Percy POV’s

Estávamos todos esparramados no colchão da sala, esperando as meninas terminarem de se arrumarem.

– Onde exatamente fica essa pracinha? – perguntei ajeitando minha cabeça na almofada.

– A três quarteirões daqui, pertinho – respondeu-me John – É uma praça de skatistas.

– Vocês sabem que eu não sei andar de skate né – Rafael deu uma risada que ecoou pela casa.

– Tudo tem uma primeira vez Percy – zombou, mas eu apenas revirei os olhos.

– E também Annie nos contou da aposta – Charles falou segurando um sorriso – É só vinte segundo cara, acho que você consegue.

– Ou não né – disse Rafael se deitando, estreitei os olhos, mas não pronunciei nada.

– Falem isso para meus pés que escorregam mais que quiabo.

Os garotos riram.

– Sabe surfar? – perguntou John, sorrir, surfar era minha praia.

– John – falei, me levantando e ‘’surfando’’ no colchão – Eu sou o rei do surfe.

Recebi uma almofadada no rosto, me fazendo perder o equilíbrio e cair, isso só os fez rirem mais, eu acabei os acompanhando.

– Chega de convencimento – disse Charles, alias, foi ele que jogou a almofada em mim – Enfim, andar de skate é praticamente igual ao surfar, mas no asfalto.

– Grande diferença hein – ironizei.

– Rafa pode te dá umas aulinhas – John propôs, olhei para Rafael que fez uma careta, estava na cara que não gostávamos um do outro. Cocei minha cabeça meio sem graça.

–É, talvez.

Para minha sorte as garotas chegaram, todas com exceção de Annabeth estavam vestidas com roupas largas e grandes, a loira usava uma blusa de frio preta, blusa essa que ficava colada em seu corpo deixando a mostra suas curvas, um short jeans desbotado e rasgado que na minha opinião estava curto demais, pois deixava a mostra suas pernas torneadas e definidas, e um all star cano alto preto com uma caveira desenhada ao lado (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=87775492&.locale=pt-br), seus cachos soltos que desciam um pouco abaixo do ombro, ela usava seu inseparável boné que havia ganhado do pai, uma típica rebelde skatista. John assoviou.

– Annabeth – disse admirado – Quando foi que você...

O loiro fez o contorno de seu corpo no ar com os dedos.

– Ficou tão gostosa? – Rafael completou a frase de John, indo abraçar Annie, essa cara é um tarado, desde quando ele pensa que pode abraçar Annabeth assim, quer dizer, eu...bem... ARGTH !! Esquece – Acho que minha lindinha está crescendo.

Rafael fingiu estar emocionado, o restante do pessoal riu. Silena puxou Annie, o que fez eu agradece-la mentalmente.

– Foi um custo convence-la de usar essa roupa – A loira solta um som de reclamação.

– Me sinto vulgar – Katie bate em sua cabeça de leve.

– Você está linda Annie, vulgar seria se estivesse mostrando o rabo por ai.

Os garotos caíram na risada, possuíam lágrimas nos olhos.

– Sabe – disse Charles se recuperando – Ainda não acostumamos com Katie usando essas palavras.

Annabeth solta uma gargalhada.

– Tadinha da nossa pandinha – fala abraçando a ruiva.

– Vocês são um bando de bobos - depois das risadas, Silena pergunta se podemos ir, nos despedimos dos pais de Rafael e seguimos para a famosa pracinha. Todos carregavam seus skates, até arrumaram um para mim. Annabeth que caminhava ao meu lado fala.

– É hoje que vamos vê quem ganha aquele jantar – um sorriso atravessa meus lábios.

– Espero que você tenha trago muito dinheiro , pois eu não me controlo quando estou com fome.

A loira rir.

– Tenho dó de você Cabeça de Alga – fiz uma careta para ela.

– Quando você vai parar de me chamar por esse ridículo apelido? – ela solta mais uma gargalhada, por incrível que pareça eu adorava o som dessa risada.

– Percy, se vaca voasse chovia leite – WHAT?? O que tem haver vaca com meu apelido ‘’adorável’’. Ela percebendo minha cara de confuso, revirou seus olhos e me da um muro no braço, dessa vez não reclamo, sabe até acostumei.

– Quer dizer que nunca vou parar de chama-lo assim – explica como se aquilo fosse tão obvio.

– E porque você não falou isso antes Sabidinha? Seria tão mais fácil.

– Não tenho culpa se você é tão burro á ponto de não entender uma metáfora – e saiu rindo, me deixando com cara de bobo. John se aproxima e da tapinhas em minhas costas.

