Card Master Sakura escrita por ghost of Sparta


Capítulo 13
Capítulo 10 - O primeiro fantasma de Sakura (PT 2)


Notas iniciais do capítulo

Dezenas de fantasmas à solta e ninguém para impedí-los? Sakura, você consegue!



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[Imagem Ilustrativa do Capitulo]

(CONTINUANDO...)

Sakura: Kobato? O que houve?


Kobato desperta de seu devaneio e nota que lágrimas desciam desenfreadamente de seu rosto.

Sakura: Por que você está chorando?


Kobato não responde. Não tinha palavras para expressar o que estava sentindo, a dor que assolava seu peito. Ela simplesmente dá as costas e sai voando pela janela.

Sakura: KOBATO!

No corredor, Touya e Tomoyo ouvem um grito e logo se levantam do banco onde estavam.

Tomoyo: Sakura?

Touya abre a porta da sala e nota que Sakura havia sumido. A janela estava aberta e a cortina balançava, guiada pelo vento. Touya e Tomoyo correm até a janela, mas não vêem nenhum sinal de Sakura.

Touya: Sakura... tome cuidado...

Sakura estava usando as asas criadas pela carta Vôo para sobrevoar a cidade à procura de sua amiga fantasma. Ela procura se concentrar na aura dela, coisa que aprendera durante os treinamentos com Shaoran e os guardiões. Após alguns minutos de procura, Sakura encontra Kobato parada em frente a vitrine de uma loja infantil. A rua estava deserta, então Sakura aproveita para pousar e desfazer seu báculo mágico.

Sakura: Kobato...?

Kobato se volta para Sakura. Seu rosto estava manchado por lágrimas.

Sakura: O que houve? Você se lembrou de mais alguma coisa?

Kobato acena que sim com a cabeça.

Kobato: Eu fiquei doente... passei parte da minha infância vivendo num hospital... vivia a base de remédios e tratamentos médicos...
Sakura: Você morreu por causa de uma doença?
Kobato: E-eu... eu acho que sim...

Kobato cai de joelhos.

Kobato: Eu fiz todos sofrerem, roubei a felicidade deles, os fiz perderem seu tempo... eu destruí minha própria familia...

Sakura tenta abraçar Kobato, mas se lembra de que não pode tocar um fantasma. Ela, então, apenas se ajoelha diante de Kobato.

Sakura: Tenho certeza que eles não pensam assim. Se eles ficaram tristes e preocupados, é porque te amavam muito.

Kobato continuava ajoelhada, sem falar nada. Sakura olha para a vitrine da loja e nota que havia dezenas de bichinhos de pelúcia expostos ali.

Sakura: Por que você veio aqui?
Kobato (tentando limpar o rosto): Eu vim aqui uma vez... com minha prima. Passavamos sempre por aqui quando estávamos indo para casa... Ela me comprou um bichinho de pelúcia nesta loja... eu carreguei o coelhinho branco que ganhei durante toda a minha vida... lembro de ter prometido a minha irmãzinha que um dia eu daria o coelhinho para ela... mas...
Sakura: Entendo...

Sakura olha pensativa para a vitrine.

Sakura: Me espere aqui.

Sakura entra correndo na loja. Kobato termina de enxugar suas lágrimas e se levanta. Ela vê Sakura sair da loja carregando uma sacola.

Kobato: O que você comprou?
Sakura: Comprei para você!

Sakura tira um coelho de pelúcia branco da sacola.

Kobato: Você comprou para mim? Mas deve ter sido caro...
Sakura: Eu ainda tinha uns trocados da minha mesada. Não se preocupe.
Kobato: Mas por que você comprou isso para mim?
Sakura: Para que você possa cumprir sua promessa. Você vai entregar o presente que prometeu a sua irmã.
Kobato: O que?
Sakura (sorrindo): Isso mesmo que você ouviu.
Kobato: Mas como vou encontrá-la? Eu não lembro onde era a minha casa...
Sakura: É verdade... mas você lembrou que passava por essa loja no caminho para casa.

Sakura guarda o bichinho de pelúcia de volta na sacola.

Sakura: Sua casa não deve ser tão longe daqui. Nós vamos procurá-la. Talvez você reconheça outros pontos do caminho se os vir.
Kobato (com um semblante triste): Eu não sei se consigo...
Sakura (um sorriso amistoso): Você vai conseguir. No fim, vai dar tudo certo.
Kobato (ganhando mais confiança): Certo!

Kobato vai andando na frente e Sakura a segue. Elas passam por várias ruas residenciais e por um feira. Em alguns momentos Sakura sente olhares de estranheza sobre ela, já que, para olhos normais, estava falando sozinha. Kobato reconhece um campo de futebol, duas casas e uma creche no caminho. Em alguns momentos parece que as meninas estão andando em círculos, mas Sakura se esforça bastante para não deixar Kobato desanimar e desistir.

Sakura: Não desanime, Kobato. Tenho certeza que estamos perto.
Kobato (olhando cuidadosamente o ambiente): Espera um pouco...

Kobato nota que as duas haviam chegado a uma rua com bifurcação bastante familiar. A rua da esquerda era uma subida não muito íngrime.

Kobato: Conseguimos! A rua que sobe é onde eu morava!
Sakura: Que bom! Agora vamos até sua casa.

As duas meninas sobem a rua e páram diante de uma casa com um belo jardim e uma caixa de correio com o nome Hanato na frente. Sakura se aproxima do portão e aperta a campainha. Sem resposta. Ela tenta apertar a campainha de nova e então bate palmas. Ainda sem resposta.

Kobato: Talvez eu esteja errada... talvez não seja aqui...
Sakura: Nós precisamos ter certeza.

Sakura escala e se senta em cima do muro. Kobato flutua e se senta ao lado dela.

Sakura: Reconhece o lugar?

Kobato observa com atenção. A casa não era muito grande, mas tinha uma garagem cheia de caixas. Na lateral da casa havia uma varanda pequena e aconchegante com piso de madeira e telhas de cerâmica.

Kobato: É aqui... é o lugar das minhas lembranças. O lugar onde eu cresci.
Sakura: Não parece que têm alguém vivendo aqui.
Kobato: Será que meu pai e minha irmã se mudaram?
Sakura: Pode ser...

Sakura pensa por alguns instantes e estala os dedos no ar, indicando que havia tido uma idéia.

Sakura: Sua tia e sua prima também moram por aqui, não é? Talvez elas ainda morem na mesma casa...
Kobato: Vale a pena tentar...
Sakura: Vamos.

As duas meninas descem a rua e voltam a bifurcação. Desta vez elas pegam o caminho da direita.

Kobato: Olha. Parece que têm algumas pessoas conversando ali...

De fato havia um grupo de pessoas embaixo de uma árvore em frente a uma casa de dois andares. Era um grupo de homens e mulheres cercando uma bela mulher de cabelos loiros bem claros, com cerca de 20 anos.

