Noah POV

Ela me encarava com aqueles olhinhos brilhantes e com aquele cabelo melecado, mas não deixava de ficar bonita, eu decidi que não iria ficar um segundo que fosse longe dessa garota, eu fui um idiota, mas não houve motivos para eu ser idiota, eu estive esse tempo todo fazendo drama. Ela pigarreou impaciente em minha frente e eu voltei a minha realidade, inspirei pesadamente, abaixei a cabeça e tomei coragem para falar. Olhei em seus olhinhos cinza que mantinham meu olhar preso ao seu e comecei a falar.

–Eu queria pedir desculpas, eu fui infantil, grosso estupido e arrogante e não deveria ter gritado com você, principalmente por um motivo mais do que idiota, eu vou entender se você ficar diferente comigo ou não quiser mais saber de mim ou quem sabe nem me desculpar mas, eu vim aqui para pedir que por favor pare de me ignorar, não tem nem um dia que nós paramos de nos falar e eu me sinto mal. -Botei tudo o que tinha que dizer para fora, e tudo era verdade, ela apenas me encarava sem dizer uma única palavra, o seu rosto estava inexpressivo.-E então? Você me desculpa?

–Escuta Noah, você tem razão quando disse que sua atitude havia sido imatura e infantil, eu entendo que todos temos segredos e que bom, eu e você não somos tão próximos afinal foi a mais ou menos uma semana que nos conhecemos, mas uma coisa que eu odeio é falta de confiança em relação a mim, eu entendo que fui um pouco enxerida, afinal de contas eu não tenho que saber tudo sobre você, somos apenas amigos. Bom sim eu te desculpo mas só se você me desculpar por me meter na sua vida.

–Não preciso desculpar, você estava no seu direito e eu estou pronto para contar isso para você, bom o fato de...-Fui interrompido.

–Noah, eu entendo que queira desabafar e tudo mas tanto eu quanto você estamos todos melecados de comida, eu preciso tomar um banho e o senhor McShall ordenou que eu, a May, o Kevin e o Thomas cuidássemos da cozinha durante duas semanas, na parte noturna e limpássemos a bagunça do refeitório então, se me dá licença eu preciso tomar um banho e me preparar para virar faxineira. -Ela falou fazendo careta e eu assenti dando espaço para que ela passasse, soltei o ar aliviado, consegui!

Charlie POV

Despois de um demorado e relaxante banho eu consegui tirar toda a meleca do meu cabelo, foi difícil, mas eu consegui, desembaracei meus cabelos ainda molhados, tirei o excesso da agua, passei um pouco de creme humidificador e fiz uma trança de lado prendendo a minha franja com um prendedor azul, amarrei a ponta da trança, suspirei e sai do quarto, a May já havia se arrumado, saí e fui em direção ao refeitório, cheguei lá e encontrei somente o Thomas varrendo a comida.

–Onde estão a May e o Kevin?-Perguntei ríspida, ainda não havia esquecido do ocorrido.

–Estão na cozinha lavando os pratos! -Thomas respondeu, assenti e peguei um pano para limpar as mesas, estávamos em silencio, já passava um pouco das sete da noite, decidi pegar meu Ipod e coloquei na minha Playlist do Avenged Sevenfold, deixei baixo para que somente eu pudesse escutar(estava sem fones ¬¬) , é difícil de acreditar mas algumas pessoas não curtem rock, cantarolei a letra de  Dear God e Thomas falou:

–Aumenta um pouco eu gosto dessa musica. - ele falou e eu o ignorei, não esqueci que foi ele que me meteu nessa furada, continuei limpando a mesa jogando toda a sujeira no chão que já estava limpo, senti Thomas me fuzilar com o olhar mas continuei indiferente em relação a ele. –Olha Charlie, me desculpe, eu não queria derrubar nada em você, mas um idiota esbarrou em mim e eu acabei me desequilibrando, na hora eu tentei me desculpar mas você não deixou, já foi tacando o seu macarrão...-O interrompi.

