Os Marotos - A Criação do Mapa escrita por Bianca Vivas


Capítulo 12
Grandes Encrenqueiros


Notas iniciais do capítulo

Bem, como eu disse, esse capítulo é um pouquinho maior que o outro. Era para o outro e esse estarem juntos, mas acho que quase cinco mil palavras é muito para se ler de uma vez só num domingo.
Ah, antes que eu me esqueça, queria dar as boas vindas à Mi Handerson, que começou a ler a primeira temporada da fic e agora está lendo essa aqui. Seja bem vinda, fofa :3
Então, aí está a briga da Lily e do Tiago, só pra vocês.



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Ele saiu batendo os pés até a sala comunal. Quando a Mulher Gorda o viu com aquela cara fechada e cheia de raiva, nem pediu a senha. Apenas abriu a passagem. Ela que não ia se meter com gente que não ficava feliz ao voltar para Hogwarts. Quando Lilian passou pelo buraco do retrato, ela lhe lançou um olhar solidário.

Tiago sentou num dos grandes pufes vermelhos, o que ficava de frente para a lareira. A Sala Comunal estava completamente vazia. Todos os alunos ainda estavam no Grande Salão. Comendo e celebrando o reencontro com os amigos e, claro, a volta à Hogwarts. Mal sabiam que havia pouco o que se comemorar naquela noite. E haveria menos ainda, a depender de sua conversa com Lilian Evans.

A menina estava acanhada. Nunca vira Tiago com uma fúria tão implacável. Não era como em seus chiliques de menino mimado. Ela via que havia algo mais ali. Como se ele tivesse amadurecido de alguma maneira, e em alguns aspectos.

— Vai me dizer porque me chamou aqui? — Lily perguntou, sentando na beirada do mesmo pufe que ele.

Tiago ficou em silêncio. Fitava as chamas. Levantou de súbito, com os braços para cima. Uma das veias de seu pescoço saltava enquanto ele berrava, e seu rosto estava todo tomado pelo vermelho.

— Como se você não soubesse, não é mesmo? Você é muito hipócrita! Coloca o Remo em risco, em risco de ser expulso, depois se faz de amiguinha dele. Acha que eu não percebi? Eu sei que esse é seu jogo — ele girava pela sala, com as mãos nos cabelos bagunçados, parecia um louco — Você se faz de santinha e todo mundo acha que o Tiago está neurótico por desconfiar de você. Mas eu sei a verdade! Então é melhor você admitir logo ou então...

— Ou então o quê? — ela o cortou ferozmente — Você vai fazer o quê comigo, hein Tiago?

— Eu... Eu não sei — ele respondeu meio encabulado — Mas não importa! Isso prova que você é culpada. Acabou de confessar tudo! — ele disse, com um sorriso vencedor nos lábios — Eu bem que avisei, mas ninguém quis me ouvir.

Lílian franziu o cenho. Desde que Tiago começara a falar, ela não entendera bulhufas. Mas agora estava piorando. Ele a acusava, mas ela não fazia ideia de qual seria o crime que cometera.

— Tiago — Lilian o chamou, mas ele nem se virou — Do que você está falando? O que foi que eu fiz?

— Ora, não se faça de desentendida! — Tiago gritou e se prostrou na frente da garota, gesticulando muito — Você sabe muito bem do que eu estou falando. Dessa sua vil traição. Sua falsa!

Lilian já estava começando a ficar com muita raiva. Seu rosto estava quase da cor de seu cabelo. Como ele podia ofendê-la assim? Quem ele pensava que era?

— Olha aqui seu menino mimado — a bruxinha colocou a varinha na cara dele — Não me ofenda mais ou você verá quão forte um feitiço pode ser!

Tiago levantou as mãos, como num sinal de rendição.

— Uuuui — ele zombou — Depois de revelar o segredo do Remo ela quer me aniquilar.

— O quê?! — a menina quase caiu pra trás, devido ao susto da revelação de Tiago — Do que você está falando?

A boca dela estava seca, e seu rosto muito pálido. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Tiago, ao contrário, achava que finalmente tinha pegado a “ruivinha falsa”. Sorria como um vencedor. Mas também sentia raiva, por ela continuar se fazendo de desentendida.

— Isso mesmo que você ouviu. Eu já sei que você revelou o segredo do Remo.

Lilian nem se deu o trabalho de se sentir ofendida ou de gritar. Deu um tapa bem forte na cara de Tiago e, logo em seguida, o empurrou. Batia em todas as partes do corpo dele que encontrava. Tiago só podia se defender e se afastar dos braços dela.