Kobato: Aquela parece com... é a Aya!
Sakura: E ela está com problemas...
Kobato: Hã?

Sakura olhava fixamente para as pessoas que cercavam Aya. Ela sentia aquele calafrio incômodo percorrendo seu corpo.

Sakura: Ela está cercada por fantasmas.

Kobato olha mais atentamente para o grupo e consegue notar que todos eles, exceto por Aya, emanavam uma fraca luz verde.

Kobato: Essa não! Temos que fazer alguma coisa!

Sakura segura a carta Vento na mão esquerda e ergue dois dedos da mão direita diante de seus olhos. Em seguida ela fecha seus olhos.

Sakura: VENTO!

Uma poderosa ventania varre a rua. Sua força era tanta que ela chegava a mover levemente carros estacionados e carregava latas de lixo pelo ar. Aya se segura na árvore para não ser levada pela ventania e os fantasmas gritam assustados quando são carregados para longe. Quando Sakura têm certeza de que eles sumiram, ela pára a ventania e guarda sua carta mágica.

Sakura (murmurando): Tenho que tomar mais cuidado quando usar as cartas desta maneira... seus poderes ficam muito instáveis sem o báculo para controlá-los...

Aya se solta da árvore, arruma seu vestido e seu cabelo, recolhe sua bolsa e se abaixa para recolher alguns papéis que havia deixado cair. Estava visivelmente assustada com tudo que tinha acabado de acontecer. Kobato corre até a prima.

Kobato: Aya! Aya, você está bem?

Aya não responde e Kobato fica ainda mais inquieta. Sakura corre até Aya.

Sakura: Você está bem? Se machucou?
Aya: E-eu... eu n-não sei... a-acho que não... primeiro eles surgiram do nada... depois a ventania... devo estar ficando louca...
Sakura (sorrindo sem graça): Você não está louca. Eu vi tudo que aconteceu. Foi muito estranho, não é? Aquela ventania foi muito forte...
Aya (tentando se acalmar): Sim... foi só uma ventania...
Sakura: Ainda bem que as pessoas que estavam te incomodando se assustaram e foram embora.
Aya: É... ainda bem... elas estavam falando coisas estranhas... sobre algum tipo de garrafa ou frasco... Se as vir de novo, chamarei a polícia. Acho que isso serviu para completar meu péssimo dia hoje.

Sakura começa a ajudar Aya a recolher os papéis. Kobato fica admirando a prima. Ela havia crescido muito, sendo agora uma bela mulher.

Aya: Muito obrigada por ajudar...
Sakura : Sakura. Sakura Kinomoto.
Aya: Prazer, Sakura. Eu sou Aya Watsuki.

Aya e Sakura apertam as mãos amistosamente.

Aya: Como forma de agradecimento, será que eu poderia te oferecer um chá?
Sakura (sorrindo): Eu adoraria.

Sakura acompanha Aya para dentro da casa e é conduzida para uma sala de estar. O lugar tinha a maior parte da mobilia na cor bege e diversos quadros e artefatos religiosos espalhados. Numa das estantes havia dezenas de porta-retratos com fotos da familia. Uma foto de uma menina de cerca de 9 anos assoprando uma vela num bolo de aniversário chama a atenção de Sakura. Ela pega o porta-retrato na mão para observar mais de perto.

Kobato: É a Naomi.

Sakura nota que Kobato estava parada ao seu lado.

Sakura: Naomi? Sua irmã?
Kobato: Sim. Ela também cresceu e ficou muito bonita.
Aya: Espero que goste de bolo de laranja.

Aya entra na sala de estar trazendo uma bandeja com fatias de bolo e xícaras de chá. Ela e Sakura se sentam num sofá para conversar enquanto tomam chá.

Aya: Então, Sakura... você mora por aqui?
Sakura: Na verdade eu moro no outro lado da cidade. Estava passando aqui para visitar uma amiga. E você? Está voltando do trabalho?
Aya: Quem me dera. Passei o dia todo fazendo entrevistas para estágio. Está muito dificil conseguir uma vaga.
Sakura: E o que você pretende ser?
Aya: Estou me formando em medicina. Vou ser uma grande médica e salvar o maior número possivel de vidas. É uma promessa que fiz a mim mesma...
Sakura (sorrindo): Tenho certeza que muitas pessoas ficarão felizes com sua ajuda.
Mai: Aya? Com quem você está falando?

Uma mulher de longos cabelos loiros que iam até a altura da cintura entra na sala.

Aya: É uma pequena amiga que conheci na rua, mãe.

Sakura se levanta e faz uma reverência.

Sakura: Eu sou Sakura Kinomoto. Muito prazer.
Mai: Que menina educada. Muito prazer. Eu sou Mai Watsuki, mãe de Aya.
Kobato: Tia Mai...

Kobato fica admirando a tia, emocionada. Mai também se senta no sofá para se juntar a conversa.

Mai: Como se conheceram?
Aya: Uma ventania derrubou minhas coisas e ela prontamente me ajudou a recolher.
Mai: Obrigada por ajudar minha filha.
Sakura: Não foi nada.
Mai: E como foram as entrevistas, Aya?
Aya: Horriveis. Não consegui uma vaga de novo.
Mai: Você tem que ter paciência. Sua hora vai chegar.
Sakura: Será que eu poderia perguntar uma coisa?
Mai: Claro.
Sakura: Vocês são parentes dos Hanato, não é? Por acaso saberiam se eles se mudaram?

Mai e Aya se entreolham. Pareciam um pouco surpresas com a pergunta.

Aya (olhando Sakura com desconfiança): De onde você conhece a familia Hanato?
Sakura: Temos uma amiga em comum.
Mai: Entendo.

Mai fecha os olhos e suspira.

Mai: Seishirou Hanato, meu irmão, passou por terriveis tragédias. Perdeu uma esposa e uma filha e não suportou a dor.
Aya: O imprestável do meu tio vive em bares enchendo a cara e só volta para a casa dele para dormir. Isso quando ele consegue achar o caminho. O lugar parece um mausoléu abandonado...
Mai: Já disse para você não falar assim do seu tio!
Aya: Só estou falando a verdade.
Mai (se voltando para Sakura): Seishirou no momento não está em boas condições... então eu estou tomando conta da outra filha dele.
Sakura: Então a Naomi vive aqui com vocês?

Aya se levanta repentinamente.

Aya: Espera aí. Como você sabe o nome dela? Quem é você de verdade?
Mai: Aya, se acalme.
Sakura (olhando para os lados como se procurasse uma resposta): Ai, ai, ai. E agora?
Kobato: Eu quero falar com elas.

Sakura se volta para Kobato, que estava de pé ao lado do sofá.

