Contos De Uma Página escrita por Skakim
Notas iniciais do capítulo
Esse conto foi betado por Andreina Silva. Tenham uma boa leitura ^^
A van andava pela estrada, levando consigo uma nostálgica música dos anos 70. Flores de diversas cores decoravam a também multicolor lataria do automóvel e, entre as flores, os clássicos símbolos hippies.
No interior do Kansas, naquele dia, estava muito quente, beirando os quarenta graus celsius mas, mesmo com o Sol escaldante transformando aquela estrada de terra em algo capaz de fritar ovos, a felicidade reinava sobre aquelas quatro rodas, revivendo o que há muito tempo podia se chamar de comum naquele lugar.
A música alta cobria as vozes dos hippies no interior da van, que cantavam a plenos pulmões ou conversavam entre si. Eram seis, sendo dois homens e quatro mulheres, trajados como em quatro décadas atrás. A mulher que dirigia cantava, mal prestando atenção na estrada, que era uma linha reta que perdia-se no horizonte. Há muito tempo conviviam daquela forma, tornando-se amigos íntimos uns dos outros.
Então a situação mudou. O calor do solo, de tão intenso, fez com que os quatro pneus estourassem em uníssono, a van parando pouco tempo depois. Mesmo com a alta música, conseguiram ouvir o estouro. Saíram todos do veículo e viram a situação. Para todos os lados, um deserto infinito. Tinham apenas um estepe, o que obviamente não era suficiente.
Adentraram novamente na van, agora sentido o calor, não estando mais imersos na antiga música que fora desligada. Reviraram o que tinham. Havia água para dois dias se ficassem parados. Comida para sete dias.
O calor era escaldante. Começou a sudorese, ou seja, suaram em demasia. Talvez a água, com isso, desse apenas para um dia, afinal. Estavam nervosos, podiam ouvir as serpentes do deserto na região impedindo-os de sair de dentro do veículo. O que restava era esperar que alguém aparecesse.
Como há muito se conheciam, ficaram apenas de roupa íntima e depois nus, tentando diminuir a transpiração. A van era abafada, mas lá fora era perigoso de se ficar.
Passaram-se apenas algumas horas e a noite caiu. Foram obrigados a vestir suas roupas e a abraçarem-se. O frio do deserto á noite é tão intenso quanto o calor do dia. Acabaram adormecendo naquela posição.
Quando acordaram estava anoitecendo de novo. Não sabiam quanto tempo havia passado, mas com certeza não era o mesmo dia. Pegaram o que tinham de comida e, quando foram comer, notaram que estava tudo estragado, graças ao calor. Tiveram que jogar tudo fora. A fome agiu, aumentando ao longo da noite, na qual ninguém conseguiu dormir. Olharam-se e então, o primeiro grito varou a noite, seguido de urros bárbaros, desumanos.
Minutos após estavam improvisando objetos cortantes para tirar a carne, vísceras, tudo o que pudesse ser comido do cadáver da motorista. Comiam sem parar, ficando sujos de sangue, começando depois, mesmo estando satisfeitos, a lutar entre si, com os objetos improvisados, transformando a van em uma banheira de sangue.
Por fim, uma mulher acabou sendo a última sobrevivente, mas estava muito ferida. Tentava estancar, desesperadamente, o sangue com trapos de roupa, mas antes que conseguisse de fato, desmaiou e sangrou até morrer. Todos mortos no meio do deserto.
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Espero que tenham gostado. Já tenho outras duas prontas, só falta passar para o computador e enviar para a beta! Obrigado por acompanharem os Contos!