– Ela continua tirada – fala rindo, repreendo-o com um olhar.

– É impressionante, Annabeth nunca cala a boca para ninguém, nem quando está errada – sim, essa é minha revolta, porque pela primeira vez, uma garota tem coragem de me responder dessa forma. John rir.

– Só tem uma coisa que faz a pequena Chase calar a boca.

Parei de andar e segurei seus ombros.

– John, que coisa é essa? – eu praticamente implorei, mas ele nega com a cabeça freneticamente, estava escuro, mas vi seus olhos que ele estava com um pouco de medo, quase rir dessa situação.

– Você é louco Percy? Annabeth me mata se souber que te contei. Eu e a galera fomos proibidos de falar sobre isso, prometemos que iriamos levar esse segredo para nosso túmulo.

– Vocês tem medo da Chase? – pergunto segundo o riso.

– Você não? – paro e penso, Annabeth já quebrou meu braço só por causa de um boné, sem contar as outras vezes que quase fui morto por ela, realmente eu sentia um medinho da loira.

– Bom...um pouco.

Voltamos a caminhar e alcançamos o pessoal, eles estavam falando da vez que foram ao clube e Silena acabou sendo esmagada na piscina por um cara que aparentava pesar uns 180 quilos. Depois de tantas risadas, chegamos a tal praça e devo falar que aquilo era o sonho de qualquer skatista. Era cercada de árvores e arbustos, em um canto havia apenas grama verdinha e bem cuidada. Tinha rampas de todos os tamanhos, formas e jeitos. Ali havia umas trinta pessoas, todos com seus próprios estilos, umas paradas conversando, outras descendo em rampas, assim que chegamos ouve alguns murmurinhos, conforme íamos passando as pessoas abriam caminhos, não estava entendendo muito bem.

– Chase – disse um menino, seu cabelo ralo meio ruivo estava tampado por uma touca preta, ele estava segurando seu skate debaixo do braço, era um pouco mais baixo que eu, mas bem forte, seu rosto me lembrava o de uma fuinha, tive vontade de rir com esse pensamento, mas me segurei. Annabeth deu um passo à frente e lançou aquele sorriso cínico que eu mais odiava.

– Parker – sua voz saiu com nojo, deu para sentir a tensão pairando sobre cada um, de repente o som alto que tocava parou e as pessoas que conversavam e riam se silenciaram.

– Você voltou é – Annie revira seus olhos.

– Não, ainda estou em Nova York, isso que você está vendo é apenas sua imaginação – alguns se atreveram e riram, mas foram repreendidos pelo cara de fuinha.

– Vejo que continua meiga como sempre – disse com um sorrisinho o rosto, mas o de Annabeth era maior.

– Alguns hábitos nunca mudam – o garoto assente sorrindo.

– Concordo, mas e as habilidades? Será que mudam? – se possível o sorriso sarcástico de Annabeth se amplia.

– Só há um jeito de saber – ela lança uma piscadela para o garoto e vai em direção à pista de skate, ele logo a segue. A música novamente começa a tocar, sua batida eletrizante parece entrar nos nossos ossos, me viro para Silena que está com um brilho nos olhos.

– Será que da para me explicar o que acabou de acontecer?

– Esse é Cristian Parker, seu grupo era nosso rival nas competições. Ele viu que Annie mandava muito bem no skate, depois de perder duas vezes seguidas para ela...

– ... Cristian propôs que Annabeth entrasse em seu grupo, os Dragões Vermelhos – continuou Katie, para logo Charles também falar.

– Mas Annie recusou, Parker ficou tão irado que socou um cinegrafista que filmava a competição.

– Cristian foi expulso de todas as competições que aconteceriam aqui em São Francisco, ele colocou a culpa em Annie por isso acontecer, desde então ele a odeia – terminou John, esse Parker era bem maluquinho.

– E por que Annabeth o odeia? – perguntei.

– Ele bolou um esquema de prejudica-la em uma das competições que participamos – contou-me Rafael

– Esse cara é meio louco – falei, todos assentiram.

– Você não faz ideia.

– E agora, eles vão fazer o que? – vi que ambos, estavam parados de frente á pista arrumando o equipamento. Katie da pulinhos.

– Eles vão competir. É tipo uma corrida, os dois vão ter que dá a volta na praça, e passar por todas as rampas, escadas, tudo mesmo, e quanto mais manobras fizer, melhor, pois isso da uma vantagem. Ai quem chegar na pista principal que é aquela onde eles vão sair, será o vencedor.

