Chess - Fic Interativa escrita por Vince, Richard Wingstone


Capítulo 7
VII - O Conselho de Reis


Notas iniciais do capítulo

MIL DESCULPAS PELA DEMORA! D:
Realmente estávamos ocupados com o período final da 1ª avaliação em nossa escola. Infelizmente o Richard não pôde ler esse capítulo, pois eu estou escrevendo ele desde as 17:00 e ele viajou para "um lugar no meio do nada, sem nada pra fazer".
—//-
O capítulo ficou maior que o normal para me desculpar pela demora. É um capítulo bem emocionante!
Também peço desculpas por ainda não ter respondido os reviews D:
Tentarei respondê-los assim que possível! Por favor, não fiquem com raiva de mim >

Boa leitura! o/



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O Conselho de Reis

A agitação era quase palpável no ar. O palácio da Pax parecia muito pequeno para tamanho número de pessoas. Os governantes Bachio e sua irmã Kaira Ferdin, de Amatos. Giselle Croix, rainha de Izis. Horeak Fletcher, soberano de Augusta. Broderick Evilbane, rei de Lokonto. E, obviamente, os “culpados” para que o Conselho de Reis — que não era convocado desde a fundação de Whitehawk — fosse convocado às pressas: Raduh e Meredith Vandracul, bem como Lucian e Henrietta der Lowe, soberanos de Whitehawk e Ébane. Sem contar membros de seus conselhos de guerra pessoais, dois de cada reino ali presente.

Raduh, pessoalmente, não gostava de ter tanta atenção voltada para si. Aquilo deixava o rei desconfortável e o fazia suar mais do que o normal, mesmo usando uma roupa semelhante à que usara no conselho de guerra: uma longa túnica branca, um colete de gola alta, a longa casaca justacorps, com uma couraça de prata decorada e uma capa branca. As calças eram brancas e largas, porém apertadas nas panturrilhas, devido às botas altas com a proteção de metal. Não usava, porém, uma coroa — e nem nenhum dos soberanos ali — mas sim um chapéu triangular, com um tecido que caía atrás de sua cabeça, também brancos.

Do outro lado do salão, Lucian não se sentia muito diferente. Detestava toda aquela... Perda de tempo com a formalidade. Seu cabelo estava tão penteado que cachos começavam a se formar em suas extremidades. Usava uma espécie de túnica preta, longa, com decorações em dourado por baixo de uma couraça de obsidiana de ferro que parecia se ajustar mais que perfeitamente em seu torso. Por cima, uma longa capa de um tom vermelho-vinho, com gola larga e ombreiras de metal. Também usava o chapéu de três pontas, mais alto que o de Raduh, mas ainda assim, mais baixo que o de Horeak, rei de Augusta. Esses “tricorns” tinham uma relação direta com o poder, o tamanho, a influência e, principalmente, com o “tempo de existência” de cada reino. Lucian deu um leve toque no seu para fazê-lo voltar ao lugar.

Horeak Fletcher, o soberano de Augusta — a nação mais antiga e rica do continente —, como o presidente do Conselho, pediu aos soberanos que se sentassem em seus lugares de direito, sentado o próprio na cabeceira da longa mesa de mármore. À sua esquerda, Raduh e Meredith, bem como Giselle e Broderick. À direita de Horeak, Lucian e Meredith, bem como Bachio e Kaira.

— Sejam bem vindos ao XXI Conselho de Reis — Horeak iniciou; a voz grave ressoando pelo ambiente — Já tendo cumprido as formalidades do conselho e de nossos acompanhantes, que a reunião comece mais uma vez. Creio que todos já estejam familiares com a situação. Uma guerra foi declarada por Ébane, para atacar Whitehawk. Nós, como membros do Conselho de Reis...

Lucian encarou Horeak enquanto ele falava, porém sem realmente prestar atenção. Em sua cabeça, ele repassava a conversa que tivera com Lilith, ensaiando por pensamento como pediria o perdão. A trégua. Realmente, ele não se sentia muito bem com aquela guerra em especial. Não saia de sua mente a ideia de que ele fora mais do que precipitado, e que fizera aquilo apenas por raiva, no calor do momento. Lucian sabia que fazer qualquer coisa com raiva era mais que contraproducente. Era estúpido, apenas.