Agora tudo fazia sentido para ela. Aquela conversa mais sem noção, a raiva. Alguém solta um boato no colégio e Tiago desconfiava dela. Francamente! Ela o salvara da morte certa naquela Floresta e era assim que ele a retribuía! Continuou batendo nele.

Tiago, depois de muito apanhar, conseguiu segurar um dos braços da garota. Ela estava exausta e muito furiosa. Então, Tiago conseguiu segurar os pulsos da menina bem firmemente, e a jogou num sofá vermelho que ficava no meio da Sala Comunal.

— Você acha mesmo que eu faria isso? — ela perguntou mais calma.

— Se não foi você, então quem foi? — ele gritou, mas Lily ficou calada — Responda!

— Eu não sei!

— Mentirosa!

— Você está louco — ela murmurou balançando a cabeça.

— Não, você que é falsa e hipócrita e manipuladora. Mas a mim você não engana não!


Lilian ia responder alguma coisa, mas viu o buraco na parede se abrindo. Alguém estava entrando na Sala Comunal. Tiago acompanhou o olhar da garota. Lá vinha Marlene com a varinha em punhos, seguida por Sirius. Os dois estavam com a expressão muito séria e decidida. Tiago bufou de raiva ao ver seu melhor amigo ali. Com certeza viera defender a inocentezinha da Lilian. Só fizera isso desde que lhe contara suas suspeitas.

Estava preparado para atacar os dois. Ou contar todas as confissões que Lílian fizera naquela noite. Mas não foi preciso fazer nada disso.

— A pelo amor de Merlin! — Marlene jogou a varinha numa mesinha que tinha ali perto — Será que vocês não sabem ficar cinco minutos sem brigar? Essa parceria aqui — ela apontou para cada uma das pessoas no cômodo e para si também — não vai dar certo se vocês não se controlarem e pararem com essas loucuras de se atacarem.

— Não é loucura! — ele então passou a suplicar: — Por que vocês não acreditam em mim?

Marlene franziu o cenho. Não entendera o que Tiago dissera. Decidiu que deixaria pra lá. Deveria ser mais um chilique de Tiago. Então sentou-se e ficou acompanhando a conversa.

— Porque sua ideia é completamente descabida, parceiro — Sirius passou a mão no ombro dele — Agora pede desculpa pra Evans. Ela só ajudou a gente o tempo inteiro.

Tiago ficou olhando para Sirius. Esperava que ele dissesse que aquela história de se desculpar era uma piada. Nunca que ia admitir estar errado — porque não estava — perto daquela fingida. Ela ia era tirar sarro dele com o Seboso depois, se fizesse isso.

Ele decidiu mudar de tática.

— Então quer dizer que você não comentou sobre a nossa aventura na Floresta Proibida com o seu amigo seboso? — perguntou, tentando tirar uma confissão.

— Claro que não, Potter! Pelo amor de Deus, eu nunca trairia você! — ela corou ao dizer a última frase, e Tiago murchou. Não tinha mais argumentos.

Mas isso não significava que Lilian de alguma forma contribuíra para que o boato se espalhasse. Deveria ter alguma coisa a ver com o Seboso, também. Tinha certeza. Ele tinha que provar que a Lilian era da mesma laia daquele lá. Argh! Como odiava aquele sonserino.

— Olha Potter, eu acho que tem outras maneiras das pessoas descobrirem as coisas — ela olhou para Marlene, dizendo silenciosamente que não poderia falar nada na presença da garota.

Sirius entendeu o recado.

— Você tem que ver o livro novo que eu comprei — ele falou, puxando Marley pelo braço, rumo ao dormitório masculino.

— Nossa, eu não sabia que você sabia ler, Black — ela riu e os dois começaram uma pequena briga de brincadeirinha com as varinhas.

Quando Marlene já tinha desaparecido pelas escadas junto a Sirius, Lilian se sentou no sofá vermelho. Fez sinal para que Tiago a imitasse. Ela se aproximou dele e começou a sussurrar. O banquete já deveria estar acabando a essa hora, e os alunos iriam seguir para os dormitórios logo, logo.

— É o seguinte, o Lupin não fica quietinho na Floresta a noite toda e você e seus amiguinhos certamente não são os únicos desse colégio que gostam de sair depois do toque de recolher. Só são os únicos com uma Capa da Invisibilidade e que, por acaso, gostam de gritar aos quatro cantos do mundo bruxo que quebram um bocado de regras. Alguém deve ter ouvido algo. Ou até visto. E Dumbledore não é burro. Já deve ter percebido. Aposto o que você quiser que até dever estar procurando um outro lugar para o Remo ficar.

