Dias De Guerra escrita por Mereço Um Castelo, Luiza Holdford 2


Capítulo 10
Capítulo 10 - Duas Notícias


Notas iniciais do capítulo

Recadinho importante nas notas finais, ok?



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E o banheiro entrou em um profundo silêncio outra vez. Eu não queria falar com aquele arrombadinho e ele também não queria falar comigo, e ficamos assim por longos minutos.

Eu estava até conformado em lavar aquele lugar, não era pior do que eu imaginava. E a sensação de dever cumprido, quando eu via os vasos sanitários limpos e brilhantes, enchia meu coração.

Ok, certo, era mentira. Os vasos nunca ficavam brilhantes, e só minimamente limpos, e a única sensação boa que havia era de que faltava menos para o final. Mas, ainda assim, não era tão horrível. Só péssimo.

Nossa paz foi perturbada pelo enfeitado em pessoa, que entrou de repente no banheiro. Mas que honra tê-lo aqui! Talvez ele queira nos ajudar. E com a língua, por favor.
  
Até pensei em comentar isso em alto e bom som, mas não me pareceu que seria muito sensato... E, bem, a cara que Jasper fez ao me ver respirar um pouquinho mais forte antes de comentar foi um sinal de que meu silêncio era necessário.

- Major Whitlock espero que seu amigo Salvatore tenha aprendido a lição.

- Com certeza, senhor. O soldado Salvatore me disse estar arrependido, senhor. – “Faz-me rir!” Eu queria dizer, mas me mantive revoltado em pensamentos.

Aliás, seu sacana, isso aí, pise em cima de minha moral; chame-me de “soldado”. Ao menos eu tenho minha dignidade intacta!

- Não é mesmo, Salvatore? – Jasper me cutucou e eu revirei os olhos.

- É, é... – eu ia dizer o que, né?

- Damon... – e ele me repreendeu, como se fosse meu pai falando.

- Quer dizer, sim senhor – fiz a porcaria da continência antes que a coisa toda desandasse. Mas tenho que dizer que foi totalmente contra a minha vontade.

- Bom, até que enfim alguém pode colocar juízo nessa cabeça. O senhor Salvatore ficará feliz em saber que o filho enfim está entrando na linha – e pensando no diabo...

Uma frase rodeou minha mente em relação ao meu pai “dane-se o que ele pensa”. Mas não seria polido de minha parte dizer isso, certo?

Como o enfeitado virou para Jasper, pensei que poderia usar meu tempo livre para pensar em como sair dali. Sim, porque meu plano ainda estava em pé e eu não morreria ali de forma nenhuma.

Olhei para eles e tentei prestar atenção no que diziam, afinal, vai que o maldito me deda, não é? Eu não sabia do que falavam antes, mas Jasper tinha um maldito sorriso nos lábios que não me inspirava confiança. O maldito até se voltou para mim, junto com o enfeitado, e ambos sorriram. Merda, aí tinha coisa.

- Se acha uma boa ideia, Major, é todo seu – Todo seu? Eu lá sou mercadoria?! E, hei! Eu não dou, não empresto, não alugo e muito menos vendo! Sou homem! Parem de me olhar com esse ar suspeito!

- Tenho certeza que o senhor Salvatore vai se comportar muito bem, senhor – me comportar? Ora essa! Você vai ver só quando estivermos sozinhos de novo, eu vou...eu vou... correr!

- Absoluta, senhor. Acredito que o senhor Salvatore já está ciente de como deve se comportar no Exército. Ele só precisava de alguém para lhe esclarecer as coisas.

- Muito bom, Major. Sendo assim, tem minha permissão para fazer o que for necessário.

Eu estava odiando aquele papinho, e a cara que Jasper fez para mim quando o enfeitado saiu pela porta me assustou ainda mais. Levantei minhas mãos para afastá-lo e dei uns passos para trás.

- Nem venha com suas ideias de mente poluída para com o meu corpinho!

- Mas, hein? – ele me olhou encafifado. – Você realmente prestou alguma atenção no que falávamos?

- Atenção? Claro... – falei convicto, mas fui diminuindo o tom para dizer a verdade – que não.

Jasper, esse irmão perdido do Stefan, começou a rir da minha cara. Sabe, odeio quando ele se diverte as minhas custas, isso é tão irritante! Sim, porque é tão ruim quando algum palhaço começa a se divertir as nossas custas, mas...bem, quando somos nós rindo da desgraça alheia aí abrimos uma exceção, certo?

- Bem, deixa eu lhe dizer uma coisa boa e uma ruim, então – ele começou depois que parou de rir... O que deve ter demorado uns bons quinze minutos, não? Eu já até tinha me voltado para outra latrina. – Qual vai ser primeiro?

