Chess - Fic Interativa escrita por Vince, Richard Wingstone


Capítulo 6
VI - Lilith


Notas iniciais do capítulo

- Olá o/
— Postei no dia certinho, então quero meus reviews u_u
— Temos uma capa nova! Caso queiram saber, a garota é Lilith, por ter sido a razão dessa guerra. Possível capa alternativa em produção.
— Mudamos as regras em relação aos personagens, deem uma lida nas notas iniciais. Se não recebeu nenhuma MP, sua situação ainda não está tão crítica. ;D
— Agradecimentos especiais à Roli Cruz por ter sido a Lilith nessa conversa :3
— Conheçam a Princesa de Ébane, Lilith der Lowe!



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Lucian abriu os olhos lentamente. Ele estava numa versão estranha da sala do trono. Tudo era feito de ouro e obsidiana de ferro, e o espaço parecia ser dez vezes maior. O trono era bem mais “forte” que seu próprio trono, mais alto, mais largo e com entalhes ricos. O porém era que não conseguia enxergar com nitidez além de dois metros à sua frente. Aquilo estava lhe deixando com dor de cabeça.

Suas roupas também estavam estranhas. Não era como se ele fosse um imperador. Era como se fosse algo mais poderoso e de alguém mais influente. Usava o que parecia ser uma armadura: um peitoral negro, decorado com detalhes dourados. Em sua cabeça um elmo escuro, com asas entalhadas, sustentando a fina coroa. As grevas e as manoplas tinham os mesmos padrões do peitoral: negros, com detalhes dourados e com a adição de uma parte do que parecia ser vidro. Por incrível que pareça, não era desconfortável. Seu cinto prendia um tecido que, assim como suas calças, era escuro, parecendo de veludo, com detalhes dourados nas bainhas. Por fim, uma capa longa e vermelha, com pelos de fenrir na gola. Mas ele não estava ali para usar roupas diferentes. Ele tinha um propósito sério.

— Lilith? — Lucian perguntou, se sentindo estúpido falando com o nada.

— Olá, kleinen Bruder. — A resposta não demorou a vir. O imperador sentou-se melhor no trono e virou a cabeça para trás, em busca da dona da voz.

Não demorou muito para que uma garota baixa, de cabelos loiros claríssimos e olhos esverdeados aparecesse ao seu lado. A jovem de pele clara e com poucas sardas no rosto sentou-se no braço do trono e jogou os cabelos em cima do irmão mais velho de um jeito brincalhão.

Trajava um longo vestido branco, justo no torso e braços, mas bem folgado a partir da cintura, sem anáguas. Também usava uma corrente fina de ouro no pescoço, com um pingente verde.

— Então o que os sacerdotes fizeram deu realmente certo. Conseguiram te invocar como Freya — Lucian disse com um pequeno sorriso.

— Minha vontade ajudou bastante. — Ela sorriu, tocando os cabelos do irmão delicadamente.

— Entendo — Lucian comentou, encostando a cabeça na cintura da garota. Era bom vê-la novamente, mas ele tinha de fazer o que tinha de fazer — Lilith... Sei que isso pode parecer... Não sei... mal-intencionado, mas...

— O que foi? — a princesa perguntou, preocupada. Lucian ergueu a cabeça encarou a garota de quem já sentia saudades. Ela era muito mais baixa que ele, deveria ter pouco mais de 1,50. Seus olhos eram de um tom de dourado similar ao de Lucian. Seus cabelos eram loiros e muito claros, mas sem chegar ao tom de quase branco como o do irmão. Seus movimentos eram leves e delicados, mas ela, em geral não parecia simplesmente uma garota frágil. Ela parecia ter uma leve aura de poder ao seu redor e as marcas de Freya — tatuagens de poder por todo seu corpo, que a identificavam como deusa — estavam em sua pele. Mas ele não a chamara para matar as saudades.

— Você sabe quem lhe matou? — perguntou após um longo suspiro — Eu não queria começar uma guerra sem motivos. Ouço de todos que comecei a guerra por “motivos mal investigados”, mas acredito ser culpa de Whitehawk. Você não teria como ajudar?

Lilith franziu o cenho e brincou com uma mecha platinada do irmão, olhando o nada da sala do trono.

— Lucian... Eu acho uma completa idiotice de sua parte começar uma guerra. Ainda mais se não vê que o motivo real é Freya...

