Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 11
Capítulo 9 - Um presente para Tomoyo


Notas iniciais do capítulo

Sakura enfrenta um novo duelo de magia! A verdadeira ameaça é revelada! Shaoran têm problemas para escolher um presente!



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[Imagem Ilustrativa do Capitulo]

Kazuko Nishimura estava passeando com sua cachorrinha Ametista pela cidade. Os olhos violeta do animal brilhavam de alegria enquanto passavam pela estrada que circunda a reserva Saijou.

Kazuko: Está se divertindo, não é?

Kazuko acaricia a cabeça de sua cachorrinha.

Kazuko: Queria que minha vida fosse tão fácil quanto a sua... aconteceu tanta coisa nas ultimas semanas...

Kazuko dá alguns biscoitinhos para Ametista comer.

Kazuko: O ataque do amigo de cabelos brancos da Sakura, o sequestro da Tomoyo, os terremotos que quase me mataram... e ainda tem o fato de eu estar fazendo coisas mágicas por instinto... no começo eu achei que era coisa da Sakura, mas estou começando a achar que têm a ver comigo mesmo. Será que tenho poderes mágicos que nem ela, Ametista?

Kazuko olha para sua cachorrinha, que dá um latido em resposta.

Kazuko: É... você têm razão. Deve ser imaginação minha.

Kazuko e Ametista passam pelos fundos do cemitério da cidade de Tomoeda, onde estava reservado um espaço especial para aqueles que morreram nas guerras. A menina se senta num banquinho para descansar um pouco e admirar as estrelas daquela noite tranquila.

Kazuko: Tem outra coisa me incomodando também, Ametista. Sabe o Li? O garoto chinês que entrou na minha turma na escola Tomoeda? Por algum motivo, sempre que estou perto dele sinto meu coração bater acelerado e meu rosto esquentar... estou confusa... será que isso significa que gosto dele?

Ametista late algumas vezes.

Kazuko: Mas eu sei que ele é namorado da Sakura. E apesar de nossa relação estar estremecida, eu ainda considero a Sakura uma boa amiga e não quero ferir os sentimentos dela.

Ametista lambe o rosto de sua dona animadamente.

Kazuko (sorrindo): Não preciso me preocupar, não é? O Li nem me deu bola mesmo. Eu me contento em ter você, que me faz muito feliz.

Kazuko abraça carinhosamente sua cachorrinha. Quando ela se levanta para ir embora, nota uma garota de longos cabelos negros ajoelhada diante de um túmulo e rezando. Aquilo chama sua atenção porque a garota lhe parecia familiar.

Kazuko (murmurando): Tomoyo?

Kazuko prende a coleira de sua cachorrinha no banco, se aproxima silenciosamente e pula a cerca de madeira do cemitério. Ela se esconde atrás de uma árvore e observa Tomoyo enquanto ela reza.

Kazuko: Estranho... não sabia que ela tinha um parente enterrado aqui...

Tomoyo termina sua oração e deposita algumas flores sobre um túmulo. Ela enxuga algumas lágrimas do rosto e começa a caminhar rumo à saída principal do cemitério. Assim que ela parte, um homem de cabelos desgrenhados que vão até a altura dos ombros, usando um sobretudo marrom e carregando uma mochila nas costas se aproxima e também se ajoelha diante do túmulo. Após uma breve reza, ele parte. Curiosa, Kazuko se aproxima e resolve ver o que estava escrito na lápide do túmulo.

Kazuko: Daidouji?



Sakura: Uma amigo oculto?

Sakura Kinomoto, Rika Sasaki, Chiharu Mihara, Shaoran Li, Meiling Li, Takashi Yamazaki, Kazuko Nishimura e Tomoyo Daidouji estavam reunidos na sala de aula. A aula havia terminado há pouco e aquele pequeno grupo de amigos havia ficado na sala a pedido de Chiharu.

Chiharu: Sim. Eu soube que fizeram um amigo oculto numa das turmas da sexta série e fiquei animada com a idéia.
Meiling: E como funciona essa brincadeira?

Chiharu sorri.

Chiharu: É bem simples. Nós escrevemos os nomes dos participantes em pedaços de papel e os dobramos. Depois colocamos os papéis num pote ou numa bolsa e cada um de nós sorteia um, tomando cuidado para que ninguém descubra quem.
Kazuko: Legal. Fica um ar de mistério quanto a quem tirou quem...
Chiharu: No dia do amigo oculto, você tem que descrever a pessoa que você tirou e ver se os amigos conseguem adivinhar de quem se trata. Depois você presentear essa pessoa com algo.
Sakura: Presentes? Mas minha mesada não é muito grande...
Chiharu: Não precisa ser de grande valor. O que vale é a intenção do presente e a diversão.
Rika: Parece legal. Eu topo.
Sakura (olhando ao redor procurando a amiga): A Naoko não quer participar?
Chiharu: Ela disse que vai estar muito ocupada. Mas disse que da próxima vez ela participa. Todos vocês aceitam participar?

Todos acenam que sim com a cabeça.

Chiharu: Que bom! Tomoyo, me ajuda a escrever os nomes em papéis?
Tomoyo (com um sorriso amistoso): Claro.

Kazuko fica observando Tomoyo trabalhar com um olhar preocupado, lembrando-se do que presenciara na noite anterior. Ninguém parece notar, exceto Sakura.

Sakura: Algum problema, Kazuko?
Kazuko (balançando a cabeça): O que? Não, não é nada. Estava apenas pensando num ensaio de coral...
Chiharu: Terminei!

Tomoyo dobra os papéis e os coloca numa pequena sacola de plástico. Chiharu pega a sacola.

Chiharu: Agora nós balançamos bem para misturar os nomes...

Chiharu balança a sacola algumas vezes.

Chiharu: E prontinho! Agora é só começar o sorteio. Quem vai ser o primeiro?

Chiharu aponta a sacola para Yamazaki.

Chiharu: Que tal você?
Yamazaki: Hum. Ok.

Yamazaki enfia sua mão no fundo da sacola e retira um papelzinho. Ele verifica o nome, tomando cuidado para que ninguém veja.

Chiharu (corando de leve): Se você me tirar, espero que compre um presente bem bonitinho.
Yamazaki: Pode deixar.
Meiling: Minha vez!

Meiling enfia sua mão na sacola, pega um papelzinho e sorri ao verificar o nome.

Meiling: Fácil. Já sei até que presente vou dar.
Chiharu: Shaoran?

Chiharu aponta a sacola para o garoto chinês. Ele sorteia um nome e fica preocupado.

Chiharu: O que foi? Tirou você mesmo?
Shaoran (balançado a cabeça): Não, não. É que não sei o que vou dar para a pessoa que tirei...
Tomoyo (olhando de Shaoran para Sakura): Tenho certeza que você vai pensar em algo.
Chiharu: Sakura?

Sakura fecha seus olhos e coloca sua mão na sacola, sorteando um dos papeis.

“Por favor, que seja o Shaoran. Por favor, que seja o Shaoran. Por favor, que seja o Shaoran.”

Sakura abre seu papel sorteado bem devagar e abre um largo sorriso.

Meiling (murmurando e balando a cabeça): Não sabe nem disfarçar...

O restante dos amigos sorteia seu amigo oculto até que a sacola fica vazia.

Chiharu: Muito bem. O que acham da gente se reunir no domingo para a troca de presentes?
Tomoyo: Parece ótimo.
Rika: E onde vamos nos reunir?
Chiharu: Alguém tem uma sugestão?
Shaoran: Poderia ser na reserva Saijou. Tem uns lugares bem bonitos lá.
Chiharu: Perfeito. E ainda podemos fazer um piquenique. Eu vou preparar uns doces maravilhosos...
Yamazaki: E eu vou separar algumas velas e começar a rezar por nossas vidas...
Chiharu (uma veia saltando na testa): Como é que é?

Chiharu começa a enforcar Yamazaki repetidamente.

Sakura: Então nos encontramos na entrada da reserva Saijou às cinco horas da tarde no domingo. Fechado?

Todos acenam que sim com a cabeça. Os amigos começam a se levantar e se dirigir para a porta da sala.

Chiharu: Ah. Lembrem-se. Vocês não podem contar o nome da pessoa que sorteou para ninguém se não estragam a graça da brincadeira. Guardem em segredo até domingo.
Todos: Tá bom.

Sakura e Tomoyo se despedem dos amigos e ficam esperando no portão da escola. Shaoran vai até o bicicletário buscar sua bicicleta. Depois de soltá-la, ele pára por um instante e retira o papel do sorteio do bolso.

Shaoran (murmurando): ‘Tomoyo Daidouji’... o que eu poderia dar de presente para ela?
Sakura: Vamos, Shaoran!
Shaoran (guardando o papel novamente no bolso): Já estou indo.

