Eu já havia ensaiado com Matt(ele pediu que eu o chamasse assim, sentiu a intimidade?#parei).As audições só seriam á tarde e então eu decidi passar as falas sozinha. Eu estava na minha glória interpretando a doce e gentil Julieta quando um ser loiro aparece na minha frente sem camisa me tirando totalmente a concentração. Noah. Mas acho que vocês suspeitaram.

-Oi Charlie!-ele falou sorrindo.

-Oi Noah!-Falei educada, olhando discretamente seus músculos nada discretos.

-E então já ensaiou para o papel?- ele perguntou.

-Já sim e você? Aliás, como foi que você entrou na aula de teatro se o senhor McShall deixou bem claro que não poderiam haver substituições?-questionei, eu estava curiosa, o Noah sempre tem privilégios, o quarto, não precisa de horários e agora pode trocar de atividades? Qual segredo ele esconde?

-Ah Charlie é um pouco complicado...

-Eu achava que amigos contavam segredos uns para os outros. -falei fazendo drama.

 -Caramba Charlie não é isso, é que, eu não posso te contar.- agora ele não confia em mim?

-Tudo bem.-falei

-Tudo bem mesmo?

-Claro, você não confia em mim então eu não vou te obrigar a nada, por favor da licença eu quero repassar minhas falas. - falei friamente, não me julguem, eu sou uma pessoa confiável e odeio quando duvidam ou não confiam em mim.

-Ah Charlie, então vai ser assim? Você vai ficar assim toda estranha comigo? Quer dizer, desde que você voltou daquela busca pela Bella que nem sequer me dirige a palavra.

-Ei! Isso não é verdade, eu sou eu mesma sempre, não finjo nem forço nada.

-Não? Tem certeza? Depois que você voltou de lá esta com essa pose de heroína e se esquece dos que estão a baixo de você, mas é melhor assim. - ele falou e foi virando as costas, espera o que isso quer dizer?

-O que você esta tentando dizer?

-Que você não é a mesma pessoa de três dias atrás, esta diferente principalmente comigo, que ajudei a salvar sua vida e você faz o qe em troca? Nada, absolutamente nada, quase não me dirige a palavra, quer saber, cansei, não vou me arrastar atrás de você. Vim aqui para te chamar para um mergulho, mas prefiro nadar sozinho. -ele falou e saiu, eu fiquei sem reação, como essa briga aconteceu? E qual o motivo disso tudo? Eu venho sendo a mesma desde sempre, claro que com esses acontecimentos eu tenho amadurecido , mas eu continua a mesma Charlott de sempre, ah quer saber? Dane-se Noah, esta querendo bancar e criança e ficar “de mal” comigo? Pois então fique! Droga, droga, droga !Esse garoto me tirou dos eixos, preciso me concentrar novamente. Vamos lá Charlie do inicio.

Noah POV

Imbecil, idiota, otário, débil, retardado, argh!

Eu sou muito idiota, pra que eu fui brigar com a Charlie por causa de um segredo bobo? Qual o problema em eu contar a ela que eu sou filho do dono do acampamento? Todo! Você vai ter que contar por que não falou antes e então eles vão ficar com pena e então “oh Noah, não fique assim, meus pais também não tem tempo pra mim”, eu odeio tudo, odeio minha vida, odeio meu pai, odeio esse acampamento, odeio o amor, odeio aquela ruiva e odeio principalmente eu ama-la tanto. Eu estava com tanta raiva que dei um murro na parede, resultado, distendi o pulso. Fui a enfermaria e lá eles colocaram uma atadura, não foi gesso pelo menos. Quando saí de lá já estava na hora das audições, eu vou ganhar o papel de Romeo custe o que custar.

Charlie POV

Eu estava nervosa, uma dupla já havia se apresentado e eles foram muito bem, a professora construiu um balcão improvisado para realizarmos as audições. Outra dupla se apresentou  eu ouvi meu nome sendo chamado junto ao de Matt, ele sorrio confiante para mim e nós seguimos. Eu me abaixei do balcão, para a hora da entrada, as falas narradas seriam da professora.

