Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 12
Capítulo 10 - O primeiro fantasma de Sakura (PT 1)


Notas iniciais do capítulo

Sakura enfrenta seu medo de fantasmas!



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[Imagem Ilustrativa do Capitulo]

Sakura: SALTO!

Após invocar o poder da carta mágica, Sakura Kinomoto efetua uma série de incriveis saltos, passando pelos telhados de diversas casas com extrema facilidade. Tomoyo Daidouji seguia a melhor amiga por terra, procurando registrar cada ação dela com sua câmera. O guardião Kero estava de carona em seu ombro.

Kero: Esse espírito de travessura já causou muitos problemas, Sakura. Não o perca de vista!
Sakura: É claro que não vou perdê-lo de vista. Ele roubou meus patins!

Sakura aperta o passo e acaba sumindo da vista dos amigos. Ela pousa sobre o telhado de uma casa verde e vê, ao longe, uma menina de longos cabelos negros usando um uniforme escolar sentada no tronco de uma árvore. A menina estava admirando os patins que estava usando. Sakura salta mais uma vez e pousa diante da menina, apontando seu báculo.

Sakura: Você vai parar de usar a forma da Tomoyo... e vai devolver meus patins!

O espírito de travessura apenas sorri. Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: BOSQUE!

Diversos galhos brotam da carta e tentar aprisionar o espírito de travessura que, com extrema agilidade, se esquiva deles e sai em disparada com seus patins.

Sakura: ALADA!

Grandes asas brancas surgem nas costas de Sakura, que segue o espírito de travessura voando. O espirito de travessura desce um corrimão de uma escada numa ousada manobra e salta por cima de um muro para dentro do terreno da reserva Saijou. Ele segue seu caminho em ritmo acelerado, ziguezagueando entre as árvores. Quando parecia que havia despistado sua perseguidora, o espírito de travessura repentinamente se vê impossibilitado de se mexer. Ele olha para seus pés e nota que estavam congelados junto com parte do terreno.

Sakura: TROVÃO!

Um imenso raio atinge e eletrocuta o espírito de travessura, que cai e fica gemendo de dor. Sakura surge, imponente, dos céus, suas asas refletindo o brilho do sol. Ela pousa diante do espírito de travessura e aponta seu báculo. Um reluzente círculo mágico surge aos pés de Sakura.

Sakura (com os olhos fechados): Criatura imbuída com o poder maligno do caos, retorne ao seu plano de existência original, onde não causará mais mal. Assim ordena Sakura, detentora do poder da estrela!

O espírito de travessura abandona a aparência de Tomoyo, retornando a sua forma original. Rindo de maneira descontrolada, ele vai se dissolvendo em partículas de luz até desaparecer por completo. Sakura se abaixa diante do gelo onde o espírito havia sido aprisionado e recolhe seus patins.

Sakura (lágrimas jorrando dos olhos): Ai, ai, ai. Meus patins estão destruídos. Acho que não devia ter usado a carta Trovão...
Menina: Você é um anjo?
Sakura: HOOOEEEEEEEEEEEE!

Sakura leva um grande susto e deixa seu báculo momentaneamente cair no chão. Ao se virar, ela nota que estava sendo observada por uma menina de cabelos avermelhados, num tom levemente puxado para o rosa, que iam até a altura de sua cintura e eram cortados em uma camada menor ao redor de sua cabeça. Parecia ter cerca de 15 anos e usava um longo vestido branco com bordados floridos. Sakura recolhe seu báculo e o transforma em chave mágica, guardando-a no cordão em seu pescoço. Por consequência, as grandes asas brancas também desaparecem das costas de nossa heroína.

Menina (fazendo algumas reverências): Me desculpe, me desculpe, me desculpe. Não queria te assustar. Não era minha intenção.

A menina misteriosa começa a andar ao redor de Sakura, seus olhos brilhando de curiosidade.

Menina: As asas de anjo sumiram... eram tão bonitas. Mas mesmo sem elas você é uma anjinha muito bonitinha...
Sakura (sorrindo sem graça): Obrigada, mas eu não sou um anjo...
Menina: Não? Então o que você é?
Sakura (olhando para os lados como se procurasse uma explicação): Bem... eu sou... é que... é dificil explicar, sabe?

A menina olha para os patins destruídos de Sakura.

Menina: Aquela menina má quebrou seus patins... é uma pena...

Sakura se agacha e recolhe o que sobrou de seus patins.

Sakura: Na verdade não era uma menina... era alguém se disfarçando de uma menina...
Menina (coçando a cabeça, confusa): Então era um menino?
Sakura: Não, não é isso. Ai, ai, ai. Acho que estou numa enrascada... o que eu faço agora?

Sakura ouve passos e nota a aproximação de Tomoyo e Kero. Eles haviam acabado de entrar no terreno da reserva Saijou.

Menina: São seus amigos?
Sakura: Sim.
Menina: Aquela não é a menina má que quebrou seus patins?
Sakura: Não. Ela é minha melhor amiga. Pode confiar nela. O nome dela é Tomoyo.
Menina (sorrindo): O bichinho de pelúcia é fofinho.
Sakura: Ele se chama Kero. Você não está assustada com o fato dele se mexer sozinho? Ou com tudo que viu agora há pouco?
Menina (coçando a cabeça, confusa): Não. Eu devia?
Tomoyo: Sakura?

Tomoyo havia puxado o braço da melhor amiga. Seu olhar mostrava apreensão. Kero flutuava no ar e encarava a menina de cabelos avermelhados.

Tomoyo: Sakura... com quem você está falando?
Sakura (piscando, confusa): Como assim? Estou falando com essa menina. Ela me flagrou usando minha magia.
Tomoyo: Mas de que menina você está falando?

Tomoyo olhava ao redor. Parecia não conseguir enxergar a menina.

Sakura (apontando para a menina de cabelos avermelhados): Você não consegue vê-la? Ela está bem diante de você.

Tomoyo balança a cabeça em negação.

Sakura: Mas que coisa estranha...
Kero: Só nós dois podemos vê-la, Sakura.

Sakura olha, confusa, para Kero.

Sakura: O quê? Mas por que?
Kero: Porque você está falando com um fantasma.



Sakura: HOEEEEEEEEEE!

Sakura se afasta da menina abruptamente e acaba tropeçando nos próprios pés.

Sakura: Um f-fantasma?
Kero (confirmando com um aceno de cabeça): Sim.

A menina fica só observando a conversa. Parecia não estar entendendo nada.

Tomoyo: Mas a Sakura nunca pôde conversar com espíritos... o irmão dela que podia fazer isso.
Kero: A magia de Sakura evoluiu muito. Existe a possibilidade de que ela ganhe habilidades novas e veja coisas que antes não via.

Sakura se levanta e olha de Kero para a menina.

Sakura: Ela não pode ser um fantasma!
Kero: E por que não?
Sakura (enumerando os pontos com os dedos): Porque faltam os atributos essenciais dos fantasmas... eles geralmente são cobertos por um lençol branco, estão sempre arrastando correntes, possuem partes do corpo faltando, estão sempre gemendo, chorando ou gritando e sempre que você olha para eles você automaticamente morre de medo.

Sakura olha a menina de cima a baixo.

Sakura: Ela não têm nenhum desses atributos e eu não estou com medo dela. Achei ela até muito bonita.
Menina (sorrindo): Muito obrigada.
Kero (gota caindo): Sakura... você sabe que seu irmão te falava essas coisas para te assustar, não é?
Tomoyo: É verdade. Seu irmão sempre gostou muito de implicar com você.
Kero: Fantasmas se parecem com pessoas normais. Equivalem as almas daqueles que já morreram. A diferença é que não podem ser vistos por seres humanos. Com algumas exceções, é claro.
Tomoyo: O mago Clow também podia ver fantasmas?
Kero: Fantasmas, anjos, entre outras coisas...
Tomoyo: Hummm.
Kero: Desde pequena você sempre sentia um calafrio quando havia um espírito por perto. Você me contou isso uma vez. Feche seus olhos e se concentre. Você deve estar sentindo essa sensação agora.

Sakura fecha seus olhos e se concentra. Kero estava certo. A sensação, aquele incômodo calafrio, estava presente.

Sakura: E-eu... e-eu posso s-sentir...

Sakura corre e se esconde atrás de Tomoyo.

Sakura (os olhos se enchendo de lágrimas): Eu não quero ver fantasmas! Eu tenho medo!

A menina se aproxima e se ajoelha diante de Sakura.

Menina: Por que você está chorando? Eu posso te ajudar de alguma forma?
Sakura (gritando): Sai de perto de mim! Eu não gosto de fantasmas!

A menina de cabelos avermelhados se assusta.

Menina (murmurando): Eu sou um fantasma... ?

A menina olha para seu próprio corpo, como se procurasse por algo diferente.

Menina (com um olhar muito triste): Desculpa. Eu vou embora.

A menina começa a caminhar e desaparece em meio as árvores de uma das trilhas da reserva. Tomoyo abraça Sakura para confortá-la.

Tomoyo: Você está bem, Sakura? Está tremendo...
Sakura: E-eu vou ficar bem...
Tomoyo: Ela já foi embora?

Sakura estava olhando fixamente para o local por onde a menina fantasma partira. Sentia uma forte tristeza em seu peito.

Sakura: Sim... mas ela parecia tão triste... foi de cortar o coração...
Tomoyo: Eu acho melhor irmos embora...
Sakura: Ainda não.

Sakura sai correndo por entre as árvores, com Tomoyo e Kero correndo atrás dela, e alcança a menina de cabelos avermelhados. Ela pára diante da menina fantasma.