Sakura e Shaoran montam sua bicicleta verde, se despedem de Tomoyo e partem rumo a casa dos Kinomoto. Tomoyo os observa sumir no horizonte antes de começar sua caminhada para casa. Ela não nota, mas estava sendo observada por um homem de cabelos desgrenhados escondido atrás de uma árvore. O homem percebe alguém puxando sua camisa para lhe chamar a atenção. Era uma menina de cabelos negros com pontas roxas usando um uniforme da escola Tomoeda.

Kazuko: Quem é você e por que está seguindo minha amiga?
Homem: Seguindo? Do que você está falando?
Kazuko: Eu vi você no cemitério ontem a noite.
Homem: Ah. Você viu...
Kazuko (começando a se afastar): Eu vou chamar a polícia...
Homem: Não! Espere. Eu posso explicar.
Kazuko: Pois bem. Então comece.
Homem: Meu nome é Hideki Okiura. Na verdade, eu estou à procura da mãe de sua amiga. O nome dela é Sonomi. Você a conhece?
Kazuko: Sim.
Hideki: Eu sou um amigo de infância dela e do falecido marido dela.
Kazuko: Então aquele túmulo era do pai da Tomoyo?

Hideki morde os lábios.

Hideki: S-sim. O nome dele era Akito Daidouji. Eu, ele e Sonomi estudamos juntos quando mais novos.
Kazuko: Hummmm.
Hideki: Nós nos separamos quando crescemos... cada um seguindo seu rumo. Ontem foi aniversário da morte de Akito e eu senti vontade de rever Sonomi... talvez relembrar os velhos tempos... Você por acaso sabe onde ela mora?

Kazuko olha para Hideki como se estivesse o analisando. Queria saber se estava dizendo a verdade. Ela fecha os olhos por um instante e, por algum motivo estranho, a imagem de uma balança surge em sua mente. A balança estava em perfeito equilíbrio.

Kazuko (abrindo os olhos): Você parece estar dizendo a verdade. Eu te levo até a casa dos Daidouji.
Hideki (fazendo uma reverência): Muito obrigado.

Kazuko e Hideki pegam um ônibus e, após alguns minutos, chegam a frente da casa dos Daidouji. A grandiosidade da casa assusta Hideki.

Hideki: É... é muito grande...
Kazuko: É uma bela mansão, não é? Eu também me assustei quando vim aqui pela primeira vez, mas depois você se acostuma.
Hideki (murmurando): Então a Sonomi conquistou tudo o que queria...
Sonomi: O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?

Sonomi Daidouji estava descendo de uma limusine branca segurando uma maleta. Ela caminha até Hideki apontando o dedo para ele.

Sonomi: Como me encontrou?
Hideki: Um amigo em comum me contou como você estava indo...

Hideki pega a mão direita de Sonomi.

Hideki: Eu estava com saudades de você, Sonomi. Queria conversar.

Sonomi puxa sua mão para longe.

Sonomi: Não temos nada para conversar. Eu pensei que você tivesse entendido isso. Eu não quero você por aqui. Volte para sua vidinha pacata de cantor de bares.

Sonomi começa a caminhar em direção a mansão dos Daidouji.

Hideki: Eu soube que você teve uma filha.

Sonomi pára de caminhar, mas continua de costas para Hideki. Kazuko continua observando a conversa, confusa.

Hideki: Ontem foi aniversário da morte de Akito e eu visitei seu túmulo. Eu vi a menina lá. Ela é bonita. Têm muito dos seus traços, mas não tem nada de nosso velho amigo, não é?

Sonomi se vira e olha para Hideki com cara de poucos amigos.

Sonomi: O que você quer dizer com isso?
Hideki: Você me largou para ficar com ele... e deu o nome dele para minha filha!

Sonomi e Kazuko olham, perplexas, para Hideki.

Kazuko: A Tomoyo é sua filha?!?
Hideki: O nome dela é Tomoyo? É um bonito nome.
Sonomi: Isso... isso não é verdade. Ela não é sua filha.
Hideki: Não seja cínica. Nós dois sabemos que Akito não podia ter filhos.

Kazuko olha para Sonomi e nota que ela se esforçava para não deixar escapar algumas lágrimas dos olhos.

Hideki: Você me abandonou... me magoou... me trocou pelo meu melhor amigo... me fez partir... e ia esconder para o resto da vida que eu tinha uma filha? Como você pôde fazer isso?

Sonomi se aproxima ameaçadoramente de Hideki.

Sonomi (batendo seu dedo indicador no peito de Hideki): E o que você queria de mim? Que futuro nós teríamos juntos? Você nunca teve ambição e sua carreira de cantor nunca teria futuro. EU NÃO QUERIA ACABAR COMO A NADESHIKO!
Hideki: Nadeshiko? Está falando de sua prima?
Sonomi: Ela desperdiçou seu talento para viver com um professor fracassado... viveu uma vida curta e miserável por ter escolhido pensar com o coração.
Hideki: Você casou com o Akito, salvou os negócios de sua família, conseguiu a fortuna que sempre quis. Você usou a razão ao invés de seguir seus sentimentos. Isso te fez feliz?
Sonomi: Eu estava muito bem até você aparecer! Vá embora e não apareça mais por aqui. Você não tem nenhum direito sobre a Tomoyo. Ela é minha filha e apenas minha.

Hideki suspira.

Hideki: Eu nunca pretendi roubá-la de você. Apenas queria conhecê-la.
Sonomi: Isso não vai acontecer.

Hideki coloca um cartão na mão de Sonomi.

Hideki: Se mudar de ideia, este é o número da pensão onde estou hospedado. Ficarei por lá até a segunda-feira.
Sonomi: Não preciso disso.

Sonomi amassa o cartão e o joga no chão.

Sonomi: Volte para o buraco de onde veio, Okiura.
Hideki: Antes de eu partir, apenas me responda uma coisa. Ele ao menos sabia? Akito sabia que a filha não era dele?

Sonomi morde os lábios.

Sonomi: Ele nunca soube que eu estava grávida. Logo após nosso casamento ele foi servir no exército e... e nunca mais voltou.
Hideki: Pobre Akito...

Hideki se aproxima de Kazuko e passa a mão carinhosamente na cabeça dela.

Hideki: Obrigado por me trazer aqui.
Kazuko: Não foi nada.

Hideki se vira e vai embora caminhando. Sonomi fica observando, sua mão repousando sobre o peito. Kazuko pega o cartão amassado e o guarda na sua mochila. Em seguida ela se volta para Sonomi.

Kazuko: Você ainda sente algo por ele, não é?
Sonomi: Da onde você tirou isso, garota? E o que você estava pensando ao trazê-lo aqui?
Kazuko: Eu só queria ajudar. Não sabia que ele era o pai da Tomoyo.

Sonomi dá um tapa no rosto de Kazuko.

Sonomi: Nunca mais repita isso. Akito Daidouji era o pai da Tomoyo.

Sonomi nota que deixara uma marca no rosto de Kazuko e se arrepende do que fizera. Ela tenta ajudar, mas a garota recusa.

Kazuko: Por que você acha que o dinheiro é importante para ser feliz? Sua prima Nadeshiko não foi feliz mesmo sendo pobre? A Sakura não é a prova viva disso?
Sonomi: Você é apenas uma criança. Não sabe nada da vida.

Kazuko suspira.

Kazuko: Eu sei que não posso mais ter minha mãe comigo, mas daria tudo por mais um dia com ela. Às vezes me pego chorando por ela. Você acha justo fazer a Tomoyo chorar por um pai que ainda está vivo?
Sonomi: Acredite em mim. Hideki Okiura não tem nada a oferecer para a Tomoyo.
Kazuko: Você não pode ter certeza disso.
Sonomi: Olha, menina, você...
Kazuko: A Sakura me contou que você gostava muito da mãe dela. Se você descobrisse que ela ainda está viva, isso não te faria muito feliz?
Sonomi: Sim, mas...
Kazuko: E você não gostaria que a Tomoyo pudesse experimentar dessa felicidade?

Sonomi fica sem palavras. Kazuko dá as costas para ela e resolve caminhar até a casa de sua tia. Sonomi fica observando a garota partir com um olhar pensativo.

DIA SEGUINTE

Kero: Por que tanta pressa? Está atrasada para algo?

O guardião observava sua mestra correr pelo quarto enquanto terminava de se arrumar.

Sakura: Eu marquei de encontrar com o Shaoran no centro da cidade. Não quero me atrasar de novo.
Kero: Ainda não consigo acreditar que você está de namorico com o moleque... o que você viu nele?

Sakura pega o ursinho que ganhara de presente do namorado e o abraça com força.

Sakura: Ele é uma pessoa muito especial para mim.

Sakura coloca o urso de volta no seu lugar e continua a se arrumar.

