Eu encarava o centauro um tanto perplexa, bem, não é todo dia que se encontra um homem metade cavalo. Ele tinha cabelos castanhos e uma barba rala. Suas expressões se limitavam a aborrecimento, não pareia muito triste com a morte de Stan.

— Quem é você?- perguntei quebrando o silencio.

— Sou Quíron.

Eu assenti.

Alguns garotos se aproximaram e pegaram Stan. Eu fiquei ali, sentada no chão, quando Quíron estendeu a mão para que eu me levantasse. A ignorei e me levantei sozinha.

— Que lugar é esse?

— É um acampamento par semideuses.

— Como é que é?

— Vamos até a casa grande, lá te explico as coisas- ele disse abrindo caminho.

***

Assim que entrei na casa azul, me deparei com um homem meio barrigudo, com camisa havaiana e uma de expressão de tédio. Ele bebia diet coke e suspirava a cada gole. O homem ergueu seu olhar pra mim.

— Ah campistas novos- ele falou com desdém.

— Clarisse, esse é o Sr. D. – Quíron o apresentou.

— Prazer Sr. D. – estiquei a mão e ele a ignorou- er... O que significa o "D"?

— Dionísio- ele falou com orgulho, mas logo voltou a sua expressão de tédio.

— Igual ao deus grego- pensei comigo.

— Exatamente- Quíron afirmou e pareceu se divertir com aquilo. – Clarisse, ele é o deus grego.

— Espere ai, você está falando que eu estou frente a frente com um olimpiano?- recapitulei e Quíron assentiu- ah, faça-me o favor.

— Quíron, leve ela para ver o "filminho"- Dionísio fez aspas- não quero ouvir a parte da negação.

Ele fez sinal para que saíssemos.

***

Eles me obrigaram a assistir um vídeo que dizia que eu era filha de um deus. Eu já conhecia aquela história de meio-sangues. Assim que o vídeo acabou, eu continuei ali pensando. Podia ser verdade. Mamãe sempre me obrigou a estudar a mitologia grega. Eu reconhecia palavras em grego e latim. O sumiço não explicado do meu pai. Mas quem era ele?

— Agora você acredita? - Fui tirada dos meus pensamentos por Quíron, eu o encarei decidida.

— Só vou acreditar quando meu pai vier falar comigo pessoalmente. - respondi fria.

Ele assentiu e olhou em volta.

— Bom, vou te apresentar o acampamento, venha Clarisse.

Nós andamos por todo o lugar, pela quadra de vôlei, os chalés que pareciam construções gregas, até chegar à arena. Era ali que eram realizados os treinamentos, e eu fiquei animada com a ideia.

— Você já tem sua arma?- ele perguntou e eu assenti, acionei minha lança e Quíron sorriu- você é a próxima.

Aproximei-me do centro da arena, um garoto loiro estava com sua espada lá, ele tinha uma cicatriz próxima à boca.

— Olá, sou Luke Castellan, filho de Hermes- ele esticou sua mão e a ignorei.

— Clarisse La Rue, filha de algum idiota por ai- falei e ele riu.

— Boa luta- Luke ergueu sua espada e eu minha lança, as duas roçaram, trocamos ataques, eu até que era boa com lança, apesar de sempre ter feito aula de esgrima. Luke também era bom, tinha bom jeito com a espada. Algo na minha cabeça dizia que eu tinha que ganhar aquele duelo.

A espada de Luke cortou meu braço, me senti mais fraca, respirei fundo e tomei impulso novamente, cortando sua barriga. Ele me olhou meio surpreso, e se recompôs, nossas armas se chocaram novamente, ninguém cedia. Decidi fazer algo arriscado, soltei minha lança, ele me atacou, mas consegui desviar, lhe dei uma rasteira, e coloquei a lança em sua garganta.

— Parece que ganhei- falei pra ele e sorri vitoriosa. Alguns garotos bateram palmas, estiquei a mão para Luke, ele a agarrou e se levantou.

— Uau, você é boa.

Virei às costas e sai, tombando com um homem na porta, ele era um motoqueiro nato, jaqueta de couro, óculos escuro, calça camuflada e coturnos, era extremamente musculoso. Ele sorriu pra mim e eu reconheci o sorriso, minha vida inteira passou pela minha mente, parando numa lembrança minha da quanto eu era um pequeno bebe, aquele mesmo homem sorrindo pra mim.

— Olá Clarisse- o homem me disse.

— Ares... – Quíron falou incrédulo ao meu lado. – é uma honra tê-lo aqui no acampamento.

Vasculhei minha mente, tentando lembrar quem era Ares, claro, o deus da guerra!

— Olá- eu respondi e forcei um sorrisinho, não sabia o que devia fazer, ia me curvar, mas não, aquilo era uma baboseira inventada pra me enganar.

Ares colocou um fio de cabelo atrás da minha orelha e sorriu.

— Estou orgulhoso de você- ele disse, seu tom parecia mesmo de orgulho- filha.