Já era tarde e Rosie ainda não havia chegado, nem Florence e Daniel que ligaram falando que precisavam passar a noite no hospital fazendo plantão. 

Passei o dia inteiro olhando para aquela foto e com vontade de voltar no porão, mas precisava me controlar, pois não sabia quando Rosie voltaria para a casa. 

Liguei o som e coloquei um CD da Alter Bridge. Wonderful Life tocava no volume máximo e eu dançava e cantava no ritmo da música.

"Close your eyes and just hear me sing one last long goodbye, one last song before you spread your wings. There's so much left to say, before this moment slips away."

Lágrimas desciam pelo meu rosto sem explicação. Eu não me sentia triste, mas fui tocada pela música. Algo ali me deixava emocionada e era como se sentisse uma presença estranha e reconfortante. 

A música parou, as luzes desligaram e um raio cortou o céu iluminando a sala que se encontrava totalmente escura. 

Fiquei com medo, mas não podia fazer nada, então continuei parada onde estava. Não conseguia ver nada na minha frente.

A luz voltou e o som estava funcionando novamente. 

"And with one last embrace, as the tears fall like rain you're gone and with one last goodbye, as you fade out tonight you're gone."

Suspirei e me deixei cair no sofá. Estava tudo bem, só foi um apagão causado por uma possível tempestade, mesmo não sendo época de tempestades. 

Virei minha cabeça pro lado e quase morri de susto com o que vi. Um rapaz estava parado na frente da porta. Vestia um sobretudo preto e um chapéu. Estava com a cabeça abaixada, não deixando com que eu visse seu rosto. 

- Quem é você? O que faz aqui? - gritei saindo correndo e pegando o primeiro vaso que vi na minha frente. - Saia! Senão vou te machucar. - eu estava assustada e com medo. 

- Calma. - ele disse levantando a cabeça, sua voz era conhecida. - Não vou te machucar. - olhei em seu rosto e fiquei mais assustada ainda. 

Era ele. O rapaz dos meus sonhos e da foto. 

- É você. - disse quase gritando. - Você aparece nos meus sonhos e achei uma foto sua aqui no porão de casa. O que quer comigo? 

Ele se aproximou. Era mais bonito pessoalmente e isso me deixou desconcentrada. 

- Fique calma. - disse tirando o chapéu. Seus cabelos estavam bagunçados como na foto. - Eu preciso falar com você. 

- Por que você aparece nos meus sonhos? - disse ficando calma e cortando-o. 

- Eu tento falar com você a anos. 

- Falar o que? 

- Eu preciso te proteger. - disse olhando nos meus olhos.

- Me proteger? - falei sendo irônica. - Você está me assustando. Afinal, quem é você? - gritei dando ênfase em cada palavra da pergunta.

- Meu nome é Steve, e preciso que você confie em mim. - estendeu a mão para me cumprimentar. 

Demorei, mas acabei entregando-lhe minha mão. 

- Sou Lexie. 

- Eu sei. - ele disse sorrindo. 

Sentei no sofá atordoada. 

- Preciso te fazer algumas perguntas. 

- Já esperava por isso. - disse se sentando do meu lado, o que me deixou desconfortável. 

- Por que precisa me proteger? - eu olhava em seus olhos verdes. Algo ali me transmitia confiança. 

- A família de seu pai sofre de uma maldição e você corre risco de vida.

- Que maldição? - disse achando aquilo um absurdo. - Está louco? 

- Não. - ele riu. - Ainda não sei ao certo, mas a linhagem dele está sendo procurada e assassinada. Por favor, confie em mim. 

Eu não acreditaria naquilo, mas havia algo nos olhos dele que me fazia sentir segura. 

- Ok, - suspirei. - eu confio em você. Mas por que apareceu só agora? 

- Eu precisava que você desejasse que eu aparecesse. Acho que desejou, não é? - pelo jeito que ele falou, ele estava mais afirmando do que perguntando.