A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 32
Capítulo 32 – Momento Família


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas.
Primeiro vamos aos agradecimentos.
Milla Cullen e Lis Maddox, minhas jujuas, obrigada pela recomendação linda que cada uma escreveu. Eu li, reli, suspirei, pulei e reli outra vez.
Esporo que gostem do capítulo :)
Simbora ler o/



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Era por volta das nove da manhã, o sol brilhava alto no céu, os três ainda dormiam juntinhos na mesma cama. Fadigados com tudo o que haviam passado nos últimos dias, na correria e nas noites mal dormidas de um hospital.

Tanto no celular de Emmett quanto no de Rosalie havia chamadas não atendidas.

Aconchegada entre os dois, Julia foi a primeira a acordar. Com uma mãozinha coçou o olho esquerdo preguiçosamente. Sentou na cama com a chupeta na boca, o paninho e Carinho ao lado de seu corpo, os cabelos bagunçados. Voltou a coçar o olhinho, depois olhou do pai para a mãe. Após se certificar de que eles ainda dormiam, deitou-se novamente entre eles e ficou a fazer carinho em seus rostos, uma mãozinha no rosto de cada um deles.

Um sorriso preguiçoso curvou o canto dos lábios de Rosalie tão logo sentiu a pequena mão acariciar a pele se seu rosto.

– Bom dia, docinho – ela murmurou ao abrir os olhos devagar. Cuidadosamente trouxe o corpo pequenino para mais perto do céu, em seguida, beijou seu rostinho.

Julia levou as duas mãozinhas ao rosto dela em um toque delicado.

– Minha mamãe Ose... – a voz suave soou como música aos ouvidos de Rosalie. A mãe coruja não aguentou tamanha fofura, lhe dando um beijo demorado na bochecha.

– Tá com fome, docinho?

Com a voz ainda preguiçosa, Julia pediu.

– Quelo gagau.

Outra vez os lábios de Rosalie se curvaram em um sorriso.

– Quer gagau. Mamãe vai fazer o seu gagauzinho.

Bastou Rosalie fazer menção de se levantar para Julia se agarrar a ela.

– Não, mamãe... – pediu chorosa, um tanto preocupada também.

– Você não quer o gagau, a mamãe só vai a cozinha preparar sua mamadeira.

– Calinho não qué ficá sozinho.

– Carinho não quer ficar sozinho – repetiu a mãe, analisando a situação. – Mas o papai ainda está aqui amor. Ó o papai aqui – ela ergueu a mão sobre Julia até encostar ao ombro do marido.

– Calinho qué que o papaizinho faze o gagau.

– Carinho quer que o papaizinho faça o gagau?! – a mãe repetiu e ela afirmou com a cabeça. – Então acorda o papaizinho, ele está muito preguiçoso hoje.

Rosalie afrouxou o abraço onde matinha a filha presa. Julia se remexeu entre eles até ficar coladinha no pai. Encostando a pequenina mão no rosto dele fazendo um leve carinho.

A mãe observava com os olhos brilhando. Era impossível esconder o quanto tudo, todos os momentos com a filha e o marido, estavam lhe fazendo bem. Mal conseguia acreditar que todos esses momentos eram reais.

– Papai... – começou Julia. – Papaizinho – sua voz era contida. Como ele não se mexeu, ela olhou novamente para a mãe.

Rosalie confirmou com um movimento de cabeça, já sabendo que Emmett estava acordado, fazia alguns segundos que ela tinha percebido que ele apenas fingia dormir.

– Acorda o papai. Faz cosquinhas nele – instruiu.

Um sorriso tímido brotou nos lábios de Julia, e, quando tornou olhar para o pai, o encontrou de olhos abertos. Um sorriso lindo, de covinhas, iluminando o rosto de olhos ainda sonolentos.

– Já acodô o papai – ela comentou feliz. – Já acodô.

– O que minha gotinha iria pedir? Fala pro papai – Emmett pediu, segurando a pequena mão entre a sua fazendo parecer a mão de uma boneca.

– Quelia pedi o gagau.

