I Can See Clearly Now escrita por Kaline Bogard


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Agradeço todos os comentarios. Ainda não tive tempo de reponder, mas assim que conseguir respirar respondo todos um a um.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/3290/chapter/10

I Can See Clearly Now

—CaP 10-

 

— Então a gente se vê hoje à noite!

Harry desligou o celular e observou Ron rodopiando Hermione nos braços. A alegria de ambos era exatamente a mesma que sentia.

Só quem passara por uma situação semelhante podia entender como era olhar para o telão, depois de toda ansiedade e agonia da espera, o ver o nome da própria banda brilhando entre os classificados para as quartas de final.

Quartas de final.

O baterista sonhava desde criança com a glória daquela conquista, e agora que vivia o momento não podia acreditar. Parecia um sonho. Estava mesmo em Hogwarts. Passara por todas as fases até chegar a semifinal.

Se passassem por mais uma estariam entre as quatro melhores bandas da edição. Céus, a emoção era indescritível.

Começaram competindo por Gryffindor, enfrentando a juíza mais severa de todas as quatro casas. Ninguém poderia questionar a qualidade da banda ou o talento de seus integrantes. Iriam onde fosse possível...

Porém Harry sonhava com o hanking máximo. Já que tinham chegado tão longe, porque não almejar ainda mais?

— Vamos comemorar com seu padrinho?

A pergunta de Ron despertou Harry para a realidade. Ele observou o amigo e respondeu com um aceno de cabeça. Sim, comemorariam com Sirius e Remus. Os dois adultos mal podiam conter o entusiasmo com o que estavam conquistando.

Precisava convidar Draco Malfoy também, apesar de temer um pouco a reação de Sirius, inimigo natural dos Malfoy desde a tragédia com a banda Os Marotos.

— Combinei com ele no Cabeça de Javali, pra gente beber um pouco.

— Merecemos – Hermione afirmou surpreendendo os dois amigos. Ela não gostava muito de bebidas alcoólicas.

Harry ia comentar algo quando uma tossinha discreta chamou a atenção. Os três Gryffindors voltaram-se para a entrada e descobriram Cho Chang parada ali, parecendo completamente sem jeito.

— Posso falar com você, Harry?

O moreno trocou olhares com os outros dois integrantes da sua banda ali presentes, antes de assentir e caminhar com a chinesa para fora da sala comunal.

HPDM

Malfoy seguia pelo corredor extremamente pensativo. O retorno de sua mãe fora inusitado. A conversa que tivera com ela ainda mais surpreendente. Nem queria se preocupar com a reação do pai. Lucius ficaria furioso, mas se Narcissa garantira que podia acalmá-lo, então Draco acreditava.

Agora tinha manter foco no concurso. Sua pesquisa não indicava nenhuma banda que estivesse a sua altura. Quem diria que vencer em Hogwarts fosse tão fácil assim? Só temera antes porque tinha prometido ao pai, desistir do sucesso em troca de um pouco de paz, afinal Lucius não precisaria fechar todas as portas, por que Draco não tentaria abri-las.

Enfim...

Tinha que decidir qual música cantaria na próxima apresentação. Não ia ser nada muito surpreendente. Alguma coisa que garantisse uma vaga na semifinal, mas que não entregasse todos os trunfos. Queria deixar todo o seu talento para a grande final e...

Parou de avançar. Bem a sua frente estavam Cho Chang e Harry Potter parados muito próximos um do outro. Por segundos sentiu algo que a tempos não sentia: ciúmes.

Milhares de coisas passaram rapidamente por sua mente, entre elas que o Cicatriz que sairia perdendo caso escolhesse voltar para a namoradinha.

Prestes a dar meia volta ouviu algo que o interessou e o manteve pregado no lugar.

— Tem certeza, Harry? – o tom de Chang era um tanto decepcionado. Draco estreitou os olhos notando, só então, como a expressão facial de Harry estava tensa e contrafeita.

