Dias De Guerra escrita por Mereço Um Castelo, Luiza Holdford 2


Capítulo 2
Capítulo 2 - Fuga


Notas iniciais do capítulo

Notas finais importantes, leiam por favor!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329664/chapter/2

Depois de eu ficar totalmente moído varrendo e limpando todo o refeitório. Aliás, tenho que acrescentar que, ainda por cima, eu estava quase que sozinho nessa faxina no quartel. Parece que, como sou “o novato”, posso ser explorado.

Mas o que me matou de vez foi o que veio após o castigo...ou será que o que veio depois era “o” castigo? Uh... isso é algo a ser analisado mais profundamente em busca da resposta de um milhão de dólares.

Enfim, o ponto é que, depois do modo de tortura número um, tive que comer uma gororoba nojenta, encaroçada e com gosto de papel molhado. Se a fome não fosse tamanha, eu teria me recusado. Mas viajar por dias e trabalhar feito um condenado nos faz comer qualquer porcaria mesmo.


E após lavar os pratos... Sim, eu passei por essa também, digamos que não foi à melhor “recepção de boas vinda” que eu já tive na vida...

Bem, voltando, depois de lavar, secar e guardar os malditos pratos fomos mandados para os dormitórios. Que, na verdade, eram construções de madeira capenga e fedida, com vários e vários beliches dividindo o cômodo.

Esse lugar cheirava mal, e não era só por ser feito de madeira semi-podre. Parecia que ele não via uma limpezinha há uns bons tempos. Só espero que não me mandem fazer isso amanhã...

Aliás, agora, aqui, pensando comigo. Eu não darei chance para me mandarem limpar mais nada amanhã! Eu não era escravo de ninguém e eu duvido que eu ganharia a guerra com uma vassoura e um espanador na mão.

Foi assim que cheguei a conclusão mais obvia: eu iria dar o fora dali o quanto antes. Não precisava nem ser de volta a Mystic Falls desde já. Eu só precisava parar de deixar a vassoura acabar comigo!

Sem contar que meu estomago já reclamava e eu não sabia dizer se era da pancada que levei na chegada ou da porcaria que comi.

Eu iria fugir, o ponto era esse e não teria mais volta. Não serei mais feito de escravo branco na mão dessa corja decadente.

E, por mim, torço ainda para que percam a guerra também! Lasquem-se! Eu não ligo!

***

Devia ser umas três horas da manhã.

Eu rolava inutilmente na cama, buscando uma posição confortável para dormir num colchão finíssimo. Eu podia contar cada madeira do estrado sem precisar levantá-lo para conferir e podia ter certeza que minha procissão na conta seria incrível.

Minhas costas já se queixavam e eu sabia que a minha decisão era mesmo sem volta e que não passaria de hoje. Eu nunca conseguiria dormir num lugar que fedia daquele jeito e ainda mais em um lugar mais desconfortável que o próprio chão, mas enfim.

Tudo estava silencioso demais, afinal, todos dormiam. Ou melhor, não tão silenciosos assim, eles roncam muito. Era como a “quarta sinfonia” de Beethoven, pois um ronco puxava outro. E, bem, eles eram de uma desafinação terrível! Mas ao menos dormiam.

E antes que me perguntem: não, eu não sei qual é a “quarta sinfonia”! Eu apenas chutei um número aleatório... Mas, se me lembro bem, ela era aquela com altos e baixos, e com algumas puxadas bem longas entre um acorde e outro que dão um clima de suspense no ar. Sim, é exatamente aquela que é usada nos filmes do Charles Chaplin, no momento que o povo corre ou as casas caem e...

Mas isso não é importante!

Foque-se no ponto central, Damon!

O importante é que meus “coleguinhas” de quarto já que dormiam. E essa era à hora perfeita para um fugitivo.

Eu poderia passar a noite na floresta e depois encontraria uma cidade qualquer, desde que eu me certificasse de ser bem longe desse inferno. Aliás, se havia um inferno na terra o nome dele é Galveston! Ah e como era!

Hora de colocar meu plano em prática!

Olhei disfarçadamente para os lados, fazendo de conta que estava apenas “me espreguiçando” um pouco. Sim, atuação é meu forte, eu sei!

Como não havia movimentação, fora o subir e descer de barrigas enchendo e esvaziando o ar, rolei para o lado da cama e me abaixei no chão. Sorrateiro como um gato, eu fui quase que engatinhando até a porta.

É claro que vez ou outra alguém se mexia mais bruscamente e um frio me subia pela espinha. Em alguns momentos eu cheguei mesmo a pensar que seria pego, degolado e pendurado em pedaços no meio do quartel para que eu servisse de exemplo a quem tentasse fugir também, para que pensasse duas vezes.

Mas, ainda bem que não!

E, bem, eu precisava tentar. Ficar ali não era nada muito convidativo mesmo. Melhor seria morrer, se preciso... Ah, e se não fosse preciso era melhora ainda, né?

Fui me esquivando pelo chão, rezando a todos os santos que por ventura eu me lembrava do padre tê-los mencionado no pouco das missas dominicais que eu prestava atenção.

