A diretora fechou a porta, deixando uma senhora brava me encarado, pensei numa desculpa qualquer, mas não conseguia pensar em nada.

— Vai lá, pode gritar- resmunguei.

— Não gostei nada da sua atitude, se seu pai... – ela disse calma.

— Ah, qual é mãe? Você fala, fala do meu pai, mas nunca me conta quem ele é!- gritei.

— Não grite comigo Clarisse!- mamãe gritou de volta.

— Quer saber? Cansei! Cansei de tudo, estou de saco cheio de você mãe, disso tudo!

— Eu só quero te proteger, não entende?

— Não, eu não entendo... Não entendo porque me esconde tantas coisas, porque você me coloca em internatos, me obriga a fazer aulas de artes maciais...

— Filha, um dia eu vou te explicar.

— Quando? Hoje? Amanhã? Quando? Você me diz isso sempre, mas nunca fala nada, estou cansada desse seu silencio, não da pra jogar aberto?- falei e me virei saindo andando, ela segurou meu braço e limpou a lágrima que teimava em cair.

— Me desculpe filha- ela me abraçou, eu deitei minha cabeça em seu peito.

— Não, me desculpe você, não deveria ter gritado, mas ás vezes... Todo esse mistério me cansa,

— Me desculpe, eu te contarei a verdade.

***

Era sábado, eu estava no meu treino de boxe, assim que a aula acabou, fui para o meu canto pegar minhas coisas.

— Soube que foi expulsa- ouvi a vozinha de Troian e levantei o olhar.

— Sim, qual o problema?- ela riu.

— Isso te pode Clarisse, ah se pode- ela saiu como eu odiava aquela garota, deveria fazer com ela coisas piores do que as que fiz com Emily. Sempre se achando porque era sobrinha do treinador, mas quanto chutava o saco, quem se machucava era ela. Balancei a cabeça, não vou encher minha cabeça com besteiras iguais a Troian.

Levantei-me, deparando com o treinador Sullivan na minha frente.

— La Rue- ele disse com seu tom másculo.

— Sim.

— Seu desempenho foi péssimo hoje. - ele falou com desdém.

— Como é que é?- eu era a única garota dali que compete com meninos, pra manter o nível.

— Você foi péssima hoje- ele repetiu e se virou, meu sangue ferveu, queria socar ele pra mostrar o quanto era boa.

Mas antes que pudesse fazer isso ele se transformou, não era mais o meu treinador, mas um leão com asas de morcego, como era o nome daquilo? Tenho certeza que tinha visto isso em história no ano passado. Mantícora!

Fui me afastando dele, aquilo não podia ser real, era impossível! O treinador rugiu, talvez fosse real.

Ele tentou me atacar, em vão, chutei seu rosto, fazendo-o se afastar. "Quem tem um péssimo desempenho agora?" pensei e soltei uma risadinha. Continuava recuando, quando bati na parede e ouvi um tilintar, olhei pra cima e vi o símbolo da academia, duas espadas traçadas.

"Pegue!"

Ouvi em minha mente, não hesitei e peguei, me virei pro treinador, que pulou em cima de mim, desferi um golpe nesse o fazendo se transformar em pó em cima de mim.

— Ah meu Deus, o que foi isso?- perguntei pra mim mesma, antes que alguém chegasse ali, peguei minhas coisas e corri pra casa, entrei no nosso apartamento batendo a porta, encontrei com mamãe e o seu namorando imbecil, Landon, na cozinha.

— Clarisse!- ela pareceu assustada.

— Mãe, você vai me chamar de louca, mas o que eu vi foi real!

— O que você viu?- eles me perguntaram em uníssono.

— Vamos supor que o meu treinador de boxe tenha se transformado em um leão com asas de morcego.