-ele não foi trabalhar? –perguntou Sango terminando de tirar a mesa junto com Miroku.

-o celular dele só dava desligado e ninguém atende em casa.

-isso é mesmo suspeito. –disse Sango como se pensasse em algo.

-será que... ele foi sequestrado? –disse Miroku como se tivesse desvendado um mistério, Sango revirou os olhos de impaciência.

-Miroku você devia parar de ver aquelas series policiais. –disse Sango largando a louça e se virando para Miroku. –você realmente acha que alguém sequestraria o Inuyasha... nessa cidade?

-tudo pode acontecer. –disse como se fosse a coisa mais obvia. –se você assistisse mais series policial iria saber.

-nem tem como discutir. –deu um longo suspiro, sabia que não adiantava muito discutir com ele. –só que as coisas são bem mais simples do que você imagina.

-e o que é então?

-quando fui à casa da Kagome hoje a tarde a mãe dela disse que ela e o Souta saíram bem cedo antes mesmo de ela acordar.

-e o que tem isso. –de repente ele parou como se pensasse em algo. –será que eles também foram sequestrados.

-Miroku. –gritou Sango já sem paciência. –você só pode estar brincando.

-o que? –perguntou se fazendo de inocente.

-será que você ainda não entendeu, a Kagome e o Inuyasha sumiram ao mesmo tempo, eles com certeza estão juntos. –Miroku arregalou os olhos como se Sango tivesse feito uma grande revelação.

-isso faz sentido. –Sango balançou a cabeça descrente.

-não sei como me casei com você. –disse voltando a guardar a louça que ela havia deixado de lado.

-do que você esta falando? –disse Miroku com um largo sorriso. –é lógico que você se casou comigo por que é loucamente apaixonada por mim e não sabe viver sem mim.

-como eu era jovem. –lamentou Sango.

-isso foi só a três anos.

-e naquela época você não assistia series policiais. –disse Sango fingindo se lamentar.

-só um minuto quando foi que essa conversa mudou do Inuyasha e a Kagome para o nosso casamento? –Miroku parecia um pouco confuso. –e porque você está implicando com as minhas series policial?

-estou cansada, você termina de arrumar isso. –disse jogando a toalha para Miroku. –vou tomar um banho e deitar, boa noite Miroku. –e saiu com um sorrisinho travesso nos lábios.

-espera ai Sango, você não vai sair assim né? –ele ia atrás dela mais lembrou que Sango odiava deixar a coisinha bagunçada. –Sango espera ai. –gritou, mas ela já havia subido as escadas. –será que eu fiz alguma coisa errada? –se perguntava sem entender como as coisas tomaram esse rumo.

Quando eles acordaram já era hora do almoço, desceram até o restaurante do hotel para comerem algo.

-então Souta se divertiu ontem? –perguntou Inuyasha.

-você nem imagina, vamos fazer isso de novo? –perguntou entusiasmado.

-claro, quando você quiser.

-legal. –Kagome não conseguiu conter o sorriso, ver Souta e Inuyasha juntos tinha sido algo que ela imaginara varias vezes enquanto ainda morava em Nova York, mas também era algo que ela temia nunca acontecer e depois do jeito que Inuyasha reagiu quando eles se reencontraram ela acreditou que ela estava quase certa disso. Mas agora aqui estavam os três juntos como uma verdadeira família, a felicidade que ela sentia era tanta que não conseguia deixar de sorrir.

-qual o motivo desse sorriso todo? –perguntou Inuyasha.

-nada de mais só estou feliz, algum problema.

-pelo contrario. –Inuyasha pegou sua mão e depositou um beijo. –quero vê-la assim todos os dias.  

-vocês não vão começar a namorar na minha frente né? –perguntou Souta fazendo careta. –é nojento. –disse fazendo os outros dois rirem.

-serio, então é melhor você fechar os olhos. –disse Inuyasha antes de beijar Kagome, Souta tampou os olhos com as mãos, mas até ele começou a rir.

Quando eles voltaram Inuyasha os deixou na porta de casa, Souta queria que ele ficasse mais e ele também queria, mas tinha faltado ao trabalho dois dias seguido.

-tem razão já prendemos você por tempo demais. –eles estavam se despedindo.

-eu não me importava em ficar preso mais um pouco. –ele beijou de leve seus lábios.