– Eu ia preparar a mamadeira, mas ela quis que fosse você amor. Não me deixou sequer sair da cama – avisou Rosalie, com divertimento em seu rosto.

– Muito dengosa essa gotinha do papai – murmurou ele, mexendo nos pezinhos dela. – Tudo bem, eu vou lá preparar a mamadeira dessa garotinha dengosa, e, depois nosso café da manhã também. Eu disse que ela iria grudar em você o dia inteiro...

– E quem foi que disse que irei achar ruim – esclareceu, abraçando a filha novamente. – Mas, falando sério Emm, você não vai pra empresa agora pela manhã?

– Não. O dia hoje vai ser inteiro dedicado às duas mulheres de minha vida. É oficial, estou me dando folga.

– Seu pai está sabendo disso? – pediu Rosalie, com um leve sorriso estampado no rosto, adorando saber que ele ficaria o dia inteiro com elas. – Tudo bem se precisar ir. Eu cuido de nossa filha. As meninas do buffet dão conta de tudo, como vem fazendo. Claro que me mantendo informada. Tenho todo tempo do mundo pra cuidar da minha gotinha de amor, até que ela possa voltar à escolinha.

Com sobrancelhas curvadas, expressão de choro, imediatamente Julia avisou.

– Não quelo í plá ecolinha. Calinho não qué í plá ecolinha.

– Não é hoje não, docinho – a mãe explicou, lhe dando um beijinho entre as sobrancelhas.

– Prevejo choro... – Emmett falou consigo mesmo.

– Porque amor?

– Desconfio que certa garotinha não vá querer largar certa mamãe.

– Ah, sim. Mas não vamos nos preocupar com isso agora. Afinal, ela não vai hoje mesmo.

– Certo, melhor mesmo eu não pensar muito nisso. Já foi difícil o bastante da primeira vez.

– Sinto tanto por não ter estado lá pra ajudá-los.

– Eu sinto mais ainda – ele acrescentou.

– Emm, seu celular está tocando – avisou ainda abraçada a filha logo que reconheceu o som do toque do celular do marido.

Ele olhou em volta, tentando recordar onde tinha deixado o aparelho na noite anterior. Saiu da cama e acabou encontrando-o na poltrona.

– É o meu pai – ele avisou, assim que olhou no visor, levando o aparelho imediatamente ao ouvido.

– É o vovô Calai que vai falá com o papai.

– É amor. É o vovô Carlisle. Você gostaria de conhecer o vovô Ryan? Ele é o meu papai. Ele é super gente boa, e a mamãe ama muito ele.

– Gotalia, sim. Ele é seu papaizinho? E ele tá aonde?

– Meu papaizinho está lá em San Diego. Mas, logo, logo, você vai poder conhecê-lo pessoalmente. Que tal um banhinho com a mamãe enquanto o papai fala ao telefone com o vovô Carlisle?

– De banheila?

– De banheira ainda não, gotinha. Você ainda não pode demorar no banho por causa do dodói. Tem que ser um banhinho rápido.

–Tá bom, mamãe.

– Então vamos lá. Vamos pro banho com a mamãe.

Rosalie saiu da cama, permanecendo próximo da beirada, esperando por Julia. Ela ficou de pé se atrapalhando toda com os lençóis enquanto seus pezinhos afundavam na maciez. As mãozinhas tocaram as laterais da fralda que usava, com impaciência.

– Tem um xixi nessas flaldas – comentou, com os dedinhos apressados, tentando puxar a fita adesiva.

– Deixa que a mamãe retira essa fralda de xixi.

Julia segurou-se ao braço da mãe enquanto ela puxava as fitas e retirava sua fralda.

– Tem uma xixizada – Julia comentou, fazendo-a sorrir.

Rosalie a levou para o banheiro em seu colo e lá retirou também a blusinha do pijama. Pegou o chinelinho de borracha que estava perto o box e colocou nos pezinhos dela.

– Espera a mamãe, docinho.

Deixou Julia de pé perto do box, o piso ainda estava úmido do banho que tomaram juntos na madrugada. Antes de se despir ela usou o banheiro. Depois de dar descarga no vaso, ouviu Julia comentar:

– Você feze um xixizinho foi mamãe?!

