Souls escrita por Beffs


Capítulo 6
Capítulo 6




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            Os sentimentos da garota a respeito dele eram confusos, afinal era dele que ela estava falando. Era o grande Peter, o grande matador de espíritos, o grande visionário, o líder da Ordem. O homem que um dia acolhera uma garotinha órfã e o homem que a apresentara àquela pessoa.

            Não sabia se o amava como um pai, pois era uma das maneiras que ela o via, ou se o odiava por sua injustiça e a maneira que ele a tratou depois daquilo ter acontecido. Odiava ter que vê-lo agora, principalmente por estar na posição que ele a impôs. Rebaixada por conta de um erro, um erro que ainda acreditava que não fora culpada por tal.

            Abriu a porta e o viu sentado em sua mesa, no fundo do seu escritório, o qual mais parecia uma sala de trono. Quando ele a viu, abriu um grande sorriso.

            - Lea, que bom que já chegou. Estava com saudades de você. – Disse Peter demonstrando o maior carinho do mundo.

            Aquela recepção apertou o coração de Lea, não conseguia ficar brava com ele. Tentava sempre, nunca era capaz.

            - Que cara é essa, menina? Cadê o meu beijo? – Disse o líder no mesmo tom.

            Ela ainda estava com seus sentimentos por ele embaralhados, mas se entregou aos seus braços, abraçando-o e dando-lhe um beijo no rosto, sendo retribuída logo em seguida. Ela nunca conseguia definir como se sentia realemnte pelo homem que podia chamar de pai.

            - Pa... É... Senhor, vim relatar sobre o início do treinamento do garoto. – Disse um tanto nervosa.

            - Lea, por favor, já falei que você pode me chamar de pai, não me importo com formalidades quando se trata de você.

            - Tá... Vou me lembrar. Como eu dizia, pai, eu fiz com que Joe conhecesse sua força vital, aconteceu tudo normalmente.

            A garota tentou esconder as informações verdadeiras do acontecido. De fato conseguiu, mas ainda duvidava se essa era a coisa correta a se fazer. Decidiu dar mais tempo a seus pensamentos para que pudesse fazer a decisão correta.

            Nesse momento, um dos conselheiros do líder entrou na sala, fez uma reverência e se dirigiu ao chefe.

            - Senhor, precisamos de você agora, é urgente. – Disse o conselheiro em um tom extremamente sério, o que intensificou o nervosismo da garota.

            - Lea, vamos continuar nossa conversa depois, vá para o seu quarto, durma aqui hoje, já esta escurecendo. Amanha cedo nós nos falamos.

            Falando isso, deu um beijo na garota e saiu acompanhado do seu conselheiro, tratar de algum assunto que a garota não fazia ideia. Ela permaneceu sentada na sala do pai por mais alguns minutos, até que criou coragem e foi ao seu quarto.

            Abriu a porta do quarto e viu que ele ainda estava como o havia deixado. Já fazia um bom tempo que ela não dormia ali, que ela entrava ali. O quarto era grande, tinha, de um lado, uma cama de casal toda arrumada, uma escrivaninha com alguns de seus livros do outro, algumas poltronas e uma televisão.

            Entrou ali e se jogou na cama, rolou de um lado para o outro tentando se acostumar novamente com aquele lugar. Compreendeu rapidamente que não conseguiria essa realização tão facilmente. Levantou-se e ligou a TV. Queria companhia, não conseguiria ficar sozinha naquele local, ele trazia lembranças. Pegou o telefone do prédio e ligou para a única pessoa que sabia que podia contar naquele momento. Ligou para a recepção. Esperou que atendessem e se aliviou a ouvir uma voz conhecida.

            - Lucca, que bom que você ainda está ai... Vai demorar muito pra sair?

            - Na verdade não. – Disse o recepcionista. – Estou quase de saída. Por quê?

            - Tem como você subir aqui no meu quarto, não quero ficar sozinha.

            - Claro, só vou esperar o cara do próximo turno chegar que eu subo ai.

            - Obrigada, Lucca, mesmo...

            A garota ficou sentada em uma das poltronas, atirada sem se mover, esperando o seu amigo chegar. Esperou por alguns minutos, quando ouviu a campainha tocar. Levantou correndo, abriu a porta e, quando confirmou ser mesmo seu amigo, abraçou-o. Conhecia-o desde sempre, ele era pouco mais velho que ela e ele já era um membro da Ordem quando ela chegara ali.

