a Professora, ao que Marlene atendeu prontamente. — Ele parece conhecer muito de mandrágoras — ela acrescentou, num sussurro em tom ofendido.
Eles começaram a trabalhar com a planta mágica. Marlene queria contar as coisas aos Marotos, mas as Mandrágoras gritavam muito alto e eles não tinham coragem de tirar os abafadores de ouvido. Não queriam perder os sentidos, como Sprout dissera que aconteceria caso não se protegessem devidamente. Então esperaram a aula acabar e Marlene foi explicando tudo no caminho para a aula de Poções.
— ... Dumbledore ficou furioso nesse momento. Disse que Narcisa cumpriria um mês de detenções com ele e a botou para fora do gabinete — Marlene contou, aos sussurros para ninguém mais ouvir.
— Tudo isso porque ela disse que foi até a Floresta Proibida verificar se era verdade o boato sobre lobisomens? — perguntou Remo, sem acreditar na atitude do diretor, que sempre lhe pareceu muito bondoso e contido.
— Pois é — confirmou Marlene, e já ia voltar a contar o que aconteceu quando Tiago o interrompeu.
— Por que Narcisa disse isso? Por que ela não te entregou também?
— Bem, Dumbledore não deu a ela muito tempo para falar algo depois disso, né? — argumentou Pedro, mas Sirius balançou a cabeça negativamente.
— Ela não queria era entregar que estávamos duelando, porque aí Dumbledore acabaria com essa história. E devia estar bem nervosa também. Narcisa nunca foi uma boa mentirosa.
— E o que aconteceu depois? — Remo perguntou, se sentindo culpado por ter colocado os amigos naquela confusão e agradecendo pelo ciclo ter acabado.
— Bem, ele me perguntou o que aconteceu e eu confirmei a história toda e disse que fui atrás para impedir Narcisa. — Tiago já ia perguntar se Dumbledore tinha acreditado naquilo e, percebendo isso, Marlene acrescentou rapidamente: — Eu também disse que queria provar pra todo mundo que era capaz de derrotar uma garota mais velha da Sonserina. — E deu de ombros.
Os meninos ficaram impressionados. Marlene em nenhum momento os mencionou e Dumbledore tampouco havia perguntado sobre a presença de Snape e Sirius naquela noite. Marlene, então, disse que Dumbledore a mandou procurar a Professora McGonagall pela manhã (e por isso ela se atrasou, já que pensou que Minerva estivesse esperando-a em sua sala), que lhe concedeu cinco pontos pela coragem e uma noite ajudando Hagrid com Caniço. E, que antes de deixá-la ir, McGonagall perguntou o que acontecera na Floresta Proibida e se ela sabia que Snape e Sirius estavam lá também. Marlene teve o tato de negar e repetiu o que contara a Dumbledore na noite anterior.
— Mas por que mesmo ele te chamou à sala dele? — Pedro fez a pergunta que intrigava a todos.
— Pelo visto, Pirraça disse a Dumbledore que talvez a Srtª Ciça ou a Srtª McKinnon estivessem metidas na confusão — a menina respondeu com cara de nojo e o grupo entrou na sala de Poções.
Durante todo o segundo ano, estudariam os antídotos básicos e, naqueles primeiros meses, o Professor Slughorn estava ensinando os alunos da Grifinória e Sonserina a prepararem uma Poção de Cura Simples. Remo se saía relativamente bem, mas Pedro, Marlene, Tiago e Sirius estavam tendo grandes dificuldades. As únicas pessoas da classe que com certeza absoluta estavam conseguindo fazer o que o livro pediu eram, sem dúvida, Lílian Evans e Severo Snape. O que deixou Tiago bem irritado, já que detestava ver Slughorn puxando o saco dos dois e se deliciando com o que ele chamava de “talento nato e instintivo para a doce arte de preparar poções”.
Naquele dia, porém, Slughorn não estava olhando para ele e Sirius como se fossem um grande desperdício de potencial mágico. Todas as vezes que passava para observar o caldeirão dos Marotos, lançava várias piscadelas a Sirius e sempre tentava puxar conversa. Começou a incentivar o Black mais velho e lhe dar dicas de como preparar a poção. Tiago e Sirius, sentados lado a lado, acharam aquilo estranho, mas quando viram o rosto emburrado de Snape, se sentiram bem melhor. Quando a aula acabou, podia se dizer que estavam bem animados.
Quando estavam indo rumo a chata aula de História da Magia, se depararam com uma aluna do terceiro ano.
— Você é Remo Lupin? — a garota perguntou a Remo e ao ver o menino assentindo, ela lhe entregou um pergaminho. — Me pediram para te dar isso. — E saiu correndo rumo a alguma aula.
