Acordou no outro dia mal, sua cabeça doía muito e tremia sem parar tentou não ligar estava muito indisposta para tomar seu banho, então pôs sua calça jeans habitual e uma regata cinza, penteou o cabelo pegou seu celular e carteira e saiu, estava andando em direção ao Ponto de Ônibus quando viu o Hard Rock Bar aberto.

Pov. Ayra.

Será que eu devo? Sou uma estúpida, ele nem deve estar lá, mas... Só para garantir. Pensei, atravessei a rua rapidamente e entrei no Hard Rock, olhei para todo mundo por um sinal que ele tinha entrado aqui e subi até a pequena Biblioteca, não havia ninguém, suspirei profundamente. Já sabia que não teria, não sei nem porque vim aqui. Desci as escadas, e quando fui abrir a porta para ir embora, surgiu em minha frente ele. Acho que parei de respirar por um momento, só acho, comecei a tremer e ele lançou aquele sorriso para mim ah como eu o odeio, como ele consegue fazer isso comigo?! Logo vi seus lábios começarem a abrir, tinha que dizer algo antes de ele começar.

- Oi. – Disse olhando para os lados.

- Oi – Respondeu centrado em Ayra.

- Gostou bastante deste lugar. – Sorriu timidamente.

- Gostei no que tem neste lugar. – Coçou a cabeça.

- Tenho que ir. – Disse apressadamente, tentando passar por James.

- Aonde vai? – Não saía da frente.

- Ao cinema. – Sorriu.

- Posso te acompanhar?

Merda.  O que eu posso dizer? Não tem escolha.

- Pode sim.

- Então vamos. – Abriu caminho para a loira.

Estávamos já dentro do ônibus e ele tinha parado de falar, o que é muito estranho sua expressão estava triste, não gosto de vê-lo assim.

- O que houve? – Ousou-se a perguntar.

- Não é nada. – Sorriu fracamente.

Ele acha mesmo que me engana, com esses sorrisos e a maneira que me olha com esses olhos verdes.

- Diz logo. – Falou em um tom sério.

- A Carrie.

E foi como se mil facas me atingissem ao mesmo tempo, uma palavra que tanto me fazia sofrer, porque isso? Engoli seco, virei para o outro lado e perguntei:

- O que tem ela?

- Liguei para ela ontem, para dizer que eu não queria mais ir ao baile com ela, mas... Ela começou a chorar e desligou o telefone. – Suspirou. Fiz uma grande merda, mas... Não é ela com quem eu desejo ir ao baile, só não queria machucá-la.

Gelei, ele disse mesmo o que eu ouvi? Ele, não quer ir com a Carrie?

- Mesmo? E já tentou falar com ela de novo? – Cala boca Ayra!

- Não, eu quero deixar ela no tempo dela, eu sei que ela precisa... Mas eu vou tentar conversar amanhã.

Meu telefone tocou na hora, e era novamente o ‘’Número Restrito’’, respirei fundo e atendi.

- O que é? – Perguntei infurecida.

- Poderia me encontrar? – Era a mesma voz robótica de antes.

- Quem fala?

- Se puder me encontre no Open, estarei lá o dia todo.

E antes que pudesse dizer algo, essa pessoa desligou na minha cara, estava perdida em meus pensamentos até ser acordada.

- Ayra?

- Hm, Oi James?

- Quem era?

- Eu... Eu não sei. – Suspirei tristemente.

- E o que disse?

- Para mim o encontrá-lo hoje.

Ele se calou. Quando chegamos, fomos direto à bilheteria e ele escolheu o filme, compramos o bilhete, a pipoca e entramos.  Ele estava me seguindo então, me sentei na penúltima cadeira e ele do meu lado, nos ajeitamos e por coincidência o filme tinha acabado de começar, ele estava meio desanimado e eu odiava aquilo, o fato de ser sobre Carrie, e o fato dele estar triste me matavam por dentro. Queria abraçá-lo e ouvi-lo compartilhar tudo o que ele sente comigo, porém se fosse tão fácil.

Estávamos já quase na metade do filme e ele tinha comido quase toda a pipoca, peguei cinco e joguei no rosto dele, ele me olhou com dúvida e jogou de volta, sorri. Era muito bobo mesmo, então continuei sendo criança joguei nele de novo e assim foi até eu me abaixar e ele acertar em uma mulher que estava do meu lado, fiquei sem graça, pedimos desculpas e rimos baixo enquanto voltávamos a ver o filme. Depois de um tempo, o filme acabou deixei as coisas lá levantei e o esperei se ajeitar.