Peça mode on

Professora: Silêncio! Que luz é aquela na janela? É o sol nascente, é Julieta que surge! Desperte sol, e mate a lua ciumenta, que está pálida e doente de tristeza, pois vê que você é mais perfeita que ela! Deixe de servi-la, já que ela é tão invejosa! Seu manto é esverdeado e triste como a túnica dos dementes, jogue-o fora! É minha dama, é o meu amor. Se ela ao menos soubesse!... Está falando ou não? Seus olhos falam... Respondo ou não? Sou muito ousado... Não é a mim que ela fala. Duas estrelas devem ter emprestado o brilho a seu olhar. E se fosse o contrário? Seus olhos no céu, e os astros seriam apagados, como o dia faz com a luz das velas. E tanta claridade se espalharia no céu, que os pássaros cantariam, pensando que era dia com luar. Como ela apoia seu rosto na mão! Como eu queria ser uma luva em sua mão, para poder tocar aquela face!

Charlie:Ai de mim!

Matt: Ela está falando!... Fale de novo, anjo brilhante, anjo glorioso no alto desta noite, que faz os mortais arregalarem os olhos e torcerem o pescoço para vê-lo, quando cavalga as nuvens preguiçosas e veleja pelo ar sereno.

Charlie: Romeu! Romeu! Por que você é Romeu? Negue seu pai, renuncie a seu nome. Ou, se não quiser, basta me jurar amor, e deixarei de ser uma Capuleto.

Matt: (À parte) Devo ouvir mais ou devo responder?

Charlie: Não você, mas apenas seu nome é meu inimigo. Você continuaria sendo o que é, se acaso não fosse Montéquio. O que é um Montéquio? Não é mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma do corpo de um homem, seja outro nome! O que há num simples nome? O que chamamos rosa não cheiraria igualmente doce em outro nome? Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservaria a querida perfeição que é dele, sem o título. Romeu jogue fora o seu Montéquio, que não é parte de você mesmo, e fique comigo, inteira!

Matt: — Peguei você pela palavra! Dá-me o nome de Amor, que ficarei de novo batizado, e nunca mais serei Romeu.

Charlie: Quem é você que, escondido na noite, penetra assim em meu segredo?

Matt: Por um nome não sei como apresentar-me. Meu nome, minha cara santa, é odioso, por ser seu inimigo. Se o trouxesse escrito, eu rasgaria.

Charlie: — Ainda não ouvi sequer cem palavras de sua boca, mas estou reconhecendo o som de sua voz. Será você, Romeu? Você, Montéquio?

Matt: — Nem um nem outro, se lhe desagradam.

Charlie: Como chegou aqui, diga-me, por onde veio? Os muros não são fáceis de escalar, e o lugar é mortal para você, se algum de meus parentes o encontrarem.

Matt: Com as asas do amor, voei sobre eles; não há muros de pedra para o amor, nem seus parentes podem me deter.

Charlie: Eles matam você, se o virem.

Matt: Ai de mim! Há mais risco em seu olhar do que em vinte espadas de seus parentes. Sua doçura é a única barreira ao ódio deles.

Charlie: — Por nada deste mundo quero que o vejam.

Matt: Tenho o manto da noite para ocultar-me; e, se tiver o seu amor, não importa que me vejam. Prefiro a morte rápida pelo ódio deles do que a morte lenta, sem o seu amor.

Charlie: — Quem foi que lhe ensinou este caminho?

Matt: — Foi o amor quem me encorajou, deu-me conselhos, e eu lhe emprestei meus olhos. Mas eu a encontraria mesmo na mais longínqua praia de um oceano, arriscaria tudo por isso.

Charlie: Ainda bem que a máscara da noite cobre meu rosto, senão, eu estaria rubra agora. Seria em vão tentar manter as aparências, seria em vão desmentir, mas... Chega! Chega de cerimônia! Você me ama? Sei que vai dizer sim, e vou acreditar em sua palavra. Jurar seria falso, dizem que até Júpiter ri das juras de amor. Gentil Romeu, você me ama?Diga sinceramente!... Se fui fácil demais de conquistar, vou dizer não e franzir as sobrancelhas, para você correr atrás. Senão, por nada deste mundo. Na verdade, belo Montéquio, estou apaixonada. Talvez você me ache leviana, mas, pode acreditar cavalheiro, sou mais sincera do que aquelas que possuem astúcia bastante para serem “difíceis”. Eu poderia ser mais prudente, mas você roubou o meu segredo. Eu lhe peço perdão, não pense mal, julgando ser leviandade esse meu abandono, que a noite escura revelou.