- Pior que isso? – eu apontei pra porcaria do vaso sanitário. – Melhor começar pela parte boa, assim posso deslumbrar uns minutos de felicidade, antes de ela morrer com a parte ruim. Claro.

- Damon, já pensou em escrever dramas?

- Mas, hein?

- Sim, cara, você é muito melancólico, fica aí fazendo toda essa tempestade a toa. Acho que você conseguia um bom emprego como escrito, hein?

- Ah que graça... – ironize. – Você fala isso de mim porque nunca leu o que Stefan escreve. Eu não sou nenhum pouco dramático ao lado dele!

- Seu irmão é escritor? – ele pareceu confuso agora, seu sorrisinho até sumiu, que bom!

- Não, mas isso não impede ele de escrever as coisas nos diários dele e... posteriormente eu acabar esbarrando com eles e lendo sem querer, não? – falei dano de ombros, na melhor pose de “eu não queria fazer isso, viu? Foi sem querer!”

- Sei... Não me convenceu nenhum pingo com isso, senhor – ele disse de braços cruzados. – Deveria se envergonhar por ler o diário de seu irmão.

- Ah, sério? Eu não tenho do que me envergonhar, oh santo protetor dos Stefans em perigo – gostei desse apelido, vou usá-lo no Jasper sempre. – Pense assim, ele escreveu e com certeza o subconsciente dele queria que alguém soubesse o que ele sente, certo? Logo, que mal há em eu ler?

- Ele escreve para ele mesmo, não para o irmão ficar bisbilhotando, eu tenho certeza!

- Certeza? Corta essa! – fiz com a mão um movimento para deixar para lá, mas depois me vi pensando em algo que tinha fundamento e voltei a olhar para ele ao invés de limpar. – Aliás, certeza que não conhece ele, não? Vocês são muito parecidos, viu?

- Se um dia eu conhecer seu irmão, lhe darei meus pêsames por te aturar. Pobre rapaz com uma vida difícil... – ele balançou a cabeça e colocou a mão ao peito, em um movimento de quem realmente sente muito. Palhaço...

- Mas, viu, não por nada. Qual era a grande felicidade que iria me dizer mesmo? Isso antes de me ferrar com algo ruim... – não pude deixar de completar, claro. Porque alegria no Exército dura muito pouco, eu já sabia disso bem.

Jasper pareceu se lembrar que realmente iria me dizer algo, e logo a porcaria do sorriso voltou ao seu rosto. Porcaria! Acho que era ele que ia ficar feliz e não eu.

- O general falou que estamos livres de terminar a faxina – o olhei descrente, jogando o escovão no chão.

- Tá me zoando, né?

- Não, não estou. Nós estamos mesmo livres da faxina. Não está feliz? – ele me perguntou, mas eu o olhava bem desconfiado.

- Bela tentativa de me enganar, magricelo... – e voltei a pegar o escovão.

- Corta essa, Damon, não precisamos mesmo limpar mais nada.

- “Mas”? – cantarolei. – Porque é claro que há uma condição suja aí e eu já lhe disse que minha bunda permanecerá do jeito em que está por toda a minha vida!

- Cara, não por nada, mas eu começo a achar que você tem fixação por dar a bunda pra alguém. Você não para de falar nisso! Até parece que gosta! – ele começou a falar sério, mas a medida que ia falando foi caindo no riso. Maldito.

- Fixação os caramba! Eu sou uma pessoa de respeito, ouviu?

- Respeito? – e mais risos.

- Jasper, você é um maldito insuportável, ok? – disse com desdém, e ele tentou se segurar.

- Ok, já vi que o assunto que inclui a sua bunda é delicado. E, creia em mim, não quero saber o que você faz com ela nunca. Além disso, já disse, nós não fazemos essas coisas aqui. ­– e ele me olhou como se estivesse repetindo pela décima vez ao cachorro que ele não deveria beber a água da privada, e sabia que não adiantaria nada falar e que o cachorro ainda voltaria ao trono.

- Lhe digo o mesmo! – falei emburrado, me referindo ao primeiro tópico, pois eu nunca teria a real certeza que não faziam mesmo aquilo ali. – E fala logo a notícia ruim, caramba!

É eu estava cansado de papear, cansado de limpar e irritado ao extremo por ele ficar me zoando assim.

 - Nós nos livramos desse trabalho, mas arrumamos outro. – Ah cara, fala sério! Já estou vendo o engomadinho nos usando como escravos pessoais ou algo do tipo... – Mas, calma, não é nada de tão ruim. Apenas esvaziar uma cidade próxima, é bem melhor que limpar privadas, não?