Kero: E o que vocês vão fazer?
Sakura: O pessoal da turma organizou um amigo oculto e nós temos que comprar presentes para a pessoa que sorteamos.
Kero: Deixa eu adivinhar. Você tirou o moleque, não é?
Sakura (sorrindo): Sim! E tenho quase certeza que ele me tirou. Vai ser muito legal trocar presentes com o meu namorado.
Kero: E como você sabe que ele sorteou o seu nome?
Sakura: O nome sorteado é segredo. Ele estava todo sem graça quando me pediu ajuda para escolher um bom presente. Acho que ele quer que eu escolha o presente, mas não quer revelar que me sorteou.
Kero: Ele podia te presentear com um relógio novo. Quem sabe assim você não se atrasa mais.
Sakura (uma veia saltando na testa): Como é?
Kero (se escondendo em sua gaveta): Você vai acabar se atrasando de novo...

Touya Kinomoto estava sentado no sofá da sala estudando. Havia uma pilha de livros diante dele. Sakura desce as escadas correndo.

Sakura: Ohayo, onii-chan.
Touya: Ohayo.

Touya nota que Sakura estava usando um vestido rosa com alguns detalhes floridos.

Touya (erguendo uma de suas sombrancelhas): Onde você pensa que vai, monstrenga?
Sakura: Eu não sou monstrenga. E eu vou encontrar com o Sha... com a Tomoyo no centro da cidade.
Touya: Não vai não.
Sakura: Hoe? E por que eu não iria?
Touya: Por que hoje é seu dia de faxina.
Sakura: O QUE?

Sakura corre até o quadro de avisos na cozinha e nota que seu nome realmente estava marcado para a faxina da casa. Ela corre até a sala e se ajoelha diante do irmão.

Sakura: Vamos trocar hoje, por favor. Prometo que faço qualquer coisa para te recompensar...
Touya: Não.
Sakura: Eu prometi que ia ajudar a Tomoyo hoje. É importante...
Touya: Não.
Sakura (implorando): Troca comigo, por favor, por favor, por favor, por favorzinho...
Touya: Mesmo que eu quisesse não poderia. Não está havendo que eu estou estudando? Tenho uma prova muito importante essa semana.
Sakura (com um olhar triste): Ah. Tudo bem então.

Sakura vai se arrastando, derrotada, em direção a escada. Touya suspira.

Touya: Se você fizer a limpeza bem rápido, talvez ainda dê tempo de você encontrar a Tomoyo mais tarde.
Sakura (abrindo um sorriso): Tem razão.

Sakura abraça o irmão afetuosamente. Ele fica sem graça e logo a afasta.

Touya: É para fazer rápido, mas bem feito, entendeu?
Sakura: Sim. Vou dar o meu melhor.
Touya: Vou estudar na varanda para não te atrapalhar.
Sakura: Obrigada.

Sakura sobe as escadas correndo para seu quarto. Ela precisava fazer uma ligação importante.

Shaoran Li estava no centro comercial de Tomoeda, sentado num banco em frente a uma padaria. Ele estava atendendo uma ligação no celular que ganhara tempos atrás de Tomoyo.

Shaoran: Faxina? Logo hoje?
Sakura: Eu esqueci de olhar no quadro de avisos. Sinto muito por te deixar na mão. Prometo terminar tudo por aqui o mais rápido possível para te encontrar mais tarde.
Shaoran: Certo.
Sakura: Mas é melhor você já começar a dar uma olhada nas lojas e ver se consegue escolher algo. Não sei quanto tempo vou levar aqui.
Shaoran: Certo. Vou dar uma passada em algumas lojas.
Sakura: Mais uma vez, me desculpa, tá?
Shaoran: Está tudo bem. Até mais.
Sakura: Até.

Shaoran guarda o celular no bolso e começa a caminhar. Não tinha a menor ideia de que presente escolher para Tomoyo. Ele pára diante de uma loja de livros e fica observando os produtos expostos na vitrine.

Shaoran: Eu poderia comprar um livro. Será que ela gostaria de ler algo sobre Feng Shui?

Shaoran fica observando os livros por alguns minutos.

Shaoran: Acho melhor tentar outra coisa...

O garoto chinês sai da loja e segue caminhando. Ele entra numa loja de música e começa a olhar as estantes com CDs à venda.

Shaoran: Eu poderia comprar um CD para ela, mas não sei quais CDs ela já tem. E nem tenho certeza de seu gosto musical.

Shaoran fica observando os CDs por mais alguns minutos.

Shaoran: Acho melhor tentar outra coisa...

Shaoran sai da loja de música e segue caminhando. Ele entra numa loja de games e começa a vasculhar as prateleiras de jogos.

Shaoran: Será que ela gostaria de ganhar um jogo? Hmmm. Acho que não. Isso têm mais a cara daquele bicho de pelúcia.

Shaoran sai da loja de games e segue caminhando. Ele pára na frente de uma loja de roupas femininas. A vitrine estava cheia de manequins com os mais diversos vestidos.

Shaoran: Eu poderia tentar comprar um vestido para ela... mas qual seria o tamanho certo?

Shaoran coça a cabeça, confuso.

Shaoran (suspirando): Isso está mais difícil do que imaginei...

Shaoran nota que Kazuko estava parada em frente a vitrine da loja ao lado. A menina estava olhando a vitrine com um olhar perdido enquanto segurava um cartão amassado em sua mão. O garoto chinês se aproxima dela.

Shaoran: Está tudo bem, Nishimura?

Kazuko olha, surpresa, para Shaoran. Ela guarda o cartão em sua bolsa.

Kazuko: Li? Desculpa. Nem te vi aí.
Shaoran: Você veio comprar seu presente também?
Kazuko: Presente? Ah! O amigo oculto. Eu já comprei. Não se preocupe.
Shaoran: Entendo...

Kazuko volta a olhar para a vitrine com um semblante triste. Shaoran nota que ela estava olhando para uma série de porta-retratos com imagens de famílias felizes. Ele não confiava em Kazuko, principalmente depois que ficou sabendo da história do feitiço da memória intuitiva, mas também não gostava de ver ninguém triste. E ainda por cima, havia aquela estranha sensação incômoda de que ele a conhecia de algum lugar, embora não houvessem memórias relacionadas a ela.

Shaoran: Você pode me contar.
Kazuko: Hã? Contar o que?

Shaoran coloca os braços atrás da cabeça, como de costume.

Shaoran: Pode me contar o que está te deixando triste. Se você desabafar, vai se sentir melhor.
Kazuko (balançando a cabeça): Não, não precisa. Não quero te incomodar.
Shaoran (de maneira um pouco mais áspera): Já disse que pode me contar.

Kazuko olha para Shaoran e sorri.

Kazuko: Está bem. Então será que você me acompanharia até a confeitaria?

Shaoran e Kazuko caminham juntos pelo centro da cidade enquanto a menina conta tudo que havia descoberto sobre o pai de Tomoyo. Após alguns minutos, eles entram numa confeitaria chamada Tirol, onde são recebidos por uma funcionária com um vestido preto e branco.

Funcionária: Olá. Bem-vindos ao Tir... Kazuko! É bom te ver!
Kazuko (sorrindo amistosamente): Também é bom te ver, Yumi. Esse é meu amigo Li.
Yumi: Muito prazer.
Shaoran (fazendo uma reverência): Prazer em te conhecer.
Yumi: O que vão querer?

Kazuko pega um papel em sua bolsa.

Kazuko: Eu encomendei um bolo. Amanhã vamos ter um piquenique e eu prometi que levaria algo.
Yumi (pegando o papel): Certo. Vou lá na cozinha ver se o bolo já está pronto. Por favor, aguardem um instante.

Yumi se retira por uma porta que leva aos fundos da loja. Shaoran olha para Kazuko.

Shaoran: Então o pai da Daidouji está vivo e ela não sabe?
Kazuko (acenando positivamente com a cabeça): Sim. A mãe dela escondeu isso durante todos esses anos.

Kazuko caminha até a vitrine e fica admirando as pessoas passando pela rua.

Kazuko: Eu cresci sem minha mãe e sei como é viver sem ter um dos pais. Eu quero contar para a Tomoyo, mas não sei se devo... não queria passar por cima da mãe dela... e nem sei se a Tomoyo acreditaria em mim...
Shaoran: Eu também sei como é.

Kazuko se volta para Shaoran.

Kazuko: Você... ?
Shaoran: Eu cresci sem meu pai, que morreu muito jovem, e gostaria muito que ele ainda estivesse por aqui. Tenho certeza de que a Daidouji também se sente assim.

Yumi surge trazendo um bolo embrulhado numa caixa.

Yumi: Prontinho.
Kazuko (pegando a caixa): Muito obrigada, Yumi.
Yumi: Foi um prazer. Depois vamos marcar um encontro para colocar a conversa em dia, certo?
Kazuko: Claro. Mande um abraço para o senhor Ueda por mim.
Yumi (abrindo a porta da loja): Claro. Divirtam-se no piquenique.

Shaoran e Kazuko saem da loja. Os dois ficam ali parados por algum tempo, até que Shaoran começa a olhar para o beco ao lado da confeitaria. Ele havia sentido uma energia diferente emanando daquele lugar.

