Acordei ás cinco da manhã, antes de todo mundo e fui tomar um banho, assim que sai ouvi algumas pessoas já acordando, me troquei apressada e sai do banheiro. Sentei-me na cama e duas garotas me rodilharam, junto com Mariah.

— Você é a Clarisse né?- uma loira perguntou e eu assenti- sou Vanessa. Estou aqui a cinco anos, e acredite, é cheio de idiotas. Você já deve ter conhecido alguns...

— Conheci uns gêmeos do chalé de Hermes... – comecei, mas fui interrompida pela garota morena.

— São os Stoll, eles são chatos assim mesmo, fique sossegada, àqueles ali você da um soco, já ficam quietos. Sou Liz.

— Depois conversamos mais, eu estou com fome- Mariah levantou e a seguimos, as garotas do chalé de Ares eram as melhores que eu já tinha conhecido, ao contrário das outras, elas não se preocupavam com coisas idiotas como roupas, unhas e garotos. Eram iguais a mim.

Tomamos o café. Conversamos até que bastante, era bom que algumas garotas não me excluíssem por conta do meu temperamento.

— Está na hora do treino, vamos- Vanessa se levantou e me puxou. Caminhamos até a arena, assim que chegamos, eu parei. Não tinha mais a minha lança.

— O que aconteceu?- Liz perguntou.

— Eu não tenho mais a minha lança, é uma longa história...

Ela pegou sua lança.

— Pode ficar com a minha enquanto luta, mas só por esse tempo, eu amo a minha lança.

— Ahn, obrigada.

Caminhei até o centro da arena, Luke me viu e sorriu de lado.

— Olá Clarisse, hoje não vai lutar comigo- ele se virou e chamou um garoto- luta com ela?

— Claro- o garoto respondeu.

Ele pegou sua lança e sorriu para mim.

— Sou Chris Rodriguez, filho de Hermes.

Assenti.

— Clarisse La Rue, filha de Ares.

Preparei minha lança, as duas bateram na outra, puxei a minha e ataquei Chris, ele cambaleou para trás, apontou sua lança na minha direção, me acertou por pouco, mas desviei dela com a minha. Trocamos golpes, ninguém acertava ninguém.

Chris era um bom lutador, melhor que Luke, tinha ótimos reflexos e isso me chamou a atenção. Ele era um garoto bonito, não pude deixar de perceber, na verdade, ele foi o único garoto que eu percebi isso. Ei, o que está pensando Clarisse? Ah, me poupe, está virando uma Emily?

— Mas é claro que não- falei pra mim mesma.

— Não o que?- Chris perguntou, ele parou, eu desferi um golpe em seu braço- ai.

— Nada da sua conta.

O ataquei, e o derrubei no chão batendo minha lança em suas pernas, quando ele caiu me deu um ultimo golpe, me derrubando em cima dele, nossos rostos ficaram próximos e eu conseguia ouvir sua respiração ofegante. Fiquei um tanto assustada com aquilo e queria sair dali rápido, mas minhas pernas não se moviam.

— Você tem belos olhos... – ele falou e sorriu.

Levantei-me rápida, ele levantou em seguida e me entregou minha lança.

— Você foi... Bom- elogiei, ele sorriu.

— Você também, é muito boa para uma recém-chegada.

Revirei os olhos e me virei, entregando a lança para Liz.

— Valeu pela lança.

Sai, caminhando sem destino, ouvi um barulho de moto e me virei olhando a colina, Ares estava lá encostado em sua moto, ele acenou para mim me chamando. Subi hesitante, quando cheguei pude ver sua foto melhor.

— Bela moto.

— Ainda bem que gostou- ele sorriu- eai, vai me aceitar como pai ou não?

— Talvez, mas, porque deveria?

— Tenho um presente pra você.

— Vai me comprar com presentes?- perguntei soando sarcástica, e ele riu.

— Não era a minha intenção, mas já que você recusou a antiga lança, eu trouxe outra, que muitas pessoas gostariam de ter.

— Por quê?

— Ela é uma lança elétrica- ele parecia animado, a lança apareceu em sua mão- quer testar?

— Em você?- Ares assentiu- vou adorar.

Peguei a lança de sua mão e a segurei, parecia mesmo elétrica, encostei nele, ele tremeu num choque, retirei rápido.

— Você está bem?- perguntei preocupada.

— Ah, te peguei- Ares começou a rir- Você se preocupa comigo!

— Nada disso- resmunguei.

— Sim, eu pude sentir quando perguntou como eu estava. Vamos lá Clarisse, eu sou seu pai...

— Está bem Ares, você ganhou, mas só porque a sua lança é muito legal e eu pretendo usa-la em certas pessoas...

Ares sorriu e abriu os braços para um abraço.

— Me poupe- resmunguei e me virei, caminhando de volta ao meu chalé.