A viagem se seguiu em silencio, desde o acontecimento das fúrias Chris pareceu meio envergonhado e culpado, bem, eu não gostaria de admitir, mas talvez tenha pegado pesado com ele. Mas eu não vou falar isso para ele, ter admitido pra mim mesma já era demais.

Eu estava começando a ficar com fome quando ele pareceu ler meus pensamentos e disse:

— Acho melhor pararmos pra fazer uma boquinha.

O olhei e disse com certo desdém:

— É, seria uma boa ideia.

Nada mais. Não queria ficar falando muito com ele pra ser sincera, algo nele me incomodava, não! Essa não era a palavra. Como a minha mãe dizia...? Ah, dane-se, estou com fome e não consigo pensar muito bem assim.

Chris parou o carro em frente a uma daquelas lanchonetes de estrada. Desci do carro e o segui até o balcão.

— O que o casalzinho vai querer?- uma mulher velha e gorda perguntou.

— Não somos um casal!- gritamos em uníssono.

— Bem, é que os dois combinam...

— Essa história de nós sermos namorados de novo não - reclamei comigo mesma.

— Queremos um X burguer, já que é a única coisa comestível aqui- Chris diz, acho que ele não percebeu que falou a última parte em voz alta porque a mulher ficou brava.

Ela saiu brava e eu o encarei.

— Pense mais antes de falar.

— Como se você fizesse isso- ele retrucou, meu sangue começou a ferver.

— Como é que é?

— Esqueça... – murmurou e se sentou num banco, bufei.

— Esqueça- imitei sua voz e revirei os olhos. Idiota!

A garçonete nos entregou o lanche, ainda olhando de cara feia para Chris, ele tentou um sorriso de desculpa, mas não deu muito certo.

— Eu estive pensando sobre a profecia... – ele tentou iniciar o assunto, o olhei, um pouco mais calma.

— E?

— O segundo verso "Da espada o sangue jorrar/E lágrimas cairão". Estou meio nervoso com essa parte, quem você acha que vai morrer?- ele diz meio assustado, não estive pensando muito naquilo, olhando agora, esse verso me assustava um pouco, essa parte de lagrimas e sangue...

— Espero que não seja nenhum de nós- sussurrei.

— Você... está se importando comigo?

— O que? Não... Quer dizer... Sim, mas você é meu colega de missão e... Ah! Você entendeu- resmunguei e tentei mudar de assunto- O outro verso "Perdidos no deserto/Uma chama se ascenderá". Que chama será essa?

— Não faço ideia, espero que não signifique vamos morrer queimados, e... se estaremos perdidos no deserto, não é uma boa ideia.

— Em qualquer lugar não é uma boa ideia.

O assunto se encerrou ali, e eu fiquei feliz por isso, sempre que falava com Chris meu estomago ficava estranho, e não é uma sensação boa. Era como se borboletas estivessem voando nele, e eu não gosto de borboletas, ainda mais quando estão no meu estomago.