– É, a mamãe estava apertada. Mamãe não usa fraldinha pra dormir.

Julia sorriu, abraçando as pernas dela.

– É só quiança que usa. Você é uma mamãe. Minha mamãe Ose.

– Isso mesmo, gotinha. Mamãe não tem mais idade pra usar fraldinha pra dormir. Só você que ainda é meu bebê.

– Não tem – disse Julia, uma mãozinha encostada no vidro do box e a outra agarrada a perna da mãe.

Rosalie se distraiu retirando a camisola, e foi nesse instante que Julia escorregou, não levando um tombo por pouco.

– Opá! Segura direito na perna da mamãe pra não escorregar amor.

– Opá! – Julia repetiu – Julinha case caiu nesse banheilo do papai – ela olhou pra cima buscando o olhar da mãe. – E seu também né mamãe, esse banheilo que tem té essa banheila. Julinha gota de banheila.

– Isso mesmo, gotinha.

– Pô isso tem o seu pupu aqui. E esses monte de coisa chelosa.

– Isso mesmo. Você gosta dessas coisas cheirosas?

– Goto muito mesmo. Calinho gota também.

Antes de entrar no box, Rosalie segurou na mãozinha dela. Ligou o chuveiro deixando as primeiras gotas de água caírem junto com o vapor que se formava. Sua prioridade foi primeiro o banho de Julia. Como sempre, cheia de delicadeza e cuidado com a filha.

Não demorou muito, Emmett apareceu no umbral da porta que permanecia aberta.

– Opá, mulheres no banho. Volto depois.

– Queria o que Emm...? – pediu Rosalie, assim que ele deu dois passos pra trás.

– Usar o banheiro e escovar os dentes.

– Use o social, eu estou com a Julinha aqui amor.

– Eu sei. Já estou indo usar o outro.

– O papai faze xixi com pintinho dele. Pô isso não pode vê, mamãe. Só menino que pode vê o pintinho.

Rosalie sorriu. – É isso aí gotinha. Somente os meninos podem ver o pintinho. Garotinhas não podem.

– Não pode – Julia concordou.

– É, não pode – a mãe afirmou, achando graça.

Minutos depois, Rosalie saía do banho usando um roupão floral e uma toalha em volta da cabeça. Julia em seu colo, enrolada em uma tolha de toquinha que cobria sua cabeça.

O rostinho ainda molhado, os cílios cheios de água, não parava de olhar a mãe com a toalha na cabeça, achando divertido. Em vez de ir para seu próprio closet Rosalie foi direto para o quarto que Julia estava ocupando, para vesti-la primeiro. Deixou ela sobre a cama e foi pegar a roupinha.

Julia ficou andando de um canto a outro na cama enrolada na toalha.

– Dois, cinco, um, nove, sete... – ela contava, totalmente fora de ordem.

Emmett apareceu na porta, trazendo a mamadeira em uma das mãos.

– Gotinha assim você vai cair. Cadê a mamãe? – pediu ao entrar no quarto.

Julia esticou o bracinho na direção dele assim que percebeu a mamadeira que trazia.

– Tá bucano uma opa plá Julinha vesti – seus olhinhos vidrados na mamadeira à medida que o pai chegava mais perto da cama.

Ele sorriu para Rosalie assim que a viu sair do closet trazendo as roupas para vestir na filha.

– Vem gotinha. Vem pra mamãe pôr sua roupinha. Vem filha!

Julia olhou da mamadeira para ela.

– Quelo o gagau.

– Você vai tomar o gagau. Vem só pôr a calcinha antes.

Como ela parecia indecisa, o pai incentivou.

– Vai com a mamãe. O papai não vai tomar sua mamadeira. Vai cobrir essa florzinha.

– Não é plá levá embola papai. Esse meu gagau, tá bom?!

– Eu não vou levar embora o seu gagau.

– Tá – ela concordou, indo até a outra extremidade da cama onde a mãe estava a sua espera e segurou no braço dela.