Remo desenrolou o pergaminho e se deparou com a letra fina e inclinada de Dumbledore.
— O que diz aí? — Pedro se esticava para tentar ler por sobre o ombro de Lupin.
— Dumbledore quer me ver. Imediatamente — respondeu o menino, incrivelmente pálido. Seus lábios estavam secos e suas pernas bambas. Conseguiu apenas balbuciar um “vejo vocês mais tarde” antes de sair correndo até a sala do diretor.
Remo foi atravessando os corredores com uma horrível sensação na boca do estômago. O que ele sempre temera que aconteceria — o que seus pais sempre lhe avisaram que aconteceria — estava prestes a se tornar realidade. Desde que Marlene relatou a fúria de Dumbledore na noite anterior, ele começou a imaginar que horas o diretor iria chamá-lo. Afinal, ele era uma ameaça para todos naquela escola. Sempre soube disso. Mesmo que Dumbledore insistisse em dizer que um lobisomem podia muito bem levar uma vida normal, Remo sabia que era mentira. Nunca se iludiu quanto a isso.
Quando mais perto se aproximava da sala do diretor de Hogwarts, mais rápido seu coração batia e mais esforço tinha que desprender na tarefa de segurar as lágrimas que queriam sair. Hogwarts agora era seu lar. Um lugar seguro onde fizera amigos. Amigos que não se importavam com sua condição e que sempre estavam ali para ele. Como poderia deixar aquele lugar?
— Geleia de limão — disse para a gárgula que abriu passagem para ele.
Teve o estranho pensamento de que Dumbledore gostava muito de doces cítricos enquanto marchava para aqueles que seriam seus últimos minutos na escola de magia. Ao entrar na incrível sala de Alvo Dumbledore, Lupin se permitiu soltar o fôlego e esquecer momentaneamente a sua aflição.
A sala de Dumbledore, com todos aqueles objetos mágicos incríveis e outras coisas trouxas igualmente impressionantes, era um lugar para ser admirado. Mas o que mais chamava atenção naquele escritório era Fawkes, a fênix de estimação de Dumbledore. Lupin estava mais uma vez admirando sua beleza e raridade quando encontrou os olhos muito azuis de Dumbledore olhando para ele.
— Bom dia, Remo. — Dumbledore sorriu. — Como foram as noites do ciclo?
— Passaram mais rápido do que eu esperava, senhor — respondeu Remo, que não queria mentir para o diretor dizendo que foram ótimas, e acabou optando por uma meia verdade.
— Ah sim — Dumbledore suspirou —, o tempo é uma coisa engraçada, não é? Às vezes, passa tão lento que se torna entediante, outras, quando menos esperamos, vai embora sem que percebamos.
Sem saber o que dizer ou pensar, Remo apenas concordou. Dumbledore tinha a capacidade de deixá-lo desconcertado.
— Mas não foi para falar sobre o tempo, por mais fascinante que ele seja, que te chamei aqui. — Dumbledore ficou sério e apontou para a cadeira a frente de sua escrivaninha.
Então o momento chegara. Remo esperava mais alguns momentos de conversa fiada antes que Dumbledore finalmente quebrasse todos os elos que o ligavam à Hogwarts. Remo se sentou, esperando para ouvir a pior notícia que receberia.
— Imagino que a Srtª McKinnon já tenha lhe contado que veio ao meu gabinete ontem à noite? — Dumbledore esperou Remo assentir para continuar. — Imagino também que ela tenha lhe dado os detalhes dessa visita, estou certo? — Remo assentiu mais uma vez. — Bem, isso nos poupa bastante tempo com explicações.
Remo sentiu seu estômago afundar.
— Sr. Lupin, estou sinceramente preocupado com sua permanência na Floresta Proibida nas noites de Lua Cheia.
— Er... — Remo tentou balbuciar alguma coisa, mas as palavras simplesmente não saíam. Parecia que havia perdido a habilidade de falar.
— Os boatos de que há um lobisomem na Floresta estão se espalhando com muita rapidez, e sua segurança está comprometida, agora que há alunos acreditando que possuem perícia o suficiente para enfrentá-lo. — Dumbledore estava muito sério, mas Lupin parecia confuso.
— Perdão, senhor, mas o senhor disse minha segurança? — o menino perguntou, tendo certeza de que ouvira errado. — Tem certeza de que não quis dizer a segurança dos outros alunos?
Dumbledore deu uma pequena risadinha antes de responder, algo que irritou profundamente o jovem Lupin.