Não que eu não gostasse de missas, não era isso. O problema é que as senhoritas da missa eram bem mais interessantes do que o senhor de saias falando sem parar lá na frente...

Questão de prioridades, sabe?

Quando cheguei a porta quase pude respirar aliviado. Só não fiz isso porque ainda tinha muito do que fugir. Chegar na porta da cabana sem ser visto não era nada, isso quando se parava para analisar que ainda era necessário fugir de todo um quartel na penumbra!

E, bem, eu não havia contado quantos metros aquele lugar tinha, mas o pouco que fixou em minha mente na chegada e na faxina já me parecia bem grande...

Só não suspirei de pesar porque realmente não queria que me ouvissem naquele momento. Então, levantei de minha humilhante posição no chão, abri a porta e sai. Claro que tomando um enorme cuidado para não fazer barulho ao fechá-la.

Fase um completa!

Hora de começar a executar a segunda parte do plano: sair do quartel vivo.

Olhei ao redor, observando cada sombra que poderia servir de esconderijo no caminho até o final do acampamento.

Eu já estava tentando fazer um caminho mental quando corri para o primeiro trecho de escuridão próximo de mim. Claro que me escondi naquele local com pressa, mas com cuidado para não derrubar nada por lá também.

Afinal, você nunca sabe o que está entulhado no local que vai se esconder antes de chegar ali, certo?

Logo sai dali e corri para outro ponto próximo. E depois outro e outro.

E eu ia, desviando, correndo e tentando não ofegar no caminho. Meu medo era mesmo o de ser ouvido e que homens com tochas surgissem para me queimar...

Imagine a cena onde aquele enfeitado sairia de sua “cabaninha” ao lado de um de seus “protegidos”, vergonhosamente de calças na mão e olharia para mim. No minuto seguinte ele gritaria feito uma louca e mandaria me pegarem.

Eu já podia até visualizar a cena onde todos levantavam correndo e pegavam suas tochas, aliás, elas estariam escondidas estrategicamente em baixo de cada cama e seus isqueiros na mesinha da cabeceira do lado da cama...

Enfim, depois de acessas eles correriam em um mar de chamas sem fim para fora. Eu ficaria estático com tanto fogo e...

Percebi que eu estava parado no local, estático pelo medo.

Droga, esse lugar era tão maldito que o meu próprio medo estava dando um baile em mim.

Cada hora eu temia um novo fim para a minha própria vida... Acho que ando lendo demais... Imaginação demais às vezes atrapalha, nos faz temer tudo, porcaria! Pareço até uma moça!

Eu já estava na minha sexta sombra quando ouvi um barulho na direção oposta.

Seria minha imaginação me pregando uma peça? Seria real?

Eu não podia correr riscos, mas se ficasse ali e não fosse nada eu perderia meu precioso tempo de fuga e daria chance para que realmente me pegassem, tudo por conta do medo.

Corri para um novo espaço de sombra assim que percebi que o som não havia se repetido. Sim, por sorte deveria mesmo ter sido apenas a minha imaginação.

Me escondi rapidamente e comecei a tentar apurar meu ouvido, tentei ver se algo voltava daquele ponto no qual eu achava que havia ouvido algo.

Porém, nada se repetiu e me levantei para seguir até a sobra seguinte.

O grande problema me apareceu aqui, porque quando estava bem abaixo da luz do luar, totalmente exposto para quem quer que passasse por ali me ver, ouvi o barulho repetir.

Naquele mesmo momento eu gelei.

Alguém realmente estava acordado e agora?

Eu queria correr, mas meus pés congelaram naquele local.

Tudo o que eu conseguia fazer era ouvir meu coração martelar em desespero. Cada minuto ele batia ainda mais alto. Eu até podia jurar que a outra pessoa também o ouvia e poderia chegar até onde eu estava de olhos fechados só por conta do barulho que meu coração fazia em meu peito.

Como não conseguia correr, eu me obrigava a pensar. Sim, pensar! Eu teria que inventar uma boa desculpa para estar acordado, melhor ainda, para estar de pé no meio do quartel uma hora dessas da noite.

Seria que se me fingisse de sonâmbulo daria certo?

Droga, quem eu quero enganar? Eu seria pego se ficasse ali! Eu seria degolado, enforcado, picado, afogado!  Eu não sei!

Só sei que qualquer uma dessas variantes não pareciam nada boas para mim.

Parado, ainda estático, ouvi passos vindo em minha direção. Eles eram certeiros e ritmados, os passos daquele que acabaria com minha vida... Santo Deus...

Logo aquela figura se aproximou mais e mais de mim e no segundo seguinte a luz da lua o tiraria das sombras e iluminaria a face do carrasco que me daria minha sentença de morte...

Sim, era meu fim, sem dúvida alguma.
 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nenhum comentário no primeiro capítulo. NENHUM. Isso não é legal pessoal, nem mesmo sei porque estou postando. Para incentivar vocês, quem sabe.
Por favor, comentem nesse. Não precisa ser algo muito longo não, só queremos saber o que acharam!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dias De Guerra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.