Sakura (recuperando o fôlego): Espera!
Menina: O que foi?
Sakura (enxugando as lágrimas): Me desculpa. Eu não queria te deixar triste... eu só tenho muito medo...
Menina (sorrindo meigamente): Tudo bem. Medo é uma coisa dificil de superar mesmo. Espero que possamos ser amigas.
Sakura (tentando ignorar o calafrio): Claro.

Sakura faz uma reverência.

Sakura: Eu me chamo Sakura Kinomoto. É um prazer conhecê-la.
Menina: Igualmente.

A menina olha para os lados como se estivesse pensando qual rumo seguir.

Sakura: Para onde você está indo?
Menina: Na verdade, eu não sei. Eu não consigo me lembrar onde é a minha casa.
Kero: O que?

Kero começa a voar ao redor da menina fantasma.

Kero: Você não se lembra onde vivia? Qual o seu nome?
Menina (balançando a cabeça): Eu não sei também. Na verdade, eu não consigo me lembrar de muita coisa...

Tomoyo fica observando Sakura e Kero e tentando entender a conversa que acontecia, já que não podia ver ou ouvir a menina fantasma.

Kero (cruzando os braços): Isso é muito estranho...
Sakura: Por que é estranho?
Kero: Alguns espíritos ficam presos ao mundo dos humanos para terminarem alguma tarefa importante. Eles retém suas memórias até concluírem sua tarefa e poderem partir para o mundo dos espíritos. Se ela não partiu ainda e têm uma tarefa a cumprir, deveria poder lembrar de sua vida anterior.
Tomoyo: Será que isso têm alguma coisa a ver com a magia do caos?
Kero: É uma possibilidade. Se for algum artefato que estiver fazendo isso, temos que encontrá-lo e baní-lo para que a menina possa seguir seu rumo.
Sakura: E se não tiver a ver com a magia do caos?
Kero: Então ela teria que completar sua missão para poder partir.
Sakura (com olhar pensativo): Deve ser muito triste estar sozinha num lugar que você não conhece. Ela tem que ter a chance de ir para o paraíso como minha querida mãe foi...

Sakura se aproxima da menina fantasma, os punhos fechados e o olhar decidido.

Sakura: Não se preocupe. Eu vou te ajudar!
Menina: Você... vai me ajudar?
Sakura: Vamos descobrir o que te trouxe aqui e te ajudar a encontrar seu caminho para casa.
Menina: Eu vou para casa?
Sakura: Bom... na verdade você vai para o paraíso. É um lugar muito bonito e tranquilo para onde as pessoas vão quando morrem para poderem ficar em paz. Dizem que lá você fica bem pertinho de Deus.
Menina: Eu não posso ficar aqui com vocês? Eu gostei dos meus novos amigos...
Kero: Infelizmente não. São as regras. As pessoas têm que ir para o paraíso quando morrem.
Sakura (um grande e amistoso sorriso no rosto): Mas lá você vai ter um monte de coisas legais para fazer e vai poder mandar sua energia para ajudar aqueles que ainda estão no mundo dos vivos. E, um dia, você vai se reencontrar com todos aqueles que te amam para passarem a eternidade juntos.
Menina: Eu vou poder estar com aqueles que me amam?
Sakura (confirmando com um aceno de cabeça): Sim. Minha mamãe já está lá me esperando.
Menina: Então eu quero ir para lá! Quero estar com aqueles que me amam. Como faço para ir para lá?
Kero: Nós ainda temos que pensar num jeito... por enquanto precisamos que você se esforce. Consegue se lembrar de alguma informação de sua vida?
Sakura: Pense com calma. Isso pode nos ajudar a descobrir porque você está aqui.

A menina cruza os braços e pensa por alguns instantes.

Menina: Está tudo meio nublado na minha mente... mas eu me lembro que tinha uma irmã mais nova e que morávamos em algum lugar dessa cidade.
Kero: Uma irmã mais nova e morava nessa cidade... Isso não é muita informação...

Sakura olha para seu relógio.

Sakura: Já está ficando tarde e hoje eu sou responsável pelo jantar... vamos ter que levar ela para minha casa.
Tomoyo: Você tem certeza disso, Sakura?
Sakura: Não se preocupe. Se eu não pensar nela como um fantasma não ficarei com medo.
Tomoyo: Tudo bem. Se conseguirem mais alguma informação, me avisem. Eu posso ajudar a encontrar a casa ou a familia dela.
Sakura: Está certo. Até mais.

Tomoyo se despede com um aceno. Sakura se volta para a menina fantasma.

Sakura: Vamos para minha casa.

Após alguns minutos de caminhada, Sakura e a menina chegam à entrada da casa amarela da familia Kinomoto. A menina fica olhando maravilhada para o lugar.

Menina: Nossa! Que casa mais bonita. Tão fofa e perfeita. Estou impressionada...
Kero (apenas a cabeça para fora da mochila de Sakura): Isso porque ela não viu a casa da Tomoyo...
Sakura (sorrindo sem graça): Obrigada. Minha familia vive aqui há muitos anos. Temos muitas lembranças felizes aqui.
Menina: E eu vou conhecer sua familia?
Sakura (balançando a cabeça): Não, não. Eles não podem saber que você está aqui. É segredo.

Sakura abre a porta da casa silenciosamente e certifica-se de que a sala e a cozinha estão vazias.

Sakura (fazendo sinal para que a menina entre): Pode vir. Não tem ninguém em casa.

Kero sai voando da mochila de Sakura.

Kero: Sakura...
Sakura: Sim?
Kero: Você sabe que pessoas normais não vêm fantasmas, não é?
Sakura: Sim.
Kero (gota caindo): Então por que está escondendo a menina se ninguém da sua familia poderia vê-la?
Sakura (coçando a cabeça, sem graça): É verdade...

A menina entra na casa e Sakura apresenta os cômodos da residência.

Sakura (apontando com o dedo): Esta é a sala e esta é a cozinha. Os quartos e o banheiro ficam no andar de cima. Nós também temos um porão.
Menina: Sua casa é ainda mais bonita e aconchegante por dentro... oh.

A menina nota um porta-retrato num armário na cozinha. Ela fica observando a foto presente ali com admiração.

Menina: Que mulher bonita!
Sakura: Essa é minha querida mãe. Nós deixamos sempre uma foto dela na cozinha para que ela possa estar conosco durante nossas refeições em familia. Meu pai troca a foto todos os dias, pois possuímos muitas fotos dela.

A menina pega o porta-retrato nas mãos.

Menina: Muitas fotos?
Sakura (sorrindo): Sim. Minha mãe era modelo. Eu não lembro muito dela porque ela partiu quando eu era muito nova, mas as poucas lembranças que tenho são muito felizes.

A menina coloca o porta-retrato no lugar e caminha até a mesa da cozinha, passando sua mão sobre ela.

Menina: Vocês sempre fazem suas refeições aqui?
Sakura: Sempre que possivel. Nós somos uma familia muito feliz e gostamos muito de estar juntos.
Menina (murmurando e com um olhar perdido): ... uma familia feliz?

FLASHBACK

Uma pequena menina de cabelos avermelhados de cerca de 6 anos corria pelo quintal de uma casa. Ela estava de braços abertos, imaginando ser um pássaro. Havia uma mulher de cabelos ruivos presos num rabo de cavalo arrumando alguns pratos numa mesa na varanda da casa. A varanda era pequena e aconchegante, tinha piso de madeira e era coberta por telhas de cerâmica. Ali também havia algumas redes para dormir e alguns enfeites em formato de pássaros pendurados nas telhas em frente a porta da casa. Num carrinho de bebê rosa encostado próximo a mesa repousava um bebê, uma menina, usando uma macacão roxo. Ela dormia tranquilamente ignorando a algazarra feita pela menina de cabelos avermelhados.

Menina: Mamãe! Mamãe! Olha, eu sou um pássaro.
Mãe (sorrindo): Nossa! É o pássaro mais bonito que já vi.

Uma outra menina, essa de cabelos loiros bem claros e com cerca de 12 anos de idade, sai da casa rindo.

Menina Loira: Cuidado para não sair voando, pombinha.
Menina: Eu não sou uma pomba. Sou um flamingo.
Menina Loira: Está mais para galinha...
Mãe: Pare de implicar com sua prima, Aya.
Aya: Desculpa, tia. Não fiz por mal. É que ela é muito engraçada.
Pai: Está tudo bem, Aya. Só não pegue pesado com ela. Lembre-se que você já teve essa idade também.

O pai da menina havia começado a colocar panelas e tigelas de comida na mesa. Ele estava usando um avental amarelo e um boné preto. Aya olha para a menina no carrinho de bebê.

Aya: Não sei como a Naomi consegue dormir com todo esse barulho.
Pai: Acho que ela puxou meu jeito tranquilo de ser.
Mãe (rindo): Tranquilo? Você é um baita dorminhoco. Todo dia preciso de pelo menos cinco despertadores e um balde de água fria para te acordar.
Pai (fingindo estar indiginado): Que injustiça. Isso só acontece durante cinco dias da semana.
Aya (rindo): Que são justamente os dias que você precisa acordar cedo para trabalhar, não é?
Pai (abraçando a sobrinha e bagunçando seus cabelos): O que isso agora? Um complô contra mim?

A menina começa a puxar Aya pelo braço repetidamente.

Aya (levemente irritada): Ei! O que você quer, Kobato?
Kobato: Vêm brincar comigo!
Aya: Brincar com você?
Kobato: Isso! Vamos brincar de pique-pega. Não, não! Vamos brincar de pique-bandeira. Não, não! Vamos brincar de esconde-esconde. Não, não! Vamos brincar de amarelinha. Não, não! Vamos brincar de pula sela. Não, não! Vamos brincar de bambolê. Não, não! Vamos brincar de cabo de guerra! Não, não! Vamos brincar de cabra-cega. Não, não! Vamos brincar de queimada. Não, não! Vamos brinc...
Aya (fechando a boca da prima): Opa. Vai devagar. Respira e escolhe uma brincadeira.