- Vai desfilar? – Disse rindo.

- Tenho que ficar bonito. – Piscou.

Fiquei sem graça por isso, saímos do cinema e ficamos rondando por aquela parte do bairro, rindo e contando histórias, foi realmente maravilhoso até que ele recebe um telefonema.

- Espera. – Disse sorrindo.

Não disse nada, apenas minha expressão já respondia.

- Carrie?

Meu coração acelerou, o dia estava perfeito por que isso agora?

- Eu sei, me desculpa.

- Ah pequena, não tem... Algo que eu possa fazer?

- Eu quero, só que... Pensei que quisesse ir com alguém que goste. – Só vi sua mão indo em direção ao seu rosto.

- Tudo bem, beijos. Tchau. – Desligou e guardou o celular. Merda.

- O que houve? – Perguntei curiosa, e ainda com ciúmes.

- Eu vou ao baile com a Carrie. – Puxou um sorriso no canto da boca.

- Que ótimo. – Sorri fracamente, não queria que visse minha expressão.

- Hm, deve ser. – Colocou a mão nos bolsos e continuamos caminhando, em silêncio.

De tanto que andamos, chegamos à praça, e subimos em uma pequena ponte que havia lá, ficamos encarando o rio que parecia tão calmo, e silencioso até que finalmente disse.

- Que vista bonita.

- É sim, é linda. – Sorri encantada com a paisagem ao redor da praça.

- Não essa. – Disse mirando minha cabeça para meu reflexo na água. Essa.

Corei rapidamente, mas me mantive calada o tempo todo, eu não queria estragar este momento, estava passando certo vendedor de algodão doce, e o James foi buscar correndo, não disse nada, apenas saiu correndo em direção ao vendedor e trouxe dois.

- Eu não quero obrigada. – Sorri.

- Não é isso. – Ele abriu o algodão doce e começou a arrancar os pedacinhos e fazer uma barba e bigode em si mesmo, eu comecei a rir, como podia ser tão bobo, e ainda em público, ele se aproximou para botar em meu rosto, porém recuei.

- Não precisa ter medo, eu não mordo. – Disse rindo.

- Não irei ficar assim em público! – Sorria, sorria só de olhar em seus lindos olhos.

- Tem vergonha?

- Não, é que... Rosa não combina muito comigo. – Respondi ironicamente.

- Qualquer coisa combina com você. – Colocou meus cabelos atrás da orelha, como sempre fazia e começou a fazer minha barba, eu via os olhares de cada pessoa que passava por perto, uns eram engraçados outros eram como se nós fossemos de outro mundo, eu não ligava. Ativei o foda-se, ele estava ali comigo e era o que importava.

Já estava anoitecendo e resolvemos ir para casa, as nuvens já estavam bem formadas então imagino eu que iria chover, paramos em frente ao Hard Rock.

- Foi um prazer.

- O prazer foi meu. – Disse sorridente. Então, até amanhã quem sabe.

- Até. – Me despedi, com um leve aceno de mãos.

Andando até minha casa percebi que parei de frente a porta do Open, seria seguro entrar lá? Afinal, há muitas pessoas... Um louco não tentaria nada. Entrei, e logo vi que só haviam 3 mesas ocupadas, uma delas era um cara sozinho, de chapéu e sobretudo, ele me olhou sério, não conseguia ver seus olhos que estavam escondidos na escuridão, ele abaixou a mão e se levantou, fui andando para trás devagar não queria dar suspeita de nada, além do mais não podia ser comigo. Enganei-me, ele foi andando em minha direção, lentamente e de cabeça abaixa até levar a mão até o bolso. Entrei e desespero e sai correndo em direção a minha casa, até que ouvi uma voz.

- Ayra, espere! – Gritava.

Não dei ouvidos, apenas entrei em casa e tranquei a porta, corri para cozinha já que tinha vista para a rua, e o vi, o homem olhou para a casa, porém não me viu, eu acho. Ficou encarando por um tempo, até que desceu as escadas e saiu dali, me sentei no chão cansada, com meus batimentos super acelerados, quem era ele? A única pergunta que ficava em minha cabeça, me levantei e estava subindo as escadas, até ouvir um barulho estranho do quarto de minha mãe.