–Espaguete!-O corrigi, ele trincou os dentes e fechou os olhos como se estivesse se controlando, sorri internamente.

–O seu ESPAGUETE em mim e então começou toda a guerra e deu no que deu, se nós dois estamos fazendo isso saiba que eu sou tão vitima quanto você.

–Tanto faz. -Dei de ombros e voltei a limpar a mesa que estava engordurada, eca, meu reflexo capturou um vulto e senti um calor próximo a mim, era Thomas, ele estava a poucos centímetros de mim, me olhava com raiva, seus olhos negros penetravam em mim e por um breve minuto eu fiquei envergonhada, ele me olhava de um jeito estranho, suas orbes mais negras do que a mais escura jabuticaba me encaravam sem desviar o olhar um minuto sequer, meu olhar estava preso no dele, mesmo que eu quisesse desviar o olhar meus olhos não desgrudavam dos seus, meu corpo já não correspondia aos meus comandos, é como se meu cérebro houvesse congelado.

–Eu me desculpo e você simplesmente diz um tanto faz, quem você pensa que é?-Thomas falou com o rosto próximo ao meu, eu sentia seu hálito quente e ao mesmo tempo refrescante tocar na minha pele me causando leves e imperceptíveis arrepios, mas que diabos estava acontecendo comigo? É como se eu não raciocinasse, seu cheiro era inebriante, me deixava embriagada.

–Eu..eu acho que você...que você precisa se afastar de perto de mim.-Eu falei meio confusa, mas como eu poderia pedi-lo para se afastar se nem eu mesma queria que isso acontecesse?

–Tem certeza?-Ele perguntou e se aproximou mais, suas mãos tocaram a minha cintura de forma possessiva e bem firme, derreti.

–T-t-tenho. -Tentei falar com o pouco de raciocínio que ainda restava em mim. Ele aproximou seu rosto do meu, sua boca estava a poucos centímetros do meu ouvido, pude sentir seu hálito em contato com a minha pele me causando arrepios, ó lordValdemorto que estava acontecendo comigo?Por que eu não o repelia, por que eu não o afastava?

– Mas temos um grande problema Charlie.- ele se afastou um pouco para que eu pudesse ver o seu rosto que tinha um leve biquinho, segurou minha cintura mais firmemente (não preciso nem dizer que a pegada dele era demais) e juntou seu corpo no meu.

–Q-que problema?-Perguntei.

–Eu não quero me afastar. -Ele falou simplesmente, segurou a minha nuca por baixo da trança, seu rosto estava a milímetros do meu, eu pus uma mão no seu ombro e a outra em seus cabelos negros dando uma leve bagunçada, eu precisava sentir seus lábios nos meus, agora era oficial, eu estava completamente atraída por Thomas Henderson, o garoto que eu odeio. Ele aproximou meu rosto do seu ainda mais e eu quebrei o singelo espaço que ainda existia entre nós colando os meus lábios nos dele, esse simples toque me fez sentir algo completamente novo, uma espécie de corrente elétrica passou pelo meu corpo, ela veio do lugar mais fundo do meu corpo, do meu amago. Então Thomas decidiu aprofundar mais aquele beijo, ele entreabriu seus lábios pedindo passagem para a sua língua, eu concedi sem mesmo pensar, logo nossas línguas travavam uma briga por espaço, o beijo se tornou mais voraz, mais urgente e o ar?Bom ele ainda não havia faltado, nos beijamos com vontade, a boca dele tinha um gosto bom, era como se esperássemos por aquilo a muito tempo. Thomas colava ainda mais seu corpo no meu, se isso era possível, eu adentrei minhas mãos por seu abdômen por baixo da camisa e sentir ele estremecer, meus dedos estavam gelados e sue abdômen (definido) estava quente. Aos poucos o ar se fez presente para nós e diminuímos a intensidade do beijo, até encerramos ele por completo e então a ultima nota de Dear God foi tocada, eu não havia acreditado no que tinha feito, beijei o garoto que eu mais odeio ao som da minha musica preferida.