Sakura: Mas elas não podem te ouvir.
Kobato: Elas podem ouvir você. Por favor, eu quero falar com elas.

Aya e Mai observam Sakura, confusas.

Aya: Com quem você está falando, menina?

Sakura se levanta e respira fundo.

Sakura: Na verdade eu vim aqui visitar Naomi Hanato.
Aya: Visitar a minha prima?
Sakura: Sim.

Sakura estende uma sacola para Mai.

Sakura: Eu vim entregar este presente para ela.

Mai abre a sacola e nota que ali havia um coelhinho de pelúcia branco.

Mai: Q-quem mandou este presente?
Sakura: Kobato mandou o presente. Ela disse que havia prometido que daria um bichinho de pelúcia como esse para sua irmã.
Mai: V-você falou com Kobato?
Aya: QUEM VOCÊ PENSA QUE É?

Aya dá um violento tapa no rosto de Sakura.

Mai: Aya? O que você está fazendo? Ela é só uma menina!
Aya: Por que está brincando com isso? Nós já não sofremos demais?

Os olhos de Aya estavam cheios de lágrimas. Repentinamente Aya se volta para a mãe.

Aya: Isso é culpa sua. Por que você continua deixando esses paranormais malucos virem aqui? Nenhum deles vai trazer a Kobato de volta! A Kobato está morta, você entendeu? Ela está morta!

Aya sai correndo da sala. Quando passa por Kobato, ela acaba murmurando.

Aya: Ela está morta e a culpa é nossa...

Por um instante, Mai fica sem reação. Então ela abraça o coelhinho e o coloca em cima de uma mesa.

Mai: Perdoe minha filha, Sakura. Esse é um assunto muito delicado para nós.
Sakura: Eu é que peço desculpas... não queria causar nenhum problema entre vocês.

Mai sorri.

Mai: Eu tentei várias vezes, através de vários paranormais, tentei contatar Kobato, mas nunca consegui. Você falou com ela há muito tempo?
Sakura: Na verdade ela está bem aqui conosco. Ela está ao seu lado.

Mai se vira e fica de frente para Kobato. A menina fantasma acaricia o rosto de sua tia mesmo sabendo que ela não poderia sentir.

Kobato: Diga a ela que eu ainda me lembro do nosso lugar secreto. Que ainda me lembro dos dias que passavamos naquele lago... eu, ela e minha mãe. Diga isso a minha tia e ela acreditará que estou aqui de verdade.
Sakura: Kobato pediu para te dizer que ainda se lembra dos passeios secretos que a senhora, ela e a mãe dela faziam para um lago.
Kobato: O lago das Carpas.
Sakura: O lago das Carpas.
Mai (lágrimas nos olhos e as mãos unidas): Querida Kobato... você não sabe o quanto sentimos sua falta. Você partiu tão de repente e sempre achei que nunca tivemos realmente a chance nos despedirmos...

Kobato olha, confusa, para a tia. Como ela poderia ter morrido de repente? Será que sua doença havia piorado? Ela gostaria muito de poder ter todas as suas memórias de volta. Mas aquilo não importava agora.

Kobato: Eu sinto muito, tia. Uma vez prometi que ia me esforçar para ficar boa, mas eu não consegui.
Sakura: Ela disse que sente muito. Que prometeu uma vez que se esforçaria para ficar boa, mas que não conseguiu.
Mai: Kobato...
Kobato: Eu sinto muito por destruir a nossa familia.
Sakura: Kobato...?
Kobato: Diga isso a ela, por favor.
Sakura: Ela disse que sente muito por ter destruído a familia.
Mai: Isso não é verdade!

Kobato e Sakura se surpreendem com o grito de Mai.

Mai: Durante todos esses anos, todos se culparam... Seishirou se culpou por não conseguir encontrar um tratamento eficiente para sua doença e se entregou a bebida... Aya se culpou pelas vezes que foi rude com você, por não ter te dado apoio quando você mais precisou e decidiu que seria médica e que encontraria uma cura para a doença que você tinha... Naomi sempre se culpou por não ter te visitado o bastante e sempre desejou poder te ter de volta... e você sempre se culpou achando que havia roubado nossa felicidade, destruído nossa familia. Ninguém têm culpa!
Kobato: Tia...
Mai: Tudo que aconteceu foi o destino que nos reservou. A morte é um momento triste, mas também serve para nos lembrar o quanto a vida é maravilhosa e deve ser aproveitada.

Mai enxuga as lágrimas do rosto.

Mai: E você aproveitou bem a sua vida. Viveu intensamente e espalhou sua alegria por todo o lugar que passou. Mesmo quando você estava no hospital, você procurava superar sua tristeza e espalhar sua felicidade entre as pessoas doentes. Lembro até que você cantava para as crianças que estavam internadas e com medo.
Kobato (sorrindo): A Aya sempre me disse que cantar era a única coisa que eu sabia fazer direito...
Sakura: Segundo a Kobato, Aya disse que cantar era a única coisa que ela sabia fazer direito.
Mai: Sempre adoramos te ouvir cantar, Kobato. Sua voz era tão bela, parecia a voz de um anjo. Pena não podermos mais ouví-la.
Sakura: É mesmo? Eu adoraria te ouvir cantar um dia, Kobato. Eu tenho duas amigas que também têm uma voz muito bonita.

Kobato sorri.

Mai: Eu sempre quis a chance de reunir nossa familia, Kobato. Acho que se todos puderem se despedir, puderem dizer tudo o que sentem, então poderemos seguir em frente. Então voltaremos a ser o que éramos.

Mai pega o coelhinho de pelúcia.

Mai: Para começar, acho que devemos entregar isso a sua irmã. O que acha?
Kobato: Eu adoraria.
Sakura: Ela disse que adoraria.

Mai e Sakura se dirigem a uma escadaria, mas dão de cara com Aya. A prima de Kobato respirava rapidamente e parecia muito agitada.

Mai: Aya?
Aya: Ela sumiu... não está no quarto dela... já procurei em todo o lugar... eu acho que ela fugiu de novo pela porta dos fundos...
Sakura: A Naomi fugiu?
Mai: Nós temos que encontrá-la! Ela têm a mesma doença que Kobato tinha e não deveria estar andando por aí...
Kobato (perplexa): O que?
Sakura: Eu vou ajudar a procurar!

Mai entrega uma foto recente de Naomi a Sakura.

Mai: Se nos separarmos, talvez a encontremos mais rápido.

Mai, Aya e Sakura correm até a rua e começam a gritar por Naomi. O tempo havia ficado nublado de repente. No céu, Sakura podia ver dezenas de fantasmas voando na mesma direção. Ela olha para Mai e Aya e nota que as mesmas não tinham a mesma visão que ela.

“Eriol disse que Kobato devia ser a chave para encontrar a pessoa que está portando o frasco do balseiro. Apenas ela não está sendo sugada pelo poder do frasco... será que... essa não!”