Rosalie retirou a tolha e a secou cuidadosamente. Tomando cuidado com a barriguinha. Depois de vesti-la com a calcinha, lhe deu um beijinho no rosto.

– Pronto! Agora já pode tomar o seu gagau. Depois a mamãe termina de te vestir e penteia seus cabelos também.

No mesmo instante, Julia olhou para Emmett estendendo a mãozinha em busca da mamadeira. Assim que entregou a mamadeira ele foi pegar o controle da tevê em cima de uma das mesinhas de cabeceira.

– Papai, desenho – ela avisou, com a mamadeira a caminho da boca.

– O papai já vai pôr no desenho. Que gotinha mais apressada.

Assim como ele, Julia também sorriu.

Ela se empertigou na cama, recostada aos travesseiros, enquanto o pai procurava um dos canais infantis. Sua mãozinha buscando o pônei de pelúcia ao redor.

– Calinho – pediu assustada. – Cadê Calinho, papai. Cadê? Cadê o Calinho?

Mas foi Rosalie quem respondeu.

– Ele ficou na cama da mamãe e do papai.

– Ele ainda está dormindo. Carinho é preguiçoso – emendou Emmett.

– Ele tá cholano, papai. Ele não gota de ficá sozinho. Ele tem medo.

– A mamãe vai se vestir e quando voltar traz Carinho pra ficar com você, tudo bem assim?

– Tá bom, mamãe – ela concordou, levando a mamadeira à boca novamente.

Enquanto Rosalie saía do quarto, Emmett deixou a tevê ligada no dicovery kids. Depois sentou na beirada da cama segurando os pezinhos de Julia.

– Tudo bem se o papai for tomar banho agora? Você não vai chorar? A mamãe já está vindo com Carinho. Qualquer coisa o papai vem correndo, também.

– Tá bom. Mas não fica condidinho, tá?

– Tá bom. O papai promete que não fica escondidinho – ele beijou os pezinhos dela e então ficou de pé.

Antes de deixar o quarto deu uma última olhada para se certificar de que Julia estava distraída com a tevê.

Ao retornar a suíte, encontrou Rosalie terminando de se vestir. Aproximou-se devagar, abraçando-a por trás beijando de leve seu pescoço.

– Senti tanto sua falta... – disse ele, roçando o nariz na nuca dela, deixando-a levemente arrepiada. – Nada do que diga será o bastante para amenizar toda saudade que senti de você.

Ela se virou, ficando de frente para ele, suas mãos em volta do pescoço.

– Mesmo que eu não tenha demonstrado enquanto estávamos separados foi muito difícil ficar sem você também – os dedos dela brincaram na nuca dele.

Emmett a abraçou, lhe dando um beijo ao pé do ouvido.

– Só não vou repetir agora mesmo o que fizemos a noite, porque nossa filha está acordada. E se demoramos ir até ela, ela virá chorando até nós.

– Repete o que disse – pediu ela.

– O que? Que eu gostaria que repetíssemos o que fizemos a noite?

– Não, depois disso.

– Nossa filha?!

Um sorriso lindo curvou o canto dos lábios de Rosalie, enquanto confirmava com um movimento de cabeça.

– Isso, nossa filha. Sua e minha. Nossa gotinha de amor.

Tendo um sorriso de covinhas escancarado ele uniu seus lábios aos dela em beijo rápido.

– É melhor você levar Carinho antes que ela comece chorar.

– Eu já estou indo – avisou ao se afastar, indo pegar o pônei em cima da cama. – Quando terminar seu banho me encontre na cozinha, estarei esperando para tomarmos café juntos.

– Tudo bem. Eu não demoro.

– Ah! Emmett.

Imediatamente ele virou para olhá-la.

– O que amor?

– Eu te amo.

– Eu também te amo. E estou muito feliz que esteja com a gente.

– Essa é a minha casa, e a minha família – Rosalie afirmou, em seguida, beijou a cabeça do pônei de pelúcia.

– Mamãe. Mamãe Ose... – a voz de Julia interrompeu.

Ela ergueu o olhar, um sorriso ainda marcava seus lábios.

– Viu só, minha filha me chama – olhando por sobre o ombro, avisou. – Mamãe já está indo, gotinha.