Kazuko (tentando ver o que chamara a atenção do amigo): O que foi, Li?
Shaoran: Não é nada. Vamos indo?

Shaoran e Kazuko caminham por alguns instantes em silêncio. Kazuko seguia cabisbaixa, preocupada com a história do pai de Tomoyo. Shaoran estava a observando. O jeito com que ela se preocupava com as pessoas lembrava muito a Sakura.

Shaoran (suspirando): Eu não devia fazer isso, mas... eu tirei a Daidouji no sorteio.
Kazuko (pisca, confusa): Hã? Por que está me contando isso? Era para ser segredo.
Shaoran: Eu não tinha ideia do que dar a Daidouji. Eu queria dar algo especial para agradecer pela amizade dela. Mas depois da nossa conversa acho que já tenho um presente em mente.
Kazuko: Você têm?
Shaoran: Tenho. E você vai me ajudar.
Kazuko: Eu? Mas como...?
Shaoran: Você por acaso sabe onde o pai da Daidouji está agora?

Touya estava na varanda da casa dos Kinomoto empenhado em seus estudos. Sakura abre a porta e sai de casa sorrindo. Ela estava colocando sua bolsa no ombro.

Sakura: Finalmente acabei.
Touya: Limpou tudo direitinho?
Sakura: Sim. Agora já posso sair.

Os dois irmãos notam Tomoyo se aproximando da casa. Sakura acena para a amiga.

Tomoyo: Olá, Sakura.
Sakura: Oi, Tomoyo.
Touya: Não aguentou esperar por ela no centro?
Tomoyo: Esperar por ela?
Touya: Ela não marcou algo com você hoje?

Sakura olha de Tomoyo para Touya e começa a sorrir sem graça. Ela corre até a amiga e pega suas mãos, dando as costas para o irmão.

Sakura: Desculpe por ter feito você esperar. Marcamos mais cedo, mas o onii-chan me lembrou que eu ainda tinha a faxina da casa para fazer.

Sakura pisca para Tomoyo, que logo entende o que estava acontecendo.

Tomoyo: Ah. Não se preocupe. Eu vim te buscar para irmos agora.
Sakura: Já vamos indo.

Touya fica encarando a irmã, desconfiado.

Touya: Cuidado com o que você anda aprontando.
Sakura (ainda sorrindo sem graça): Tchauzinho.

Sakura arrasta Tomoyo e as duas correm para longe da casa. Elas param duas esquinas depois, procurando recuperar o fôlego.

Tomoyo: Você ainda não contou ao seu irmão sobre o Li?
Sakura: Não é fácil. Eles se odeiam e eu tenho medo da reação do onii-chan...
Tomoyo: Mas uma hora ele vai ter que ficar sabendo. Seria melhor que fosse por você, não é?
Sakura: É... seria. Eu vou procurar o melhor momento para contar a ele e a meu pai.

Sakura e Tomoyo começam a caminhar.

Sakura: Desculpe por tê-la feito correr.
Tomoyo: Não tem problema.
Sakura: O que você queria?
Tomoyo: Eu ia te chamar para sairmos e fazer alguma coisa. O clima lá em casa não está muito bom.
Sakura: Não? Aconteceu alguma coisa? Eu posso te ajudar de alguma forma?
Tomoyo: Eu acho que não. Minha mãe está muito triste hoje. Ela ficou remexendo velhas fotos o dia todo.
Sakura: E você sabe por que ela está triste?

Tomoyo balança a cabeça negativamente.

Tomoyo: Eu perguntei para ela várias vezes, mas ela não quis me contar. Ver ela triste daquele jeito, também me deixa triste...

Sakura pára diante da amiga.

Sakura: Então vamos até sua casa animá-la!
Tomoyo: Mas você não tinha marcado algo com o Li?
Sakura (passando a mão na cabeça): É verdade...

Sakura pega seu celular em sua bolsa.

Sakura: Mas tenho certeza de que se eu explicar tudo para o Shaoran, ele vai querer nos ajudar também. Ele é um menino muito gentil e também é seu amigo.
Tomoyo (sorrindo para a amiga): Obrigada, Sakura.
Sakura (devolvendo o sorriso): Não precisa agradecer. É o mínimo que posso fazer pela minha melhor amiga. Vou ligar para o Shaoran e...
Eriol: Sakura?

Sakura e Tomoyo notam que durante sua caminhada haviam acabado passando na frente do templo Tsukimine. Parado na entrada do templo estava um garoto de 13 anos de cabelos azul-escuro e olhos da mesma cor, protegidos atrás de um óculos. Era Eriol Hiiragizawa, a reencarnação do poderoso mago Clow Reed.

Sakura: Eriol?
Eriol (sorrindo amistosamente): Estava esperando por você.

Sakura e Tomoyo são conduzidas a uma pequena casa de madeira no interior do terreno do templo, onde sentam-se numa mesa repleta de doces e biscoitos. As duas meninas se surpreendem ao verem Kaho Mizuki entrar no cômodo e servir chá para elas.

Sakura: Professora Mizuki!

Kaho sorri para as meninas.

Kaho: Eu não sou mais a professora de vocês. Podem me chamar de Kaho.
Tomoyo: É bom vê-la de novo, Kaho.
Sakura: Estou tão feliz por nos encontrarmos de novo. Quando vocês voltaram ao Japão?
Kaho: Chegamos ontem à noite. Eriol disse que tinha uma coisa importante para fazer por aqui.
Tomoyo: Quanto tempo vocês planejam ficar?
Eriol: O tempo que for necessário.

Eriol estava parado a porta com um olhar taciturno.

Eriol: Eu não quero ofendê-la de nenhum modo, Tomoyo, mas preciso conversar a sós com a Sakura.
Sakura: Hoe?

Tomoyo e Sakura se entreolham.

Tomoyo: Tudo bem. Eu vou colocar a conversa em dia com a Kaho.

Sakura acompanha Eriol para fora da casa. Eles andam por um caminho rodeado de flores que leva até o lago Espelho da Lua. Kaho Mizuki havia explicado a Sakura tempos atrás que aquele lago era usado para prever o futuro usando o reflexo da lua. Eriol pára e fica fitando a calmaria das águas do lago, que refletia os últimos raios de sol daquele final de tarde.

Eriol: Sabe, Sakura... eu vim até aqui para ajudar Yue a encontrar a porta mágica e garantir que fique selada.
Sakura: Que bom! E vocês já sabem como encontrá-la?
Eriol (suspirando com pesar): Ainda não. A pessoa que a selou e a ocultou... fez um excelente trabalho... nem mesmo Clow Reed parece ser capaz de superá-lo.

Sakura observa Eriol mais atentamente.

“Ele pareceu triste. Será que ele conhece a pessoa que fez o lacre? Será que era alguém importante para ele?”

Sakura coloca sua mão no ombro de Eriol.

Sakura: Tenho certeza que vamos conseguir encontrar. E vamos acabar com os planos do Zhen.
Eriol: O filho bastardo do meu antigo eu não é o maior de nossos problemas, Sakura.
Sakura (pisca,confusa): Não?
Eriol: Zhen sempre foi um garoto instável, em parte por minha culpa, mas ele não teria magia e nem conhecimento o suficiente para chegar a porta mágica e tentar se fortalecer com a magia do caos.
Sakura: Hoe? O que isso quer dizer?

Eriol se volta para Sakura.

Eriol: Que Zhen está apenas sendo usado. Existe um vilão mais poderoso se ocultando nas sombras.
Sakura: O que?! Então existe um mago muito perigoso solto por aí?
Eriol: Sim.
Sakura: E você já sabe quem é?
Eriol: Infelizmente não. Fiz muitos inimigos durante minha outra vida e sei que alguns deles teriam a ambição e a loucura de tentar dominar a magia do caos... mas soube que ele andou pedindo favores para alguns magos e que se apresentou como ‘Mestre’...
Sakura: Mas o mago Clow morreu há muito tempo, não é? Então os inimigos dele também devem estar mortos...

Sakura pensa um pouco.

Sakura (coçando a cabeça): Mas se você conseguiu reencarnar, significa que eles também poderiam, certo?
Eriol: Sim, mas não é esse o caso. Pelo menos não ainda.
Sakura: Como assim?

Eriol se volta novamente para as águas do lago.

Eriol: Usei minha magia para tentar encontrar nosso inimigo e, acidentalmente, descobri que ele está num estado de semi-vida.
Sakura (olhando confusa para Eriol): Estado de semi-vida?
Eriol: Significa que a pessoa não conseguiu reencarnar por completo. Isso quer dizer que a pessoa fica num estágio intermediário entre a vida e a morte. Ela alterna momentos em que possui um corpo e momentos em que é apenas um espírito.

Só de ouvir a palavra espírito, Sakura sente um arrepio percorrer todo seu corpo.