— Ah, Remo, bruxas como Narcisa Black ainda não estão qualificadas nem para fazer magia fora de Hogwarts, quanto mais para enfrentar um lobisomem! — Dumbledore riu um pouco mais e, em seguida, voltou a ficar sério. — Não. O aluno que vai até a Floresta Proibida atrás de você, certamente é inconsequente e arrogante o suficiente para achar que possui qualificação mágica para enfrentá-lo. E arrogância cega, Remo.
“Acham que são corajosos e conhecem feitiços que o neutralizariam, mas ignoram que nem sequer se formaram ainda e que muito bruxos mais experientes que eles já foram subjugados por lobisomens”.
Remo assentia, sem saber aonde Dumbledore queria chegar.
— Não — continuou o diretor. — O único que corre perigo é você, caro Remo. Porque, no momento em que forem completamente mal sucedidos nas tentativas de capturá-los, esses bruxos correrão aos seus pais se queixando da existência de um lobisomem nos terrenos da escola e eu temo que não poderei conter dúzias de pais furiosos querendo ir atrás de você.
— Então... Eu tenho que sair não é mesmo, para me proteger? — Remo perguntou, nervoso.
— Desculpe, meu caro rapaz, mas sair para onde? — perguntou Dumbledore, sinceramente confuso.
— Da escola, é claro! — Remo gritou e no momento que percebeu isso, abaixou a cabeça, corando.
Dumbledore riu e coçou levemente o nariz.
— Claro que não! — ele disse, sorrindo gentilmente. — Não existe lugar mais seguro no mundo que Hogwarts. E não existe um lugar melhor para um lobisomem aprender a se controlar do que este castelo.
— Então... — Remo estava confuso. — Por que o senhor me chamou aqui?
— Além de lhe informar sobre o perigo que corre? — perguntou Dumbledore, olhando nos olhos de Remo e dando ao garoto a sensação de que ele podia ler sua alma. — Bem, para dizer que as proteções ao redor da Floresta estarão aumentadas e que os professores estão empenhados em achar um esconderijo melhor e mais seguro para você.
Remo ficou impressionado, mas Dumbledore parecia querer pôr logo um fim naquela conversa.
— Acho que está atrasado para a aula do Professor Bins, não? — Dumbledore perguntou gentilmente.
— Er... Sim... — Remo respondeu se pondo de pé e mais uma vez sem acreditar em como o bruxo a sua frente o havia surpreendido.
Quando já estava saindo da sala Dumbledore o chamou.
— Sim, professor.
— Pode contar a seus amigos o que conversamos se quiser, acho que eles são dignos de confiança. — Dumbledore piscou para ele e Remo saiu um pouco aturdido da sala do diretor.
Quando chegou à sala de História da Magia descobriu, para seu inteiro prazer, que já havia acabado e imaginou que os amigos estivessem almoçando no Salão Principal. Correu até lá o mais rápido que pôde.
Encontrou Tiago, Sirius e Pedro conversando animadamente num canto da mesa da Grifinória. Parecia que Tiago e Lílian haviam brigado mais uma vez já que, vez ou outra, Marlene e Dorcas tentavam fazê-los ter uma conversa decente e civilizada.
Remo se espremeu entre Pedro e Sirius e os amigos instantaneamente o encheram de perguntas sobre o que acontecera na sala de Dumbledore. Remo lançou um olhar silencioso aos amigos, dizendo que depois contaria tudo.
Como tinham um horário livre depois do almoço, Tiago sugeriu que fossem à Sala Precisa treinar Sirius que, por pura sorte, ganhara o duelo contra Snape. Estavam à caminho do sétimo andar quando repararam que Snape andava na frente deles.
Severo ia muito rápido e olhando para os cantos. As vestes esvoaçavam em seus calcanhares e a pose sombria dava a ideia estranha de que era um morcego. Ele não pareceu perceber a presença dos Marotos. Tiago franziu o cenho e apertou os olhos. Virou-se para Sirius e sabia que estavam pensando a mesma coisa: Snape ia aprontar alguma coisa.
— Mudança de planos — Tiago murmurou e, ao invés de subir as escadas, disparou atrás de Severo.
— Para onde vai? — perguntou Pedro, alto suficiente para ser repreendido por Sirius.
— Ver o que o Ranhoso vai aprontar — disse Tiago rapidamente e num tom muito baixo. — Aposto que deve estar procurando um shampoo pra esse cabelo sujo dele.
Todos riram o mais baixo que podiam, exceto Remo. Ele não via graça naquelas brincadeiras. Podia não gostar do inimigo favorito de seu melhor amigo, mas tampouco desgostava dele.
— Tenho certeza absoluta de que o que ele anda fazendo não importa — Remo falou, já virando nos calcanhares. — Temos que treinar duelos, ou Sirius vai acabar perdendo, mais cedo ou mais tarde.