-imagino, mas eu te ligo mais tarde certo?

-se não tem jeito. –então ele lhe deu mais um beijo, dessa vez mais longo que o outro e apesar de hesitante ele foi embora.

Quando chegou ao escritório encontrou Miroku mau humorado e com cara de poucos amigos.

-onde você e a Kagome se meteram ontem? –perguntou assim que Inuyasha entrou na sala.

-como?

-vocês sumiram ontem é obvio que estavam juntos. –disse apesar dele mesmo não ter pensado nisso.

-aconteceu alguma coisa? –perguntou tentando entender todo esse mau humor do amigo.

-Sango e eu brigamos ontem... por sua culpa.

-como por minha culpa? –perguntou confuso.

-vocês sumiram de repente, pensamos que tinham sido sequestrados. –apesar de ele ter sido o único a pensar isso.

-você está falando serio, por que vocês pensariam isso? –ele já não estava entendendo nada, Miroku balançou as mãos como que para encerrar o assunto.

-não importa. –disse desanimado. Inuyasha tinha que admitir que Sango era uma pessoa incrível por conseguir conviver com Miroku e suas variações de humor. –então vai me dizer o que aconteceu ontem ou não? –Inuyasha conteve o riso, Miroku era realmente uma figura.

No dia seguinte Kagome levou Souta ao médico e para a felicidade dele recebeu alta podendo em fim voltar a suas atividades normais, claro que teria que pegar leve nos primeiros dias, mas nada que atrapalhasse sua recém-adquirida liberdade.

-quem sabe agora você pensará duas vezes antes de entrar em uma casa abandonada. –disse depois de saírem a clinica.

-eu pensei que fosse ficar maluco. –disse Souta em um tom serio e Kagome não conseguiu conter o riso, apesar da pouca idade Souta sempre teve um jeito serio e maduro de lidar com as coisas e ela sabia a quem ele havia puxado.

Como uma recompensa por Souta ter aguentado as semanas preso em casa Kagome o levou até a confeitaria de Sango, enquanto ele se deliciava com uma deliciosa torta de chocolate, ela e Sango foram até a cozinha onde poderiam conversar em privado.

-eu me pergunto de onde o Miroku tiras essas ideias. –disse Kagome sem conseguir parar de rir enquanto Sango relatava o acontecido do jantar duas noites atrás.

-eu tenho que confessar que elas maluquices dele tem um charme. –Sango tinha um sorriso sonhador nos lábios. –mas não pensei que eu esquecer o nosso assunto principal. –disse voltando toda a sua atenção para Kagome. –quero saber detalhes da sua fuga romântica com Inuyasha.

-não foi uma “fuga romântica”, foi um passei não se esqueça de que o Souta estava junto.

-detalhes. –disse balançando sem dar importância ao que Kagome disse. –pra mim foi uma fuga romântica e pronto e agora eu quero os detalhes. –sabendo que seria inútil tentar discutir sobre isso com a amiga, Kagome começou a lhe contar sobre a surpresa que Inuyasha preparará para ela.

-isso quer dizer que vocês finalmente se acertaram? –Kagome fez que sim com a cabeça e as duas começaram a gritar e pular, a ajudante de Sango que trabalhava na cozinha as olhou como se fossem duas loucas e decidiu deixa-las sozinhas. –até que enfim. –disse Sango quando eles estavam mais calmas. –pensei que me iam nascer cabelos brancos antes disso acontecer.

-Sango. –disse repreendendo a amiga.

-detalhes Kagome, são só detalhes.

-só tem um problema. –disse Kagome fazendo o sorriso de Sango desaparecer.

-qual?

-eu ainda não contei sobre o Souta.

-eu imaginava. –ela a encarava com um sorriso terno. –eu tenho certeza que ele vai entender quando você explicar, mas você não pode esconder isso por mais tempo, ainda mais agora que vocês finalmente se entenderam.

Quando finalmente decidiu ir embora, Kagome se surpreendeu ao encontra Souta e Kouga conversando animados. Quando ele se inteirou de sua presença abriu um largo sorriso.

-será que a gente podia conversar Kagome? –embora ele ainda tivesse o sorriso nos lábios ela o conhecia bem o suficiente para saber que seja o que for que ele queria falar era serio.

