A Filha Dos Mundos escrita por Devill666


Capítulo 47
Uma nova vida


Notas iniciais do capítulo

o próximo capitulo é o final e não haverá uma segunda temporada



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Depois de escorregar para dentro do espelho, Saya viu-se novamente envolvida pela escuridão. Mas esta escuridão, tinha diversos tons, uns mais claros, outros mais escuros, que rodopiavam à sua volta. Não se vislumbrava qualquer luz, no entanto corria uma fresca e agradável brisa.

Porém, ao fim de algum tempo, Saya começou a sentir-se enjoada. Por isso fechou os olhos. E continuou a rodopiar durante muito tempo, agarrada à mala onde iam os presentes da mãe, um livro de História Universal para a biblioteca do Palácio do Ouro e do Verde, um romance, um livro de ficção científica, o CD preferido de Saya ( que sabia perfeitamente que nunca mais conseguiria ouvir), uma revista de cinema, uma cassete de vídeo, um DVD e uma fotografia dela com os pais tirada à frente à casa de campo. Enfim, levava dentro daquela pequena mala as recordações pessoais e as daquele a que chamavam «o Mundo civilizado». E continuou a rodopiar até que perdeu a noção do tempo.

Por fim Saya sentiu-se a parar. Os pés tocaram em chão firme e ela abriu os olhos. Atrás de si encontrava-se um espelho em tudo parecido com o da mãe. Ansiosa, abriu a porta do quarto e espreitou. A porta dava para o corredor da casa de Elianor. Tinha regressado.

Muito calmamente, Saya percorreu a casa até chegar à cozinha. Estava tudo calmo e silencioso. De facto, Elianor não parecia estar em casa. Mas quando entrou na cozinha viu que algo cozia dentro do fogão a lenha. Era um apetitoso rolo de carne rodeado por diversos legumes. Parecia já estar pronto, por isso tirou-o do forno. Cheirava divinamente.

- Arigatou, Saya - disse a voz suave de Elianor atrás de si - Tenho estado à tua espera.

saya pousou a assadeira em cima da mesa e olhou para a fada com um grande e alegre sorriso no rosto.

- É bom estar de volta - disse enquanto se abanava com a a mão - Está calor.

- Não muito - respondeu Elianor - Mas acredito que com essas roupas tenhas calor. Se ainda te lembrares do quarto em que ficaste e quiseres ter a gentileza de lá ir, descobrirás que umas novas roupas, mais apropriadas do que as trazes, esperam por ti.

Saya foi até ao quarto. Dobradas em cima da cama estavam umas novas roupas de viagem, verdes e douradas, e ao seu lado encontrava-se o fato de saia e casaco cinzento claro que ela tinha vestido no dia do acidente. Arranjou-se, dobrou as roupas e, com elas nas mãos, regressou à cozinha.

Quando lá chegou, Elianor estava a acabar de pôr a mesa para duas pessoas. Saya foi até ao canto onde tinha deixado a malinha das recordações e arrumou lá dentro as roupas.

- Estás à espera de visitas?

- Agora já não - respondeu a fada - Kai esperou durante dois meses. Mais algumas horas não farão diferença.

Saya compreendeu o que a fada queria dizer. Ela tinha razão, podia esperar ais algumas horas. Além disso, apetecia-lhe ficar a conversar. Por isso sentou-se.

Comeram tranquilamente. Saya contou a Elianor tudo o que lhe tinha acontecido depois da batalha de Ranthlin. Contou-lhe as suas indecisões, os seus medos, as suas certezas e as saudades que sentia do que deixara para trás, só de pensar nisso. Era estranho como, quando ali estivera da primeira vez, a certa altura não lhe parecera necessário regressar ao Mundo da mãe, uma altura em que o pensamento de não voltar lá mais não lhe era penoso ou saudoso. Mas depois de ter regressado custara-lhe abandoná-la.

- Sou uma fada tão imperfeita... - desabafou.

- Lie, não és. És apenas uma fada jovem, muito jovem mesmo. Foste criada num Mundo aparentemente muito diferente deste, mas ainda tens muito tempo para aprender tudo o que este Mundo tem para te ensinar - fez uma pausa e pousou os olhos nos de Saya - És filha dos Mundos e um dia, porque terás o conhecimento e sabedoria de ambos, será sábia, talvez mais sábia do que algum Youkais, Elfo ou Fada alguma vez foi.

- A minha mãe disse-me algo do género.