Kobato fecha os olhos e respira fundo.

Kobato: Esconde-esconde.
Aya (apontando o caminho): Muito bem. Agora pede permissão a sua mãe.

Kobato vai saltitando até sua mãe e segura a mão dela.

Kobato: Mãe, posso brincar com a Aya no parque?
Mãe: Pode sim, minha filha. Mas apenas por meia-hora. Vamos almoçar daqui a pouco.
Kobato (jogando os braços para o ar): Oba!
Pai: Não percam a hora do almoço. E Aya...?
Aya: Sim?
Pai: Fique de olho nela, está bem?
Aya (batendo continência): Deixa comigo, tio.

Aya se volta para a prima e sorri maliciosamente.

Aya: Vamos apostar quem chega primeiro no parque? Quem chegar primeiro ganha um copo de suco extra no almoço.
Kobato: Oba. Eu quero suco.
Aya: Certo. Em suas marcas... preparar...

Kobato e Aya colocam suas mãos no chão e colocam o pé esquerdo a frente do direito por poucos centimetros.

Kobato (com um olhar confiante): Eu preciso correr muito rápido para ganhar a aposta. Kobato, você consegue!

Kobato olha para o lado e, incrédula, nota que Aya já saíra correndo.

Kobato (agitando os braços no ar): Ei! Você não disse ‘já’!
Aya (sem parar de correr): Já!

Kobato começa a correr atrás da prima.

Kobato: Isso é trapaça. Me espera!

FIM DO FLASHBACK

Sakura: Você está bem?
Menina: Hã?

A menina fantasma desperta de seu devaneio e lembra que estava na cozinha da casa dos Kinomoto.

Kero: O que houve? Você ficou quieta de repente.
Menina: Kobato.
Kero: Como é?
Kobato: Meu nome é Kobato.
Kero: Você lembrou seu nome?

Kobato confirma com um aceno de cabeça.

Kobato: Quando a Sakura estava falando sobre sua familia, uma lembrança surgiu na minha mente.
Sakura (sorrindo): Que bom! Isso significa que suas memórias estão voltando. Consegue se lembrar de mais alguma coisa?
Kobato: Eu tenho uma irmã chamada Naomi e uma prima chamada Aya. Eu vi um pouco da casa onde morava, mas não consigo dizer onde era. Também vi o rosto de meus pais, mas não sei seus nomes.
Kero: Você lembrou seu sobrenome?
Kobato: Não. Sinto muito.
Sakura (colocando as mãos no ombro de Kobato): Não desanime. Nós vamos dar o nosso melhor e juntos vamos descobrir um jeito de te ajudar.
Kobato (um sorriso se abrindo em seu rosto): Certo!

A conversa dos três é interrompida pelo som de uma chave sendo colocada na porta.

Sakura: Tem alguém chegando...

Kero voa e pousa sobre a mesa, fingindo ser um bicho de pelúcia. Kobato começa a correr pela cozinha, procurando um lugar para se esconder. Indecisa, ela acaba se escondendo embaixo da mesa.

Sakura (murmurando): Acho que ela ainda não entendeu que os outros não podem vê-la...
Touya: Tadaima!

Touya Kinomoto entra na cozinha e encontra sua irmã mais nova arrumando algumas coisas em sua mochila. Ele pára seu olhar por um instante no bicho de pelúcia sobre a mesa, deixando Kero apreensivo.

Sakura: Okaeri, onii-chan.
Touya: Não começou a fazer o jantar ainda, monstrenga? Não esqueceu que essa é sua tarefa de hoje, não é?
Sakura (uma veia saltando na testa): Eu não sou monstrenga! E eu vi minhas tarefas no quadro de avisos pela manhã.

Touya abre a geladeira e enche um copo com suco.

Touya: Então por que está parada aí?
Sakura: Estava só arrumando umas coisas na minha mochila.
Touya: Você chegou agora da escola?
Sakura: Sim...
Touya: O que você ficou fazendo depois da aula? Não me diga que ficou andando por aí com aquele moleque.
Sakura (os punhos fechados): Ele não é moleque! Ele é meu na...

Sakura tapa sua própria boca.

Touya (um olhar inquisitivo): Ele é o que?
Sakura (desviando o olhar): Meu melhor amigo.
Touya (apontando de seus olhos para Sakura): Sei... Estou de olho em você, monstrenga. Não quero aquele moleque crescendo o olho para cima de você.
Sakura: Você não precisa se preocupar tanto comigo.

O comentário de Sakura é ignorado. Touya bebe seu suco e lava o copo, guardando-o logo em seguida.

Touya: Vê se faz logo esse jantar porque daqui a pouco vou ter que sair para trabalhar.
Sakura: Vai trabalhar a noite de novo?
Touya: Sim. Consegui um bico num trailer de lanches.
Sakura (com um olhar preocupado): Você tem se esforçado demais. Está sempre trabalhando ou estudando. Não vejo mais você descansando ou saindo para se divertir. Você vai acabar doente, onii-chan.

Touya olha, surpreso, para sua irmã mais nova. Ele se aproxima dela e passa a mão carinhosamente sobre sua cabeça.

Touya: É verdade que estou me esforçando bastante, mas no final vai valer a pena. E eu estou despreocupado porque sei que se eu precisar posso contar com você para tomar conta de mim. Certo?
Sakura (um olhar mais confiante): Claro que sim!
Touya (um leve sorriso no rosto): Ótimo. Agora capricha no jantar e tenta não me causar uma indigestão hoje.
Sakura (uma expressão indignada): Eu não cozinho mal!
Touya: Não se preocupe. Eu sei que é dificil mexer com as panelas com essas patas de monstrenga que você tem. Mas faça o seu melhor.
Sakura (agitando os braços no ar): EU NÃO SOU MONSTRENGA!

Touya sai da cozinha e sobe para o seu quarto. Kobato sai debaixo da mesa e pára ao lado de Sakura.

Kobato: Então você não é um anjo. Você é uma monstrenga.
Sakura (gota caindo): Quantas vezes eu vou ter que repetir? Eu não sou monstrenga.
Kobato: Mas o seu irmão disse...?
Sakura (suspirando): Ele só fala isso para implicar comigo.
Kobato: Mas então o que você é? Com certeza não é normal...
Kero: Sakura é uma feiticeira. Possui incríveis poderes mágicos.
Kobato (olhando admirada para Sakura): Nossa! Que legal! E que tipo de truques ela pode fazer?
Kero: Ela é muito poderosa e pode fazer muitas coisas. Na verdade, ela possui a magia mais poderosa da Terra.
Sakura (levemente corada): Não exagera, Kero. Vai me deixar sem graça.
Kobato (um olhar levemente triste): Entendi. Então você pode ajudar muitas pessoas com seus poderes, não é? Eu queria também poder ajudar muitas pessoas...
Sakura: Você não precisa ter poderes para ajudar as pessoas. Às vezes um simples gesto ou uma palavra de carinho já são o bastante.

Kobato sorri.

Sakura: Vamos para meu quarto. Tenho que tomar um banho e depois ainda vou preparar o jantar...

Sakura e Touya jantam juntos na cozinha. O rapaz estava comendo bem rápido para que não se atrasasse para seu compromisso.

Sakura: Ficou bom o macarrão...?
Touya: Deu pro gasto.

Touya observa mais atentamente a expressão da irmã mais nova. Ela parecia levemente angustiada.

Touya: O que você têm?
Sakura: É que... é que eu queria te perguntar uma coisa...
Touya: Então pergunta.
Sakura: Como se ajuda um fantasma?

Touya fita a irmã, confuso com a pergunta.

Touya: Mas por que está me perguntando isso?
Sakura: É que você sempre me disse que podia ver e conversar com fantasmas e que a mamãe havia te ensinado algumas coisas sobre eles...
Touya: Você está vendo algum fantasma?
Sakura (balançando a cabeça freneticamente): Não, não. É apenas curiosidade.

Touya olha sua irmã, estudando-a, e então suspira.

Touya: É verdade. Eu podia ver e conversar com os fantasmas. Mamãe dizia que eles estavam perdidos neste mundo e que só nós podíamos ajudá-los a seguir seu caminho. Ela dizia que era nossa obrigação ajudar o próximo se pudéssemos.
Sakura: E como você fazia?
Touya: Eu os ajudava a encontrar a luz.
Sakura: A luz?
Touya: Sim. Apenas os espíritos podem vê-la. É como uma porta para o Paraíso.
Sakura: E por que eles não conseguem encontrar a luz sozinhos?
Touya: Geralmente porque eles têm uma tarefa a fazer. Às vezes eles se preocupam tanto com um ente querido que não conseguem partir até se convencerem de que ele ficará bem. Eu os ajudava em suas tarefas. Se eles não entendessem suas tarefas ou não se lembrassem direito de suas vidas ou do que queriam fazer, eu os ajudava também, tudo conforme nossa mãe me ensinou. Quando terminam suas tarefas, os espíritos conseguem finalmente enxergar a luz.
Sakura: E o que acontece quando eles vão para a luz?
Touya: Isso eu não posso afirmar com certeza, mas creio que eles vão para o Paraíso por toda a eternidade. Ou pelo menos até a próxima vida...
Sakura: Próxima vida? Como assim?
Touya: Mamãe me disse uma vez que Deus às vezes escolhe algumas almas para reencarnar... ganhar uma nova vida sem qualquer lembrança da anterior... geralmente acontece com pessoas que morreram de maneira trágica ou injusta.
Sakura: E por que Deus faz isso?
Touya: Não sei. Talvez para compensar o tempo que elas não tiveram, o tempo que foi roubado delas. O que sei é que elas ganham uma nova chance de serem felizes.
Sakura: E a mamãe também vai ter essa chance?