-Claro, Sango você pode olhar o Souta pra mim?

-Tudo bem. –Kagome e Kouga saíram e Sango viu Kagome entrar no carro se perguntava o que teria acontecido.

Kouga não foi muito longe, parou a carro perto do parque e Kagome ficou em silencio tentando adivinhar o que tinha acontecido, Kouga tinha uma expressão seria no rosto.

-amanhã estarei voltando para Nova York. –disse de repente surpreendendo Kagome com súbita quebra do silencio.

-por que de isso repente?

-não é de repente. –ele deu um longo suspiro. –já era pra mim ter voltado a dias, o combinado seria que eu viesse para fechar o negocio e talvez ficar mais um dia pra fiscalizar as coisas. –ele se virou para Kagome. –tem muitos negócios que precisam da minha supervisão e deixei tudo de lado. –ela viu tristeza em seus olhos. -quer saber o motivo? –ele não esperou pela resposta. –foi você, na verdade eu estava com saudades de você do Souta e... –ele se voltou para frente com um sorriso triste nos lábios. –tinha esperanças que você pudesse ter mudado de ideia sobre nós. – Kagome sentiu um aperto no peito. –mas parece que eu me enganei não é?

-Kouga...

-ele é o pai do Souta não é? –Kagome perdeu a voz sem ter certeza que havia entendido o que Kouga acabara de falar.

-o que você disse? –sua voz não passou de um sussurro.

-Inuyasha é o pai do Souta. –dessa vez não foi uma pergunta, mas sim uma afirmação. Kagome sentiu a cor fugir de seu rosto.

-como você... –ela não conseguiu terminar a pergunta.

-não é difícil imaginar. –ele deu um meio sorriso. –você me disse que o pai do Souta era um antigo namorado, quando vi vocês dois juntos logo percebi que tinha algo entre vocês, foi só juntar dois mais dois e se eu tivesse alguma duvida todas elas sumiram quando o Inuyasha declarou que vocês namoravam antes de você “sumir”, então eu deduzi que foi antes de você ir para Nova York. –ele se virou para Kagome e foi pego de surpresa ao ver que ela tinha o rosto banhando em lagrimas e ria de nervoso.

-eu queria que fosse o Inuyasha quem tivesse deduzido isso. –dizia entre os soluços. –as coisas seriam tão mais fáceis.

-vem cá. –ele a puxou para um forte abraço e deixou que ela chorasse a vontade. –calma Kagome, está tudo bem. –dizia enquanto passava a mão pelas suas costas a reconfortando.

-obrigada Kouga, acho que fiquei um pouco nervosa. –ela se afastou enxugando as lagrimas e foi pega de surpresa quando Kouga se aproximou e juntos seus lábios em um leve e singelo beijo. –Kouga. –ela o encarou com os olhos arregalados.

-me desculpe não resistir. –disse dando de ombros. –mas parece que isso te acalmou. –um largo silencio se fez dentro do carro. –o que aconteceu?

-como?

-Inuyasha não parece saber que é o pai de Souta.

-não ele não sabe. –de um longo suspiro e começou a contar para Kouga tudo desde o começo. -e foi por isso que eu tomei essa decisão.

-você foi bastante corajosa. –ele ainda estava virado pra ela e Kagome o encarou com sorriso nos lábios.

-quando se trata de alguém que amamos nós tornamos corajosas.

-eu quem diga. –ele agora sorria divertido. –pelo menos agora terei uma doce lembrança desse amor não correspondido.

-só você mesmo Kouga. –ela não resistiu e começou a rir também.

-e nunca se sabe, vai que vocês terminem depois que ele descobrir a verdade.

-Kouga! –o repreendeu Kagome, esse era seu principal medo e não precisava que Kouga a lembrasse.

-brincadeira, calma foi brincadeira. –ele a puxou para mais um abraço. –eu odeio admitir isso, mas... ele ama você e acredite um homem sabe reconhecer isso em outro homem.

-você notou que o que você acabou de dizer suou meio estranho não é?

-sim, mas vamos manter em segredo certo?

-minha boca é um túmulo. –e os dois começaram a rir.

-será que estou atrapalhando? –Kagome e Kouga se separaram ao ouvir uma voz irritada, Kagome se virou para frente e se deparou com um Inuyasha com caras de poucos amigos parado em frente ao carro.