-Não faças nada, se não morres, linda… Dá-me a mala.

Por um lado eu queria morrer, mas não assim, mas eu também não quero ficar sem as minhas coisas…

-Tira a mala e dá-ma. – a pessoa, que eu já tinha percebido que era um homem, começou a fazer um corte no meu pescoço e eu rapidamente decidi render-me.

Tirei a mala, hesitantemente, e entreguei-a ao homem que me estava a assaltar.

-Linda menina. - tirou as mãos de mim e foi-se embora, não consegui ver a sua cara…

Sentei-me e comecei a chorar.

Por que é que a minha vida tem de ser assim? Eu não mereço isto! Não quero viver assim! Quero ser uma adolescente normal, que vai a festas, tem amigas e amigos, talvez um namorado… Quero ter uma vida normal! Quero alguém para confiar! Já tentei escrever um diário, mas não consigo… Acabo sempre por abandoná-lo e deixar as minhas mágoas permanecerem em mim…

- Oh, estás tão xoxinha… O que se passa, amor?

Olhei para cima e vi 3 mulheres que vestiam umas saias curtíssimas que mal tapavam o rabo e uns tops que… nem vou comentar…

Putas.

Ignorei-as e voltei a olhar para baixo.

- Queres uma coisa para animar?

Ela tirou uma coisa da mala minúscula que estava a usar e deu-me, era droga.

- Aposto que fugiste de casa e agora estás com saudades dos papás. Já todas passámos por isso… Mas acredita, isto vai fazer-te sentir muito melhor mesmo. Queres que acenda?

Pensei durante um pouco… Eu não sei o que aquilo é, mas ela diz que me fará sentir melhor, então…

- Sim.

- Ok.

Ela acendeu e entregou-me.

- Diverte-te Chica!

Sorri um pouco.

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A droga já está a começar a fazer efeito. Sinto-me leve, como se estivesse a flutuar…

- Lilian!

Olhei à minha volta e não vi ninguém. Depois um flash passou na minha cabeça e vi a sombra de uma pessoa desconhecida.

- Tu és uma puta! – uma voz disse.

- Ninguém gosta de ti!

- Até a tua mãe te abandonou.

- AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA (…)

Eram várias vozes que estavam a falar ao mesmo tempo na minha cabeça e os risos eram intermináveis.

Comecei a gritar e a correr para tentar afastar aquelas vozes. Quem me visse naquele estado, diria que sou louca.

- Não vale a pena, Lilian… Não vais conseguir fugir, nós vamos perseguir-te até morreres…

- Toda a gente te odeia!

- Vais morrer sozinha!

Já tinha começado a chorar… O que se está a passar comigo? Por que é que estas vozes estão atrás de mim?

- Morre!

- Morre!

- Mata-te!

- MORRE!

- MORRE!

Todas as vozes estão a falar ao mesmo tempo e eu já não consigo pensar… Estou a caminho do que parece ser uma ponte, não sei porquê, continuei a correr e a gritar e empoleirei-me no corrimão da ponte…

- Salta!

- Ninguém te quer aqui!

- Ninguém vai sentir a tua falta!

- Ninguém precisa de ti!

- Morre.

“Não aguento mais…”

Saltei.

Um arrepio percorreu o meu corpo e as lágrimas continuaram a correr pelo meu rosto.

É agora. Finalmente, vou morrer.

Só espero ser feliz no sítio para onde for…

Bati com a cabeça e a seguir, tudo ficou preto.