Quando ela terminou de falar, Tiago corou. O que Lilian dizia fazia todo o sentido. Infelizmente, ele ainda queria acreditar que aquilo tinha o dedo sujo do Snape e a ajuda da Lilian. Mas era óbvio que a menina só fizera ajudar, e era leal a todos eles.

Burro, burro, burro, como nunca pensara nisso antes? E, se alguém viu Lupin transformado, isso traria problemas. Eles definitivamente não eram os únicos aventureiros do colégio — certamente eram os maiores e melhores, mas não os únicos. Alguém poderia inventar de capturar o lobisomem que rondava a Floresta Proibida. Ou pior, descobrir quem era o homem por trás do lobo.

Precisava impedir isso. Olhou para Lilian alarmado. Ainda desconfiava que o Seboso estava por trás desse boato — a garota com certeza não tinha ligação nenhuma com aquela história, o amigo dela já era outra coisa. Porém, quando estava prestes a externar essa angústia, a Sala Comunal se encheu de alunos. O banquete acabara.

— Lily! — uma menina de cabelos pretos saída do meio da horda de gente agarrou o braço da bruxa ruiva.

Tiago reconheceu a voz e o rosto de Alice. Ela estava acompanhada de Dorca Meadows, outra amiga de Lilian, com a qual Tiago nunca fora com a cara.

— Onde você se meteu durante o jantar? — Dorca perguntou — Te procuramos pela escola inteirinha!

— Estava um pouco cansada da viagem — Lilian sorriu amarelo e seguiu as meninas para o dormitório feminino.

É... O banquete acabara e sua conversa com Lilian também. O pior de tudo é que, agora que a adrenalina passara, estava sentindo uma fome gigante. Se ao menos soubesse onde ficava a cozinha... Espere! Ele não sabia, mas conhecia alguém que sabia.

Remo Lupin lera tantos livros na vida que com certeza, em um deles, deveria ter um mapa de Hogwarts. Mas encontra-lo no meio de tantos alunos seria um grande. Foi então para o dormitório masculino, esperar o amigo.

Marlene ainda estava lá. Sirius mostrava a ela seu exemplar de Quadribol Através dos Séculos. E ela tirava sarro por ele não saber quase nada de Quadribol — ou pelo menos não saber tanto quanto ela. Depois dele próprio, a pessoa que mais entendia do esporte bruxo era Marlene McKinnon. Disso ele não tinha dúvidas.

Os três ficaram conversando sobre as seleções, os times oficiais e até sobre o Campeonato de Quadribol de Hogwarts. Tiago disse, pela milésima vez, que esse ano iria fazer o teste para ser artilheiro. E iria passar. Marlene apostou uma rodada de cerveja amanteigada no Três Vassouras que ele não conseguiria. Sirius disse que duvidava até que o Tiago conseguisse ir ao Três Vassouras sem ser pego. Assim começaram uma rodada de apostas bestas e sem sentido, até que Remo e Pedro chegaram e Marlene teve que sair do quarto.

— Estou com fome — Tiago atirou assim que viu Lupin.

— E daí? — Pedro perguntou por Remo.

— E daí que nosso amado Remo vai me levar até a cozinha do castelo.

— Eu mesmo não — Remo falou, se ajeitando para dormir — Não mandei você sumir no meio do banquete. Aliás, onde é mesmo que você se meteu?

— Brigando com a Lilian de novo — Sirius respondeu, lançando a Remo e Pedro um olhar de “não perguntem o motivo, assunto proibido”.

— Por favor, Reminho — Tiago se ajoelhou, fazendo pose de prece — Por favorzinho. Não mate seu amiguinho de fominha.

Remo revirou os olhos, enquanto Sirius e Pedro morriam de rir.

— Se você prometer parar de falar no diminutivo.

Tiago abraçou Remo e o beijou. O menino tentava afastá-lo, mas aí é que Tiago o beijava e abraçava mais. Os colegas de quarto, apesar de não a entenderem, riam da cena sem parar.

Eles esperaram todo mundo dormir, antes de se aventurarem. Tiago pegou a Capa da Invisibilidade no malão e a guardou no bolso.

Demorou um tempo para convencer a Mulher Gorda a deixá-los sair depois do toque de recolher. Tiago teve que fingir que morreria se não comesse algo imediatamente. Ela resmungou muito, até abrir a passagem. Assim que passaram pelo buraco do retrato, vestiram a capa e acenderam as varinhas. Remo ia na frente, para guia-los.