Sakura: Por acaso a Naomi estava com algum brinquedo novo? Ou algum suvenir novo?
Aya: Ela encontrou um frasco esquisito na volta de uma das visitas ao hospital. Mas o que isso têm de importante?
Sakura (rapidamente mudando de assunto): Eu vou por aquele lado.
Mai: Eu vou por aqui.
Aya: Nos encontramos aqui em uma hora.
Sakura: Certo!

Cada uma das três toma um caminho diferente. Sakura segue andando a passos largos, com Kobato logo atrás dela.


Kobato: Minha pobre irmãzinha está doente...
Sakura: Não podemos os preocupar com isso agora, Kobato. Temos que salvar sua irmã. Ela está em grande perigo.
Kobato: O que?
Sakura (parando diante de Kobato): Todos os fantasmas estão brilhando com uma luz verde, mas você está brilhando em azul.

Kobato olha para seu próprio corpo e percebe que, de fato, estava brilhando.

Kobato: Mas o que isso significa?
Sakura (voltando a andar): Meu amigo me disse que o frasco do balseiro... o artefato de que os fantasmas estavam com medo... ele absorve almas e permite realizar um desejo.
Kobato: Um... desejo?
Sakura: Naomi está com o frasco. Ela deve estar desejando que você volte a vida... mas se o desejo dela for atendido, Naomi desaparecerá para sempre!
Kobato: NÃO! Eu vou encontrá-la!
Sakura: Espera... você não vai conseguir falar com ela...

Já era tarde. Kobato havia saído voando, desesperada. Sakura se esconde atrás de uma árvore e pega a chave mágica no cordão em seu pescoço.


Sakura: Chave que guarda o poder da minha estrela...

A chave mágica começa a flutuar. Um reluzente círculo mágico se forma aos pés de Sakura.

Sakura: ... mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e ofereça-os a valente Sakura que aceitou essa missão...

Sakura estende os braços.

Sakura: LIBERTE-SE!

A chave mágica se transforma e cede lugar para o báculo de estrela. Sakura saca uma de suas cartas mágicas.

Sakura: ALADA!

Grandes e imponentes asas brancas surgem nas costas de Sakura, concedendo-lhe a habilidade de voar. Sakura voa pelos céus da cidade, seguindo o mesmo caminho que os fantasmas estavam tomando. Todos os fantasmas, ao se aproximarem de uma praça próxima a um centro comercial, se convertiam em esferas de luz e passavam a voar mais rápido. Concentrada, Sakura não percebe que Yuriko estava andando pela rua e que havia a visto passar voando.

Yuriko (perplexa): E-ela está... voando? Mas como?

Sakura passa pela praça e chega a uma das entradas da reserva Saijou. Havia uma menina de cerca de nove anos sentada numa cerca. Reconhecendo a menina, Sakura imediatamente pousa.

Sakura: Naomi!

Naomi olha, confusa, para Sakura.

Naomi: Eu conheço você?
Sakura: Suas familia está preocupada com você! Estão todos te procurando.
Naomi: Eu vou voltar logo para casa. Só preciso fazer uma coisa primeiro.
Sakura: O que você está fazendo aqui?
Zhen: Ela estava me esperando.

Um rapaz de cerca de 15 anos, corpo esguio e um tapa-olho protegendo seu olho esquerdo havia se aproximado. Era o filho problemático de Clow Reed.

Sakura: Zhen...
Zhen: É bom vê-la de novo, herdeira de Clow.
Naomi: Eu fiz como você falou. O frasquinho está brilhando.
Sakura: O que?

Sakura olha, perplexa, para Naomi. A menina estava segurando o frasco do balseiro em sua mão esquerda. O objeto emanava uma luz verde que pulsava como se fosse batidas de um coração.

Zhen: Muito bem, pequena Naomi. Agora nós temos que fazer uma pequena oração para realizar o nosso desejo. Você lembra qual é o nosso desejo?
Naomi: Dar uma nova vida para minha irmã Kobato e para o seu amigo.
Sakura: O que?

Zhen ri, satisfeito.

Zhen: Isso mesmo. Você vai ter sua irmã de volta e meu Mestre poderá se livrar de sua condição de semi-vida.

Sakura se posta entre Zhen e Naomi.

Sakura: Como você pode fazer isso? Como pode usar uma garotinha inocente desse jeito? Você sabe o que vai acontecer se ela fizer o desejo?

Zhen ajeita seus longos cabelos.

Zhen: Antes ela do que eu. Você está pronta, Naomi?
Naomi: Sim.
Sakura: Você não pode fazer isso, Naomi!

Sakura segura as mãos de Naomi.

Sakura: Sua irmã não ia querer que você fizesse isso.
Naomi: Você não sabe de nada! Não conhece minha irmã. Não me conhece. Eu vou salvar a Kobato!
Sakura: Se você pedir um desejo, desaparecerá para sempre!
Zhen: Não ouça essa garotinha tola, Naomi. Ela quer roubar o desejo para ela.

Naomi ergue o frasco no ar.

Sakura: Sua irmã pertence a um lugar melhor agora. Eu também perdi uma pessoa muito querida, perdi minha mãe. Eu sei o que você está sentindo.
Naomi: S-sabe?
Sakura: As pessoas quando morrem vão para um lugar muito bonito chamado paraíso. Lá não existe inveja, medo, ódio, maldade... é tudo muito puro... é um lugar de paz.
Naomi: Um lugar de paz?
Sakura: Sua irmã está num lugar onde só existe felicidade. É um lugar distante, mas isso não significa que ela tenha te abandonado. Se você fechar os olhos e se concentrar, você ainda poderá sentí-la.

Sakura fecha seus olhos e coloca a mão no coração.

Sakura: Sempre que eu estou com medo ou me sinto perdida, fecho meus olhos para poder ver minha mãe novamente. Faço isso porque sei que ela está sempre olhando por mim, me dando forças.
Naomi: Eu também posso sentir a Kobato?
Sakura: Claro que pode. Se você olhar para seu coração ainda poderá ouvir a voz dela.

Naomi abaixa um pouco a mão, hesitante.

Zhen: Não me diga que você vai cair nessa baboseira?
Sakura: Se você realizar seu desejo vai desaparecer e vai fazer todas as almas inocentes capturadas pelo frasco desaparecerem também.
Zhen: Você já esqueceu tudo que me disse sobre sua irmã, Naomi? Esqueceu o quanto a morte dela foi injusta? Você têm agora o poder para corrigir essa injustiça.
Sakura: Você acha que sua irmã iria querer voltar se soubesse que ia prejudicar os outros?

Naomi olha para o frasco e abaixa sua mão.

Naomi: Não... ela não iria. Eu me lembro dela como uma boa pessoa.
Sakura: Então não decepcione sua irmã e seja uma boa pessoa também.