Do outro lado da mesa, Raduh também estava com a cabeça longe do que Horeak dizia. Afinal, ele vivera a cena que o rei repetia para os outros presentes. Pensava apenas se Lucian pularia em cima dele novamente para espancá-lo diante do Conselho. Afinal, com os mais jovens conselheiros de guerra de Whitehawk — que não gostavam dele, por sinal — era capaz de eles o segurarem para que Lucian batesse nele. Pensava que ali, naquele momento, a guerra seria finalmente oficializada. Seus pensamentos estavam tão longe que só voltou a lembrar de que estava no conselho quando Meredith o cutucou por baixo da mesa.

— Perdão? — Raduh pediu, voltando a atenção para Horeak.

— Lucian, Raduh — o rei disse, indicando a figura de preto que estava de pé do outro lado da mesa: Lucian. De pé e usando aquele chapéu do Conselho, ele parecia ter o dobro do tamanho de Raduh.

— Convoquei este conselho com um único objetivo. — o imperador começou lentamente, seus olhos e sua atenção voltados para Raduh, que pensava pesarosamente uma única frase “Hoje é o dia da minha morte”. — Vim para pedir, humildemente, seu perdão.

— Como?! — Meredith se exaltou antes mesmo que Raduh se desse conta de que Lucian estava pedindo desculpas. Lucian baixou o olhar, visivelmente constrangido. Não era do feitio do Imperador de Ébane – de nenhum deles – pedir perdão por suas atitudes. Lucian era o primeiro a fazer isso.

— Convoquei este conselho com o objetivo de admitir que eu agi de maneira errada ao declarar guerra. Fui imprudente ao fazê-lo, colocando em risco muitas vidas preciosas e inocentes por um motivo que poderia ter sido resolvido de maneira mais diplomática, com um diálogo mais aberto e, por favor, sem ofensas. — o imperador despejou as palavras rapidamente, dessa vez com a cabeça baixa, olhando apenas para Raduh.

A parte do “sem ofensas” fora nem uma indireta e sim uma “direta” para o próprio. Se ele não tivesse chamado a princesa de... Se bem que Lucian começara, chamando-o de fraco. Mas o caso é que uma esperança se acendeu dentro dele. Um alívio. Uma alegria. Sem guerras. Sem o derramamento de sangue.

— Ent...– Raduh começou, mas um dos conselheiros de Whitehawk o interrompeu.

— Majestade! — exclamou, fazendo com que a atenção de todos os presentes se voltasse para ele. — O senhor irá aceitar as desculpas desse “Imperador Fanfarrão”? O senhor mesmo disse que não deveríamos deixar esse tirano tomar de nós o nosso reino!

Raduh se levantou rapidamente e encarou o conselheiro. Era um dos mais jovens dentre todos, com pouco mais de trinta anos. Donizetti era seu nome. Raduh sabia que o nobre não gostava dele — afinal o feudo de seu pai fora o único que Vlad teve de brigar pelo controle de Whitehawk— e que era incrivelmente orgulhoso e nacionalista. Mas não esperava que ele fosse usar as mesmas palavras que ele usara no conselho de guerra para convencer os nobres a ceder orçamento para a guerra.

— Donizetti, você enlouqueceu? — sibilou Raduh para o homem de pé atrás dele.

— O senhor o chamou assim majestade — o nobre disse num sussurro, porém, com o silêncio na sala, a frase soou perfeitamente audível para todos os presentes.

— Como? — Lucian perguntou, as mãos apertando a beirada da mesa com tanta força que seus punhos estavam praticamente brancos, destacando as veias e os tendões. — Fui chamado de que?

— Por favor, Lucian, se acalme — Horeak pediu, levantando-se e pondo uma das mãos sobre o ombro direito de Lucian, que respirava pesadamente. Henrietta pousou a mão sobre a dele e encarou o casal real de Whitehawk com uma fúria visível. Horeak tinha de acalmar a situação — Raduh, você faria o favor de explicar o que está acontecendo?

Raduh sentia o coração bater rapidamente em seu peito, e sua cabeça parecia quase querer explodir. Sentia-se terrivelmente mal enquanto os outros soberanos o encaravam apenas encarar Donizetti de volta. O nobre não parecia abalado. Muito pelo contrário, seus olhos pareciam perguntar a Raduh se ele não diria ao “tirano” a verdade. Parecia-lhe um absurdo que o rei de Whitehawk simplesmente aceitasse algumas palavras vazias ditas por um homem que poderia muito bem ataca-los pelas costas. E Raduh sabia que, se não tivesse dito isso no conselho; se não tivesse feito Lucian parecer um maluco com tanta convicção, Donizetti provavelmente não teria dito isso.