— Não sei como te agradecer, Reminho — Tiago falou, bagunçando o cabelo de Remo.

— Me agradeça ficando quieto. Sua capa não deixa que ninguém nos veja, mas ainda podem nos ouvir.

Depois da fala rabugenta de Lupin, ninguém ousou falar mais nada.

Andaram muito até, finalmente, chegarem a cozinha. Tinha quatro mesas bem grandes, similares as do Grande Salão, e vário elfos trabalhavam ali. Mesmo durante a noite. E eles vieram prontamente servir o quarteto. Pareciam extremamente felizes em receber a visita de um bruxo no meio da noite.

Não demorou muito, e os amigos estavam empanturrados de todas os melhores pratos que eram oferecidos nas refeições de Hogwarts. Até mesmo Remo, que inicialmente não quisera vir.

— Deveríamos ter chamado a Lilian ou a Marley — disse Pedro, entre uma mordida e outra de sua torta — Elas não comeram muito durante o jantar.

— Pra quê? — perguntou Tiago — Marley até viria, mas Lilian ficaria reclamando mais que o Remo.

— Um-hum — concordou Sirius — Até parece que você não a conhece.

Quando estava de barrigas cheias, decidiram voltar para a Sala Comunal. Dessa vez, Remo deixou que eles conversassem a vontade. Estava mais relaxado depois de toda a comida.

Ao entrarem no Salão Comunal da Grifinória, eles estacaram. Alguns meninos estavam sentados nos pufes, de frente para a lareira. E o pior: os garotos viram os quatro amigos entrarem. Isso porque eles tiveram de tirar a Capa da Invisibilidade para voltarem a entrar na Torre — a Mulher Gorda precisava vê-los, para deixá-los entrar.

— E aí, também estavam atrás do lobisomem? — um deles, o que parecia ser o mais velho, perguntou.

— Atrás do lobisomem? — Remo repetiu, amedrontado.

— É. A turma daquela loirinha, a namorada do Lucio Malfoy, lançou uma aposta. Cinquenta galeões para quem trouxer a cabeça do lobisomem.

Remo sentou na cadeira, completamente pálido. Queriam matá-lo! E Dumbledore não sabia de nada disso, ou já teria acabado com aquela palhaçada.

— Belatriz perdeu a noção do perigo — Sirius murmurou, vermelho de raiva.

Narcisa Black nunca faria algo assim. Ela xingaria, faria um estardalhaço, mas era incapaz de matar alguém por conta dos seus ideais sujos e nojentos. Aquilo era coisa de Belatriz, que deveria ter convencido os amigos de Cissa. Malditas fossem!

— Acho que preciso descansar um pouco — Lupin balbuciou, rumo as escadas, e os outros meninos o seguiram.

— Ei, Black— um outro garoto o chamou, e Sirius voltou-se irritado — Calma, parceiro. É só que tá rolando o boato de que seu irmão também entrou na aposta. Se eu fosse você, eu ficava de olho nele.

Sirius assentiu, mais vermelho ainda. Seu próprio irmão! Aquilo tinha de parar.

Ele já estava no topo da escada, e seus amigos já deveriam estar no dormitório, quando teve uma ideia. Deu meia volta e foi falar com os meninos mais velhos.

— Pois digam que eu estou lançando um desafio para a Sonserina, e para qualquer outra casa que quiser matar o lobisomem — os garotos fitaram-no com curiosidade. Nunca tinham visto um aluno do segundo ano tão atrevido — Digam que antes de correrem para a Floresta Proibida, eles têm de me derrotar no Torneio de Duelos. Quem não me derrotar, fica sem a cabeça do lobinho.

Um dos meninos caiu na gargalhada.

— Mas não existe um Torneio de Duelos!

Sirius riu de canto de boca. Seu riso maroto.

— Então eu acabei de criar um.

Voltou ao quarto, deixando os alunos mais velhos da Grifinória impressionados. E meio abismados também com a coragem do menino.

No dia seguinte, não se falava de outra coisa no café da manhã que não fosse o desafio que Sirius Black lançara a todos os alunos que quisessem pegar o lobisomem.


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Notas finais do capítulo

Quem gosta mais de confusões, Sirius ou Tiago? Acho que vou desafiar vocês a responderem essa haha
Bem, potterheads, obrigada por lerem e qualquer crítica, sugestão, dúvida é só mandar um comentário :)