A Filha Dos Mundos escrita por Devill666


Capítulo 33
A Batalha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329919/chapter/33

Lentamente, os verdes campos de Ranthlin foram inundados por um tenebroso mar cinzento. O exercito de Morniran era liderado por dois cavaleiros montados em negros corcéis: Suresim e Naraku. Os Magdul avançavam furiosamente pelos os campos, berrando e grunhindo assustadora e selvaticamente. Mas os Magdul não eram as únicas criaturas saídas da podridão de Morniran. Também de lá vinham Trolls gigantescos, de pele escamosa e dura e incontrolável fúria de destruição. Os Trolls era ainda mais azémolas que os Magdul, embora causassem muito mais desordem e destruição. Os Magdul traziam arcos e espadas grotescas enquanto os Trolls levavam apenas uma gigantesca moca com a qual esmagavam os adversários.

Os arqueiros de Caladmirion dispararam as suas flechas certeiras. Os Magdul imitavam-os, mas a sua pontaria era péssima e como estavam ainda muito longe dos arqueiros élficos e youkais, foram poucas as setas que atingiram o alvo. No entanto, os Elfos, os Youkais e as Fadas não desperdiçaram uma única seta, pois a sua visão é extremamente apurada, principalmente de noite. Furiosos e confusos, os Magdul encaminharam-se para as árvores onde estavam alguns arqueiros. E muitas antigas e belas árvores foram maldosamente abatidas.

Quando todas as setas do Povo da Luz tinham sido gastas, as tropas de Morniran estavam já muito reduzidas. Os Trolls, confusos e sem saberem o que fazer, atiraram cegamente as mocas, o que matou aindamais guerreiros Magdul. Era evidente que estavam desorientados e a sua limitada inteligência não lhes permitia organizarem-se.

Durante alguns momentos, Saya pensou que tudo iria acabar rapidamente. Os Magdul e os Trolls, no meio da sua confusão, seriam veloz e eficazmente abatidos. Mas então a voz de Naraku ergueu-se cruel e autoritária no meio daquela noite sem estrelas e o exercito de Morniran precipitou-se sobre eles com a força de uma avalanche.

As laminas élficas brilharam intensa e desesperadamente no meio da noite e a verdadeira batalha começou. As tropas de Morniran eram ainda muito numerosas e estavam dispostas a chachinar todos os Elfos, Youkais e Fadas. Mas estes batiam-se não pela a chachina mas pela a liberdade. E muitas vezes, quando a batalha já parecia perdida, eles descobriram forças para continuar.

Saya desembainhou a espada e viu a lamina elfica brilhar. Olhou para os desenhos nela gravados e soube que fora mandada fazer para momentos como aquele. Tinha medo, muito medo mesmo. Ainda há relativamente pouco tempo ignorava todos aqueles problemas, toda aquela herança que o pai, para o bem ou para o mal, lhe deixara. E no entanto ali estava ela, longe da casa onde crescera, num Mundo estranho e pelo qual estava preste a bater-se. Enfim, era também o seu Mundo. O mais certo era morrer no meio da confusão, mas antes abateria o maior numero possível de guerreiros Magdul.

- Tem confiança - disse Kagura ao lado.

- Olhai! - gritou Ilmaran - A espada da rainha vem para a guerra. Olhai! Não percamos ainda a esperança.

O exercito de Morniran abateu-se sobre eles e rapidamente Saya se viu separada de Kagura, Ilmaran e Raiden. Estava por sua conta.

Um Magdul particularmente grande atacou-a. Saya atirou a espada para a frente e penetrou a carne da criatura. Ela sentiu o sangue negro e pestilento da criatura a espirrar para a cara, mas não teve tempo de pensar nisso pois já outra criatura a atacava. Com um movimento largo de espada, Saya decepou a cabeça do Magdul que foi cair mesmo em cima dos seus pés. Tinha ainda os horríveis olhos vermelhos abertos, fixos no rosto de Saya. Sentiu as pernas a perderem as forças e teve vontade de vomitar. Abriu a boca num grito silencioso. De repente foi atingida na perna direita pelo golpe desajeitado de uma espada de Morniran. Virou-se e matou o adversário, ainda enjoada com a visão da cabeça arrancada do corpo.

Saya gostaria de ter parado mas não pôde. E um a um foi matando todos os guerreiros adversários que encontrava. Até que um Troll, com mais de quatro metros de altura, apareceu a agitar ameaçadoramente a moca. O Troll tinha uma cabeça calva e  pele azulada e era visivelmente corcunda. Contudo isso em pouco dimínuia o seu incrível tamanho. Saya avançou destimida mas estupidamente. A espada mal cortou a escamosa pele do Troll. Então ela pegou numa aguçada lança de ferro que estava caída e, com toda a força, espetou-a no peito do Troll. Ele soltou um grunhido medonho e agitou descontroladamente a moca em todas as direções. Saya, atingida pela a moca, foi projectada pelo ar e acabou cair mesmo no centro do campo de batalha. Aterrou sobre o braço direito e a violenta dor disse-lhe que o braço estava quebrado. Com a mão esquerda procurou dentro das roupas o embrulho com o Ceptro. Ainda lá estava. Com uma certa dificuldade conseguiu pôr-se de pé. Agarrou a espada caída com a mão esquerda e foi então que o viu.

Naraku encontrava-se a pouco mais de três metros de si, com o bastão nas mãos. Estava parado, como se a esperasse. Saya avançou com a  perna ferida a escorrer sangue e o braço a doer horrivelmente, matando mais alguns Magdul, até que finalmente se encontrou frente a frente com Naraku. Embainhou a espada coberta com o sangue negro.

- Tinha esperançaque nos encontrasse-mos aqui, Saya - disse Naraku baixinho, com os olhos a brilhar maoldosamente - bater-nos-emos, Saya. Mas não com espadas. Eu terei o meu bastão e tu, pelo menos por agora, terás o Ceptro.

E ao som das suas palavras a batalha parou. Os Magdul e os Trolls olhavam estupidamente para Naraku, os Elfos, os Youkais e as Fadas observavam Saya simultaneamente cheios de esperança e medo. Kagura olhou para a Saya. Gostaria de poder ajudá-la, mas sabia que nada do que fizesse teria alguma utilidade.

Lentamente Saya retirou o Ceptro dentro das roupas, desembrulhou-o e deixou cair o tecido que o envolvia junto de si. Naraku inclinou o bastão para ela, o rosto desfigurado por um tenebroso sorriso. Saya virou o Ceptro para ele e concentrou toda a vontade de acabar com Naraku para sempre. O seu pensamento estava fixo nos longos anos de dor e preocupação que ele causara ao Povo da Luz. Tudo o que ela queria naquele momento era fazer com que o seu povo fosse feliz por vários milhares de anos. E, cheia de amor e ódio, fechou os olhos.

Kai, que não estava muito longe de Saya, rompeu numa correria desenfreada. Sabia que Naraku o mataria, mas mesmo assim tencionava atingi-lo com um forte golpe do comprido punhal. Não ia permitir que ele matasse Saya. E então, quando estava mesmo a chegar, uma grande luz branca cobriu tudo e ele não conseguiu ver mais nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha Dos Mundos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.