Touya fica quieto por alguns instantes. Fora pego de surpresa por essa pergunta. Ele sabia que teria que tomar cuidado com suas próximas palavras para não magoar a irmã.

Touya: Sakura... Mesmo que ela reencarne, não será nesta vida. Será muitas gerações a frente e nós provavelmente já estaremos mortos. E se não estivermos mortos e, por acaso, a encontrarmos, não a reconheceremos. Apesar de ser a mesma alma, mamãe teria um corpo e uma vida completamente nova e diferente.
Sakura (cabisbaixa): Entendo...
Touya: Mas ela com certeza seria feliz novamente, da mesma forma que foi feliz no tempo que esteve conosco. E também... não creio que Deus vá dar uma nova vida a mamãe tão cedo.
Sakura (confusa): Por que?
Touya: Ela era a pessoa mais bondosa, carinhosa e nobre que já vi. O tipo de pessoa que Deus iria querer ao seu lado por um bom tempo. Provavelmente ela até virou um anjo e está zelando pelas vidas das pessoas nesse momento. Era o que ela gostava de fazer. Era o que a deixava feliz.

Sakura olha para o retrato da mãe e sorri.

Sakura (murmurando): Continue o bom trabalho, mamãe.
Touya: Bom... eu já vou indo.
Sakura: Certo. Bom trabalho.

Touya coloca seu prato na pia e ruma para a porta da cozinha. Ele pára por um instante e se volta para a irmã, que começava a lavar a louça.

Touya: Sakura... por que esse interesse repentino em fantasmas? Você sempre teve muito medo deles...
Sakura (sorrindo de maneira meiga): Eu só tenho medo das coisas que não entendo. Então se eu entender mais sobre os fantasmas, acho que não vou mais ter medo, não é?
Touya (confuso): A-acho que sim... Bem. O papai já deve estar chegando. Vê se não vai dormir tarde pois amanhã é dia de aula.
Sakura: Pode deixar.
Touya: Até mais.

Não muito tempo depois, Sakura foi para seu quarto para dormir.

O centro de Tóquio estava em ruínas. Parecia que um furacão havia passado por ali. Prédios destruídos, carros e ônibus em pedaços por todo o lado, hidrantes jorrando água sem parar. Sakura caminhava pelo lugar e estava preocupada. Não conseguia encontrar uma única pessoa.

Sakura: Para onde todos poderiam ter ido?

Uma das ruas principais da cidade estava bloqueada por um grande buraco. Era possível ver destroços de trens ali e algumas chamas ainda acesas. Ao procurar um caminho alternativo, Sakura nota que havia uma rua fechada com grades de contenção. Havia muitos balões estourados, serpentinas, bandeiras e comida espalhada. Aparentemente algum tipo de evento estava acontecendo ali antes de todos desaparecerem. Sakura pula uma das grades e caminha por aquela área fechada, notando que ela se estendia por várias ruas. A menina quase tropeça numa faixa jogada no chão. Ela resolve estender a faixa para ver o que estava escrito.

Sakura: Décima Segunda Maratona Juvenil de Tóquio?
Kobato: Sakura?

Sakura abre lentamente seus olhos e dá de cara com uma menina de cabelos avermelhados.

Sakura (dando um pulo, assustada): Ahhhh!

Sakura se afasta e acaba caindo de sua cama. Kero voa até ela.

Kero: Você está bem, Sakura?
Sakura (passando a mão na cabeça): Acho que sim...
Kobato: O que houve? Por que gritou?
Kero: Ela deve ter esquecido que você estava aqui e se assustou quando a viu.
Kobato (fazendo várias reverências): Desculpa. Desculpa. Desculpa.
Sakura (sorrindo, sem graça): Tudo bem. Às vezes eu sou meio lenta para acordar mesmo...
Kero: Por falar em acordar...

Kero aponta para o despertador na cabeceira da cama.

Kero: Você está atrasada para a escola.
Sakura: Hoeeeeee!

Sakura se levanta e começa a correr pelo quarto, recolhendo seu material escolar e o colocando na sua mochila. Ela abre seu guarda-roupa e começa a vestir seu uniforme escolar. Kobato senta-se na cama e Kero pousa ao seu lado.

Kobato: Para o que ela está atrasada?
Kero: Para a escola. Ela sempre acorda atrasada e têm que ir correndo para a escola para não chegar atrasada.
Sakura (penteando os cabelos): Por que vocês não me acordaram?
Kobato: Mas eu e o senhor Kero estamos tentando te acordar durante a última meia-hora...
Kero: Você tem o sono muito pesado, Sakura.
Sakura: Pior que é verdade. Meu pai disse que eu puxei isso da minha mãe...

Sakura põe seu chapéu branco e pára para observar Kobato.

Kobato: O que foi?
Sakura: Têm algo... algo diferente...
Kero: Como assim, Sakura?
Sakura: Ontem eu só podia vê-la e sabia que ela é um fantasma por causa daquela sensação... mas hoje eu estou vendo uma aura mágica emanando da Kobato.

Kero cruza os braços, pensativo.

Kero: Isso significa que existe algum tipo de magia mantendo ela aqui.
Sakura: Então isso é realmente culpa da magia do caos.
Kero (confirmando com um aceno de cabeça): Eu vou até o templo Tsukimine pedir ajuda ao Clow. Ele pode ter alguma ideia do que seja.
Sakura: Certo.

Kero sai voando pela janela aberta do quarto. Sakura se ajoelha diante de Kobato.

Sakura: Eu tenho que ir para a escola agora. Mais tarde eu volto.
Kobato (sorrindo): Tá.

Sakura desce as escadas correndo. Ela vai até a cozinha e toma o café-da-manhã acompanhada do irmão mais velho. Por estar atrasada, ela acaba devorando tudo em questão de segundos. Touya fica só observando enquanto toma seu café calmamente. Em seguida Sakura pega seus patins e se prepara para partir.

Touya: Vê se toma cuidado.
Sakura: Pode deixar. Tchauzinho.

Touya fica observando Sakura se distanciar e sumir no horizonte. Ele acaba voltando sua atenção para a janela do quarto de Sakura.

Touya: No que você se meteu agora, Sakura?

Minutos mais tarde, Sakura abre a porta de correr da sala de aula, ainda bufando de cansaço. Ela caminha até sua carteira e larga sua mochila lá.

Tomoyo: Ohayo, Sakura.
Sakura: Ohayo, Tomoyo.

Sakura guarda seu chapéu e se senta em sua cadeira. Tomoyo se aproxima da melhor amiga para cochichar.

Tomoyo: Como vai nossa nova amiga?
Sakura: Ela está bem. Ontem nós descobrimos que ela se chama Kobato.
Tomoyo: E como vocês fizeram isso?
Sakura: Eu estava falando sobre minha família e isso aparentemente despertou lembranças na Kobato.
Tomoyo: E o que mais ela lembrou?
Sakura: Não muita coisa. Ela têm uma irmã chamada Naomi e uma prima... como era mesmo o nome dela?
Kobato: Aya. O nome dela é Aya.

Sakura despenca da cadeira ao notar que Kobato estava sentada na janela da sala de aula. Todos os alunos voltam sua atenção para Sakura.

Sakura (sorrindo sem graça): Não se preocupem. Foi só um acidente. Estou bem.

Sakura se senta novamente em sua cadeira e aguarda até que todos parem de prestar atenção nela.

Sakura: O que está fazendo aqui, Kobato?
Tomoyo: Ela está aqui?
Sakura: Sim. Sentada na janela.
Kobato: Eu me senti muito sozinha na sua casa e resolvi vir ver como é sua escola. Ela é muito grande.
Kazuko: Ela é sua amiga, Sakura?

Sakura nota que Kazuko Nishimura também estava olhando em direção a janela.

Sakura: Você também pode vê-la, Kazuko?
Kazuko: Como assim “pode vê-la”?
Tomoyo: Eu não posso vê-la ou ouvi-la. O mesmo vale para todos na sala de aula. Kobato é um fantasma.
Kazuko (surpresa): O que?

Kobato desce da janela e se aproxima de Kazuko, fazendo uma reverência.

Kobato: Olá. Meu nome é Kobato. Muito prazer.
Kazuko: Prazer. Eu me chamo Kazuko. Kazuko Nishimura.
Kobato: Você é uma feiticeira como a Sakura?

Kazuko olha com raiva para Kobato.

Kazuko: Não sou feiticeira. Sou uma menina normal.
Kobato: Mas o senhor Kero disse que pessoas normais não poderiam me ver...
Kazuko (uma sombracelha erguida): Senhor Kero? Quem é esse?
Sakura: Ai, ai, ai. É uma longa história. Depois eu explico tudo para as duas.

Sakura aponta para uma carteira vazia atrás dela, geralmente ocupada por um certo garoto chinês.

Sakura: Kobato, eu preciso que você fique sentada aqui e fique bem quietinha para que possamos prestar atenção na aula. Consegue fazer isso?
Kobato: Sim! Não vou falar uma palavra. Kobato, você consegue!
Sakura: No intervalo das aulas nós poderemos voltar a conversar...
Yuriko: Falando sozinha, projeto de gente?

Yuriko Yanagisawa havia se aproximado indiferente a Kobato, que havia se sentado na carteira e observava os alunos, curiosa.