            Ainda abraçados, ela puxou-o pra dentro do quarto e fechou a porta, nesse momento o rapaz retribuiu o abraço.

            - O que foi, Lea? Qual o motivo de estar assim? – Perguntou Lucca, tentando entender o motivo por trás de tal ato.

            - Não sei, estou me sentindo sozinha, mais que o comum. Não consigo decidir o que sentir a respeito do meu pai, enfim, tem coisa demais na minha cabeça pra eu desvendar por que eu estou assim.

            A menina atirou-se na sua cama, fitando o teto. Ela então viu que o rapaz fez o mesmo, permanecendo deitado ao seu lado. Ficaram sem falar nada por um tempo, o rapaz sabia que precisava dar a garota um pouco de tempo. Ele a conhecia muito bem e sabia por tudo o que ela passara.

            Ele, então, sentiu a mão dela procurando pela sua, e segurou-a. Ela precisava de companhia, não queria passar por tudo aquilo sozinha, não aguentava mais aquilo. Ela tinha a certeza que o garoto ao seu lado era, provavelmente, a única pessoa que poderia chamar de amigo.

            Lea, no entanto, surpreendeu-se com o que o rapaz fizera pouco tempo depois. Ele se virou e ficou apoiado em seus cotovelos encima da garota, beijando-lhe os lábios em seguida. A garota ficou alguns segundos sem reação e, quando voltou a si, empurrou-o e levantou-se depressa.

            - Não, Lucca, você sabe como eu me sinto, você sabe como ainda estou confusa.

            O garoto sentiu-se ofendido com aquelas palavras, já não mais entendia o que a garota pensava. Ela havia mudado demais após tudo o que aconteceu.

            - É o Dante, certo? Ainda é o Dante, porra. Quando é que você vai aceitar que ele está morto, Lea. Quando? – Disse o rapaz enraivecido.

            Ela não teve nenhuma reação além de fitar o rapaz surpresa e levemente desapontada com o que tinha ouvido. Infelizmente, para ela, o garoto não parou.

            - É difícil assim aceitar que as coisas passam? Caramba, Lea, o Dante também era meu amigo, eu também sofri a sua morte, mas já passou o tempo necessário para sofrer. Quando é que você vai voltar a viver o presente? Quando vai se livrar do passado?

            - Eu não sei, Lucca, caramba. Você sabe muito bem como o Dante era especial para mim, você sabe melhor que todos. Fui eu quem te rejeitei por ele, fui eu. Eu sei muito bem isso. Por mais que eu possa sentir ou que já senti alguma coisa por você, eu ainda não consigo entender meus sentimentos. Se ainda se sente insatisfeito, por favor, saia agora.

            O rapaz, após ouvir tudo o que a garota tinha a dizer, saiu sem se despedir.

            Lea começou a chorar. Deitou-se novamente em sua cama e lá permaneceu por horas e horas. Quando finalmente se acalmou, voltou a pensar no que o garoto tinha dito e percebeu que ele de fato tinha razão. Pegou seu celular e enviou uma mensagem para ele dizendo que sentia muito pelo que dissera, que tinha muito em sua cabeça e que esperava que ele a entendesse e pudesse perdoa-la. Poucos minutos depois caiu no sono por pura exaustão.

            Acordou lembrando-se do garoto que tinha abandonado em pleno treinamento. Desejou saber como ele estava, mas imaginava que ele deveria estar bem, com um pouco de raiva dela, talvez, mas sem duvidas estava bem.

            Levantou-se e se arrumou, pegou o seu celular e viu que o rapaz que estivera com ela na noite anterior havia a respondido. Ele disse que a perdoava e que ele exagerou um pouco. Pediu também para que ela ligasse para ele quando tivesse tempo, para conversarem. Ficou aliviada ao ler essas mensagens.

            Saiu do quarto e foi falar com Peter. Reportou o básico e ainda manteve para si a maior parte das informações. Passou pela recepção e viu que Lucca não estava lá. Falou com o recepcionista que abriu uma passagem de volta ao armazém em que se encontrara. Cruzou-a desejando não ter que voltar àquele lugar, mesmo sabendo que iria, definitivamente, ter que retornar.


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Notas finais do capítulo

A partir de agora eu reduzirei a velocidade em que posto os capítulos =(...
O motivo disso é que tenho poucos capítulos além desse que já estão terminados, e meus estudos recomeçam em algumas semanas.
Espero que entendam meus motivos.
Obrigado pela atenção e espero que tenha se divertido.



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