– Mamãe...

– Vai lá – disse Emmett, vendo-a sair do quarto, satisfeita, com o pônei de pelúcia nas mãos.

Minutos depois, estavam os três sentados à mesa da cozinha. Emmett na cabeceira, Julia na cadeirinha e Rosalie ao seu lado, revezando com o marido a tarefa de alimentar a filha com alimentos saudáveis.

– Emm, podemos falar agora sobre a decoração do quarto de Julinha?

– Você sabe o porquê de ele ainda estar vazio, amor. Sabe que tem permissão para fazer como quiser e quando quiser – lembrou, segurando a mão dela sobre a mesa, beijando seus dedos suavemente.

– Eu quero fazer isso com meu marido. Sempre quis que juntos fizéssemos isso.

– Você encontra uma decoradora de seu agrado e vamos juntos, os três, falar com ela. Quero estar presente a cada peça que você escolher, e, principalmente, quero ver em seu rosto o sorriso mais lindo.

Ele olhou para Julia e Rosalie seguiu seu olhar. Julinha comia um pedaço de bolo de chocolate, seu favorito, as bochechas cheias tanto quanto um esquilo que carrega suas nozes.

– Sei o que tudo isso significa pra você, querida. Como já falamos antes, farei parte de tudo o que envolva nossa relação, nosso casamento, nossa família. Estarei ao seu lado em tudo o que precisar, e no que não precisar, também.

– Não esperava ouvir nada diferente – ela murmurou, apertando os dedos dele entre os seus.

Houve uma troca de olhares que somente fora interrompida ao som de Julia tossindo. Ela havia se engasgado com o suco. No mesmo instante, os dois lhe deram inteira atenção.

Emmett pegou das mãos da filha o copinho de plástico, enquanto Rosalie se encarregava de limpar o suco que escorria pelo queixo dela. Julia estava com a região das sobrancelhas avermelhadas e ainda tossia um pouco quando Rosalie a tirou da cadeirinha levando-a para seu colo.

– Quelo aga... – ela pediu, agoniada.

Emmett nem esperou ela terminar de falar, no mesmo instante estava pegando outro copinho com água. Rosalie foi quem recebeu o copo das mãos dele e fez questão de segurar para Julia poder tomar água. Ela tomou um bom gole, tossiu e suspirou antes de tomar mais um pouco.

– Se sente melhor agora, gotinha?

Os olhinhos piscaram preguiçosamente, enquanto ela afirmava com um movimento de cabeça. Depois de beijar o rostinho dela, Rosalie ofereceu novamente um pedaço de bolo de chocolate. Julia negou com a cabeça.

– Não quer filha?

– Não...

– Tudo bem, não faz mal. Toma só mais um golezinho de água, amor.

Ela tomou mais um pequeno gole de água. Depois foi para o colo do pai, após ele lhe estender os braços em um convite.

– Fica aqui com o papai, pra mamãe terminar de comer – foi o que ele disse.

Julia se aconchegou no colo dele, onde permaneceu quietinha.

– A senhora Jones continua vindo regularmente? – pediu Rosalie.

– Sim. Sempre nos mesmos dias que vocês tinham combinado. Mas eu tenho me esforçado muito no quesito organização e limpeza, também.

– Eu notei amor. Fica tranquilo, não foi por isso que perguntei não. Foi apenas por curiosidade – ela sorriu, segurando a xícara a meio caminho da boca.

Emmett, que brincava com a mãozinha da filha, sorriu para ela.

No final, a louça do café ficou por conta de Rosalie, uma vez que Emmett tinha ficado coma noite a anterior.

Como nenhum dos dois tinha planos de sair. Pretendiam apenas dedicar o dia a cuidar da filha e matarem a saudades de estarem juntos. Conforme as horas foram passando, Julia recebeu a medicação e fez um lanchinho.

Em algum momento, sempre que Julia se distraia, eles trocavam beijos e carinhos. Curtindo cada segundo juntos, e, principalmente, curtindo serem pais. Sendo a família que Rosalie sempre quis.