Sakura: Yuriko?
Yuriko: Eu sempre achei você muito estranha, mas nunca pensei que fosse maluca.
Sakura: Eu não sou maluca!
Yuriko: Gente normal não fala sozinha.
Sakura: Eu não estava falando sozinha. Eu estava... eu estava...
Kazuko: Ela estava falando comigo.

Yuriko volta sua atenção para Kazuko.

Yuriko: Não foi seu nome que eu ouvi ela dizendo...
Kazuko: Então você deveria limpar seus ouvidos. Ou pelo menos parar de se meter na conversa dos outros.

Yuriko fica encarando Kazuko.

Yuriko: Você é muito ousada, garota. Deveria ter mais cuidado com quem você está se metendo.
Kazuko: Eu não tenho medo de você, Yuriko.
Yuriko: Pois devia.

Yuriko se volta para Sakura.

Yuriko: E você, Sakura... eu estou de olho em você. Ainda vou descobrir como fez aquilo, vou descobrir seu segredo... me aguarde.

Yuriko se afasta ostentando seu já conhecido ar superior.

Kazuko: Garota irritante...
Kobato: Eu acho que ela não gosta muito de você, Sakura. Ops.

Kobato tapa sua própria boca.

Kobato: Desculpa. Não era para eu ter falado. Ops. Falei de novo. Vou parar agora. Prometo.

Os alunos conversavam animados e aguardavam ansiosos a chegada do professor, que estava um pouco atrasado. Kazuko vez ou outra olhava de esgueira para Kobato, que apenas sorria.

Kazuko (com um ar preocupado): Onde está o Li? Ele nunca se atrasa tanto...
Sakura: O Shaoran e a Meiling não virão a escola hoje. Eles foram buscar a Feimei em Hong Kong.
Kazuko: Feimei?
Sakura: Feimei Li. É uma das irmãs do Shaoran. Se não me engano é a mais nova depois dele. O Shaoran me disse que ela resolveu de repente que queria muito vir ao Japão. Ela ficou noiva de um rapaz japonês, então provavelmente ela deve querer conhecer a família dele.
Kazuko: Entendo...
Kobato: Quem é Shaoran? Ops. Falei de novo... desculpa...
Kazuko: A Kobato ainda não conheceu o Li?
Sakura: Ela ainda não teve a oportunidade. Shaoran é meu namorado. Ele geralmente fica nessa carteira em que você está sentada, mas no momento ele está viajando.
Tomoyo: É verdade. A Kobato não chegou a conhecer o Shaoran. Ele e a Sakura formam um lindo casal. Não concorda, Kazuko?
Kazuko (com um sorriso amarelo): Concordo...
Rika: AHHHHHH!

A atenção de todos se volta para Rika, que havia gritado repentinamente.

Yamazaki: O que foi, Rika?
Rika: Ali! Na parede!

Rika aponta para a parede, onde todos podiam ver a cabeça de um homem de pele quase transparente. O homem estava gemendo e parecia estar sentindo dor. Repentinamente ele atravessa a parede e fica por completo dentro da sala de aula, flutuando sobre a cabeça dos alunos.

Kaya: É um fantasma!
Sakura: O que?

Um grande alvoroço se sucede e a maioria dos alunos sai correndo da sala de aula, com exceção de Kazuko, Sakura e Tomoyo. O corpo do fantasma estava emanando uma forte luz verde e ele flutuava com dificuldade em direção as meninas.

Fantasma: Está me levando... não deixe me levarem... não quero sumir como os outros...

O fantasma vai se aproximando cada vez mais. Sua aparência era um pouco assustadora. Sakura se coloca na frente de Kazuko e Tomoyo, os braços estendidos. Estava pronta para protegê-las.

Sakura (a voz um pouco trêmula): Nós não queremos problemas. Por favor, vá embora.

O fantasma contorcia seu corpo em posições que deveriam ser impossíveis.

Fantasma: Preciso... ajuda... está levando... levando a todos...
Sakura: Como assim? Do que você está falando?
Fantasma: Está consumindo... consumindo a todos... salve os outros...

O fantasma se transforma numa esfera de luz, que sai voando pela janela. As meninas se entreolham, confusas. Sakura nota que Kobato estava escondida e tremendo embaixo da carteira.

Sakura: Kobato? Você está bem?
Kobato: Eu fiquei com muito medo...
Kazuko (gota caindo): Porque você está com medo, Kobato? Você também é um fantasma.
Kazuko (parando de tremer repentinamente): É verdade.

Sakura caminha até a janela, mas não vê nenhum sinal da esfera de luz.

Tomoyo: Ele parecia mais amedrontado do que os alunos...
Sakura (um olhar preocupado): Sim. E por algum motivo ele estava visível para todos antes de desaparecer.
Kobato (algumas lágrimas surgindo nos olhos): Isso vai acontecer comigo? Eu também vou desaparecer?
Sakura: Não se preocupe. Eu não vou deixar. Vou descobrir o que está acontecendo...

As três meninas ouvem o barulho de passos se aproximando e vêem os alunos entrarem de volta na sala de aula com a professora Yuno Akazawa logo atrás deles.

Sakura: ... mas vai ter que ser depois da aula.
Rika: Mas professora... tinha mesmo um fantasma...
Professora Akazawa: Não sejam bobos, queridos prodigios. Eu protegi esse lugar contra más influências e energias ruins. Não tem como um fantasma entrar neste sala de aula.
Mika: Mas então o que foi aquilo que vimos...?
Professora Akazawa: Provavelmente foi alguma brincadeira maldosa dos garotos da escola vizinha. Fiquem tranquilos. Eu consultei meu horóscopo hoje e ele dizia apenas coisas boas.

A professora Akazawa olha por um instante pela janela, admirando os raios de sol batendo sobre a escola.

Professora Akazawa: Hoje um de nós vai ganhar a chance de realizar seu desejo...

A professora olha na direção de Sakura, Tomoyo e Kazuko, e sorri.

Professora Akazawa: Agora, chega de bobagem. Todos aos seus lugares. Vamos começar a aula...

A primeira metade das aulas se passa sem mais problemas. Durante o intervalo, Sakura e Tomoyo pegam seus lanches e resolvem comer embaixo de uma árvore no pátio, seu lugar de costume. As duas notam que Yamazaki já estava sentado lá, lanchando. Estava quieto e com um olhar perdido. As duas meninas se sentam ao seu lado.

Tomoyo: Yamazaki? Está tudo bem?

O garoto continua mastigando, a mente perdida em pensamentos.

Sakura (colocando a mão no ombro do amigo): Yamazaki? Você está com algum problema?
Yamazaki: Hã? Sakura? Tomoyo? Perdão. Não vi vocês se aproximarem.
Tomoyo: Você estava muito pensativo.
Sakura: Tem algo te incomodando? Está preocupado com o fantasma?
Yamazaki: Fantasma? Não. Eu nem estava pensando mais nisso...
Sakura: Você sabe que pode contar conosco, não é?

Yamazaki se surpreende quando nota Sakura lhe oferecendo um sorriso caloroso. Ele sente como se aquilo estivesse lhe dando uma força extra.

Yamazaki: Eu sei. Vocês duas são grandes amigas.

Yamazaki respira fundo.

Yamazaki: Eu estou preocupado com a Chiharu.
Sakura: Com a Chiharu? O que tem ela?
Yamazaki: Ela anda muito estranha...
Tomoyo: Estranha como?
Yamazaki: Ela anda muito quieta nos últimos dias, muito mais do que o normal. E também anda muito esquecida. Ontem nós tínhamos um encontro e ela simplesmente esqueceu. Outro dia eu a encontrei no parque à noite e ela não soube me dizer o que estava fazendo lá... veio com uma desculpa esfarrapada...
Sakura: O que?

Sakura fica supresa com a revelação. Sua mente logo volta ao momento da conversa que teve com Eriol no templo Tsukimine. Tenho quase certeza que ele está usando alguém próximo a você como hospedeiro. A frase reverbera dentro da cabeça de Sakura.

“Será que a Chiharu é a hospedeira? O Eriol me pediu para ficar atenta a quaisquer coisas estranhas que eu descobrisse...”

Yamazaki: ... eu pergunto para ela... mas ela continua insistindo que está tudo bem. Ela diz que está apenas preocupada com as provas que se aproximam, mas eu sinto que isso não é verdade.
Tomoyo: Não deve ser nada demais. Tenho certeza que ela vai te contar o que a preocupa quando ela estiver pronta. Não é mesmo, Sakura?
Sakura: O que? Ah, claro que sim. Você só tem que continuar apoiando ela como sempre fez.
Yamazaki: Obrigado. Eu... eu acho que vou ver onde ela está. Com licença.

Yamazaki recolhe seu lanche, se levanta e sai caminhando rumo ao refeitório. Tomoyo fica observando amigo se afastar e depois se volta para Sakura.

Tomoyo: Você está bem, Sakura? Seu semblante mudou quando Yamazaki contou sobre a Chiharu.
Sakura: Eu fiquei muito preocupada. Talvez seja melhor eu conversar com a Chiharu depois. Quem sabe eu não descubro o que está errado, não é?
Tomoyo: É verdade...

“Sinto muito, Tomoyo. Me dói muito ter que mentir para você, mas eu prometi ao Eriol que manteria a história do hospedeiro em segredo.”

Menina: Olá, meninas.

Sakura e Tomoyo notam que uma garota de cabelos curtos e na cor castanho-claro havia se aproximado delas.

Sakura: Rei!

Sakura logo se levanta e abraça a garota, sendo seguida por Tomoyo.

