O ar ficou mais gelado e eu senti um arrepio na nuca, o que quer que estava na floresta estava se aproximando. Olhei para Chris, naquela situação, com a barriga machucada e um pouco em desordem por causa do choque que dei nele com a minha lança. O que eu devia fazer? Ficar ali e encarar a coisa ou fugir por causa de Chris?

Não tive mais tempo para decidir, quando aquele coisa apareceu, era horrível.

— Telquine — Chris disse, ele tentou se levantar, mas foi incapaz por causa do corte.

Peguei a minha lança e a levantei a minha frente, o telquine riu, eles podiam rir?

— Boa sorte pequena semideusa — Ele me atacou com suas mãos, mas consegui desviar do ataque correndo para o lado, estava por trás dele, e aquilo parecia ficar ainda maior de costas, devia ter quantos metros?

Afastei os pensamentos da minha mente e me concentrei em lutar, avancei para ele, que como se tivesse olhos nas costas, desviou na hora exata. A fúria começou a circular pelo meu corpo e eu bufei. O telquine começou a se afastar, rindo com o meu péssimo desenvolvimento.

— Vai se afastar seu covarde? — o intimidei, o que o deixou nervoso, pude ver as veias em sua testa por causa de sua expressão de raiva — Vem pra cima.

Eu não sei bem o que estou fazendo, mas espero que de certo. Esse era um bom momento para Ares me ajudar. Peguei-me implorando pra que ele me mandasse algum tipo de benção e eu conseguisse matar aquilo.

Avancei para o telquine, que já estava próximo e ainda mais bravo, corri mirando a lança em sua perna, minha fúria ainda circulando sobre mim, quando estava próxima o suficiente, desviei de um dos seus golpes e cravei a lança em sua perna. Ele gritou de dor e se desfez em pó na minha frente.

Respirei fundo, cansada, a última coisa que ouvi foi Chris dizendo alguma coisa como "Uau, parabéns" e desmaiei.

***

Não tive nenhum sono muito interessante, o único foi bem imbecil: eu perdida no deserto, andando sem rumo e morrendo de sede. Acordei um pouco desnorteada e vi Chris a minha frente, ele despejava néctar sobre sua ferida.

— Você quer morrer? — perguntei pegando o recipiente — Néctar demais pode matar.

— Mas estava ardendo... — ele tentou se explicar.

— Arderá mais se continuar despejando néctar na ferida. Tente descansar, isso pode ajudar.

— Nessa clareira? — ele me encarou e então eu percebi que ainda estávamos na mesma clareira, minha lança estava caída no chão. Era até bom que Chris não tivesse se levantado pra ir pega-la, com a barriga ferida, só ia piorar o machucado.

Levantei-me e fui busca-la, juntei nossas coisas perto de Chris.

— Vou pegar o resto no carro, você tem que descansar e eu não vou conseguir te levar pro carro, então vamos acampar aqui.

— Ah, isso é até bom, porque minhas costas estão doendo de dormir naquele carro, preciso de uma cama ortopédica — ele brincou, soltei uma risada involuntária, o que o assustou um pouco. — Você... riu?

— Algum problema com isso?

— Não... Só que você não é muito de rir — ele diz deitando-se, revirei os olhos.

Caminhei até o carro e peguei o que seria necessário, nossos sacos de dormir, as ultimas maças que tínhamos e um recipiente de água. Voltei para o nosso acampamento e vi que Chris acendeu uma fogueira.

— Eu falei pra você descansar!

— Não vou conseguir descansar morrendo de frio — ele se explicou e pegou seu saco de dormir.

— Está bem — lhe entreguei uma maçã, ficamos em silencio até pegar no sono. Dessa vez, eu sonhei, mas um sonho diferente do primeiro, não era minha mãe que estava comigo, era...