— Mas... — Lucian começou, mas a garota fez um som de repreensão e lhe olhou feio, colocando dois dedos em sua boca.

— Além do mais, cadê meu querido irmão assumindo seu posto? — perguntou, erguendo as sobrancelhas, agora com um sorriso.

 — Eu não começaria uma guerra por Freya. — o imperador disse; livre da restrição da irmã — Freya não era minha irmã. Você era. Eu não prometi que nada de ruim aconteceria à Freya. Prometi que protegeria você: Lilith, minha irmã. Prometi aos nossos pais. E deixei você morrer envenenada. E em outro reino

Lilith franziu o cenho e levantou do braço trono, caminhando de um lado para o outro na frente de Lucian, com uma mão na testa e outra na cintura.

 — Eu... E-eu fui envenenada? — a garota parecia aflita e confusa.

— Sim. Bem... Eu não tenho certeza absoluta disso, mas é o que o mensageiro disse quando chegou aqui — Lucian comentou, curvando-se para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Mas... Eu... — Ela começou a balbuciar, enquanto ia até ele e sentava nos joelhos de Lucian. — Envenenada por Raduh? Mas havia sido cogitado um casamento entre nós! E você disse que eu não era obrigada a casar com ele!

— Creio que sim. — Lucian disse piscando, sentindo-se um pouco confuso agora — Não sei se por Raduh. Mas era a responsabilidade dele: garantir sua segurança em Whitehawk.

— Mas porque fariam isso? — Ela perguntou, acariciando os cabelos lisos do irmão. — Não tem lógica, Lu...

— Sabe que não gosto quando me chama de Lu — ele comentou um pouco perturbado — Mas... Como assim por quê? Óbvio que eles queriam Freya! — exclamou — E usaram você para tentar capturá-la. Eles puseram a sua vida em jogo. E, além de deixarem você morrer, ainda perderam a deusa deles.

— Sua irmã está falando com você depois de morta, e o que você diz é uma repreensão? — Lilith diz, de cara feia, mas sem conter o sorriso no canto dos lábios, quebrando completamente a concentração e a expectativa de Lucian.

— Por favor, Lilith. - Lucian pede cutucando a cintura da garota do jeito que fazia quando eram mais novos — Se lembre do porque de ter vindo aqui. Lilith riu um pouco e se afastou, erguendo as mãos contra o irmão.

— Pensei que sentira minha falta. — Ela disse de cabeça baixa, fazendo um bico e colocando os braços ao redor do pescoço dele.

— Eu sinto. — o imperador disse, encostando a cabeça na da irmã — Você foi a única família que me restou e eu ainda consegui perder você — disse com um sorriso triste, encarando o chão — Você não acha que sinto?

Lilith ficou calada, apenas apertando o abraço frouxo que dava no irmão. Lucian suspirou. Sabia que Lilith era forte. Sabia que um simples veneno não mataria a hospedeira de uma deusa. Mas saber de tudo isso só tornava a morte da garota mais estranha e difícil. Mas não teria como saber muito sobre as fraquezas de Freya; os sumo-sacerdotes da deusa só se encontravam em Whitehawk, o que só fazia com que ele acreditasse ainda mais que Whitehawk tinha uma enorme parcela de culpa na morte da irmã.

  — Desculpa ter te abandonado, Lu. Só... Só não faça uma guerra. — Lilith disse, tocando o nariz com a ponta do dedo. — Não por causa disso.

Lucian joga a cabeça para um lado, estalando o pescoço. Sua cabeça doía e ele estava tão cansado que parecia ter praticado esgrima por horas a fio. Imaginou como estariam os sacerdotes, acordados, do outro lado, na realidade.

— Posso tentar mudar isso. — respondeu à irmã — Talvez Whitehawk esteja disposta a fazer um acordo

— Você sabe o que precisa fazer. — Lilith disse, séria.

— Eu sei. Mas não posso simplesmente deixar seu corpo lá. Você precisa de um funeral adequado. Por que acha que os sacerdotes conseguiram lhe invocar tão facilmente? Isso pode prejudicar o Gleichgewicht da balança divina.

— Não é disso que estou falando, Lucian — ela disse com os olhos fechados e a mão direita na testa, como se aquilo estivesse lhe cansando.