Zhen começa a pular e a resmungar.

Zhen: Não, não, não. Não era para você dar ouvidos a ela. Agora vou ter que roubar o frasco e arrumar outra pessoa para fazer o desejo por mim.

Os braços de Zhen crescem e vão ficando numa cor bem mais escura. Deles emergem diversos galhos que se movimentam rápido num ataque a Sakura e a Naomi.

Sakura: ESCUDO!

Os galhos batem num escudo mágico gerado pela carta Sakura e se partem.

Sakura: Você não vai ferir a Naomi e também não vai ficar com o frasco do balseiro.
Zhen: E quem vai me impedir? Você? Não fique se achando. Posso ter subestimado você no nosso ultimo encontro, mas dessa vez lutarei para valer.

Do bolso de seu casaco, Zhen tira um pato de borracha amarelo. Ele coloca o brinquedo no chão e fecha seus olhos, começando a murmurar palavras numa língua estranha. Naomi agarra o braço de Sakura, um pouco assustada.

Naomi: O que ele vai fazer?
Sakura: Eu não sei... mas preciso que você corra para o mais longe que puder.
Naomi: Mas e você?
Sakura: Vou segurar o Zhen aqui. Vá!

Naomi consente com um aceno de cabeça e sai correndo. Zhen dá uma gargalhada assustadora e doentia.

Sakura (apertando o báculo em suas mãos): O que é tão engraçado?
Zhen: Você acha que ela ficará segura se estiver longe de mim, mas está alheia a um fato importante.
Sakura: Do que você está falando?
Zhen: Agora que o frasco está cheio, os outros fantasmas que estão soltos por causa da anomalia na divisa dos mundos vão tentar salvar seus colegas.
Sakura: O que?
Zhen: Isso mesmo. Os fantasmas vão caçar Naomi e não vão parar até acabarem com ela!
Sakura: Essa não!

Sakura tenta correr na mesma direção que Naomi fora, mas seu caminho é bloqueado por algo gigante e de cor amarela.

Sakura: Hoeeee!

O pato de borracha havia ficado gigante.

Zhen: Seria rude abandonar a festa tão cedo, não acha? Patinho, ataque das chamas!

O pato de borracha abre seu bico e cospe uma bola de fogo gigante.

Sakura: SALTO!

Sakura pula para longe no ultimo instante e evita ser queimada viva. Ela dá uma cambalhota no ar e cai de joelhos. Sua camisa havia ficado levemente chamuscada. Antes que possa contra-atacar, Sakura é chicoteada por um dos galhos de Zhen e jogada contra uma árvore.

Zhen: Vou me divertir muito devolvendo a derrota humilhante que você me fez passar no shopping.

Sakura saca uma de suas cartas mágicas.

Sakura: TROVÃO!

Um poderoso raio surge dos céus e atinge o pato de borracha em cheio. O brinquedo enfeitiçado, no entanto, nada sofre. O pato de borracha resolve atacar mais uma vez e dispara outra bola de fogo.

Sakura: ESCUDO!

A bola de fogo atinge o escudo e não causa nenhum arranhão. As chamas, entretanto, iniciam um incêndio na reserva Saijou. Pretendendo evitar o pior, Sakura saca uma carta mágica.

Sakura: CHUVA!

Uma forte chuva começa a banhar a cidade de Tomoeda e rapidamente extingue as chamas. Zhen tira mais brinquedos de seu bolso. Eram esferas pretas com grandes olhos brancos e pés amarelos. Em suas costas havia uma chave de dar corda que Zhen gira rapidamente.

Zhen: Você vai adorar estes aqui.

Zhen atira as esferas contra Sakura, que se esquiva com uma cambalhota. Algumas esferas caem próximo a Sakura. Olhando mais de perto, ela percebe que havia uma espécie de pavil em cima de cada uma das esferas.

Sakura: Mas o que...?

As esferas começam a explodir simultaneamente. Pega por uma das explosões, Sakura é atirada para dentro da reserva. Zhen caminha para dentro da reserva, já dando corda em mais bombas. Quando a jovem feiticeira começa a se recuperar do ataque e seleciona sua próxima carta, dá de cara com o pato de borracha gigante disparando uma bola de fogo contra ela. O ataque gera uma explosão e uma nuvem de fumaça que cobre aquela entrada da reserva Saijou.

Naomi havia parado de correr depois de passar por uns oito quarteirões. Estava bufando de cansaço. Ela tira o frasco amaldiçoado do bolso e fica o observando, curiosa.

Fantasma 1: Encontramos ela!
Fantasma 2: Vamos salvar nossos irmãos.
Fantasma 3: Aguarrem-na antes que fuja!

Naomi se assusta ao notar uma multidão de fantasmas correndo em sua direção. Ela sente algo no seu pé esquerdo. Uma fantasma estava rastejando e havia agarrado o pé da menina para tentar atrasá-la.

Naomi: Ahhhh!

Naomi chuta o fantasma e sai correndo. Ela olha de esgueira para trás e percebe que dezenas de fantasmas estavam a caçando. Sua mente estava a mil. Ela acabara de chutar um fantasma. Isso não deveria ser possível. Na verdade, a própria existência de fantasmas deveria ser irreal. Com tantas coisas estranhas acontecendo, não dava mais pra saber o que tinha sentido.

Naomi corre o mais rápido que seu corpo destreinado permite. Passa por diversas ruas, pula cercas e grades, derruba coisas para atrapalhar o caminho daqueles que a perseguem. Contudo, sua doença se manifesta para atrapalhá-la. Naomi começa a sentir muita tonta. O esforço ao qual submetera seu corpo fora enorme. A garota se agarra com todas as forças ao pouco de consciência que ainda tinha e procura um lugar para se esconder. Ela nota que havia ido parar no templo Tsukimine.

Naomi: Não posso... não posso desistir agora...

Naomi cambaleia até um casebre velho de madeira cujas janelas estavam bloqueadas e se joga para dentro dele. Sem mais forças, a menina cai no chão.

Sakura esquiva de mais um ataque do pato de borracha. A batalha na reserva Saijou estava árdua. Graças ao poder da carta Chuva nenhum incêndio estava se formando. Sakura havia lançado um feitiço na região para que nenhum inocente se aproximasse. Os treinamentos realmente estavam fazendo efeito.

Zhen: Você vai ficar correndo pra lá e pra cá o dia todo? Lute direito!

Zhen tenta um ataque com seus galhos, mas Sakura se esquiva usando o poder da carta Salto.

Zhen: Já estou farto disso! Patinho, ataque das chamas infinitas!

O pato de borracha abre seu bico e inicia uma rajada de chamas. Ao mesmo tempo, Zhen espalha diversas bombas no ar. Tanto as explosões quanto a rajada atravessam o corpo de Sakura. Por um momento, Zhen pensa que ela estava usando o poder da carta Através. Então ele estuda mais atentamente a aura de sua adversária e se recrimina. Quando seus ataques geraram uma nuvem de fumaça, Sakura teve o tempo necessário para se retirar.