— Tenho. Agradeço o convite, mas não vou sair da Wiz.

— Sua apresentação de hoje deixou Cedric e Victor impressionados.

— Então eles pediram que você viesse me convidar a entrar pra banda deles – Harry respirou fundo. Cho não o conhecia direito para sequer cogitar que abandonaria seus amigos no meio do concurso.

— Pensei que quisesse vencer, Harry...

Claro que o baterista queria vencer! Mas não a custa de deixar seus amigos na mão. Se era para vencer, venceriam os quatro juntos, inclusive Draco Malfoy.

— Evidentemente Potter quer vencer, garota.

O tom esnobe de Draco saiu muito mais arrastado que o normal. O casal voltou-se para ele. Chang parecendo surpresa, enquanto Harry torcia os lábios num sorriso alegre. Já se acostumava com o jeito petulante do outro.

— Ah, claro, Malfoy. Você não tem o quê os juízes de Hogwarts procuram.

Draco riu.

— Devo supor que você tem? Ou melhor, devo supor que você sequer sabe o que os juízes desejam?

Chang voltou-se para o ex-companheiro.

— Não acredito que suporta isso, Harry. Eu garanto que...

Mas Draco cortou a frase da outra de modo frio e seco.

— Não garante nada, Chang. Eu garanto que sua bandinha não se classifica para a semifinal. Seja sensata e desista enquanto pode. Perder por W.O. não será tão humilhante quanto subir naquele palco e cantar contra a Wiz.

Harry olhava de um para o outro sem querer interferir. Apoiava a intenção de Draco, porém duvidava que conseguissem vencer Cho dada a forma como o vocalista se comportava. A chinesa cantava com toda sua alma, Draco apresentara apenas técnica. Perfeita, mas ainda assim sem paixão.

— Pela ordem vocês se apresentam antes – Cho deu de ombros – Podem aquecer os juízes pra gente, Malfoy.

A forma como Cho pronunciou o sobrenome de Draco deixou bem claro que ela conhecia a fama dele e de sua ancestralidade. De repente Harry percebeu que não apenas o loiro levava muito a sério tudo aquilo. Parecia que apenas ele, Hermione e Ron tinham vindo de uma realidade onde Hogwarts não era o centro da vida.

Draco enfiou as mãos nos bolsos e sorriu sem humor algum.

— Seja feita a sua vontade. Vamos embora, Potty. Depois de amanhã sua amiguinha vai se arrepender de ter acreditado que você sairia da Wiz.

— Vá com ele, Harry. Cedric e Victor disseram que o aceitarão mesmo depois que a Wiz for eliminada do concurso. Pode nos procurar quando quiser – e afastou-se pelo corredor sem se despedir.

Draco abafou a risada, debochando da oferta. Harry ajeitou os óculos na ponta do nariz. Nunca imaginara receber uma oferta daquelas por parte da ex-integrante de sua banda. Voltou-se para comentar o absurdo do convite com Draco e acabou surpreendendo-se. Tudo na postura corporal do loiro indicava defensividade.

— O que foi? – Malfoy perguntou de mau modo – Está considerando o que aquela vesga falou?

— Vesga?! Cho não é vesga – Harry riu – E não. Não estou considerando nada. Muito menos deixar a Wiz.

Draco moveu o ombro como quem não se importa. Foi a vez de o moreno imitá-lo e enfiar as mãos no bolso. Aquela era um comportamento inesperado para alguém que tinha entrado a menos de uma semana, efetivamente, para a banda.

O baterista gostou da sensação que Draco exalava sem se dar conta. Era algo muito próximo ao pertencimento. Como se o loiro tivesse vestido a camisa da banda e aceitasse fazer parte mesmo dela.

— Por que está rindo?

O tom de voz irritado só fez a diversão de Harry aumentar.

— Nada. Não tenho planos de sair da banda por uma proposta qualquer. Mesmo que seja mais difícil vencer na próxima etapa.

