Na manhã seguinte, quando Saya acordou, estava tudo coberto de branco. Durante a note nevara. Saya sorriu. Há muito tempo que não via neve. Agora até da neve se podia despedir. Depois de se arranjar, desceu rapidamente à cozinha para comer qualquer coisa.

Na cozinha, o fogão a lenha estava aceso e sentia-se no ar um confortável calorzinho acompanhado pelo cheiro de pão cozido. A menina Nana serviu-lhe uma grande caneca fumegante de chocolate quente acompanhada por um pão acabado de sair do forno, barrado com manteiga e, quando acabou, repetiu a dose.

- Sabe onde está a minha mãe? - perguntou assim que terminou.

- Está lá em cima no quarto dela à sua espera - respondeu a menina Nana.

- Arigatou - respondeu Saya e saiu da cozinha para ir ter com a mãe. Mas voltou para trás. Com um grande abraço, beijou a menina Nana na face - Sayonara. E mais uma vez arigatou por tudo - disse enquanto saía apressadamente para não chorar.

Voltou a subir a escadaria de madeira escura, entrou no quarto pela a última vez, agarrou a malinha onde iam as recordações e foi ter com a mãe. Rin estava sentada na cama a comtemplar o velho espelho. Quando a filha entrou, virou-se e ficou a olhar para ela.

- O que levas aí dentro? - perguntou ao olhar para a mala.

- Apenas algumas recordações - respondeu Saya.

A mãe aproximou-se dela e levou-a até ao espelho.

- Encosta-te ao espelho e murmura «Leva-me para Caladmirion, estranho espelho».

Saya encostou-se ao espelho, no entanto não murmurou as palavras.

- Eu não tardo muito a juntar-me a ti - disse inesperadamente Rin - Estou velha e vou morrer muitos séculos antes de ti, mas antes de morrer tenciono voltar às Terras da Luz. E lá ficarei até a minha alma se junte à do teu pai. Por isso, não é verdadeiramente uma despedida.

- Eu venho visitá-la sempre que eu puder, mãe - disse Saya com um belo sorriso no rosto.

- Até breve, Saya - respondeu também a sorrir.

- Até breve, mãe.

Aproximou-se do espelho e murmurou:

- Leva-me para Caladmirion, estranho espelho - imediatamente sentiu-se a escorregar para dentro do espelho. Ia regressar.

Com um fio de lágrimas a escorrer pelo o seu rosto, Rin ficou novamente sozinha. Mas desta vez já não teria de esperar muito, afinal também ela fazia parte do Povo da Luz ao qual muito em breve se juntaria.