Entrei no meu chalé e vi todo mundo num grande alvoroço. Olhei em volta tentando descobrir o porque, em vão. Caminhei até a minha cama e encontrei com Mariah. Ela estava vestida pra guerra e treinava uma cara malvada no espelho.

— O que está acontecendo?- perguntei pra ela, que continuava fazendo a carranca.

— Caça a bandeira, é quando nós mostramos quem manda nesse acampamento!- Um sorriso de vitória tomou conta do seu rosto, assenti.

— Está certo... Onde encontro minha armadura?

— Já vamos resolver isso.

***

Passei pelos outros campistas que reclamavam do peso da armadura, para mim estava normal. Conseguia carrega-la normalmente. Minha lança estava em minhas mãos e eu tentava não encostar em ninguém, mostraria o poder da arma quando fosse necessário. Não vou ficar perdendo tempo com babacas.

— Heróis!- Quíron chamou e todos o olharam- Vocês tem cinco minutos para se organizar.

Aproximamos-nos do conselheiro do nosso chalé, Marcos, ele tinha o porte físico de um homem de 30 anos... Mas seu rosto deixava claro que ainda era um adolescente, era até engraçado.

— O plano de sempre- ele disse como se já tivesse falado aquilo milhões de vezes- Clarisse, você vem comigo, vai ajudar muito no meu posto.

— O.K. – fui para o seu lado e esperei a concha soar, assim que tocou, Marcos saiu correndo e eu o segui. Ele conhecia bem a floresta, sempre sabia de que desviar. Eu imitava seus movimentos e tentava não ser atingida por um galho.

Corremos por um quilometro, eu acho, quando fomos barrados por uma garota e dois garotos. Ela era loira e tinha olhos cinzentos, seus companheiros também.

— Annabeth... – Marcos falou com divertimento- não vai tentar lutar conosco vai?

— Ah, mas é claro que sim.

Marcos partiu pra cima dos dois garotos e trocaram golpes, Annabeth preparou sua faca contra a minha lança. Ataquei-a de imediato lhe dando um choque no braço, ela gemeu e me encarou incrédula...

— Mas...

Não lhe dei tempo de continuar, desferi um golpe em seu braço a fazendo tremer e a derrubando no chão. Sua queda fez um baque e seu elmo saiu de sua cabeça.

— Opa...

Ironizei e continuei a correr, Marcos me seguiu logo depois, chegamos a uma clareira, um monte de pedras estava lá, parecia mais que algum grande pombo havia defecado ali e aquilo se transformou em pedras.

— Esse é o punho de Zeus- Marcos explicou. Ele caminhou pelo lugar, comecei a caminhar também olhando em volta. Andei em meio às árvores, elas parecia vivas, eu sei que arvores são seres vivos, mas mesmo assim. Aquelas dali pareciam que poderiam abrir a boca e começar a tagarelar.

Olhei em volta e percebi uma bandeira vermelha logo a frente. Não podia ser tão fácil. Estava na cara que mais garotos com olhos cinzentos apareceriam. Mesmo assim caminhei até a bandeira, nem chamando Marcos, adorava desafios. Assim que toquei em seu pano, quatro garotos pularam do meio das arvores e moitas, me rodeando.

— Ora, ora, olha quem está aqui- um deles falou- A novata do acampamento.

Todos eles riram e eu senti vontade de arrancar seus miolos com as minhas próprias mãos. Continuei em silencio.

— O que nós podemos fazer com ela?- outro cara, que devia chegar ao céu de tão alto.

— Podemos bater... Ou simplesmente deixar um pouco assustada- eles começaram a zombar entre si. Cansei-me de esperar. Peguei minha lança num movimento rápido e dei um choque no gigante.

— Aaaah!- ele gritou e eu soltei a lança, ele caiu no chão.

Os outros caras recuaram.

— Olha só, eles estão com medinho da novata... – zombei.

Minha lança bateu na espada de outro, lhe cortei o braço, causando um pequeno choque. Bobeei por um momento e ele me cortou no rosto, o corte não foi profundo, mas começou a arder. Dei-lhe outro golpe o derrubando no chão.

Virei-me para os outros dois caras, os dois me atacaram ao mesmo tempo, eu desviei os fazendo colidir neles mesmo, um caiu no chão com um machucado profundo na perna. Peguei minha lança e cortei profundamente a barriga do outro.

Olhei o chão, quatro caras caídos, sorri vitoriosa e peguei a bandeira. Fui até Marcos que lutava contra outros campistas, ele viu a bandeira em minha mão e começou a comemorar. Mais campistas chegaram e começaram a gritar vitória.

Caminhamos até o pavilhão com a bandeira erguida, os campistas do outro time nos olhavam e reviravam os olhos, era ótimo rir da cara deles.

— Parabéns ao time azul- Quíron disse, alguns nos vaiaram. Marcos se aproximou de mim e me deu tapinhas nas costas.

— Parabéns Clarisse, você foi uma digna filha de Ares.