Então as consequências o atingiram. Com certeza o povo ficaria mais aliviado com a certeza de uma paz, mas também era provável que ocorresse uma revolta. Os nobres já haviam concordado com aceitar o aumento dos impostos, e, sabendo da situação de uma guerra iminente, a população do pequeno reino dava seus últimos tostões para financiar os gastos com a proteção do país. Ele não tinha como devolver aquele dinheiro que já fora gasto.

Então, com um estalo, ele percebeu o que estava acontecendo: era isso que Donizetti e seu pai queriam! Se ele abaixasse a cabeça para Lucian em concordância, ele mostrar-se-ia fraco. As chances de uma revolta acontecer seriam altas e, com certeza, o nobre que o rei encarava seria o capitão, o líder dessa revolta, esperando para jogá-lo para fora do trono e executá-lo na primeira oportunidade. Ele pensou com um humor ácido que, infelizmente, os répteis companheiros de Meredith não eram as únicas víboras em seu reino.

— Exatamente isso que você ouviu — Raduh disse, ajeitando a postura, numa tentativa de se impor ali. — Tirano. Fanfarrão.

— Raduh! — Meredith e Horeak exclamaram ao mesmo tempo. Por alguma razão os outros soberanos apenas assistiam ao “espetáculo”. Lucian parecia fazer justiça ao sobrenome “Lowe” e parecia um leão prestes a saltar sobre sua presa. (N.d.A.: “Lowe” é alemão para “Leão”)

— Não se faça de louco para mim, Vandracul! — Lucian disse entredentes — Venho pedir perdão e ouço que fui chamado por você de “Tirano”? Péssima hora para uma brincadeira de mal gosto.

— Você é o único louco aqui, der Lowe! — Raduh disse, tirando coragem do espírito de seu pai e de seu irmão. — Todos aqui, todos nós, sabemos o quão “expansionista” você é. Sabemos o quão perigoso é estar contra sua menor vontade. Não diga que essa guerra é motivada apenas por sua irmã. Sei que você quer tomar o reino que meu pai demorou anos para livrar da tirania do pai de Broderick!

— Apoiado! — Giselle, rainha de Izis se pronunciou afinal. — Sempre tivemos medo de que, nessa sua febre expansionista, nossos pequenos reinos acabassem sendo tomados por Ébane. Há, em breve, o continente se chamará “Ébane” e não “Dórean”!

— Essa discussão não envolve você e nem os dois acres de terra que você chama de reino! — Lucian disparou contra a rainha. Broderick riu. (N.d.A.: Dois acres é bem pouco, caso queiram saber.)

— Cuidado, Lucian. Não deixe que a periferia de seu império faça com que Ébane se torne pouco mais que nada, como meu pai tão “sabiamente” fez.

— Broderick, Giselle, não piorem a situação! — Horeak os repreendeu. — Raduh, não acredito que você irá recusar essa proposta tão generosa que Lucian fez. Nem parece você.

Lucian respirou fundo, soltando a mesa de mármore, afinal e tocando de leve na mão de Horeak, que ainda estava sobre seu ombro.

— Por mim tudo bem, Hore. Se o Filho da Brisa — Lucian pronunciou a alcunha que as pessoas usavam para ridicularizar Raduh, baseada na de sua mãe, e não na do pai — quer uma guerra, uma guerra é o que ele terá. Nem peço aos outros soberanos aqui presentes, que se envolvam nessa guerra apenas por alianças; essa disputa é entre mim e a criança.

— Como ousa?! — Donizetti se pronunciou em defesa de Raduh, para sua surpresa. — Não fale assim com meu rei, tirano imundo!

— Tirano Imundo?! — Henrietta tomou a voz, erguendo-se de seu assento. — Disse o filho do homem que tentou tomar seu tão precioso quadrado de terra de maneira desonrosa, atacando Vlad I pelas costas! Talvez você deva repensar seus conceitos, já que meu marido é imperador por direito.

