Presságio

            Enfrentar o deserto não foi nada fácil pela manhã e pela tarde, mas algo intrigante é que à noite este lugar é tão frio quanto um freezer. O único som que eles ouviam eram assovios do vento gélido, foi quando marcos quebrou o silêncio:

            -Acho que devíamos parar um pouco, já caminhamos demais, além disso, falta pouco para chegarmos.

            O velho parou um pouco para raciocinar e disse:

            -Tem razão jovem, mas logo levantaremos.

            Todos neste momento desabaram, arrumaram suas coisas e se acomodaram. Luar não conseguiu dormir, encarava aquela a quem seus pais emprestaram seu nome, a lua, que naquela noite parecia tão brilhante e completa, cheia de confiança, discordando do estado de espírito da garota.

            Luar tinha reparado que Drake era um pouco incomum, seu jeito de falar, o modo como tinha certeza do que queria, algo que ela jamais teve, afinal estava indo para a zona Alfa porque era algo necessário, não era algo que ela sonhava em fazer, sempre se sentiu bem ajudando sua mãe com a casa e cuidando de seus irmãos, mas sempre soube que essa não era a vida que queria para ela, sonhava em ser alguém de importância, só não sabia como.

            Quanto a Marcos ela não tinha opinião formada, ele não aparentava qualquer sentimento, tinha a característica de ser uma ilha, vivia para si, e isso era tudo que Luar percebeu.

            A viagem, bem, se sua mãe soubesse o que passou, com certeza teria ido pessoalmente ao palácio acertar a cara do responsável pelo translado dos jovens, Luar sorriu quando imaginou isso...

            Uma estrela cadente passou neste momento, Luar fez um pedido:

            -“Quero ser alguém especial”. (pronunciou mentalmente);

            Ela ouviu passos e quando olhou pro lado viu Drake.

            -Luar, podemos conversar?

            A garota pensou: “Por que diabos ele veio aqui? Tudo bem vou falar com ele.”

            -Claro, senta aí.

            Drake sentou em uma duna a mais ou menos setenta centímetros de Luar.

-Luar, sei que não sou a pessoa mais normal do mundo, mas o fato é que daqui a alguns dias vamos frequentar a mesma escola e bem...eu não queria que as pessoas soubessem do meu... digamos...probleminha.

Luar neste momento o encarou e percebeu que dentro daquilo existia uma normalidade e achou até fofo da parte dele, mas que sentimento é esse, ela era Luar a durona que não pensava em garotos e sentimentalismo, postura!

Ficou um tempo olhando para ele, deu aquele suspense e disse:

-Claro você nem é tão estranho assim, e aquilo que aconteceu, tá na cara que foi só coincidência, relaxa.

Drake ficou surpreendido com a situação de Luar, tanto que deu um suspiro e disse:

-Obrigado! Nem imagina o quanto eu  fico grato!

Luar piscou e virou o rosto.

Drake virou-se e foi se juntar às suas bagagens, dormiu.

Não sabia discernir se era sonho, ou realidade, estava olhando o deserto e estava em pé, nenhum sinal do velho charreteiro, de Marcos ou de Luar, apenas o horizonte, frio e vasto.

Tinha a impressão de ter alguém o vigiando, ele olhou para todas as direções mas nenhum sinal, foi quando ouviu, quase que dentro de sua cabeça:

-Drake, um futuro belo te aguarda, tens que seguir seu caminho sem interrupções, sem distrações, você está destinado a ser grande garoto, maior até que aquele à quem os habitantes de Thai tem como líder...

Drake colocou as mãos nos ouvidos, a voz parecia ficar cada vez mais aguda e ele já não suportava.

-PARE!!!

A voz só pronunciou mais algo:

-A garota, aqueles olhos te farão embarcar nos maiores sentimentos, mas também selam tua perdição. O destino dela está atrelado ao seu, ela terá uma grande decisão a fazer, mas não podemos interferir.

Subitamente já era manhã e Marcos encarava Drake dizendo:

-Olha só quem acordou...espero que esteja pronto!

Drake perguntou:

-E Luar onde está?

Marcos sorriu e apontou para longe:

-Lá em cima, ela disse que já chega de distrações.