Zhen: Ela usou a carta Ilusão para me fazer perder tempo lutando contra uma imagem falsa dela...

Zhen começa a pular de raiva.

Zhen: Não, não, não. Não é possivel que fui tapeado por uma menina!

Com um gesto, Zhen faz seus itens mágicos desaparecerem e começa a correr pelas ruas de Tomoeda.

Zhen: Isso não vai ficar assim... EU VOU TE PEGAR, HERDEIRA DE CLOW!

Mesmo muitas ruas a frente, Sakura Kinomoto conseguiu ouvir o grito de ódio de Zhen.

Sakura (um pouco aflita): Ai, ai, ai. Acho que ele descobriu meu plano. Tenho que me apressar e achar a Naomi antes que os fantasmas a peguem ou o Zhen me alcance.

Sakura estava saltando de telhado em telhado, seguindo uma horda de fantasmas. Eles pareciam estar se dirigindo ao templo Tsukimine.

Kobato: Naomi!

Por sorte, Kobato estava procurando pela irmã na área e havia a visto entrar no templo Tsukimine. Ela encontra a irmã caída dentro de um velho casebre. Vozes eram ouvidas. Ao longe, era possível perceber a aproximação de dezenas de fantasmas.

Fantasma 1: Ela está por aqui. Posso sentir o pulsar do artefato.
Fantasma 2: Vasculhem o templo!

Kobato entra no casebre e tranca a porta, além de bloqueá-la com algumas caixas que estavam ali dentro. Todos os fantasmas, inclusive Kobato, haviam ganho forma física e não poderiam atravessar as paredes do casebre. Naomi estava caída no chão. Ela tremia muito e seu corpo suava frio. Ela estava segurando firmement o frasco do balseiro na mão direita. Kobato se senta no chão e coloca gentilmente a irmã em seu colo. Repentinamente, ela ouve batidas na porta e nas paredes do casebre.

Fantasma 1: Ela está se escondendo aqui.
Fantasma 2: Arrombem! Derrubem tudo! Nós temos que pegá-la.
Kobato: Não se preocupe, Naomi. Eu não vou deixar ninguém te ferir!

Kobato abraça a irmã com força. Ela nota que Naomi havia colocado sua mão esquerda sobre seu coração.

Naomi (delirando de febre): Kobato... me ajuda... Kobato... ela disse que você estaria aqui por mim... eu... eu estou com medo...
Kobato: Naomi...

FLASHBACK

Mãe: Tem certeza que consegue dar conta?

Kobato e sua mãe estavam a porta de casa conversando. A menina de cabelos avermelhados estava no auge dos seus sete anos.

Kobato (fazendo pose): Eu já sou bem grandinha. Posso tomar conta da Naomi. E além do mais, tenho que mostrar para ela que sou uma boa irmã mais velha.
Mãe: Prometo que não demoro. Só vou no mercadinho ali da esquina.
Kobato: Não se preocupe. A Naomi vai ficar em boas mãos.

A mãe de Kobato sorri. Ela coloca a filha para dentro de casa, tranca a porta e sai correndo para o mercadinho. Kobato caminha tranquilamente até a sala e liga a televisão para assistir alguns animes. Após alguns minutos ela ouve um choro.

Kobato: Naomi?

Kobato sobe as escadas correndo e vai até o primeiro quarto que vislumbra. Havia um bebê deitado e seu berço e chorando.

Kobato: Não precisa chorar, Naomi. A mamãe saiu, mas sua grande irmã mais velha está aqui para tomar conta de você.

Indiferente, Naomi continua a chorar. Kobato se aproxima do berço e começa a fazer caretas. Naomi pára de chorar por um instante.

Kobato: Gostou das caretas, não é?

Naomi volta a chorar, dessa vez fazendo ainda mais barulho.

Kobato (despencando): Acho que isso foi um não.

Kobato corre pelo quarto e recolhe alguns bichinhos de pelúcia.

Kobato (brincando com os bichinhos no ar): Você quer brincar com seus amiguinhos? Quel tal o senhor pato? Ou então o senhor sapo? Ou talvez a pequena borboleta?

Naomi chora ainda mais forte.

Kobato: Não quer brincar? Que tal assistir televisão?

Kobato liga a televisão e coloca um filme infantil. Naomi ignora completamente a televisão e continua a chorar. Kobato começa a se desesperar.

Kobato: Ahhh. O que eu faço? Já sei.

Kobato corre até a cozinha e, de maneira um pouco desajeitada, prepara uma mamadeira. Ela volta ao quarto no segundo andar, coloca a bebê em seu colo e tenta dar um pouco de leite a ela.

Kobato: Tava com fominha, não é? Tá gostoso?

Naomi cospe todo o leite na cara de Kobato e volta a chorar. Kobato limpa seu rosto e começa a andar pelo quarto, pensando no que deveria fazer.

Kobato: A mamãe está contando comigo e não vou decepcioná-la. Kobato, você consegue!

Kobato pega a irmã e a coloca de volta no berço. Em seguida ela respira fundo, fecha seus olhos e une as mãos diante do peito. E então ela começa a cantar. Sua bela voz encanta o bebê, que aos poucos se acalma, vai relaxando e, enfim, pega no sono. Quando termina sua canção, Kobato cobre a irmã com um lençol e sai silenciosamente do quarto. Ela dá de cara com sua mãe no corredor.

Kobato: Eu fiz o melhor que pude, mamãe...

Kobato se surpreende quando sua mãe a abraça.

Mãe: Do que está falando? Você foi muito bem. Sua irmã provavelmente estava assustada com algum pesadelo que teve e sua canção a acalmou. Foi a canção mais bonita que já ouvi em toda minha vida...

FIM DO FLASHBACK

Kobato desperta de seu devaneio. As batidas na porta do casebre haviam se intensificado. Naomi ainda estava tremendo e suando frio. Não tinha forças nem para abrir os olhos. Kobato acaricia sua irmã mais nova. As memórias iam voltando cada vez mais rápido a sua mente.

Kobato: Não precisa ter medo, Naomi. Eu estou aqui por você. Eu sempre estive.

Kobato respira fundo e começa a cantar. Sua voz era suave e reconfortante, quase angelical. Era tão forte que se espalhava além do templo Tsukimine, ressoando por toda a vizinhança. Mesmo não sabendo a origem da voz, todos que a ouviram se rejubilaram com a canção.

Haru ni saku hana [As flores florescem na primavera]
Natsu hirogaru sora yo [E se espalham pelo céu do verão]
Kokoro no naka ni [Dentro do meu coração]
Kizimarete kirameku [Elas estão gravadas e brilhando]


Sakura estava correndo pela rua, rumando para o templo Tsukimine. Ela sabia que Zhen estava em seu encalço e não estava muito longe. Repentinamente Sakura ouve uma bela voz.