Rei: Como vocês estão?
Tomoyo: Estamos indo bem.
Sakura: Você anda sumida, Rei.
Rei: Tenho me dedicado bastante a minha equipe de atletismo. Estamos conseguindo bons resultados.
Sakura: Fico feliz em saber disso.
Tomoyo (sorrindo amistosamente): Em breve veremos o nome Rei Tachibana entre as melhores corredoras do Japão.

Rei sorri.

Rei: Na verdade, eu vim aqui para falar sobre a equipe de atletismo. Estamos precisando de novos integrantes e eu pensei que você poderia se juntar a nós, Sakura.
Sakura: Hoe? Por que eu?
Rei: De vez em quando eu vejo você na aula de educação física e você é uma excelente corredora. Seria uma grande adição a nossa equipe de revezamento. O que me diz?
Sakura: Eu não sei... Eu já faço parte do clube de líderes de torcida...
Tomoyo: Eu acho que você devia experimentar, Sakura. Você deve explorar todos os seus talentos.
Rei: Eu concordo. E também acho que você poderia conciliar os dois clubes sem dificuldade.

Sakura põe a mão no queixo e fica pensando por alguns instantes.

Sakura: Tudo bem. Eu topo.
Rei (dando um pulo de alegria): Que bom!
Tomoyo (os olhos brilhando e as mãos erguidas como se estivesse com sua filmadora): Tenho certeza que as duas vão se sair muito bem juntas. E eu vou ter ainda mais oportunidades de filmar grandes façanhas da minha maravilhosa amiga Sakura.
Sakura (gota caindo): Tomoyo...
Rei (sorrindo): Você pode começar os treinamentos na semana que vêm. Que tal começar na terça? Depois discutimos os horários que você poderá treinar.
Sakura: Certo.
Rei: Vocês não sabem o quanto me deixaram animada. Sinto que agora temos uma real chance de ganhar.
Tomoyo: Ganhar o que?
Rei: Nossa professora-representante inscreveu a equipe na Décima Segunda Maratona Juvenil de Tóquio...

“O que?”

Sakura repentinamente se lembra de detalhes de seu sonho. Havia uma faixa jogada no chão que falava dessa maratona e as ruas estavam fechadas para algum tipo de evento.

“Será que o desastre com o qual venho sonhando vai acontecer no dia da maratona?”

Rei: ... muitos prêmios legais. Entre eles, uma viagem para toda equipe para qualquer país da Europa que escolherem.
Tomoyo: Que emocionante.
Sakura: E quando vai ser a maratona, Rei?
Rei: Entre janeiro e março do ano que vêm, mas as eliminatórias com certeza acontecem ainda esse ano. A prefeitura ainda está acertando os ultimos detalhes. Parece que eles vão fechar algumas ruas do centro de Tóquio para a grande corrida...

“Então eu ainda tenho alguns meses para evitar o desastre. Tenho que me esforçar o máximo que puder.”

Rei: Nós contamos com você, Sakura.
Sakura (surpresa): Comigo?
Rei: Sim. Para a corrida. Queremos muito ganhar esse ano.
Sakura (sorrindo): Claro. Vou dar o meu melhor.
Rei: Agora eu tenho que ir. Até mais.

Depois que Rei vai embora, Sakura e Tomoyo voltam a se sentar e a comer seu lanche.

Kobato: Sakura?

Sakura olha para os lados procurando a origem da voz. Tomoyo fica observando Sakura, tentando entender para o que ela estava olhando. Rapidamente ela logo pensa que devia se tratar da presença de Kobato.

Kobato: Estou aqui em cima.

Sakura olha para cima e nota que Kobato estava sentada no galho de uma árvore.

Sakura: O que está fazendo aí, Kobato?
Kobato: Eu vi que vocês estavam conversando com amigos e preferi ficar a distância para não atrapalhar.
Sakura: Pode descer e ficar conosco. Tomoyo e eu fingiremos que estamos conversando entre nós para disfarçar.

Kobato começa a descer da árvore, pisa em falso e despenca para o chão. Sakura se levanta para ajudá-la.

Sakura: Kobato? Você está bem?
Kobato (se levantando e sorrindo, sem graça): Estou sim. Aposto que se eu estivesse viva isso teria doído bastante.
Sakura: É... provavelmente. Vêm sentar com a gente.

Kobato se senta entre Sakura e Tomoyo.

Kobato: Essa menina é sua amiga, não é?
Sakura: Sim. É a Tomoyo. Ela estava na reserva Saijou com a gente ontem.
Kobato: Vocês parecem se gostar muito...
Sakura: A Tomoyo é minha melhor amiga já faz tempo. E também é minha prima de segundo grau.
Kobato (o semblante um pouco triste): Eu queria poder lembrar mais da minha prima Aya... nós parecíamos nos divertirmos tanto na minha lembrança...
Sakura: Tenha calma. Suas lembranças voltarão aos poucos. Confie em si mesma.
Kobato (fechando os punhos): Você têm razão. Vou me esforçar para me lembrar. Kobato, você consegue!

Kobato volta sua atenção para um grupo de alunos. Eles estavam brincando de amarelinha numa das quadras esportivas.

FLASHBACK

Aya estava sentada num balanço num parquinho. Estava lendo um livro e fazendo algumas anotações num caderno de capa vermelha. Kobato estava brincando de amarelinha com uma amiga da mesma idade. Ela estava dois anos mais velha e estava ficando mais bonita a cada dia. Aya olha o relógio e fica preocupada.

Aya: Essa não!
Kobato: O que foi, Aya?
Aya: Perdi a hora de novo. Eu já devia estar a caminho do meu curso de idioma. Pegue suas coisas.
Kobato: Mas ainda não escureceu. Eu e a Saori poderíamos...
Aya (falando rispidamente): Que parte do agora você não entendeu?
Kobato (com uma voz triste): Certo.

Kobato recolhe alguns brinquedos e coloca numa mochila no formato de um urso. Ela abraça sua amiga.

Kobato: Até a próxima vez, Saori.
Saori: Tchauzinho.

Aya puxa Kobato pela mão e as duas começam a andar apressadas pelas ruas. No caminho, Aya acaba deixando seu caderno cair no chão. Ela se abaixa para recolhê-lo e, ao se levantar, nota que Kobato havia sumido.

Aya (olhando para os lados): Kobato! Kobato! Kobato, cadê você?
Kobato: Olha, prima. Têm um bichinho de pelúcia muito bonito naquela loja...

Aya nota que Kobato estava atravessando uma rua em direção a uma loja infantil. O problema era que o sinal de trânsito estava aberto e um caminhão vinha em alta velocidade. O motorista havia enterrado sua mão na buzina para alertar a menina de sua aproximação. Aya ainda tenta correr para puxar sua prima para a calçada, mas o caminhão chega primeiro.

Aya: KOBATO!

Aya cai de joelhos, lágrimas já surgindo nos olhos. Quando o caminhão segue seu caminho, Aya nota que sua prima estava do outro lado da rua, o rosto grudado numa vitrine. Ela imediatamente se levanta, atravessa a rua e abraça Kobato com força.

Kobato (confusa): Aya?
Aya: Kobato...
Kobato: O que foi, Aya...?
Aya (balançando a prima freneticamente): Nunca mais faça isso, entendeu? Nunca mais me dê um susto desse jeito! Eu pensei que tivesse te perdido!
Kobato (a cabeça baixa): D-desculpa...

Aya abraça a prima com mais força e a beija na testa. Kobato fica confusa e sem reação. Em seguida Aya olha para a vitrine. Ela estava repleta de bichinos de pelúcia de diversos tamanhos, tipos e cores. Um prato cheio para qualquer criança.

Aya: De qual deles você mais gostou? Do cachorrinho azul?
Kobato (balançando a cabeça): Não. Ele é meio assustador. O jacaré é bonitinho, mas o tigre também legal, mas o sapinho ia combinar com meus outros bichinhos, mas a borboleta é tão fofinha...
Aya (levemente irritada): Dá para escolher um ainda hoje?
Kobato (apontando para a vitrine): Eu quero o coelhinho branco.

Aya acaba comprando o bichinho de pelúcia para a prima, que fica abraçada a ele o resto da viagem. A noite já havia começado a dar as caras quando as duas começavam a se aproximar de casa. Kobato saltitava e cantarolava pelo caminho, enquanto Aya não parava de olhar para o relógio.

Aya (murmurando): Se eu correr, talvez ainda pegue o professor no curso... preciso entregar um trabalho...

Kobato puxa a manga da camisa de Aya.

Aya: O que foi, Kobato?
Kobato: Eu queria te pedir desculpas.
Aya (confusa): Hã? Por que?
Kobato: Eu estou sempre te causando problemas, te chateando ou te atrasando. Desde que minha mamãe morreu você têm se esforçado para nos ajudar e eu só atrapalho. Por minha causa você está com isso aqui sempre franzido...

Kobato aponta para a própria testa e faz cara de quem está com raiva.

Kobato (fazendo uma reverência): Desculpa.

Aya fica comovida e se ajoelha diante da prima.

Aya: Se eu estou com problemas ou atrasada e isso me deixa irritada, a culpa é exclusivamente minha. Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu gosto muito de passar meu tempo contigo.
Kobato (falando quase sem respirar): Eu também gosto muito de brincar com você! Gosto de passear cm você! Gosto de ir ao ciema com você! Gosto de dançar com você! Gosto de estudar com você!
Aya: Vai devagar, menina. Você pode respirar enquanto fala, sabia?

Kobato se cala. Aya acaricia os cabelos da prima.

Aya: Só espero que voce não esqueça de mim quando sua irmãzinha crescer...
Kobato (balançando a cabeça): Não, não. Isso não vai acontecer. Nós três ainda vamos nos divertir muito juntas.
Aya (sorrindo): Que bom.