Sakura (balanço a cabeça para se livrar da sensação ruim): E isso não ajuda você a encontrar a pessoa?
Eriol: Não necessariamente. Pessoas com uma semi-vida têm muito mais facilidade em disfarçar sua presença mágica.
Sakura (parecendo um pouco decepcionada): Ah.
Eriol: Este tipo de estado geralmente ocorre quando uma alma é acometida por uma grave maldição. Isso limita um pouco minha lista de suspeitos, mas ainda são muitos para eliminar.
Sakura (sorri, tentando passar confiança): Isso já é alguma coisa. Você é o mago Clow. Tenho certeza que você vai resolver este mistério.

Eriol ajeita seus óculos.

Eriol: Eu preciso lhe dar um aviso importante.
Sakura: Um aviso?
Eriol: Sim. E preciso que você guarde o que vamos conversar agora em absoluto sigilo. Consegue fazer isso?
Sakura: Acho que sim.
Eriol: Você precisa muito saber que... que se o nosso inimigo está num estado de semi-vida, isso quer dizer que ele têm dificuldade em se manter em nosso plano de existência. Ele é obrigado a se alimentar da energia vital de outras pessoas.
Sakura: Se alimentar?

Sakura logo se lembra das histórias de terror que sua amiga Naoko sempre contava.

Sakura (tentando não parecer assustada): Como se fosse um vampiro?
Eriol: Algo parecido. Ele deve estar ligado a um hospedeiro, onde fica escondido durante a fase em que existe apenas como espírito.
Sakura: E por que eu preciso saber disso?
Eriol: Já ficou bem claro que nosso inimigo sabe de sua existência e a considera uma ameaça.
Sakura: Eu sou uma ameaça para ele?
Eriol: Zhen tentou roubar as cartas Sakura de você, não foi?

Sakura se lembra da batalha contra Zhen no shopping.

Sakura: Sim. Mas eu aprendi a convocar meus itens mágicos com ajuda das lições do Shaoran, do Yue e do Kero e pude impedir que Zhen levasse as cartas.
Eriol: Felizmente sim. Mas isso mostrou que o inimigo sabe do grande poder que você possui e vai tentar enfraquecê-la de algum jeito e tirá-la do caminho.
Sakura: Me enfraquecer?

Eriol olha direto nos olhos verde-esmeralda de Sakura.

Eriol: Tenho quase certeza que ele está usando alguém próximo a você como hospedeiro.

Sakura fica perplexa e sem palavras. Os dois ficam em silêncio e Sakura fica olhando para o lago, tentando processar toda a informação que recebera.

Eriol: Ele com certeza escolheu alguém próximo a você para poder espioná-la. E também como forma de proteção. Todos nós sabemos que você nunca faria mal as pessoas que ama.
Sakura (com lágrimas nos olhos): Mas é claro que não!

Sakura começa a chorar e Eriol lhe entrega um lenço.

Sakura: N-nós podemos libertar o hospedeiro?
Eriol: Sim. Mas teríamos que descobrir quem é primeiro. A própria pessoa que é hospedeira não têm ciência do fato.
Sakura: É minha culpa... a pessoa está em perigo por minha culpa...

Eriol pega a mão de Sakura gentilmente.

Eriol: Você não pode se culpar, nem ficar triste. Têm que ser forte para proteger aqueles que ama. Têm que ser a luz que afastará as sombras que assolam este mundo.
Sakura (tentando secar as lágrimas): E-entendi.

Sakura soluça um pouco, mas consegue acalmar a vontade de chorar. Ela devolve o lenço a Eriol.

Sakura: Então eu... eu tenho que suspeitar de qualquer um ao meu redor... ?
Eriol: Na verdade não. Pessoas com magia não podem ser usadas como hospedeiras. Isso descarta meu querido descendente Shaoran Li.
Sakura (colocando a mão no peito): Que alívio. Não sei se aguentaria ter que suspeitar da pessoa que mais amo...

Sakura cora ao notar que dissera isso em voz alta. Eriol sorri gentilmente.

Eriol: Eu estou ciente dos sentimentos que existem entre vocês dois. E fico muito feliz por isso.
Sakura: O-obrigada.
Eriol: Infelizmente tenho que pedir que você fique atenta as outras pessoas ao seu redor. Preste atenção em coisas estranhas que aconteçam, mesmo que pequenas. Isso pode nos ajudar a salvar a pessoa que está sendo usada como hospedeira.
Sakura: V-vou fazer o que puder.
Eriol: Eu sei que vai, e eu também. Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para tirar você desta situação, doce Sakura. Mas o que você vai fazer agora, você deve fazer sozinha.
Sakura: Hoe?

Eriol e Sakura começam a fazer o caminho de volta a casa quando são surpreendidos. Uma garota de cabelos curtos e pele muito morena havia se colocado em seu caminho. Ela estava segurando dois báculos, um azul e um branco, em suas mãos. A ponta de ambos os báculos possuia o desenho de uma lua minguante.

Garota (apontando um dos báculos para Sakura): Herdeira de Clow! Eu, Maya Guadalupe, a desafio para um duelo!
Sakura (gota caindo): De novo não...

Eriol olha para Sakura e sorri. Maya mantinha seus olhos negros firmemente apontados para Sakura.

Sakura: Olha, Maya... eu não estou no clima para um duelo agora... será que...
Maya: Derrotar você faz parte de meu treinamento. Meu mestre disse que esta batalha seria essencial para que meu aprendizado. Preciso disso para passar para o próximo nível.
Sakura: Eu estou com muita coisa na cabeça agora e...

Eriol põe a mão no ombro de Sakura.

Eriol: Acho que um duelo seria perfeito agora. Vai distrair sua mente um pouco e também poderei ver o quanto você evoluiu em seus treinamentos.
Sakura: Mas por que eu? Por que não você?

Eriol (sussurrando): Poucos sabem que Clow Reed reencarnou e eu prefiro manter assim. Aceite o duelo. Vai lhe fazer bem.

Sakura suspira e aceita o duelo. Eriol se afasta alguns passos e se senta num banco de madeira. Sakura e Maya ficam frente a frente, se estudando. Nossa heroína pega sua chave mágica nas mãos.

Sakura: Está bem. Vamos começar.
Tomoyo: ESPEREM!

Tomoyo havia surgido correndo e parado entre as duas meninas.

Tomoyo (recuperando o fôlego): Vocês... vocês não podem lutar!
Sakura: Tomoyo?
Maya: E por que não podemos?
Tomoyo: Porque... porque a Sakura não está usando um dos meus uniformes!

Sakura despenca.

Maya (coçando a cabeça, confusa): Uniformes?
Tomoyo (puxando sua câmera da bolsa): Eu sempre filmo as façanhas da minha querida amiga Sakura e também cuido para que ela esteja sempre muito linda para aparecer nos meus vídeos.
Maya: Você filma?
Sakura (gesticulando para a amiga): Ai, ai, ai, Tomoyo. Você está me deixando sem graça de novo...
Maya: Você nos interrompeu por causa disso?
Tomoyo: Por favor, espere apenas alguns minutos. Eu prometo que vai valer a pena.

Maya encara os olhar de Tomoyo por alguns instantes.

Maya: Seja rápida.

Minutos depois, uma van branca chega ao templo Tsukimine. Sakura entra na van para se trocar enquanto Tomoyo prepara sua câmera para filmar. Maya fica sentada ao lado de Eriol, esperando.

Maya: Elas sempre fazem isso?
Eriol (sorrindo amistosamente): Elas consideram divertido. E o que seria de nossa vida sem um pouco de diversão?

Sakura finalmente sai da van. Estava usando uma mini-saia vermelha e uma blusa vermelha com três estrelas amarelas de tamanhos diferentes presas na frente. Usava também luvas vermelhas que iam quase até a altura dos ombros e botas vermelhas enfeitas com desenhos de estrelas nas laterais. Sobre sua cabeça repousava uma tiara vermelha com asas brancas nas duas pontas.

Tomoyo (os olhos brilhando): Como eu havia imaginado quando fiz o desenho... você ficou maravilhosa!
Sakura (corando de leve): Tomoyo...
Maya: Essa roupa é muito berrante. Nunca vi nada tão feio.

Tomoyo baixa a cabeça, triste.

Eriol: Eu acho que a Sakura está deslumbrante. Você fez outro excelente trabalho, Tomoyo.
Tomoyo (sorrindo, feliz): Obrigada.
Eriol: Agora por que não me faz companhia naquele banco para que possamos deixar a Sakura e a Maya iniciarem seu desafio?

Eriol estende seu braço para Tomoyo. A menina sorri e enlaça seu braço com o dele.

Tomoyo: Seria um prazer.

Eriol conduz Tomoyo e os dois se sentam no banco. A menina logo aponta sua câmera para a amiga e para sua desafiante. Sakura ergue sua chave mágica no ar.

Sakura: Chave que guarda o poder da minha estrela...