— Próxima etapa? – Draco ergueu as sobrancelhas – Então vocês conseguiram...?

— E você tinha duvidas?

— Confesso que algumas.

— A partir de agora concordo que tem mais motivos pra duvidar da nossa vitória. Apesar de tudo Cho é boa.

Draco refletiu por alguns segundos, sem se dar conta de que Harry o observava fascinado com a seriedade expressa em seus olhos cinzentos.

— Eu ia guardar esse trunfo pra final. Mas agora não quero só ganhar. Quero mostrar pra essa sua namoradinha quem é bom de verdade.

— Ela não é minha namoradinha. Nunca foi.

A eloquência no tom de voz de Harry ganhou a atenção de Malfoy por longos segundos. Até o som de passos ecoarem próximos e os outros integrantes da Wiz aparecerem ao fim do corredor.

— Cho passou furiosa pela gente – Hermione explicou. Alternou olhares de Harry para Draco e seu rosto assumiu um ar de “ah, entendi tudo”.

— Ficamos preocupados que... Você sabe, mulheres são imprevisíveis – o guitarrista desviou de uma cotovelada que a namorada lhe deu – E perigosas.

Os três amigos riram, enquanto Draco suprimiu um suspiro entediado. Isso fez Harry voltar o olhar para ele.

— Vamos sair e comemorar a vitória. Vem com a gente – a hesitação brilhou nos olhos cinzentos antes que o baterista continuasse – Com meu padrinho e um amigo.

— Seu padrinho...?

— Sirius Black.

Ao ouvir aquilo Draco pareceu mais surpreso do que gostaria. Suas pesquisas não eram assim tão completas se não englobavam aquele aspecto da vida de Harry Potter.

— Hunf. E seu padrinho vai querer que eu esteja por perto? Ele nunca foi econômico ao gastar ofensas aos Malfoy...

— Meu padrinho não gosta de Lucius Malfoy. Você não é Lucius. Fique tranquilo, eu posso protegê-lo da fúria do meu padrinho.

— Não estou preocupado, Cicatriz. Vou trocar de roupa e me encontro com vocês daqui...

Porém Harry girou os olhos e grudou na mão de Draco, entrelaçando seus dedos.

— Pra que trocar de roupa? Você está ótimo assim. Temos que celebrar logo, agora que vencemos mais uma!

Draco desviou os olhos para as mãos de ambos e não protestou, surpreso demais. Ao invés de tentar se separar apenas se deixou levar, enquanto Harry o puxava como um cordeirinho, seguidos de perto por Ron e Hermione também de mãos dadas.

HPDM

Não estava tão ruim quanto poderia estar. Remus imaginara que Harry levaria o vocalista novo da Wiz, por isso já preparara o namorado previamente, com a melhor intenção de evitar conflitos.

Sirius se comportava muito bem, sem faltar com educação em momento algum, simplesmente porque não abrira a boca em momento algum, pelo menos pra falar com Malfoy, ignorando a presença do loiro.

Draco também permanecia meio afastado. Mal prestava a atenção na conversa, focado em admirar o líquido âmbar de sua bebida. O gelo já ia pela metade, mas ele não se importava.

Estava surpreso com a forma como Potter o conduzira pela mão. E por ele mesmo ter se deixado levar, tão passivamente. Não era hipócrita, admitia que gostara e reconhecia alguns sintomas inconfundíveis: o coração disparado, a boca seca, o medo de corar a qualquer momento por estar constrangido.

O que era pra ser uma brincadeira ganhava novas cores. Estava se apaixonando. Por Harry Potter.

Como se não tivesse problemas demais.

Descobrira sua sexualidade no começo da adolescência, assumira para a mãe. Mas nunca, em hipótese alguma, falaria sobre isso com seu pai. Seria banido da família caso se tornasse público que o herdeiro dos Malfoy era gay. Se alguém sequer desconfiasse de um envolvimento mínimo com Potter, podia dar adeus à vida.