Kobato dá a mão para a prima e as duas seguem seu caminho. Não muito tempo depois, elas chegam a uma bifurcação. A rua da esquerda, que era uma subida não muito íngrime, levava a casa de Kobato. A rua da direita levava a casa de Aya.

Aya: Posso te pedir uma coisa?
Kobato: Claro!
Aya: Será que você poderia subir a rua sozinha? Sua casa é logo ali na frente e eu já estou muito atrasada...
Kobato: Pode deixar. Eu vou sozinha.

Kobato abraça a prima afetuosamente.

Kobato: Estou muito feliz por saber que você gosta de mim.
Aya: Não seja boba. É claro que eu gosto de você. Nos vemos amanhã, certo?
Kobato: Certo.
Aya: Então até amanhã.

Aya começa a caminhar lentamente em direção a sua casa. Ela queria deixar sua prima ir na frente para ter certeza que ela ia ficar bem. Kobato começa a subir a rua, sorridente. Repentinamente ela perde a consciência e cai no chão. Aya observa a prima atingir o asfalto, incrédula. Imediatamente ela corre em direção a Kobato.

Aya (gritando desesperada): KOBATO!

FIM DO FLASHBACK

Kobato (murmurando): O que aconteceu comigo...?

Kobato desperta de seu devaneio quando ouve um grito. Sakura e Tomoyo logo se levantam procurando a origem.

Tomoyo: Alguém parece estar com problemas.
Sakura: Parece que veio do colégio Seijou. Vamos.

As duas meninas, seguidas de perto por Kobato, correm até a grade que separa a escola Tomoeda e o colégio Seijou. Dezenas de alunos estavam correndo para longe de uma das quadras esportivas.

Tomoyo (forçando a vista): Têm alguma coisa na quadra...
Sakura: São fantasmas. Posso ver e sentir a aura deles daqui.

Sakura se volta para Kobato e Tomoyo.

Sakura: Kobato, fique aqui com a Tomoyo. É para sua segurança.
Tomoyo: O que você vai fazer, Sakura?
Sakura: Eu vou tentar conversar com eles. Preciso descobrir do que eles têm tanto medo.

Sakura fica parada por um instante. Estava se concentrando para tentar conter a tremedeira nas pernas. Estava prestes a correr em direção ao seu maior medo. Tomoyo segura a mão de Sakura. Ela estava com um olhar preocupado.

Tomoyo: Você vai ficar bem, Sakura?
Sakura (sorrindo): Não se preocupe. Vai dar tudo certo.

Sakura escala a grade com movimentos agéis e corre em direção à quadra. Havia uma menina loira caída no chão e três fantasmas emanando uma leve luz verde a agarrando e puxando seus braços e pernas. Parecia estar sendo revistada. A menina se debatia, horrorizada, lágrimas inundando seu rosto.

Fantasma 1: Continue procurando... nós temos que encontrar...
Fantasma 2: Eu não quero desaparecer...
Fantasma 3: Então ajude a encontrar o que está fazendo isso!
Fantasma 2: Mas eu também não quero machucar pessoas...
Fantasma 1: Não temos escolha.
Sakura: FIQUEM LONGE DELA!

Os fantasmas se voltam para Sakura.

Fantasma 2: Quem é essa?
Fantasma 1: Não sei...
Fantasma 3: Talvez esteja com ela!

Os fantasmas largam a menina loira, que, sem pensar duas vezes, se levanta e sai correndo. Eles partem para cima de Sakura, tentando agarrá-la. Sakura vai se esquivando com saltos e cambalhotas.

Sakura: Por que estão fazendo isso? O que está acontecendo?
Fantasma 1: Agarrem ela! Temos que revistá-la!
Sakura: O que estão procurando?
Fantasma 2: Têm um objeto devorando almas... nós temos que encontrá-lo e destruí-lo antes que todos nós sejamos consumidos...
Fantasma 1: Nós sabemos que está com um mortal... talvez esteja com você!
Fantasma 3: Te peguei!

O fantasma agarra o tornozelo de Sakura e a joga com força no chão. Nossa heroína fica tonta com o impacto e com dificuldade para se levantar. Os fantasmas se preparam para atacar, mas são atingidos de surpresa por um forte chute. Sakura consegue se recuperar e logo reconhece seu salvador.

Sakura: Onii-chan!

Touya se posiciona na frente de Sakura, em posição de combate.

Touya: Você está bem, Sakura?
Sakura: Sim. Obrigada por ajudar.
Touya: (olhando sério para os fantasmas): Têm alguma coisa muito errada por aqui. Não devia ser possível que pessoas normais pudessem enxergar espíritos... muito menos tocá-los.
Fantasma 3: Outro mortal... vamos agarrar os dois e revistá-los!
Kobato: PAREM COM ISSO!

Kobato havia se posicionado entre os fantasmas e os irmãos Kinomoto com os braços estendidos. Os fantasmas recuam, confusos.

Touya (confuso): Do que eles estão com medo?

Por algum motivo, parecia que Touya não podia enxergar Kobato. Apenas Sakura e os fantasmas o podiam.

Kobato: Eu sei que vocês estão com medo e desesperados, mas isso que estão fazendo é errado. Essas pessoas não têm culpa de nada.
Fantasma 2 (cabisbaixo): Ela têm razão...
Fantasma 1: Mas o que mais podemos fazer...?
Fantasma 3: Se formos absorvidos, desapareceremos para sempre...
Touya: Mas com quem diabos eles estão falando...?

Repentinamente a luz que envolvia os fantasmas se intensifica. Eles começam a gritar e a se contorcer. Touya abraça Sakura, com medo que a cena fosse muito forte para ela. Kobato cai de joelhos e observa tudo, horrorizada. Então os três fantasmas se convertem em esferas de luz que flutuam e voam para longe.

Sakura: Para onde eles estão indo...?

Sakura faz menção de seguir as esferas, mas têm seu braço seguro por Touya.

Touya: Onde você pensa que vai?
Sakura: Eu? Bem, eu...
Touya: Você se ralou toda. Vai para a enfermeira.
Sakura (olhando para o próprio corpo): Não foi nada. Eu estou bem.
Touya: Isso não está aberto a discussão.

Derrotada, Sakura acompanha seu irmão até a enfermaria do colégio Seijou. Eles, acompanhados ainda de Tomoyo, pegam o elevador e sobem até o quarto andar. Touya pede auxilio a uma enfermeira de plantão que leva Sakura até uma das salas da enfermaria. Touya e Tomoyo ficam esperando no corredor. Sakura fica sentada numa cama enquanto a enfermeira limpa suas feridas e coloca alguns curativos. Na cama ao lado, a menina loira que fora atacada pelos fantasmas dormia, estimulada por sedativos.

Enfermeira: Foi uma coisa muito assustadora, não é? Aquela coisa dos fantasmas...
Sakura: S-sim.
Enfermeira: Eu nunca fui de acreditar nessas coisas, mas depois do que vi hoje...

A enfermeira nota que Sakura não tirava os olhos da janela.

Enfermeira: Seu irmão deve estar orgulhoso de você.
Sakura: Hoe? Por que?
Enfermeira: Você foi muito corajosa hoje. Foi a única que correu até a quadra para tentar ajudar.
Sakura: Pena que eu não pude fazer muita coisa...
Enfermeira: Tenho certeza de que ela discorda.

A enfermeira aponta para a menina loira. Sakura entende e sorri para a enfermeira, agradecendo pelas palavras de conforto.

Enfemeira: Eu vou buscar mais alguns curativos. Espere aqui.
Sakura: Certo.

A enfermeira sai da sala. Assim que ela fecha a porta, Sakura volta a olhar para a janela, onde Kobato estava sentada.

Sakura: Kobato... você está bem?
Kobato: Por que?
Sakura: Hã?
Kobato: Por que todos eles são levados menos eu? O que eu tenho de diferente?
Sakura: Eu não sei. Mas conseguimos uma nova pista. Os fantasmas sabem que tem algum objeto absorvendo eles e que um humano está em posse desse objeto.
Kobato: Mas isso significa que os fantasmas mais desesperados vão caçar essa pessoa.
Sakura: E é por isso que temos que encontrá-la primeiro. Eu tenho um amigo que pode nos ajudar.

Sakura pega seu celular no bolso e disca um número.

Eriol: Alô? Hiiragisawa falando.
Sakura: Eriol! Sou eu, Sakura. Preciso de sua ajuda.
Eriol: Como posso ajudá-la, doce Sakura?
Sakura: Existe algum artefato proibido que possa se alimentar de fantasmas?
Eriol: Deixe-me ver... na verdade existe algo assim. O frasco do balseiro é um item banido que possuía essa habilidade. Dizem que foi comprado por um rei muito antigo junto ao ser responsável pela balsa que leva os espiritos para o mundo dos mortos. Este rei usou o frasco para absorver fantasmas até conseguir energia suficiente.
Sakura: Energia suficiente para que?
Eriol: Para solicitar a realização de um desejo. O rei queria desesperadamente que sua amada esposa voltase a vida.
Sakura: E o desejo dele foi realizado?
Eriol: Sim, mas por se tratar de um artefato imbuído com a magia do caos, houve um preço a ser pago. O rei foi amaldiçoado.
Sakura: E o que aconteceu com ele?
Eriol: Entenda, doce Sakura. As almas que o frasco sugava serviam apenas para gerar energia para ativá-lo. O custo para a realização do desejo vinha apenas depois. O rei viu sua amada voltar a vida, mas teve o mesmo destino das almas capturadas pelo frasco... ele desapareceu, sendo completamente apagado da existência.

Sakura arregala os olhos, em choque.