A chave mágica começa a flutuar no ar. Um reluzente círculo mágico se forma aos pés de Sakura.

Sakura: ... mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e ofereça-os a valente Sakura que aceitou essa missão...

Sakura estende seus braços.

Sakura: LIBERTE-SE!

A chave mágica cede lugar para o imponente báculo de estrela. Maya cruza seus dois báculos no ar.

Maya: Chalchiuhtlicue, deusa da água, uma das responsáveis pela criação deste imperfeito mundo, forneça a sua humilde serva o poder necessário para combater sua adversária, conforme nosso contrato de sangue!

Os olhos de Maya começam a emanar uma forte luz azul. Maya aponta seu báculo azul para Sakura e dispara um jato d’água contra ela. Sakura é atirada no ar e cai próximo a uma árvore.

Tomoyo: Sakura!

Sakura logo se levanta, apoiando-se na árvore. Seu corpo havia sofrido algumas escoriações leves. Maya ataca novamente com um jato d’água. Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: SALTO!

Sakura salta no ar e pousa sobre o galho de uma árvore para se desviar do ataque. Maya gira seu báculo azul no ar e produz uma série de rajadas de água. Sakura vai saltando e se desviando o mais rápido que pode até parar sobre um poste de luz. Então Maya move seu báculo e cria um chicote feito de água com o qual destrói o poste. Sakura cai e mais uma vez é atingida por um jato d’água. Tomoyo se levanta, preocupada, mas Eriol a segura pela mão.

Tomoyo: Ela pode ter se machucado!
Eriol: A Sakura está bem. Tudo que ela precisa é se concentrar para vencer este duelo. Continue a filmar e a torcer por ela. Sakura precisa de sua força.
Tomoyo (se sentando): Certo...

Sakura se levanta novamente e olha para Tomoyo. Sua melhor amiga estava com um olhar preocupado. Ela acena com a mão direita.

Sakura: Não se preocupe. Eu estou bem.
Tomoyo: Eu estou torcendo por você, Sakura!
Maya: Concentre-se no duelo, garota boba!

Maya aponta seu báculo e uma forte rajada de água surge. Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: ESCUDO!

Uma grande esfera branca envolve Sakura, protegendo-a. Em seguida, Sakura saca uma outra carta mágica.

Sakura: GELO!

Uma nuvem gélida surge do báculo de estrela e se espalha através da rajada de água. Ao chegar a Maya, a nuvem acaba a envolvendo num grande bloco de gelo. Sakura desfaz o escudo e fica observando sua adversária. Tomoyo se levanta e vibra.

Tomoyo: Ela conseguiu! Ela venceu!
Eriol (olhando para o bloco de gelo): Ainda não.

O bloco de gelo começa a rachar e se parte em milhares de pedaços, que atingem e provocam alguns cortes em Sakura. Maya bate seu báculo branco no chão com força. O chão começa a congelar rapidamente e Sakura vê seus pés ficarem presos.

Sakura: M-mas como...?
Maya: Eu sou mestra na arte da água... e o gelo faz parte do meu elemento.

Sakura nota que o gelo estava se espalhando e congelando suas pernas. Maya vai caminhando lentamente até sua adversária.

Maya: Desista, herdeira de Clow. Você perdeu.
Sakura (sacando outra carta): Ainda não. FOGO!

Uma bola de fogo surge da carta mágica e atinge o gelo, derretendo-o.

Sakura (sacando uma carta): VENTO!

Uma forte rajada de vento atinge Maya, lançando-a contra um poste. A menina logo se ergue e sorri.

Maya: Então você finalmente decidiu entrar no jogo. Que bom. Agora esse duelo vai ficar mais interessante.

Maya cruza seus dois báculos no ar. Seu corpo começa a vibrar e de repente ela se multiplica em cerca de trinta pessoas. As Mayas começam a correr ao redor de Sakura, cada uma armada com um par de báculos.

Sakura (olhando para todos os lados): Hoeeeee! Ela virou um monte de Mayas?
Maya: Atacar!

As Mayas começam a atacar com rajadas de água.

Sakura: ALADA!

Grandes asas brancas surgem nas costas de Sakura, que levanta vôo e começa a se esquivar dos ataques. Ela saca uma carta mágica.

Sakura: VENTO!

Uma forte rajada de vento se espalha pelo local, tentando nocautear as adversárias de Sakura. Todas as Mayas erguem seus báculos brancos e criam colunas de gelo para se protegerem.

Maya (e todas as suas cópias): Você não pode me vencer usando uma técnica tão fraca. Se isso é o melhor que pode fazer, então eu já venci este duelo.

Sakura dá uma volta no ar e saca uma carta mágica.

Sakura: BOSQUE!

Alguns galhos brotam do chão e envolvem duas Mayas, imobilizando-as. Entretanto elas logo desaparecem, se tornando duas poças de água.

Sakura (olhando surpresa): O que?

As poças de água se movem pelo chão e se transformam em quatro Mayas.

Maya (e todas as suas cópias): Não poderá vencer se não souber qual é a verdadeira Maya. A vitória é minha!

Todas as Mayas apontam seus báculos azuis para Sakura. As águas do lago Espelho da Lua se movem e formam um turbilhão que envolve Sakura. Nossa jovem heroína se vê presa numa enorme coluna feita de água. Tomoyo morde os lábios, apreensiva. Sua câmera continuava registrando a batalha.

Tomoyo: Parecia que a Sakura ia ganhar, mas a Maya virou o jogo...
Eriol (com a mão no queixo): A jovem Maya têm uma técnica interessante. Parece que seus poderes são baseados nos antigos deuses astecas.
Tomoyo: E agora? Como a Sakura vai sair dessa?
Eriol: Não se preocupe. Sakura é uma menina muito esperta. Tenho certeza que ela vai elaborar uma estratégia para vencer.

Sakura tenta voar para fora do turbilhão, mas a água se move muito rápido, dificultando seus movimentos.

“Eu tenho que pensar num jeito de vencer o duelo. Não posso falhar.”

Sakura olha para Tomoyo e Eriol.

“Se eu não for capaz de vencer um simples duelo, não poderei deter Zhen, não poderei deter o Mestre, não poderei proteger aqueles que amo.”

Sakura coloca sua mão direita em seu peito. Ela havia prendido a respiração e sentia que seu ar estava para acabar. Ela observa todas as Mayas ainda apontando seus báculos para o turbilhão.

“Mas para vencer eu teria que descobrir qual delas é a verdadeira...”

A atenção de Sakura se volta para os pés das Mayas.

“Espera um pouco... eu já sei!”

Sakura ergue uma carta mágica no ar.

Sakura: ATRAVÉS!

O corpo de Sakura se torna intangível e ela flutua para fora do turbilhão de água. As Mayas erguem seus báculos brancos e tentam congelar Sakura, mas não conseguem.

Maya (e todas as suas cópias): Não pode ser... ela se tornou incorpórea...

Sakura saca uma última carta mágica.

Sakura: SOMBRA!

A Maya verdadeira sente alguém golpear seus braços e acaba desarmada de seus báculos. Ela se surpreende ao perceber que fora atacada por sua própria sombra.

Maya: Mas que espécie de magia é essa...?

A sombra de Maya se modifica e se transforma numa grande esfera, que prende Maya. O turbilhão se desfaz e a água volta para o lago. As cópias de Maya evaporam, desaparecendo. Sakura pousa no chão, ainda apontando seu báculo para a esfera de sombra. Seu corpo estava encharcado e ela tentava recuperar o fôlego enquanto respirava de maneira acelerada. Eriol se aproxima batendo palmas, acompanhado de Tomoyo.

Eriol: Meus parabéns, Sakura. Foi uma excelente vitória.

Sakura desfaz a esfera de sombra com um gesto. Liberta, Maya cai de joelhos, tremendo um pouco. A sensação de ficar presa na escuridão não era nada agradável.

Tomoyo: Você foi muito bem, Sakura. Mas como descobriu qual Maya era a verdadeira?
Eriol: A resposta é muito simples, querida Tomoyo. Sakura descobriu o ponto fraco da técnica de Maya Guadalupe.
Tomoyo (olhando para Eriol): O ponto fraco?
Sakura: A sombra.

Sakura converte seu báculo de volta em chave mágica e o prende no cordão em seu pescoço.

Sakura: Havia muitas Mayas me atacando, todas exatamente iguais... mas apenas uma possuía uma sombra.
Eriol (olhando para Maya): Apenas a verdadeira.
Tomoyo (os olhos cheios de orgulho): Nossa, Sakura. Você foi brilhante!
Sakura (sorrindo sem graça): Obrigada.
Maya (murmurando, triste): Eu falhei...

Sakura se aproxima de Maya e estende sua mão.

Sakura (sorrindo): Você não falhou. Mostrou sua força e quase me derrotou.
Eriol: Você conseguiu o que seu mestre queria. Aprendizado.
Sakura: Tenho certeza que você conseguirá passar para o próximo nivel de seu treinamento.