Nunca fui um cara muito religioso, e quando era obrigado a frequentar a igreja com a minha família, minha atenção era sempre focada nas belas moças de saias.

Mas, uma vez ou outra, eu prestava atenção nas palavras do senhor de saias, mesmo que ele não ficasse tão bonito nelas como as moças. E uma vez ele disse que Deus nunca nos abandona em nossas dificuldades e sempre nos apresentaria uma saída.

Na época, e por muito tempo, eu achei pura lorota. Se Deus era assim tão bom, por que eu era obrigado a me alistar e tudo mais? Mas, naquele momento, uma luz brilhou sobre mim, e eu notei que Deus queria ensinar-me uma lição ali: a fazer planos melhores. E agora eu tinha uma oportunidade.

Eu poderia fazer uma dancinha da comemoração nesse momento, com direito a soquinhos no ar, pois em breve, eu estaria livre para voar e voltar ao meu ninho, ou seja, aos braços da minha amada Katherine.

 - Mas isso é incrível! – levantei em um salto daquele chão nojento onde estava ajoelhado, limpando aquela privada igualmente nojenta – Vamos, levante, vamos arrumar as coisas.

 - Está certo que é bem melhor que limpar, - Jasper comentou – Mas porque tanta animação?

 - Você ainda não entendeu? É a minha chance de me ver livre!

 - Ah, mais um desses planos falhos de sair correndo por aí? – o educado me interrompeu antes que eu pudesse contar o plano – Bem, não me envolva nessa, não quero ser castigado novamente.

 - Dá para calar a boca e me ouvir? – pedi o mais educadamente possível, e depois abaixei o tom de voz, porque não queria que nenhum arrombado ouvisse e nos denunciasse para o engomadinho – É simples e a prova de erros: nós vamos ter que sair do acampamento, né? É só me deixar ir, e você pode, sei lá... falar que eu fugi durante a noite e você não viu.

- Mas o acordo com o General era justamente eu manter olhos abertos em você 24 horas por dia.

 - E você não pode mais dormir? Acidentes acontecem... E eles não me querem realmente aqui, sabe? Aposto que esse cara está recebendo uma boa grana do meu pai para me manter aqui – porque eu era igualmente indesejado em casa, pelo meu pai.

 - Está nos chamado de corruptos? – ele exasperou-se.

- Não vocês todos, mas não podemos negar que a corrupção existe e está em todos os lugares. E o engomadinho bem tem cara de gostar de ganhar uma graninha por trás... Embora eu ache que ele gosta de ganhar muita coisa por trás fora o dinheiro – comentei a última frase mais para mim, mas percebi quando Jasper me encarou incrédulo. – Ok, ok, não falo mais nada, mas ainda acho isso e pronto!

- Você realmente tem sérios problemas...

- Tenho sim, eu não quero morrer aqui. Quero voltar para minha musa adorada Katherine e preso nessa porcaria não há como, não é?

- Eu não dizia bem esses, mas... Enfim. Vamos logo preparar as coisas para partir. A ordem é que temos que evacuar mulheres e crianças de uma cidade próxima.

- “Uma cidade próxima” é muito vago. Aonde diabos vamos?

- Galveston.

- Galveston?

- Sim. Alguma piada infeliz sobre a cidade?

- No momento nenhuma, mas posso pensar em algo – respondi com sinceridade.

Nós saímos daquele lugar já não tão mais fétido. Jasper iria escolher o pessoal que nos acompanharia na empreitada. Sabe, tirar mulheres e crianças de uma cidade até parecia ser algo aceitável a se fazer, ninguém deveria ficar em uma zona de guerra correndo o risco de morte, certo?

Como eu precisava pensar em uma forma de escapar e esperar o momento certo para que não dedassem Jasper para o engomadinho, acho que poderia ajudar algumas criancinhas e belas senhoritas. Pelo menos meu pai não poderia dizer que fui um completo inútil, não? Algo de bom no Exército eu fiz, vai!


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Notas finais do capítulo

11 acompanhamentos. 11. E UMA pessoa comenta. Legal isso né?

Eu realmente não sei o que fazer. Ameaçar não postar nem funciona, porque aparentemente vocês não estão nem aí. Eu só estou pedindo um "hey, eu li e gostei, ficou legal", só um comentário estúpido assim, por favor.

(ou "li e ficou horrível, desistam de escrever", tudo bem ser isso também, se for uma opinião sincera, porque na verdade eu discordo de você que mandar isso)

Menos você Josiel, você tem que comentar direito!