I Can See Clearly Now escrita por Kaline Bogard


Capítulo 11
Capítulo 11




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I Can See Clearly Now

—CaP 11-

 

Os dois rapazes terminaram a noite juntos, depois de beber mais um pouco no Pub saíram no carro de Draco e rodaram por Londres, até achar um ponto onde pudessem estacionar e ficar um pouco a sós, sem platéia.

Passaram um pouco dos beijos, deixando que as mãos explorassem até o limite permitido para o pouco tempo em que estavam juntos.

Quando o clima esquentou pra valer ambos acharam melhor parar. Teriam um dia longo pela frente. Fortes emoções os aguardavam. Já era certo não conseguir dormir direito à noite...

Como cúmplices de um crime ainda não praticado voltaram para Hogwarts. Era madrugada e não havia ninguém na portaria de Slytherin, por onde entraram graças ao crachá VIP de Slytherin.

— Que pena separar agora – Harry disse na bifurcação que levava ao subsolo. Ainda segurava uma das mãos de Draco entre a sua, impedindo-o de escapar.

— Potter, você está parecendo uma colegial apaixonada.

— Ow. Que patético.

— Sim, patético. Agora some daqui antes que alguém apareça e a gente perca pontos no Torneio das Casas.

— Sem nem um beijo de boa noite? Da última vez tive que derrubá-lo no chão e roubar um.

— E da última vez meu padrinho chegou e deu um flagra constrangedor.

— Sim – Harry concordou – Foi terrível. Então eu cobro esse beijo amanhã.

— Amanhã depois da nossa vitória esmagadora sobre sua namoradinha e a banda dela.

Harry respirou muito fundo, tentando não se irritar. A menção ao nome de Cho parecia cada vez mais desagradável. Só não perdeu a paciência de vez por que o tom arrastado gritava “ciúmes” em cada silaba.

— Já disse que Cho não é minha namorada. Nunca foi e nunca será. Mas... Se você quiser esse cargo...

E com essas palavras reticentes soltou a mão do vocalista e afastou-se sumindo no corredor que levava as torres dos dormitórios Gryffindor e Slytherin. Draco observou as costas largas desaparecendo rapidamente, chocado demais com a sutileza de Harry Potter.

Aquele fora o pedido de namoro mais inusitado que já recebera. E olha que recebera bastante...

HPDM

Apesar de ter ido dormir tarde Harry acordou muito cedo. Deu de cara com Ronald também acordado, observando-o pensativo.

— Bom dia, Ron.

— Bom dia.

— O que foi?

— Nada – o ruivo hesitou – Quer dizer... Você está parecendo minha irmã quando olha pra sua foto.

— O que?

— Todo apaixonadinho. Droga, Harry. O Malfoy? Esse cara é insuportável.

— Ron eu... Quer dizer... O Draco...

— Olha cara, sérião... Não me explica nada. Não me deve satisfação. Mas não garanto mudar de opinião e começar a achá-lo legal só por que vocês estão se pegando.

O baterista sorriu. Seu amigo nunca agira com preconceito por seus relacionamentos bissexuais. Lá no fundo alimentava uma esperança que, talvez, Harry acabasse despertando um dia e se descobrindo apaixonado por Ginny. Coisa que o moreno sabia impossível. Ginevra era um doce de garota, animada e de personalidade marcante. Mas “irmãzinha” demais para que sentisse algo por ela, assim como era impossível olhar para Hermione com outros olhos que não de pura amizade.

— Tudo bem. Não precisa ser o melhor amigo de Draco, Ron. Só deixa as coisas rolarem.

— Isso eu posso fazer. Acho.

— Pronto para a semifinal?

As orelhas de Ronald se avermelharam e as sardas ganharam destaque no rosto subitamente pálido.

— Você acredita nisso, Harry? Que chegaríamos tão longe no concurso... É Hogwarts e... Somos só uma banda de quintal e... Estamos nas quartas de final!

O moreno sorriu.

— Sei como se sente. Também é difícil pra eu explicar. Só parece um sonho tornando-se realidade.

— Não parece. É.

Harry riu mais alto da forma como Ronald disse aquilo. Como se estivesse olhando um bicho papão, pois arregalou os olhos.

— É. É um sonho se tornando realidade. E prepare-se para a grande final.

— Você acha que a gente consegue, Harry? A Cho é boa. Muito boa. Concordo que Malfoy tem uma técnica perfeita, mas a música não é apenas técnica. A música é paixão, tem que ter um pouco de você.

— Ron... Mione está fazendo um bom trabalho, hein? – Harry riu da expressão sem jeito que o ruivo fez. Aquele discurso tinha muito mais de Hermione do que de Ronald.

— Hn. Ela fala nisso o tempo todo. Mione diz que está feliz por termos ido tão longe. E eu... Bem... É a chance de ir pra final. Já que estamos aqui por que não sonhar um pouco mais e torcer pela final? Nós... Na grande final de Hogwarts...