Sakura: Essa voz... Kobato?

Asa ni furu ame [Mesmo nos dias em que fecho minhas janelas]
Mado wo tozasu hi ni mo [Para manter de fora a chuva da manhã]
Mune ni afureru [Transbordando dentro do meu peito]
Hikari wa kumo no eu [Está a luz que atravessa as nuvens]


Mai Watsuki estava saindo de um mercado onde havia ido perguntar por Naomi a conhecidos.Então ela ouve uma voz tão bonita e tão familiar.

Mai (olhando para o céu, surpresa): Kobato?

Mai se despede dos amigos e sai correndo, tentando descobrir a origem da voz.

Yorokobi kanashimi [Alegrias e tristezas]
Subete daite aruiteiru [Abraço todas elas e continuo em frente]
Watashi no te to Kimi no te wo [São elas que conectam tão forte]
Tsuyoku tsunagu mono [Minha mão e sua mão]


Um homem de cabelos pretos com um longo rabo de cavalo e barba por fazer estava isolado numa mesa no fundo de um bar. Para Seishirou Hanato era apenas uma noite como outra qualquer. Apenas mais uma noite para sofrer. Seishirou estava ali sentado, encarando uma foto de sua familia e se afundando em sua culpa. Sua esposa havia morrido num acidente que ele provocara e suas filhas haviam herdado uma doença dele, sendo que uma delas já havia falecido. A mesa de Seishirou já tinha três garrafas de cerveja vazias e ele estava esperando o barman lhe trazer mais uma. Mas Seishirou foi pego de surpresa. Uma bela voz invadiu o ambiente e o preencheu.

Seishirou: K-kobato? A minha Kobato?

Enquanto todos no bar se entreolhavam, confusos, Seishirou já havia saído correndo, procurando a origem da voz.

Aki wa mizube ni [O outono está às margens do lago]
Fuyu kozue ni hisomu [O inverno oculto na copa das árvores]
Sekai no oku no [Existe uma gentileza infinita]
Kagirinai yasashisa [Nas profundezas deste mundo]


Aya Watsuki estava procurando sua prima nos parques da região. Ela encontra algumas amigas da faculdade e compartilha seu problema.

Aya: Se você puder me ajudar a procurá-la, Natsume, seria muito grata.
Natsume: Claro que ajudo. E a Tsubame vai ajudar também, certo?
Tsubame: Claro. A coitadinha não pode fica sozinha nessa chuva. Vai ficar ainda mais doente. Em que lugares você já a procurou?

A conversa é interrompida quando as três começam a ouvir uma voz feminina cantando uma bela canção. Aya fica pálida, como se tivesse visto um fantasma.

Tsubame: Que voz bonita. Da onde será que está vindo?
Aya: Não... não pode ser... Kobato...?
Natsume: Aya? Está tudo bem?

Aya sai correndo sentindo uma forte ansiedade se formar em seu peito. Ela precisava encontrar a origem da voz.

Natsume: Aya! Espera! O que houve? Aya!

Yoru ga kuru tabi [Cada vez que a noite vier]

Os fantasmas haviam começado a quebrar as paredes do velho casebre. Ele não duraria muito tempo mais. Kobato segue cantando tentando manter a irmã calma, tentando lhe passar a sensação de que estava protegida.

Inori wo sasageyou [Vamos oferecer uma prece]

Kobato pisca uma vez e por um instante ela vê um estacionamento com alguns carros e uma forte luz os iluminando. Seria mais uma lembrança?

Ashita kuru hi wo [Vamos silenciosamente saudar]

Kobato pisca mais uma vez. Dessa vez, ela vislumbra a janela de um quarto. Havia uma corda feita de lençóis amarrados balançando guiada pelo frio vento da noite.

Shizuka ni mukaeyou [O dia que virá amanhã]

FLASHBACK

Kobato: Posso contar com sua ajuda, Shinka?

Kobato estava sentada em sua cama num quarto de hospital amarrando lençóis um nos outros. Uma menina de cabelo curtos e negros, também uma paciente do hospital, estava encostada na parede, de frente para ela.

Shinka: Mas Kobato... já está de noite. Está frio e escuro lá fora, sem falar na chuva que está caindo... você pode acabar piorando...
Kobato: Eu vou ficar bem. Não posso ficar presa aqui num dia tão especial como hoje.
Shinka: O que tem de especial hoje?

Kobato termina de trabalhar com os lençóis e carrega a corda improvisada que fizera até a janela.

Kobato: Hoje é o aniversário da minha irmã Naomi. Eu tenho que estar lá por ela. Quero ser uma boa irmã mais velha por ela. Quero aproveitar o tempo que posso estar com ela, já que não sei quanto tempo ainda estarei por aqui...

Kobato baixa a cabeça por um instante.

Kobato: Prometi a mim mesma que esse ano daria um presente a ela.
Shinka: E o que você vai dar?

Kobato mostra a sua amiga um coelhinho de pelúcia branco com um laço na cabeça.

Shinka: Ele é tão fofinho...
Kobato: Posso contar com sua ajuda?
Shinka: Não tem outro jeito? Seu pai ou sua tia não podem vir te buscar?
Kobato: Minha tia ficou ocupada preparando uma festa para Naomi. Ela disse que meu pai vinha me buscar, mas acho que isso não vai acontecer. Ele já teria aparecido...
Shinka: Coitada...
Kobato: Então... você vai me dar cobertura?

Shinka pega um guarda-chuva cor-de-rosa e o entrega a Kobato.

Shinka: Pode contar comigo.

Kobato sorri e pega o guarda-chuva. Shinka amarra a corda na janela e, então, Kobato desce lentamente até a calçada. Shinka acena para a amiga enquanto observa ela indo em direção a saída mais próxima, que ficava logo após o estacionamento.

Shinka: Boa sorte!

Shinka leva um susto quando a porta do quarto se abre. Seishirou Hanato e um enfermeiro entram conversando.

Enfermeiro: Vou só dar a medicação da noite para a menina e ajudo o senhor a levá-la para o carro.
Seishirou: Fico muito agradecido. Tenho certeza que ela vai ficar muito...

Os dois homens notam que Kobato não estava em sua cama. Havia apenas uma garotinha de cabelos negros olhando para eles sem reação.

Enfermeiro: Shinka? O que está fazendo aqui?
Shinka: É... bem...

Seishirou nota a corda balançando na janela.

Seishirou: Ela fugiu?

Shinka continua sem saber como responder. Seishirou corre até ela e começa a balançá-la freneticamente.