Ok, era exagero. Seu pai não iria a tal extremo pelo bom nome da família.

—... Malfoy...? Malfoy!

Draco despertou dos devaneios e olhou para Harry, que o chamava. Os olhos verdes brilhavam exigindo atenção. O sorriso idiota estendia os lábios tentadores. E aqueles ridículos cabelos bagunçados apontavam em um milhão de direções de forma tão charmosa que era quase irresistível se segurar e evitar tocar.

Gostava do conjunto. Valeria a pena correr o risco?

— O que foi, Potter? – praticamente cuspiu o sobrenome do baterista.

— Estávamos discutindo a próxima música. O que acha de Tears in Heaven? Tem uma composição que pode surpreender e ganhar uns pontos com os juízes.

— Não.

A negativa curta e grossa não desconcertou Harry. Mas arrancou um som irritado de Sirius (e conseqüentemente um olhar de alerta de Remus) e um rodar de olhos de Ron.

— Que me diz de Take my breath away? – Hermione sugeriu esperançosa.

— Não vou cantar essa baladinha.

O tom de Draco não podia ser mais arrogante. Por um breve segundo os que achavam conhecer Sirius temeram que o homem respondesse de forma agressiva, mas o homem apenas acenou para o garçom e pediu a conta.

— Acho que está na hora de irmos, Harry – Lupin se pronunciou como forma de despedida.

— Podem ir, vamos ficar um pouco mais.

Os dois mais velhos se ergueram, assim como Ronald e Hermione.

— Vamos aproveitar a carona e voltar para Hogwarts, pode ser? – o ruivo pediu para Sirius.

— Claro. Tome cuidado, Harry e não se demore – Black se afastou sem se despedir de Malfoy. O líder da banda entendia que devia ser difícil pra ele se encontrar com o filho do homem que era suspeito de ter destruído a banda que amava. Mas Sirius precisava compreender que Draco era Draco. E que ele, Harry, estava sentindo um interesse cada vez maior pelo vocalista. Não era apenas uma aventura qualquer.

Ron, Hermione e Remus se despediram, com o adulto ainda dizendo que fora agradável conhecer Draco e que a noite fora divertida. O loiro respondeu com outro boa noite e voltou a atenção para a bebida. Por algum motivo simpatizara com aquele homem de cabelos castanhos e olhar bondoso, com ar cansado e roupas absurdamente fora de modas.

Assim como simpatizara com a sinceridade crua de Sirius. O padrinho de Harry não simpatizara com ele e não fizera o menor esforço para disfarçar ou ser gentil. Tão Gryffindor e previsível.

Quando ficaram sozinhos, Draco voltou-se para a bebida, já com o gelo derretido. Harry aguardou que os quatro tivessem saído e sentou-se ao lado do loiro. Fez um gesto para o garçom pedindo bebidas novas.

— Desculpe a noite ter sido tão fria. Era pra ser uma comemoração...

— Não me importa comemorar nada. Só a vitória.

— Você parecia muito certo de vencer quando falou com Cho. O que mudou?

— Coisas aconteceram, Potter. Só isso.

O garçom voltou com as bebidas fazendo-os cortar o assunto. Assim que ele se afastou Harry recomeçou a conversa.

— Pensou na próxima música?

— Pensei, Cicatriz. Não gaste o pouco cérebro à toa. Confie em mim mais uma vez.

Harry reclinou-se sobre o loiro, pegando-o de surpresa.

— Eu confio, Draco. Na verdade quero confiar muito mais que a próxima música...

— Harry...

O sussurro foi o incentivo que o Gryffindor precisava para esquecer o mundo ao redor dele e tomar os lábios de Draco num beijo que faria qualquer diretor de Hollywood sonhar com o Oscar.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado por chegar até aqui.
A história está acabando.