O moreno levantou-se e começou a trocar o pijama. Foi imitado pelo amigo.

— Draco me pediu que confiasse. Que aconteceram algumas coisas... Não sei. Vou deixar rolar.

— Se você confia na doninha, eu também confio.

— Doninha...?

Weasley pareceu levemente sem jeito. Não pretendia ofender o “enrosco” de seu amigo, mas a palavra escapara antes que se desse conta.

— É... Doninha albina pra piorar.

Harry franziu as sobrancelhas e riu alto. A comparação era perfeita.

HPDM

Os dois encontraram-se com Hermione e foram tomar café juntos. A garota tinha um grande exemplar em suas mãos que parecia muito pesado. Hogwarts, uma história.

— Estou tentando ler isso, amigos, mas não consigo. Céus... Que ansiedade.

Ron aproximou-se dela e passou o braço por seus ombros. Ela pareceu tão pequena perto do ruivo desengonçado. Eram um belo casal. Harry desejou poder ficar assim com Malfoy também. Provavelmente não conseguiria, fosse pela personalidade não tão dócil do vocalista, fosse pelo olhar de reprovação da sociedade...

Talvez fosse cedo demais para se preocupar com essas coisas. Um passo de cada vez. E agora tinham algo fantástico pela frente: enfrentar uma antiga companheira, ex-integrante da própria banda e garantir uma vaga na final.

Quase terminavam o café quando Draco entrou e atravessou o salão comunal de Gryffindor como um pequeno príncipe caminhando por seu reino.

— Ainda estão comendo? Andem logo que quero ver a apresentação agora pela manhã. Nosso futuro rival vai sair dessa disputa.

— Bom dia pra você também, Malfoy – Ron rosnou apenas para enfatizar a falta de educação do vocalista. Foi ignorado.

— Está bem confiante.

Harry afirmou antes de virar o resto do suco de laranjas num único gole.

— Claro. Quero passar pela sua namoradinha como se ela fosse uma barata.

— E o que diz das bandas?

Draco ergueu uma sobrancelha e voltou a atenção para Hermione que mordia uma bolacha. Considerou ignorá-la, porém venceu a vontade de mostrar o quanto sabia do assunto.

— A Ambição, uma banda que tem grande chance de ir pra final. Na verdade eu apostaria meu carro que eles serão nossos rivais na final. E West Sky. Acredite, Granger, temos aí um grande baixista e um vocalista, hum, bom. Mas o guitarrista e o baterista são medíocres. Chegaram longe por que conseguiram evitar as bandas boas. Acontece às vezes.

A garota relevou o tom arrogante e concordou com um aceno de cabeça, cada vez mais fascinada com aquele universo tão singular. Talvez um dia conhecesse tanto quanto Malfoy.

— E a sua namoradinha? – o baterista perguntou.

Todos olharam para Harry Potter. O moreno sorriu como quem não quer nada, encarando Draco fixamente.

— Quem? – Malfoy pareceu realmente confuso.

— Aquela morena com bochechas grandes.

— Pansy? Pansy Parkinson? – um esgar de pouco caso distorceu as feições suaves – Ela não é minha namoradinha. Fala sério, Potter.

Ron ergueu as sobrancelhas incomodado com a pseudo discussão de ex-relacionamentos. Hermione segurou uma risada. Estava feliz. Fazia tempo que Harry não tinha aquele brilho nos olhos.

— E que música vai ser pra Wiz hoje? – ela indagou uma dúvida que era de todos.

— Uma boa o bastante – Draco sorriu convencido. Apenas vencer já não era mais o suficiente. Tinha que mostrar para aquela garota oriental quem ditava as regras. E, depois de ser liberado por sua mãe, as cartas estavam todas em sua mão.

Quando Malfoy informou o nome da música as reações foram bem diferentes. Harry sorriu compartilhando a certeza que ganhariam, Hermione não acreditou que Draco desse conta. Ronald também pareceu meio incerto d vitória.

Era uma jogada arriscada simplesmente confiar tanto.

HPDM

 

O clima nos bastidores era uma mistura confusa de tensão e ansiedade. Staffs das quatro casas andavam em todas as direções acertando os últimos detalhes, ajudando a organizar tudo, reunindo os jurados.

A partir daquela competição as coisas seriam um pouco diferentes. As bandas classificadas nas quartas de final teriam que passar pela avaliação dos quatro juizes de Hogwarts. Snape por Slytherin, Flitwickpor Ravenclaw, Sprout por Hufflepuff e MacGonagal por Gryffindor.

A média das quatro notas indicaria os vencedores que disputariam as semi-finais e a grande final.

A banda A Ambição estava terminando sua apresentação quando Harry e os outros chegaram. Isso deixou Draco muito mal humorado. Mas o humor do loiro melhorou quando ouviram comentários a respeito da lotação do ginásio.