- Então eu não devia precisar de to dizer novamente. A rainha mãe é sábia nas suas palavras e nunca duvides na sua sabedoria. É a humana mais sábia que eu aluma vez já vi, ela aprendeu muito com o teu pai. - repreendeu docemente a fada - Além disse é normal o que estás a sentir, Saya. O nosso querido rei também passou pelo o mesmo quando se mudou para o Mundo dos Homens. Ele também teve os seus medos e dúvidas, as suas certezas e as suas saudades. Tal como ele poderás visitar o Mundo da tua mãe sempre que queiras.

Quando acabaram de comer, Elianor levou-a para a sala. Sentaram-se no sofá azul a mordiscar uns biscoitos de passas.

- Antes de ires, há ainda mais uma coisa de que quero falar-te. Mas presta bem atenção às minhas palavras, pois nunca mais durante o tempo em que caminhar por este Mundo voltarei a proferi-las - disse Elianor.

Saya parou de comer o biscoito que tinha na mão e ficou muito atenta às palavras da fada.

- Depois de Aerzis morrer, Valindra fez uma profecia antes de desaparecer, que não te direi qual é. A profecia revela-se àqueles que a devem conhecer e cabe a esses poucos escolhidos terem sabedoria para a compreender, pois se a não compreenderem, então nunca deveriam tê-la sabido. Ela reve-la de muitas formas, mas nunca ninguém para além da Vlindra viu, leu ou ouviu os versos em que foi escrita. Eu conheço-a, Tsuki também a conhecia. Dir-te-ei apenas que ela fala da queda de Naraku e de quem o fará cair. E Naraku ainda não caiu.

Elianor calou-se e durante muito tempo não disseram mais nada. Até que por fim Saya falou.

- O que queria dizer com «Tsuki também a conhecia»?

- Tsuki morreu pouo tempo depois da batalha de Ranthlin, nas margens do Enyel. Kai foi o último a estar com ela - explicou Elianor.

- Pobre Kai. Deve estar muito triste - disse Saya.

- Hai, a sua tristeza é grande. E tambeém o Povo da Luz está triste, pois morreu uma grande luz desapareceu do Mundo. Raiden morreu de amor assim que regressou ao Palácio com os restantes soldados. Mas antes de morrer, ele nomeou o seu filho como regente até à tua chegada. Kai sabia que isso teria de acontecer. Ninguém é eterno, nem deve ser. A eternidade corrompe. Apenas o Mundo é eterno, e mesmo ela está em constante modificação - fez uma pausa e sorriu - Não te preocupes com Kai. Em breve a sua tristeza findará, pois uma grande alegria, há já algum tempo esperada, virá expulsar a tristeza que ainda subsiste, e apenas a saudade que sempre existe lá ficará.

- Este Mundo é tão estranho, e a sua magia tão subtil.

- Lie, Saya. A magia é subtil não só aqui como em qualquer outro lado. Ou julgavas que a magia era as pessoas a lançarem raios luminosos das pontas dos dedos? - Saya sorriu, essa era a ideia comum dos Homens - Se este Mundo é estranho não sei. Para mim ele é tão estranho quanto eu própria ou tu. Mas muitas vezes as pessoas do teu outro Mundo te acharam estranha. São Mundos diferentes e por isso são necessariamente estranhos um ao outro.

Elianor levantou-se e saiu da sala deixando Saya sozinha. Ela tinha razão, aquele Mundo era tão estranho quanto ela própria. A fada regressou, trazendo nas mãos uma capa verde esmeralda grande e larga, de forro dourado.

- Este é o último dos meus presentes - disse enquanto lhe colocava a capa nos ombros e a apertava, dando um laço às duas fitas largas.

A capa era suave e leve, o tecido macio e agradável ao toque, e o verde brilhava, adquirindo diversos tons conforme Saya se mexia. O capuz pendia-lhe para as costas, mas ela mal sentia o peso.

- É esplêndido, Elianor. Arigatou - agradeceu Saya.

- Ainda bem que gostas. É uma capa muito diferente da outra que te dei. Esta é uma capa cerimonial, apropriada para uma rainha. Da primeira vez que entraste em Omnirion, as tuas roupas estavam cobertas de terra, por isso achei que desta vez gostarias de entrar com um vestuário mais adequado. As roupas que te dei, embora sejam roupas de viagem, são apropriadas para a tua chegada a Omnirion. E a capa dá um toque final.


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