Brincaram no tapete da sala de tevê, onde tudo acabava em gargalhadas.

O almoço foi servido por volta das quatorze horas, logo depois de ter sido entregue no apartamento.

Cada membro da família, sem exceção, ligou em horários diferentes para saber como estavam. Nenhum deles se atreveu a aparecer. Tanto Rosalie quanto Emmett desconfiavam das intenções deles, principalmente das avós, no entanto.

Mas tinham que admitir, estavam gostando disso. De poderem ficar um tempo a sós com a filha, depois de tanto tumulto no hospital.

[...]

Era quase cinco da tarde, Rosalie brincava com Julia no quarto de hospedes. Emmett estava no escritório fazendo algumas ligações, respondendo também alguns e-mails de trabalho.

Estava distraído mexendo na caixa de e-mail, ouvindo as vozes da mulher e da filha perto dali, quando seu celular tocou sobre a mesa, ao lado do notebook.

Logo que reconheceu o número, não teve certeza se deveria atender. Indeciso, inclinou a cabeça para trás suspirando. Como o aparelho continuava tocando acabou decidindo que deveria atender.

– Oi, Skyler – disse ele. Seus olhos varreram a porta de entrada do escritório temendo que Rosalie pudesse surgir a qualquer momento.

– Olá, Emmett... – começou Skyler. – Bem, eu... é... eu só queria – embora ele não pudesse vê-la, ela mordeu o lábio inferior com ansiedade. Não conseguia disfarçar muito bem a saudade que sentia dele durante esses dias em que se ausentou do grupo de apoio. – Eu só queria saber como está sua filha. Se já teve alta? Como você está.

– Eu estou bem Skyler. Minha filha, também. Ela recebeu alta ainda ontem. Estamos em casa agora. Minha filha, minha esposa e eu.

– Então vocês reataram? – sondou, enquanto seu rosto se contorcia em desgosto.

– Sim. Minha esposa e eu estamos bem outra vez – um silêncio incomodo se instalou nos dois lados da linha. Depois de um tempo, ele perguntou: – Skyler, você ainda está aí?

– Sim, me desculpe. Estava só pensando. Isso quer dizer que você não vai mais votar ao grupo de apoio?

– Não tenho muita certeza. Mas, de qualquer forma, irei para agradecer e me despedir de todos. Além de toda ajuda que me deram, fiz também amigos.

– Entendo... – ela murmurou. – Eu quis ir ver sua filha no hospital, mas acabei não indo por não saber quem iria encontrar por lá.

– Foi bom você não ter ido. Minha esposa talvez não reagisse muito bem à sua presença. Teria complicado as coisas pra mim.

Emmett parou de falar tão logo ouviu o choro de Julia ecoando pelo apartamento. Era um choro desesperado.

– Eu não quero parecer grosseiro Skyler, mas, preciso mesmo desligar. Minha filha está chorando.

– Tudo bem...

Ele não esperou até o final para ouvir o que ela tinha a dizer. Largou o celular sobre a mesa e saiu do escritório a passos largos, quase correndo.

Enquanto isso, Julia procurava por Rosalie de um cômodo a outro. Depois de ter ido buscar uma boneca que tinha ficado na sala, ao voltar ao quarto não encontrou Rosalie por lá.

– Mamãe... Mamãe. Oh, mamãe. Mamãe Ose.

Aos prantos ela foi para a suíte do casal. Do banheiro onde estava Rosalie pôde ouvir o chorinho desesperado.

– Mamãe. Oh, mamãe. Ose...?

– Julinha, meu amor, a mamãe está aqui no banheiro.

Julia mal conseguia ouvi-la, de tanto que chorava.

– Mamãe. Mamãe Ose. Mamãe, não vá embola...

A porta do banheiro foi aberta, com ansiedade, por uma Rosalie preocupada.

– Olha a mamãe aqui, amor.

Julia soluçou, virando o corpo na direção do som da voz já conhecida. Seus bracinhos se ergueram imediatamente, pedindo colo. O beicinho tremia.

– Ma-mãe.

Rosalie encostou a cabecinha dela no ombro, ninando-a.