Tiago e Sirius não deram muita importância para o argumento de Lupin. Mas também não discutiram. Os dois amigos apenas saíram no encalço de Severo Snape. Pedro apressou-se para acompanhá-los, como sempre. Remo, sem ter escolha, suspirou e fez o mesmo.
Seguiram Snape por todo o corredor do segundo andar até que ele entrou numa sala e desapareceu. Tiago tentou abrir, mas estava trancada e nenhum deles pensou em usar algum feitiço para isso.
— Satisfeitos? — perguntou Remo e os quatro voltaram por onde tinham vindo.
Estavam subindo as escadas, com Tiago repetindo várias vezes que Severo deveria estar armando alguma, mas agora apenas Sirius lhe dava ouvidos. Os dois xingavam Snape como nunca antes até ouvirem um estranho barulho e terem de se segurar no corrimão para não caírem.
— O que foi isso? — Pedro estava assustado, com os olhos esbugalhados.
— As escadas mudam, esqueceu? — Sirius revirou os olhos.
— Então vamos logo, antes que elas mudem de novo. — Remo saiu andando por um corredor.
Pelo visto estavam no terceiro andar, mas em um lugar inexplorado por eles. Tiago sentia que havia muitos lugares inexplorados no Castelo ultimamente. Era a segunda vez que se perdia naquele ano. Após uma breve discussão, saíram andando, até acharem um lugar conhecido.
Antes disso acontecer, entretanto, uma gata apareceu. Assim que os viu ela começou a miar. Era a Senhora Indra, a gata do Filch, zelador da escola.
— E agora? Ela vai chamar Filch, que vai nos dar uma detenção! — Pedro tremia. Mais que todos, ele morria de medo do Filch.
— Fazemos o que todo mundo faz quando sabe que o Filch está vindo — falou Sirius, muito sério para um garotinho de doze anos.
— O quê? — perguntaram os outros três em uníssono.
— Corremos! — E eles saíram correndo desembalados pelo corredor.
Só pararam quando deram de cara com uma estátua de uma bruxa corcunda de um olho só.
— E agora? — Todos pareciam em pânico agora, até Sirius que, momentos antes, era a expressão da coragem e valentia.
— Vocês são bruxos ou não são? — perguntou Tiago ironicamente, tirando a varinha das vestes. — Dissendium!
Uma passagem se abriu revelando um estreito túnel. Todos ficaram curiosos para saber como Tiago sabia que aquilo era uma passagem secreta e como sabia como abri-la, mas ninguém perguntou. Apenas entraram no túnel para fugir de Argo Filch. A passagem se fechou no momento que o último Maroto passou por ela.
Eles foram andando e acabaram num lugar cheio de caixas. Parecia um porão. Eles ouviram um movimento e se esconderam atrás de uma das caixas, bem a tempo do homem que entrou não os ver.
— Onde estamos? — Sirius sussurrou, mas Tiago deu de ombros.
O homem pegou uma das caixas e voltou pelo lugar de onde tinha vindo. Remo aproveitou o momento para perguntar o que tanto estava lhe intrigando:
— Que feitiço era aquele?
— Revela passagens secretas.
— Como descobriu e por que não falou antes? — Sirius avançou para o melhor amigo.
Tiago mais uma vez deu de ombros.
— Dorcas Meadowes. — Os garotos olharam espantados para ele, que resolveu se explicar. — Ela está fazendo de tudo para ajudar. Me passou esse quando estava procurando feitiços para o Sirius. Parece que foi um dos irmãos de Marlene que ensinou.
— E por que não contou pra gente? — Sirius tornou a perguntar, com menos agressividade na voz.
— Estava envolvido com você e o duelo que chegava, só me lembrei dele agora.
Sirius pareceu ponderar sobre o que Tiago dizia e concluiu que o amigo falava a verdade. Não estava escondendo coisas deles.
— Então, acham que isso aqui é o quê? — disse, dando uma boa olhada no lugar.
— Só tem um jeito de descobrir. — Lupin foi em direção ao lugar pelo qual o homem entrará e saíra.
Tinha uma pequena escada que eles subiram rapidamente e logo um cheiro de doce os invadiu por dentro, junto com a sensação de calor. Quando levantaram as cabeças, se depararam com uma loja inteirinha cheia de seus doces favoritos, a Dedosdemel. Estavam, como Tiago previra antes, fora de Hogwarts, em Hogsmeade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, quero sabe a opinião de vocês! Sério! Não vou cobrar comentários pelo capítulo de ontem, porque eu demorei muito de postar, postei lá pras oito da noite e ainda era grande, mas vou querer comentários nesse aqui, OK?
Ah, muito obrigada por continuarem lendo, significa muito para mim!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Marotos - A Criação do Mapa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.