Pov Spencer

  Eu acordei assustada, eu estava dormindo no peito de Henry. Eu me levantei tentando não acorda-lo, e sentei na beira do colchão.

  - O que aconteceu? – Eu ouvi a voz do Henry perguntando, eu ia dizer “Nada”, mas então ele continuou: - Você teve aquele pesadelo de novo não é?

  Sua última frase me lembrou de uma briga que meus pais tiveram, quando eu tinha quatro anos.

Flashback On

  - Eu estou cansada, Zac, CANSADA. – Minha mãe gritava com o meu pai, e eu olhava tudo por uma brechinha da porta do quarto dos meus pais. – Você não tem tempo pra sua família, você é um pai desnaturado.

  - Cale a boca Emma, se não sou eu pra sustentar essa família vocês iriam morrer de fome. – Meu pai revidou.

  - Não me mande calar a boca, Zac, VOCÊ não é ninguém pra me mandar calar a boca. Eu queria trabalhar, já falei com você pra deixar as crianças com alguém, mas você é orgulhoso, quer ser o super-homem,ou o super-pai, não é Zac? – Minha mãe gritava mais alto.

  - Spencer! – Meu irmão, de oito anos, me chamou. – Vamos jogar vide-game, vem. – Ele começou a me puxar.

  - EU MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA. – E eu ainda pude ver meu pai dando um tapa na minha mãe.

  - Eles brigaram por dinheiro de novo não é? – Eu perguntei para o Josh, ele me olhou com pena e só disse:

  - Vem.

Flashback Of

  - Spencer? – Henry me chamou para o mundo real.

  - Como você sabe? Que eu tenho os mesmos sonhos a noite? – Eu perguntei, me virando pra ele e sentando por cima das minhas pernas.

  - Eu te escuto gritar todas as noites, Spence. – Ele disse me puxando para mais perto dele e me dando um beijo.

Três meses depois

  Eu estava no oitavo mês de gravidez, e isso ficava cada vez mais cansativo, eu ficava cansada mais rápido, sentia muita dor na perna.

  Eu estava deitada num sofá e o Henry no outro, ele assistia TV e eu encarava o teto, nós estávamos em dezembro, faltava quinze dias para o Natal, nevava praticamente todos os dias.

  - Hum, eu vou sair. – Eu disse, me levantando e calçando meus tênis.

  - A onde você vai? – Perguntou Henry tirando os olhos da TV.

  - Vou sair, oras. – Eu disse rindo dele.

  - A chave do carro está no criado-mudo do meu quarto e leva um casaco. – Disse ele.

  - Ta bom papai. – Eu respondi, rindo.

  Seis meses morando com o Henry e eu nunca tinha entrado no quarto dele, era praticamente igual ao meu, só que no lugar da cama de solteiro, tinha uma cama de casal e em cima da cama tinha duas camisas brancas, e no criado-mudo, ao lado da chave, tinha um porta-retrato, e como eu era curiosa, eu sentei na cama e peguei o porta-retrato. Tinha um menino que aparentava ter dois anos, ele tinha olhos azuis e os cabelos negros, e uma mulher de olhos azuis e cabelos louros o segurava. Eu estava quase certa que aquela criança era o Henry e a mulher era sua mãe, peguei a chave e saí do quarto.

  - Estou indo. – Eu disse gritando e abri a porta.

  Eu não sabia pra onde eu ia, ia sem rumo e ia parar no primeiro lugar que me agradasse. Acabei parando em um lago, que óbvio, estava congelado, não tinha ninguém ali. Saí do carro e sentei em um banco e fiquei observando o lago gélido.

  - Spencer? – Alguém me chamou, eu congelei, era a mesma voz que eu tinha ouvido no sonho durante tanto tempo.