Matt: — Senhora, eu juro pela lua que prateia o arvoredo...

Charlie: Não jure pela lua, que é inconstante e muda todo mês o seu percurso, para que seu amor não pareça, também, tão instável.

Matt: Por que, então, devo jurar?

Charlie: — Não jure por nada, ou jure simplesmente por você mesmo, que é o deus da minha devoção. Assim, eu creio.

Matt: — Se o meu amor sincero...

Charlie: Não, não jure! Embora eu esteja tão alegre, não me alegra um pacto assim, noturno, irrefletido, súbito, como um relâmpago que se apaga antes mesmo que possamos dizer: um raio! Boa noite, meu querido, que a brisa do verão amadureça este botão de amor, quando nos virmos outra vez, e faça dele uma flor. Repouse seu coração na doce calma, igual à que agora o amor me faz sentir.

Matt: Vai me deixar assim, insatisfeito?

Charlie: Que outra satisfação queria para esta noite?

Matt: — Trocar nossos votos de amor.

Charlie: Mas, antes que você pedisse, os meus já foram dados. Com muito gosto, eu os daria de novo.

Matt: — Mas você os retiraria, meu amor? Por quê?

Charlie: Ora, para dar de novo. Mas nada quero, além do que já tenho. Minha generosidade é grande como um mar, meu amor é sem fim; quanto mais eu der, mais me sobra, porque ambos são infinitos!

(A ama chama Julieta, de dentro)

Charlie:— Ouço barulho, alguém me chama! Adeus! Já vou, ama! Seja sincero, doce Montéquio... Espere um pouco,volto já.

(Sai)

Peça Mode off

Quando terminamos de nos apresentar, todos aplaudiram igual como fizeram nas outras apresentações.

-Esplendido, vocês tem uma sincronia muito boa, porém não vi aquele amor nos olhos de vocês!-a professora falou e nós assentimos, ela não tinha visto amor, por que não tinha amor, ora bolas, eu não amo o Matt, como eu poderia ter um brilho de amor se eu não amava ?Eu hein! Voltei para o meu lugar e via Noah a escorado na parede com a mão enfaixada e um olhar triste, eu queria ir lá falar com ele mas foi ele quem começou com essa infantilidade e eu não vou dar o braço a torcer, meus olhos vagaram por toda a sala e encontraram com os de Thomas, ele estava pronto para entrar em cena. E então a professora começou a narrar, ao que ela ia narrando ele e a garota, Melody, se movimentavam em cena, eles estavam indo muito bem, mas a garota tropeçou e caiu do balcão( que não era alto, um metro no máximo), ela tentou se levantar e choramingou de dor segurando o tornozelo, eu sei bem como é essa dor, um garoto a levou para a enfermaria juntamente com a professora que pediu que esperássemos ela.

Dez minutos depois ela volta com uma feição preocupada e o suor pingando na testa.

-Bom, já que a Julieta se feriu eu vou precisar de uma para esse Romeo, hum, você Charlie, vamos ver se eu vejo o amor agora.

E então eu tive que me apresentar novamente, pus todas as minhas habilidades alí, eu queria o papel de Julieta, pelo meu avô e pela minha carreira, quem sabe um olheiro estaria ali no dia da estreia?!

Minha boca já estava seca, aquela era uma cena terna e apaixonada, Thomas é um ótimo ator, eu me senti a própria Julieta, ele olhava para mim com aquelas orbes azuis que me prendiam em seu olhar, sua voz soava firme e verdadeira, mas ao mesmo tempo calma e apaixonada, ao terminarmos a cena, eu e Thomas olhamos para a professora que nos encarava de um jeito indecifrável.