Sakura: Isso quer dizer...
Eriol: ... que se a pessoa que estiver com o frasco agora descobrir que tem direito a um desejo e utilizá-lo, desaparecerá para sempre. E isso aconteceu no pior momento possivel.
Sakura: Por que?
Eriol: Eu e os guardiões descobrimos uma falha na divisa entre o mundo dos espíritos e o nosso mundo, que está fazendo com que algumas almas venham parar aqui sem saber por quê.
Sakura: Que coincidência horrível!
Eriol: Se há uma coisa que eu aprendi nos meus longos anos de vida... é que não existem coincidências.
Sakura: Hoe?
Eriol: Eu estou indo agora até a falha para fechá-la. Se não houver fantasmas o suficiente, talvez o frasco do balseiro não seja ativado.
Sakura: Eu posso fazer alguma coisa para ajudar?
Eriol: Você precisa encontrar a pessoa que está com o frasco e pará-la antes que seja tarde.
Sakura: Mas como eu faço isso?
Eriol: Creio que sua nova amiga seja a chave para que você encontre o frasco. Deve haver um motivo para ela ainda não ter sido absorvida...

Sakura olha para Kobato, mas a menina fantasma não estava prestando atenção. Ela olhava fixamente para a menina loira deitada num dos leitos.

FLASHBACK

Kobato estava deitada em um leito de hospital zapeando pelos canais de uma tv presa num suporte na parede verde claro do quarto. Ela estava agora com 12 anos e parecia muito pálida e magra. Estava ligada a alguns aparelhos que mediam seus sinais vitais. Ao seu lado havia uma mesinha com um coelho de pelúcia branco, uma bandeja com um prato de sopa e três jarros de flores com cartões amassados. Uma mulher de cabelos loiros que iam até a altura da cintura entra no quarto e Kobato abre um sorriso e se senta, com certa dificuldade, em sua cama.

Kobato: Tia Mai!

Mai se senta na cama e abraça afetuosamente Kobato.

Mai: Como vai a menina mais bonita da cidade?
Kobato (bufando): Entediada. Já estou cansada de ficar deitada aqui. Eu quero ir lá fora e me divertir com os outros.
Mai: Kobato... você sabe que não pode fazer isso. A doença que você têm é muito grave. Você precisa de cuidados muito especiais.
Kobato (cabisbaixa): É... eu sei...

Kobato joga o controle da televisão em cima da mesinha. Mai nota os cartões amassados junto aos jarros de flores.

Mai: Essas flores... são da Aya e do seu pai, não é?
Kobato (fechando a cara): Sim, mas não gosto delas.
Mai: Mas são tão bonitas... e os cartões que vieram junto são muito fofinhos...
Kobato: MAS EU NÃO PRECISO DOS CARTÕES! PRECISO DELES!

Mai se surpreende com o grito de desabafo de sua sobrinha. Algumas poucas lágrimas desciam do rosto de Kobato.

Kobato: Desculpa, tia...
Mai (coloca a mão no ombro da sobrinha): Não se preocupe. Eu só posso imaginar o quanto isto está sendo dificil para você...
Kobato: Por que, tia Mai? Por que meu pai e a Aya me abandonaram? Faz meses que não vejo nenhum deles... nem ao menos minha irmãzinha vêm me ver... apenas a senhora...

Mai seca um pouco das lágrimas de Kobato.

Mai: Minha filha Aya chora todos os dias por você. Ela não suporta te ver nessas condições. Aya passa em frente ao hospital todos os dias, mas não consegue criar coragem para te visitar. Ela prefere guardar a lembrança daquela Kobato sorridente e brincalhona que era a alegria de todos os lugares em que ia. Não estou dizendo que ela está certa, apenas pedindo que tente entendê-la...
Kobato (murmurando): Aya...
Mai: Sua irmã Naomi pergunta de você todos os dias. Eu vou tentar trazer ela mais vezes aqui, mas um hospital não é um ambiente muito bom para ficar se trazendo uma criança.
Kobato: É verdade...
Mai: Quanto a seu pai...

Mai hesita por um instante.

Mai: Meu querido irmão está tomado pela culpa.
Kobato: Culpa?
Mai: Sim. Ele já se sentia culpado pelo acidente de carro que matou sua mãe... agora se sente ainda mais culpado porque a doença rara que você têm foi herdada dos genes dele... sua bisavó morreu desta mesma doença.
Kobato: Mas ele não podia fazer nada para evitar isso!
Mai: Eu sei, mas mesmo assim ele se sente culpado. E a culpa só piora porque ele não consegue, por mais que se esforce, por mais dinheiro que consiga juntar, encontrar uma cura para você... ele sente que falhou com você, do mesmo jeito que teria falhado com sua mãe. Por isso ele não consegue te ver.

Mai suspira.

Mai: Ele têm trabalhado muito e às vezes se alimenta muito mal, mas eu procuro estar sempre com ele para garantir que ele ficará bem. Para garantir que ele não perderá suas forças. Para garantir que não perderá suas esperanças.
Kobato: Papai...
Mai: Eu estou conversando com eles... tentando consertar as coisas. Vou fazer o meu melhor para garantir que nossa familia volte a ser unidade como um dia foi.

Kobato abraça sua tia.

Kobato: Muito obrigada, tia. Por tudo.
Mai: Não foi nada, querida.
Kobato: O papai está se esforçando muito para me ajudar. Prometo que eu vou me esforçar muito para ficar boa.

Kobato fecha os punhos e faz cara de quem está se concentrando.

Kobato: Kobato, você consegue!
Mai (sorrindo): Claro que consegue. Agora deite-se e descanse.

Kobato se deita e abraça seu coelho de pelúcia. Sua tia a cobre com um lençol e beija carinhosamente sua testa.

Mai: Te vejo amanhã.

Mai apaga a luz e sai do quarto. Ela encontra um homem discutindo com um médico. Ele possuia cabelos negros com um rabo de cavalo preso com uma fita e sua barba ainda estava por fazer. Estava vestido com roupas sociais um pouco surradas e parecia ter acabado de sair do trabalho.

Médico: Me agredir não vai mudar nada! Fizemos tudo o que podíamos! Infelizmente acabou.
Homem (agarrando o médico pela camisa): Não diga isso! Você não pode dizer isso!

Mai segura o braço do homem, impedindo que ele acerte um soco no médico.

Mai: Não faça isso, Seishirou! Não vai mudar nada.

Seishirou troca olhares firmes com sua irmã e resolve deixar o médico em paz.

Mai: Eu estive com Kobato. Ela perguntou de você... por que não faz uma visita?
Seishirou: Eu não posso. Como vou olhar nos olhos dela? E-eu falhei... falhei de novo...

Cabisbaixo, Seishirou deixa aquela ala do hospital descendo as escadas. Mai se volta para o médico.

Mai: Peço desculpas pelo comportamento de meu irmão.
Médico (ajeitando sua camisa): Não se preocupe. Já passei por isso outras vezes e entendo o sofrimento que ele está passando.
Mai: Houve progresso no tratamento?
Médico: Infelizmente não. Eu estava dizendo a seu irmão que fizemos tudo que podíamos, mas a rara doença que Kobato possui não regrediu. As células de Kobato estão sendo destruídas por seus próprios anti-corpos...

O médico passa os minutos seguintes explicando detalhes técnicos da doença e dos tratamentos que haviam tentado empregar. Mai suspira, triste. Ela não podia acreditar no quanto o destino estava sendo injusto com sua sobrinha. Sua voz fica mais trêmula quando ela finalmente faz a dolorosa pergunta que preferia evitar.

Mai: Quanto... quanto tempo ela ainda possui?
Médico: Provavelmente mais uns cinco anos, se ela continuar seguindo com seu tratamento. Vocês deveriam usar esse tempo para ficarem juntos. Dêem uma partida feliz para ela.
Mai: E-eu vou tentar...

A conversa é interrompida por um forte estrondo. Todos no corredor correm e percebem que um dos elevadores despencara. A porta havia se aberto e muita fumaça vinha do fosso.

Médico: Meu Deus!
Homem: Alguém chame os bombeiros! Rápido!
Secretária: O diretor pediu que todos os médicos disponíveis vão ao térreo para ver se podem ajudar!
Mai: Haviam pessoas naquele elevador?
Mulher: Eu vi uma menina entrar no elevador sozinha. Acho que era alguém que estava internada aqui...
Mai: Uma menina?

Mai olha para o quarto de Kobato e nota que a porta estava aberta. Ela corre até lá e não encontra ninguém, entrando em desespero. Ela aborda algumas enfermeiras.

Mai: Por favor, me ajudem! Minha sobrinha sumiu! Acho que pode ser ela no elevador!
Enfermeira: Se acalme. Vamos ajudar a procurá-la.
Mai: Nós temos que procurar nos destroços do elevador! Eu tenho que salvar a Kobato!
Kobato: Tia?

Mai olha para o outro lado do corredor e nota que Kobato estava parada ali, segurando seu coelhinho de pelúcia nos braços. Ela corre e abraça a sobrinha, lágrimas escorrendo dos olhos.

Mai (a voz quase não saindo): Onde você estava?
Kobato: Eu fui cantar para uma amiga que fica no quarto do fim do corredor. Ela não consegue dormir se não fizerem isso por ela...

Kobato acaricia os cabelos da tia.

Kobato: Por que a senhora está triste? Por que está chorando?
Mai: Eu não estou preparada para te perder... nós não estamos preparados para te perder...

Kobato olha preocupada para a tia. Sentia que tudo aquilo era sua culpa.

Mai: ... não estamos preparados para te perder...

FIM DO FLASHBACK


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Notas finais do capítulo

Por causa do limite de palavras do site, tive que dividir esse capítulo em dois. (Ele ficou meio grandinho mesmo ^^)