O número de pessoas na platéia crescia a cada apresentação. Malfoy sabia que os ingressos para a final haviam se esgotado. Seria lotação máxima da casa.

— Vocês em meia hora – um staff de roupas vermelhas alertou, enquanto atravessava o backstage com uma guitarra na mão. As cordas estavam arrebentadas.

— Nervosos, caras? – Ron, meio pálido, tentou sorrir.

— Muito – Hermione concordou.

— Não deveriam – Draco soou impaciente. Os olhos cinzentos percorriam todo o local, como se procurasse alguém.

Havia menos músicos agora, do que antes. Logicamente as bandas desclassificadas iam perdendo o passe livre e indo embora, tendo que desistir do sonho de ser vitorioso, pelo menos naquela edição do Concurso Musical. E a tendência era diminuir ainda mais. Aquela percepção fazia os três inexperientes ficarem nervosos.

Cada passo dado era um passo dado rumo à vitória. Estavam tão perto...

— Engraçado – Malfoy resmungou num tom arrastado – Não vejo aquela sua namoradinha em... Ah, está ali.

Apontou Chang caminhando ao lado de um rapaz muito bonito, alto e esguio sem ser magro. Era um dos integrantes da banda atual da chinesa. Ela continuou caminhando ao lado dele. Evidentemente estava chegando para se encontrar com os outros membros. Logo seria a vez deles se enfrentarem no palco.

Ron fez um bico e levou uma cotovelada da namorada. O clima ficou tenso.

Quando Harry pensou em bancar o relações públicas, Malfoy sorriu torto e deixou sua voz arrastada e arrogante se elevar um pouco entre o burburinho do backstage.

— Última chance de desistir e sair dessa com honra.

O tom esnobe só aumentou a tensão. Mas foi Cedric quem respondeu a provocação.

— Confio na vocalista da minha banda.

A voz saiu serena, como se ele não quisesse irritar uma criança. E veio acompanhada por um sorriso.

— Hunf – Draco deu de ombros – Eu avisei.

Um staff se destacou entre os demais, vinha com uma prancheta na mão.

— Wiz. Dez minutos para afinar os instrumentos – e seguiu o seu caminho.

— Boa sorte, Cho – Hermione desejou e puxou o namorado emburrado pelo braço. Ron a seguiu de má vontade.

— Boa sorte – a chinesa desejou de volta. Recebeu um aceno de Harry e completo desprezo por parte de Draco.

Cada um dos quatro tomou sua posição ao palco. Harry, com as baquetas começou a se aquecer. Hermione colocou o contra-baixo, permitindo que os dedos ágeis testassem as cordas. Ron fez o mesmo, logo identificando qual precisava ser apertada um pouco mais ou afrouxada. Draco parou em frente ao microfone, ajustou a altura. Passou a língua pelos lábios e tentou limpar a mente de qualquer coisa que não fosse a apresentação que se daria em minutos.

— Eu ia deixar isso pra final, – Draco falou baixo, apenas para os companheiros de banda ouvir – mas sua namoradinha conseguiu me irritar.

— Manda bala, Draco – Harry girou uma baqueta na mão, a emoção começando a substituir o nervosismo.

Um staff surgiu pela lateral do palco e avisou que estava na hora. Dois segundos depois as cortinas começaram a correr.

A Wiz encarou a multidão que dominava o estádio. Uma massa de pessoas que aguardava ansiosamente pelo desempenho da banda. A esquerda do palco os juízes, quatro pessoas totalmente diferentes, uma missão inquestionavelmente igual. Avaliar e decidir qual banda sairia vitoriosa daquela contenda.

Draco virou o rosto aos companheiros e suspirou.

Harry, Ron e Hermione se entreolharam e trocaram um sinal.

O show ia começar.


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Notas finais do capítulo

N/A: Acho que passei a impressão errada no último capítulo. O beijo que o Harry e o Draco trocaram não era bem o indicio de uma confusão com o pai dele ou com a imprensa. Eles ainda não são famosos o bastante para isso. E a relação com o pai não é o foco de I can see(...), eu só queria mostrar que o Harry está disposto a tudo e o Draco, apesar de fazer manha, acaba se deixando levar.
Ah, sim, todas as musicas que eu uso na fic são encontradas no youtube, caso alguém queira escutar como elas são. As flashback, em especial, são minhas preferidas. Meus pais curtem música antiga pra caramba, e me contagiaram com essa paixão. Eu tento fazer uma homenagem nas minhas fanfics.
Agradeço também todos os reviews e o carinho. Ainda não respondia por que, na verdade, eu não tenho PC nem acesso a Internet, rsrs, acabo dependendo da boa vontade dos amigos.
Mas assim vai se levando.
Obrigado a todos!