– E tem algum prêmio?

– Não, isso vai mostrar que é o melhor skatista.

A buzina toca, Critian e Annie saem disparados. Annabeth já começa fazendo Flip, movimento esse que consiste em fazer com os pés que o skate saia do chão rodando em parafuso, onde eu aprendi isso? Bom, teve um tempo que comecei a andar com alguns skatistas e quando eu ia vê-los andando, eles me explicavam algumas coisas, depois fui me afastando até que não tenho mais nenhuma noticia deles. Com esse movimento de Annie as pessoas que estão assistindo vibram. Percebo a cara de irritação de Cristian, então mais a frente ele exerce um Fakie Hardflip perfeito, a boca de muitos se abrem, nos lábios do Parker ele exibe um sorriso ao pousar no chão.

Annabeth o olha admirada, acho que ela não esperava por isso. A loira vai para sua primeira rampa, não muito grande, mas que faz um show espetacular, assim que ela sai, vai em direção ao corrimão da escada e faz um Smith Grind, manobra essa que desliza em corrimões ou algo parecido com eles, vejo que ela não está muito convencida de que foi boa, então Annie manda FrontSide Ollie 180º, a galera vai a loucura com essa, e então vejo a satisfação no rosto de Annie, ela era melhor do que imaginei, aquilo eram só manobras de profissionais, fiquei de boca aberta diante de tanto talento. Parker parece que tomou leite azedo pela sua cara, rir com isso.

A corrida continuava, a cada manobra um suspiro, até que os dois chegam à última pista, ambos correndo para ser o primeiro. Cristian a alcança primeiro e começa uma serie de manobras perfeitas, ele finaliza fazendo outro Fakie Hardflip.

Agora é a vez de Annabeth, ela entra na pista e já começa arrebentando fazendo movimentos tão precisos e perfeitos que todos estavam de boca aberta, mas assim que ela deixou a pista, Annie realmente nos surpreendeu ela pegou velocidade e mandou um 360º Hardflip, aquela manobra era tipo, UAU, é uma das mais difíceis de se executar e Annabeth fez com perfeição ainda, depois dessa ela parou de frente á Cristian sorrindo e ofegante, sem duvidas ela era a melhor, e não era só eu que achava, todos estavam gritando seu nome e a aplaudindo, depois disso, é claro que a pequena Chase foi nomeada a vencedora.

– ANNABETH – Rafael gritou a pegando em um mega abração e rodando-a no ar, a mesma não parava de gargalhar.

– NÃO ACREDITO CARA, UM 360º HARDFLIP – John estava boquiaberto, pegou a loira igual saco de batatas e saiu pulando com ela no ombro, assim que ele a devolveu as meninas a abraçaram com gritinhos bastante finos.

– Annie, você... você... deu conta – a loira pega Katie e Silena em um sufocante abraço.

– EU SEI – Charles também a gira no ar.

– Essa é a nossa pequena Chase – todos estavam rindo e felizes, até que a loirinha se aproxima de mim.

– Ei, parabéns, foi muito bem – ela parecia sem graça.

– Obrigada, mas eu...você sabe... não ganho nem um... – mas antes dela acabar de falar, Katie chega e pula em meu colo.

– Annabeth é demais, Annabeth é demais, Annabeth é demais – coloco a ruiva histérica no chão, e ela sai cantando e pula no colo de John rindo.

– Então o que você queria falar? – Annie mantem a expressão dura, suas bochechas vermelhas e seus punhos cerrados.

– Nada não – suas palavras saem frias. Fico a olhando, essa garota com certeza era bipolar.

– Então Percy – começa Charles.

– Acho que é hora de cumprir sua aposta - disse Rafael rindo, Annabeth que agora á pouco estava com raiva deixa escapar uma risadinha.

– É Cabeça de Alga – fala entre as risadas – Hora da aposta.

– Ótimo – disse emburrado, peguei o skate que Silena segurava – Vamos acabar logo com isso.

– Pelo o que Annie falou, o trato é voce ficar vinte segundos em cima do skate – confirma Silena – O perdedor terá que pagar o jantar para quem ganhar e ainda terá de ir até o cemitério e gritar algo para se humilhar.

Rimos com isso.

– Só vocês dois para fazer uma aposta como essa – riu Katie.

– Normal – defendi-me

– Humrum, tão normal – okay, deu para sentir o sarcasmo na voz de Rafael.

Peguei o skate e fui para a pista, seja o que os deuses quiserem agora.