— Então do que você está falando? — o imperador perguntou, franzindo a testa — Não estou entendendo.

— Seu dever como hospedeiro, querido. — Ela disse, com tom brincalhão, como se ele fosse bobo por não entender de primeira.

— Você acabou de dizer que, se eu quiser levar a guerra adiante, eu tenho de aceitar Odin?

Lilith sorriu como uma criança, satisfeita. Era um jeito estranho, mas familiar para Lucian. Ele só não conseguia lembrar o problema.

— Sim. Isso mesmo.

— Mas você sabe que não desejo fazer isso. — Respondeu. Lilith abriu a boca para argumentar, mas desta vez foi Lucian quem a interrompeu — E não adianta dizer que se eu morrer, meu espírito se fundirá ao dele como você e Freya. Isso só acontece com quem concorda em ser um hospedeiro. E não vou deixar um deus andar pela terra no meu corpo. Odin não será tão “generoso” como Freya, até porque já tenho quase 30 anos.

— Mas é o certo a se fazer. —disse, novamente deixando uma tristeza transparecer.

— Sei que, se Odin realmente quiser, ele pode tomar o corpo de alguém com mais vontade de aceitá-lo. Por exemplo, Liam, o sumo-sacerdote dele em nosso templo. Ele aceitaria de bom grado.

— Mas você é o escolhido, Lucian. — Ela diz, saindo de seu colo. — O escolhido pelo rei de Asgard.

— Por favor... Lilith... — tente se focar no assunto — Você não sabe nada sobre sua morte?

— Não, maninho. — ela disse, piscando forte e balançando a cabeça — Eu não sei. Vim aqui esperando que talvez você soubesse. — Ela respondeu, ainda sem voltar a se sentar nele. Parecia triste

— Então farei o que você disse antes. — Lucian disse levantando-se do trono. Sua capa carmesim encostava no chão.

— O que? — Ela perguntou, olhando para ele subitamente.

— Procurarei uma solução mais diplomática. Quem sabe eu consigo salvar algumas vidas? — disse, tirando o elmo de sua cabeça e notando seu reflexo nele. Ele tinha um sorriso irônico nos cantos dos lábios.

— Como? — Ela perguntou, franzindo a testa, seu rosto se contorcendo numa máscara de desgosto e insatisfação. — Está dando as costas para os deuses?

Os longos cabelos loiros de Lilith começaram a se agitar ao seu redor, chicoteando o ar. As tatuagens de Freya, bem como os olhos da princesa, começaram a brilhar em verde com certa força. Ela apertava as mãos em punhos. Então e ela levou as mãos para o rosto, as tatuagens se tornando um pouco mais opacas.

— Lu... Me ajuda. — Ela disse, caindo de joelhos, enquanto seu corpo tremia e seus cabelos loiros se agitavam.

— Lilith? Lilith! — ele se ajoelhou ao seu lado, mas, em um flash, tudo começou a desaparecer, até que toda aquela luz se transformou no escuro, e Lucian acorda de sobressalto, suando, numa espécie d altar de pedra fria.

O ambiente ao seu redor estava razoavelmente escuro e sua visão levou um tempo para se acostumar àquilo. Então lembrou. Estava no templo de Odin. Suas vestes ricas voltaram a ser a simples calça e camisa pretas que lhe fora recomendado a usar. Estava muito suado e ofegava.

Ao seu redor, em um círculo, vários sacerdotes do deus e velas. O sumo sacerdote de Odin, na direção da cabeça do imperador surgiu em seu campo de visão. O homem alto sorriu levemente e coçou a barba desenhada. Usava uma túnica diferente, preta, longa e sem mangas, deixando os braços fortes expostos. Seu cabelo castanho escuro caía sobre o rosto anguloso, deixando pouco de seus olhos verdes à vista.

— Desculpe — Liam disse, limpando o suor da testa. —Freya era poderosa demais para que a conseguíssemos mantê-la aqui. Espero, pelo menos, que tenha conseguido descobrir algo sobre a morte de Lilith.

— Não consegui muita coisa, além de uma possível solução para esse conflito. Chame Henrietta. Convocaremos um novo conselho da pax — Lucian disse, descendo do altar e pegando uma casaca. — Quem sabe eu consigo salvar algumas vidas? — repetiu as palavras que dissera à irmã. Ou, quem sabe, fosse Freya?


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