Maya sorri e se levanta com a ajuda de Sakura.

Maya: Eu vou me esforçar e vou ficar mais forte. Voltaremos a nos enfrentar um dia.
Sakura: Eu estarei por aqui, esperando.

As duas meninas apertam as mãos amistosamente.

Eriol: O que acham de irmos até minha casa para um chá? Vocês podem aproveitar para se trocar e descansar alguns minutos antes de partirem.
Tomoyo: Eu acho que já está meio tarde. É melhor irmos logo para casa...
Sakura: Tarde?

Sakura se lembra de algo importante.

Sakura: Shaoran!

Sakura se despede de Eriol e Maya com uma reverência e sai correndo em disparada.

Tomoyo (correndo atrás da amiga): Espera, Sakura! Ele já deve ter ido para casa a essa hora...

Eriol observa as duas sumirem no horizonte, sorrindo.

DIA SEGUINTE

O sol já estava se pondo quando Sakura chegou correndo a entrada da reserva Saijou. Ela estava carregando uma sacola verde. Rika Sasaki e Meiling Li estavam esperando por ela.

Meiling (de braços cruzados e batendo os pés no chão): Atrasada de novo.
Sakura: Desculpa, desculpa. Eu estava terminando o meu presente e perdi a hora.
Rika: Não têm problema.
Sakura (olhando ao redor): Onde estão os outros?
Rika: O Li levou todos para o local onde vamos fazer nosso piquenique. Estávamos só esperando você.
Meiling (apontando): Vai ser lá naquela colina.

As três meninas caminham pela reserva por alguns minutos até chegar ao topo de uma colina. De lá eles tinham uma visão privilegiada de parte da cidade de Tomoeda. Sakura fica maravilhada.

Sakura: Que bonito!
Meiling (boquiaberta): Eu não sabia que tinha um lugar tão bonito aqui.
Rika: Eu nem sabia que tínhamos permissão para andar por esta parte da reserva.
Shaoran: Fica ainda mais bonito quando anoitece.

As três meninas se viram e dão de cara com Shaoran.

Sakura: Shaoran!

Sakura abraça o garoto chinês, deixando-o levemente corado. Rika e Meiling riem.

Sakura: Desculpe pelo atraso. E desculpe por ontem.
Shaoran (acariciando os cabelos da namorada): Não se preocupe. Eu entendi quando você me explicou tudo por telefone. Você teve um bom motivo.
Sakura: Espero que você tenha conseguido comprar um bom presente.
Shaoran: Pode se dizer que eu dei um jeito.
Rika: Você escolheu um bonito lugar, Li.
Shaoran: Obrigado, Sasaki. Eu conheço esse lugar desde que me mudei para o Japão da primeira vez. É muito bonito e me lembra muito um lugar que costumava visitar com meu pai.

Shaoran fita a cidade com um semblante sério.

Sakura: Obrigada por compartilhar isso com a gente.
Shaoran: N-não foi nada. Me acompanhem. Nosso piquenique é logo ali na frente.

Shaoran conduz as meninas até debaixo de uma grande árvore. Sakura vê seus amigos sentados numa grande toalha listrada terminando de arrumar os doces e sucos. Todos se sentam juntos e se cumprimentam. Kazuko serve o bolo que comprara no dia anterior a todos os amigos enquanto Tomoyo serve os sucos.

Chiharu: Muito bem. Vamos começar a entrega dos presentes. O primeiro vai ser...

Chiharu pega uma garrafa vazia e a gira no chão. A boca da garrafa termina apontada para Kazuko.

Chiharu: Kazuko!
Kazuko: Certo.

Kazuko se levanta segurando um presente.

Kazuko (sorrindo): O meu amigo oculto é uma pessoa muito criativa que adora contar muitas histórias mirabolantes.

Todos olham para Yamazaki.

Kazuko: Esse presente é para você, Yamazaki.
Yamazaki (se levantando): Obrigado.

Kazuko entrega o presente para Yamazaki, que retribui com um abraço. O menino desembrulha o pacote e fica feliz ao ver que se tratava de um livro sobre mitologia grega.

Yamazaki: Minha vez... a pessoa que eu tirei é uma menina muito bonita, gentil, prestativa, mas que têm um defeito mortal: é uma péssima cozinheira.

Todos olham para Chiharu.

Chiharu (uma veia saltando na testa): Por que vocês estão olhando para mim?

Todos desviam o olhar. Yamazaki estende seu presente.

Yamazaki (rindo): Esse presente é para você, Chiharu.
Chiharu (olhando feio para Yamazaki): Obrigada.

Chiharu desembrulha o presente e fica feliz ao ver que era um CD de música. Ela corre e abraça Yamazaki.

Chiharu: Eu estava querendo muito esse CD. Obrigada!
Yamazaki: Foi um prazer. Eu fiquei na dúvida se dava o CD ou um livro de culinária, mas acho que o CD foi a melhor opção.
Chiharu (enforcando Yamazaki): Livro de culinária? Você quer fazer todos pensarem que cozinho tão mal assim, é? Tomara que você se engasgue com o bolo!
Meiling (gota caindo): Será que você poderia matar seu namorado uma outra hora? Estamos no meio de uma coisa aqui...
Chiharu: Certo... desculpa...

Chiharu larga Yamazaki, que cai sentado, rindo sem parar. Em seguida a menina pega uma sacola.

Chiharu: A pessoa que eu tirei é uma menina muito prendada, inteligente e mais madura do que as pessoas de sua idade. Tão madura que até possui um namorado mais velho...

Todos olham para Rika, que prontamente se levanta.

Chiharu: Este presente é para você, Rika!
Rika (sorrindo): Obrigada.

Rika abre a sacola e encontra um chapéu florido vermelho. Ela sorri e abraça Chiharu.

Rika: Adorei. Vai combinar perfeitamente com o vestido novo que comprei.

Rika pega um pacote quadrado.

Rika: Bem... a pessoa que eu tirei é uma menina muito habilidosa, agitada e um pouco precipitada às vezes, mas é muito querida por todos. Ah, e ela é muito boa em artes marciais também.

Todos olham para Meiling, que coçava o nariz e sorria confiante.

Meiling (se levantando): É isso mesmo. Ela está falando de mim. E eu sou realmente muito boa.

Meiling abre seu presente e nota que era uma estátua em miniatura de um dragão feito de vidro. A menina balança o presente no ar e sorri muito feliz. Meiling guarda seu presente e pega uma sacola.

Meiling: Agora é minha vez! A pessoa que eu tirei é muito gentil, alegre e vibrante. Ela possui o maior coração do mundo, mas tem um pequeno defeitinho: ela está sempre atrasada!

Todos olham para Sakura, que se levanta para receber seu presente.

Sakura: Hoeee. Isso não é verdade. Nem sempre eu estou atrasada...
Meiling: Quem foi a ultima a chegar para o piquenique?
Sakura (suspirando): Eu...
Meiling: Bem... acho que provei meu ponto.

Meiling abraça Sakura e entrega seu presente.

Meiling: Não se preocupe. Isso faz parte de quem você é, parte da amiga que eu tanto gosto.

Sakura abre seu presente e nota que era uma camisa verde com a estampa de vários ursos.

Sakura: Obrigada, Meiling.
Meiling: Espero que goste. A cor combina com seus olhos.

Sakura pega uma sacola verde e a abraça com força.

Sakura: Agora é minha vez.

Sakura fecha os olhos.

Sakura: A pessoa que eu tirei é muito valente, inteligente, forte e companheira. Ela por vezes parece muito séria e até fria, mas no fundo se preocupa muito com aqueles que ama e faria de tudo por eles. Eu aprendi muito com essa pessoa e sou muito grata por tê-la conhecido. Essa pessoa é muito especial para mim.

Todos olham para Shaoran, que cora violentamente. Sakura abre seus olhos e estende a sacola.

Sakura: Esse presente é para você, Shaoran.

Shaoran se levanta e recebe o presente. Ao abrir a sacola, ele se depara com um yukata masculino. Sakura fica o observando, sem graça.

Sakura: Eu mesma costurei... fiz o melhor que pude. Espero que goste.
Shaoran: Você mesma fez... ?

Shaoran e Sakura ficam se olhando.

Meiling: Pelo amor de Deus! Vocês são muito devagar.

Meiling empurra Shaoran em direção a Sakura. O garoto chinês acaba abraçando a namorada, que sorri ao se aconchegar em seus braços. Sakura nota seu coração bater acelerado e sente a respiração do garoto chinês atingir seu rosto. Tomoyo ergue sua câmera.

Tomoyo: Ainda bem que vim preparada para registrar esse momento mágico!

Shaoran e Sakura olham para a câmera e coram. Eles logo se separam, mas não param de trocar olhares.

Shaoran: Muito obrigado. Eu gostei muito.
Sakura: De nada.
Chiharu: Agora é sua vez, Li.