— Sua hexe nojenta, como ousa falar diretamente comigo? — Donizetti cuspiu. Henrietta arregalou os olhos, em choque. Hexe? O título de bruxa não era nem um pouco bem vindo, por mais poder que ele implicasse. Era como as pessoas preconceituosas chamavam os romani, os ciganos. “Bruxos”. Lembranças desagradáveis a atingiram e ela apertou com força o braço do marido, buscando apoio nele, segurando-se para não chorar.

Aquilo fora a gota d’água para Lucian.

— Como se não bastasse você chamar minha irmã de “vagabunda suja e imprestável”, seu eunuco chama minha esposa de “Hexe nojenta”? Saiba, filho da brisa, que a única hexe por aqui é essa sua esposa! Essa criatura da floresta! Nobre? HÁ, não me faça de idiota! Todos aqui sabemos que ela era uma daquelas bruxas selvagens daquele bando de bárbaros, que foi comprada. Minha esposa sempre foi livre! E ela não é uma víbora nojenta como sua esposa é.

— O QUE?! — Raduh gritou, batendo com os punhos fechados na mesa — Como ousa ofender minha esposa?

Meredith apenas olhava para Lucian. Não com raiva. Não com ódio, não com sede de vingança. Apenas com decepção e tristeza. Ela mal conseguia entender as palavras que Raduh dizia, por mais que ele estivesse gritando. Aliás, a maioria das pessoas ali gritavam umas com as outras. Mas ela ouvia as palavras de Lucian ecoarem em sua mente. Sentia como se uma lança tivesse perfurado seu coração, e a dor estivesse matando-a aos poucos. A mágoa parecia consumi-la como se estivesse sendo queimada na fogueira. “Novamente”, a voz em sua mente completou.

A rainha de Whitehawk sentiu um par de braços envolve-la e ela notou que eram de Giselle. Ela murmurava-lhe palavras de conforto, mas que lhe soavam, não mais que vazias. Henrietta havia quebrado sua confiança ao contar aquilo para Lucian. Não que houvesse uma chance de elas continuarem amigas caso a guerra ocorresse. Mas ocorreria de qualquer forma, não é?

— Eu apoiarei Whitehawk nessa guerra! — Giselle exclamou, interrompendo a discussão ao assumir um lado. — Izis apoiará Whitehawk — corrigiu-se logo em seguida.

— Sei que eu deveria manter-me imparcial, como o presidente do conselho de reis, mas, nessa guerra, Augusta apoiará seu mais antigo aliado, Ébane.

— Lokonto se manterá imparcial — Broderick disse, erguendo as palmas das mãos. — Como se nós não tivéssemos perdido tanto de nosso território em situações mais “propensas” do que essa.

— Bachio e eu apoiaremos Whitehawk como pudermos — Kaira, de Amatos, também tomou partido.

— Sim! — seu irmão Bachio apoiou — Também tememos que Ébane invada nosso território, que lutamos com unhas e dentes para controlarmos!

— Pois se preparem para serem esmagados. E, ainda mostrando que a ideia de “tirano” que vocês tanto gostam de usar em mim está errada, deixarei que vocês fiquem com as ruínas de seus pequenos reinos, para que vejam o quanto o “Tirano” pode ser misericordioso. — Lucian disse e, estendendo o braço para que Henrietta o seguisse, saiu da sala acompanhado pelos nobres do conselho e pela esposa.

— Então é isso — Horeak disse com um suspiro — Que a guerra seja declarada aos quatro cantos de Dórean! O Conselho da Pax está fechado! — encerrou a reunião, tirando a si mesmo do posto de presidente. E então riu — Pelo menos até que eu e Lucian possamos decidir o que fazer com vocês, os países perdedores. Boa sorte. Vocês vão precisar.

E saiu da sala, acompanhado pelos conselheiros, seguindo pelo mesmo caminho que Lucian tomara.

— Boa sorte para vocês. — Broderick disse; também se preparando para se retirar — Como Horeak disse, vocês vão precisar.


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Notas finais do capítulo

A GUERRA VAI COMEÇAR! Wohoo! xD
Se tiverem alguma sugestão de algo que querem que seus personagens façam, podem me mandar por review!
Ah, desculpas à Duquesa de Káden por ter avacalhado com a Meredith ;3;
Mas pra quem manja de Mitologia nórdica, vai sacar porque ela foi ofendida! >