– Shhhh... Não chore docinho. Olha a mamãe aqui. Está tudo bem, meu anjo. Está tudo bem.

Julia passou os bracinhos em volta dos ombros dela, enquanto seu corpo pequenino tremia com soluços.

A mãe afagava suas costas, tentando acalmá-la. A boneca que segurava caiu de sua mãozinha, direto para o chão.

O olhar de Rosalie parou no umbral da porta ao ver Emmett chegar com uma expressão preocupara no rosto. A passos largos ele as alcançou.

– O que aconteceu? Ela se machucou? – enquanto questionava olhava os braços e pernas da filha, e, quando tentou levá-la pra seu colo, Julia agarrou-se ao pescoço da mãe em desespero.

– Não. Ela não se machucou – contou Rosalie. – Ela pensou que eu tinha ido embora. Estava no banheiro. Ela não me viu entrar, tinha ido pegar uma boneca na sala.

Ele afagou os cabelos de Julia, angustiado. Detestava vê-la chorar daquele jeito, não importava o motivo.

– Gotinha, olha para o papai – Julia continuou agarrada ao pescoço da mãe. – A mamãe não foi embora. Ela nuca iria embora sem falar com você antes, filha.

– Eu nunca iria embora sem ela – esclareceu Rosalie.

– Viu, bebê, a mamãe Rose nunca iria embora sem você. Não tem porque chorar assim.

Pela primeira vez desde que a mãe a pegou no colo, Julia afastou o rostinho do ombro dela.

– Mamãe...

– Sou eu, gotinha, a mamãe – ela sussurrou, beijando a bochecha de Julia.

Devagar caminhou até a cama e sentou-se na beirada, com Julia no colo, uma perninha em cada lado de seu corpo. Levou alguns minutos até ela se acalmar. Desgastada emocionalmente, pouco a pouco, foi ficando sonolenta.

– Shhhhh... É a mamãe, gotinha. A mamãe aqui – sussurrou ao ouvido da filha, sua voz suave tanto quanto o soprar de um anjo.

Quando Julia estava quase dormindo deitou-se na cama com ela. Com gestos suaves permaneceu ninando-a afagando seu rostinho corado, manchado de lágrimas. Encostou os lábios na testa de Julia, uma lágrima escapou de seus olhos rolando até cair na testa dela.

– Eu te amo, minha gotinha de amor – sussurrou.

– Não quero nem imaginar o trabalhão que vai ser levá-la a escolinha sem você – divagou o pai, preocupado.

– Não me importo de ficar com ela. O que menos quero é voltar a vê-la chorando desse jeito, Emm. Eu não aguento. Juro que não aguento.

Emmett sentou perto de Rosalie e afagou seu rosto, depois o da filha.

– Eu também não – ele confessou.

Rosalie o olhou sobre o ombro e recebeu dele um beijo nos lábios. Sem fazer movimentos bruscos, ele se acomodou ao lado da esposa beijando-a de leve no ombro.

Ela voltou olhar para a filha.

– Nossa filha, ursinho.

Após beijar o ombro dela novamente, ele murmurou.

– Nossa gotinha de amor.

– Se for um sonho, não me acorde. Quero viver esse sonho eternamente – ela afirmou.

– Não é um sonho, e, mesmo que fosse não seria eu quem iria interferir. Estou gostando tanto quanto você de estar aqui, com as duas.

Eles ficaram em silêncio, curtindo o momento, vendo seu pequeno tesouro dormir depois de uma crise de choro movida pela insegurança e o medo de ficar sozinha. Contudo, seu sono não levou mais que alguns minutos. Quando tornou abrir os olhinhos, um sorriso de covinhas iluminou todo seu rosto, apenas por vê-los ali, ao seu lado, como haviam prometido que sempre estariam.


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Notas finais do capítulo

É isso aí pessoal, espero que tenham gostado.
Se puder deixe um review.

Acabei de postar o primeiro capítulo de uma short-fic, deixarei o link aqui, caso alguém queira dar uma olhada.

http://fanfiction.com.br/historia/569168/Interesses_do_Coracao/

Beijo, beijo
Sill