Sakura se senta ao lado de Tomoyo.

“Se a Meiling tirou o meu nome, então que nome o Shaoran tirou?”

Shaoran fica apenas de pé, olhando para os amigos. Ele não parecia ter trazido nenhum presente.

Shaoran: Bem... a pessoa que eu tirei é muito simpática e companheira e possui uma voz hipnotizante. Ela já está ao meu lado há muito tempo e me ajudou a entender meus próprios sentimentos. Eu devo muito a essa pessoa e acho que nunca agradeci o bastante. O presente que trouxe... é para a Tomoyo.

Todos olham para Tomoyo, que se levanta e fica de pé diante de Shaoran.

Tomoyo (sorrindo): Você não esqueceu de trazer o presente?
Shaoran: Senhor Okiura... já pode se aproximar.

Hideki Okiura sai de trás de uma árvore carregando um violão pendurado nas costas. Ele se aproxima e pensa em acariciar o rosto da filha, mas, receoso, acaba parando a mão no meio do caminho.

Tomoyo: Mas quem é ele?
Shaoran: Eu sei que isso vai parecer estranho, mas preciso que me escute. Tomoyo, este é Hideki Okiura... seu verdadeiro pai.

Tomoyo olha espantada para o homem diante de si.

Tomoyo: D-do que você está falando? Meu pai morreu na guerra há muito tempo atrás...
Hideki: É verdade, querida. Eu sei que pode ser um choque, mas...

Tomoyo se afasta alguns passos.

Tomoyo (com lágrimas nos olhos): Por que está mexendo com isso... é uma ferida que ainda dói em meu coração... eu sempre fui muito reservada com relação a isso... como ficou sabendo... ?
Shaoran: Eu estou fazendo isso para que você não tenha que chorar todos os anos no túmulo de seu pai como sou obrigado a fazer pelo meu.
Tomoyo: Meu pai se chamava Akito Daidouji... ele morreu antes de eu nascer...
Hideki: Isso não é verdade. Akito foi um amigo meu... nós éramos apaixonados pela mesma mulher... pela sua mãe. Ela escolheu Akito no fim, mas já estava grávida quando se casaram...

Tomoyo havia tapado os ouvidos e balançava a cabeça, tentando não ouvir. Kazuko observava tudo, apreensiva. Ela queria poder ajudar Shaoran a convencer Tomoyo, mas não sabia como.

Hideki: Akito era uma boa pessoa, mas eu tenho certeza que eu sou seu pai... porque meu falecido amigo não podia ter filhos.
Tomoyo: Não é verdade... não pode ser verdade...
Sonomi: Infelizmente é verdade.

Todos haviam sido pegos de surpresa com a chegada repentina de Sonomi Daidouji. Ela, ofegante, se ajoelha diante da filha.

Sonomi: Ele realmente é seu pai, minha filha...
Tomoyo: O que?
Sonomi (com lágrimas nos olhos): Eu espero... eu imploro pelo seu perdão... eu menti para você durante todos esses anos...
Tomoyo: M-mas por que?
Sonomi: Porque... porque eu tinha vergonha de admitir.... vergonha de admitir que um dia eu amei um homem simples. Minha família estava em dificuldades financeiras e eu não queria acabar como minha prima Nadeshiko... acabar pobre... eu dei as costas para o amor e decidi me casar com um homem rico...
Tomoyo: Você se casou com ele por dinheiro... ?
Sonomi: Você têm que entender que eu queria o melhor para minha família... o melhor para a filha que estava por vir... eu ia contar a Akito que estava grávida após o casamento... mas o destino o tirou de mim antes disso...

Sonomi baixa a cabeça e fecha seus olhos.

Sonomi (as lágrimas descendo sem parar): Eu não queria admitir minha vergonha... mas sua amiga descobriu tudo... e ela me fez perceber o que eu estava fazendo você passar... chorar por um pai que ainda está vivo... privá-la de uma relação paterna... eu sei como é a dor da perda... ainda choro todos os dias pela perda de Nadeshiko... eu sinto muito mesmo... eu me sinto horrível... estraguei tudo...

Sonomi sente duas mãos tocando seus ombros. Ao abrir os olhos, ela vê Hideki de um lado e Tomoyo de outro, ambos sorrindo para ela.

Hideki: Você não estragou tudo.
Tomoyo: Todos nós cometemos erros, mas apenas os mais corajosos conseguem admitir que erraram. Estou muito orgulhosa de ser sua filha, mãe.
Hideki: Nós ainda podemos recuperar o tempo perdido... podemos tentar ser uma família...
Sonomi: Uma família?

Hideki e Tomoyo se ajoelham e abraçam Sonomi.

Hideki: Eu não quero pressionar ninguém... só acho que podíamos tentar nos conhecer... eu tive uma filha em outro casamento e ela adoraria conhecer vocês...
Tomoyo: E-eu tenho uma irmã?
Hideki (mostrando uma foto em sua carteira): Sim. Uma irmã mais nova. O nome dela é Amane... o que vocês acham? Podemos tentar?
Sonomi: E-eu acho que sim...
Tomoyo: S-sim...

Todos os amigos de Tomoyo aplaudem a comovente reunião de família. Kazuko pára ao lado de Shaoran e o cutuca com o cotovelo.

Kazuko: Acho que no final fizemos um bom trabalho...
Shaoran (sem olhar para Kazuko): É... fizemos...

Sakura olha para Kazuko de cara feia. Shaoran se vira para voltar ao seu lugar quando sente alguém puxar sua mão. Tomoyo abraça o garoto chinês com força e acaba sujando um pouco ele com suas lágrimas.

Tomoyo: Te agradeço muito, Li. Te agradeço por ter trazido meu pai para mim... acho que nunca vou poder agradecer o bastante...
Shaoran: Se eu tiver sua amizade já estarei contente o bastante. E você pode me chamar de Shaoran.
Tomoyo: Você sempre vai ser um grande amigo para mim... Shaoran...
Shaoran: Eu gostaria de poder receber todo o crédito sozinho, mas eu tive ajuda.

Shaoran aponta para Kazuko.

Shaoran: Kazuko descobriu sobre seu pai e me contou. Eu tomei a iniciativa de contar a você, mas nada disso seria possível sem ela.

Tomoyo pega um pacote com um embrulho florido e entrega para Kazuko.

Tomoyo: Esse é meu presente de amigo oculto para você.

Kazuko abre o pacote e nota que tratava-se de um vestido azul com alguns babados.

Tomoyo: Perto do que você fez por mim é pouca coisa... mas eu espero que goste. Eu mesma fiz o desenho desse vestido.
Kazuko: Eu adorei. Obrigada.
Tomoyo: Eu é que agradeço.

Tomoyo abraça Kazuko, que cora violentamente.Totalmente sem graça, ela logo se desvencilha do abraço.

Kazuko (tentando desviar o olhar): Bateu uma fome... que tal a gente comer?

Sakura se aproxima de Sonomi e Hideki. A mãe de Tomoyo estava limpando suas lágrimas com um lenço.

Sakura: Tia Sonomi. Senhor Okiura. Venham comer com a gente.
Hideki: Tem certeza?
Sakura (sorrindo): Claro. Vocês são muito bem-vindos.

Hideki pega a mão de Sonomi, mas ela logo se afasta.

Hideki: O que foi?
Sonomi: Eu vou te aceitar por perto porque você é o pai de minha querida filha, mas não pense que isso te dá permissão para voltar a fazer seus avanços.
Hideki (sorrindo): Algumas coisas nunca mudam, não é?

Sonomi segue andando sem olhar para Hideki.

Sonomi (escondendo um sorriso): Sim. Algumas coisas ficam para sempre.

FIM DO CAPITULO

No Próximo Capítulo: "Hoeee! Fantasmas, fantasmas, fantasmas. Agora que o controle sobre meus poderes mágicos está se desenvolvendo, ganhei a habilidade de ver espíritos. E mesmo morrendo de medo, vou ter que reunir todas as minhas forças para ajudar o fantasma de uma linda menina. Ah. Eu espero que vocês estejam comigo no próximo capitulo de Card Master Sakura para dizermos juntos... LIBERTE-SE!"


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Notas finais do capítulo

Novo capitulo saindo do forno... espero que gostem ^^

Curiosidades:
— Tanto no anime quanto no mangá pouco se falou com relação ao pai de Tomoyo Daidouji. Por essa razão resolvi tocar no assunto neste capítulo.
— O pai de Shaoran foi confirmado como morto por Wei no episódio 19 do anime.
— No anime, após confortar Sakura depois que ela é rejeitada por Yukito, Shaoran Li ganha um cachecol como presente de agradecimento. No mangá, ele recebe como presente de agradecimento um yukata que Sakura havia costurado com a ajuda do pai.

Observações:

— No próximo capítulo teremos uma participação muito especial (e não é um personagem do universo da Sakura)!

Em breve têm mais ^^