Seishirou: Para onde ela foi? Para onde Kobato foi? Me diga!
Enfermeiro (afastando o homem de Shinka): Calma... vamos todos manter a calma. Shinka?
Shinka: Ela disse que ia para a festa de aniversário da Naomi... ela achou que ninguém vinha buscá-la...
Seishirou: Ela não pode ficar andando nessa chuva!
Shinka: Ela acabou de sair. Vocês ainda podem alcançá-la!

Seishirou e o enfermeiro saem correndo do quarto e rumam para um elevador cuja porta acabara de se abrir. Shinka corre até a janela do quarto. Ela queria gritar para avisar Kobato que seu pai estava ali. Entretanto, Kobato já estava fora de alcance.

Shinka: Hã?

Shinka nota que o temporal se intensificara. A chuva estava mais forte e relâmpagos rasgavam os céus. Ela podia jurar que, por um instante, havia visto a sombra de duas pessoas brigando entre as nuvens. Mas isso não seria possivel, não é?

Shinka: Devo estar vendo coisas...

Kobato andava o mais rápido que podia, guarda-chuva em punho. Queria pegar logo um táxi ou um ônibus para casa antes que dessem falta dela. A menina se assusta quando um raio repentinamente atinge um carro, fazendo ela explodir.

Kobato: Ahhhhh!

A explosão chama a atenção dos médicos e pacientes do hospital. Alguns deles, curiosos, vão até a porta para ver o que está acontecendo. O temporal se tornara mais perigoso do que se podia imaginar.

Kobato: O que faço agora?

Mais raios caem, provocando buracos no asfalto do estacionamento e mais explosões de carros. Alguns dos raios acabam colocando fogo em algumas árvores que cercavam o estacionamento. A única reação de Kobato é se abaixar para tentar se proteger.

Kobato: Naomi... eu prometi a ela...

A saída estava tão próxima que Kobato resolveu não desistir. Ela começa a correr o mais rápido que pode, ignorando os raios que caíam ao seu redor. Seishirou chega a recepção e vê o tumulto na porta. Ele abre caminho para ver o que estava acontecendo e nota uma garota de cabelos avermelhados correndo em meio a um festival de raios.

Seishirou: Kobato!

Seishirou faz menção de correr até sua filha, mas é seguro por um bando de enfermeiros.

Seishirou: Ela é minha filha! Me soltem!
Enfermeiro: O senhor não pode ir até lá! Vai acabar morto!

Um raio atinge o asfalto pouco a frente de Kobato. A menina se assusta, tropeça no próprio pé e acaba caindo no chão.

Seishirou: Kobato!

Quando Kobato olha para o alto, ela vê dois vultos em meio as nuvens.

Kobato (murmurando): Um anjo...?

Kobato sente um arrepio percorrer seu corpo e uma forte luz a envolve. E então ela vê tudo ficar branco.

Seishirou: KOBATOOOOOOO!

Quando a forte luz do raio desaparece, Seishirou e todos as pessoas que estavam na entrada apenas observam, chocados. Um guarda-chuva rosa parcialmente destruído voava sem rumo, carregado pelo vento. Havia mais uma cratera no asfalto e no meio dela o corpo sem vida de Kobato.

Seishirou: Nãooooooo!

Seishirou se livra dos enfermeiros e corre pelo estacionamento até sua filha. A chuva havia cessado, bem como os raios que que causaram tanta destruição. O céu estava silencioso, como em respeito a vida que fora perdida.

Kobato estava estirada em meio a cratera, os olhos sem vida olhando para lugar nenhum. Um de seus braços estava esticado na direção de um coelhinho de pelúcia branco que estava pegando fogo, um presente que nunca seria entregue.

FIM DO FLASHBACK

Kobato sente lágrimas escorrerem por seu rosto. Não tinha idéia de quando começara a chorar.

Naomi: Kobato?

Kobato nota que Naomi havia aberto seus olhos e estava olhando diretamente para ela. Sua irmã podia vê-la.

Kobato (sorrindo): Sim. Sou eu.
Naomi: A menina de olhos verdes estava certa. Eu olhei para o meu coração e pude te sentir. E agora você está aqui por mim.
Kobato: Eu sempre estarei aqui por você.

Naomi larga o frasco amaldiçoado, que rola pelo chão. Dois fantasmas invadem o casebre. Kobato e Naomi fecham seus olhos e se abraçam com mais força.

Watashi wo michibiku [Uma voz me chamando de um lugar muito distante]
Tooi tooi yobigoe yo [Me guia]
Hohoemu you ni [Como se sorrisse]
Utau you ni [Como se cantasse]
Hibiku kaze no oto [O som do vento ecoa]


Sakura encontra um grupo de fantasmas cercando e demolindo um casebre velho. Parecia não haver mais ninguém no templo Tsukimine para impedí-los.

Sakura: VENTO!

Uma forte ventania joga os fantasmas para o ar. Infelizmente eles logo se levantam. Parte do grupo resolve atacar Sakura e o resto continua atacando o casebre. Para piorar a situação, Zhen chega correndo ao templo Tsukimine e já prepara suas magias para atacar.

“Eu não tenho tempo o bastante para derrotar todos eles e salvar as meninas... então vou ter que criá-lo!”

Sakura joga uma carta mágica no ar e a toca com seu báculo de estrela.

Sakura: TEMPO!

Todos os movimentos vão desacelerando rapidamente até que tudo e todos no templo Tsukimine ficam imóveis. Sakura havia parado o tempo, mas sustentar essa magia estava exigindo demais dela. Agira rápido era essencial. A jovem feiticeira saca mais uma de suas cartas mágicas.

Sakura: MOVIMENTO!

Sakura estende sua mão esquerda. Ela foca seus pensamentos no frasco do balseiro. Repentinamente, o frasco atravessa a porta do casebre e voa até a mão de Sakura. Sakura abre a tampa do frasco e o ergue.

Sakura: LIBERTEM-SE!

Um vendaval esverdeado emerge do frasco. Todos os fantasmas capturados anteriormente surgem no pátio do templo e são logo paralisados pela magia do tempo. Sakura joga o frasco para o ar e aponta seu báculo para ele.

Sakura: Artefato imbuído com o poder maligno do caos, retorne ao seu plano de existência original, onde não causará mais mal. Assim ordena Sakura, detentora do poder da estrela!

Envolvido por uma incandescente luz rosa, o frasco do balseiro se desfaz e desaparece. Exausta, Sakura cai de joelhos, se apoiando em seu báculo.

A magia do tempo perde sua força. Os fantasmas voltam a se mexer e notam que seus colegas haviam sido libertos. Sem ter por que prosseguir o ataque, eles deixam Sakura e o casebre em paz e se reúnem no pátio, olhando para as nuvens. Um forte clarão ilumina os ceús e os fantasmas notam que haviam voltado a ficar intangíveis e não mais emanavam uma luz verde. Eles sorriem e cumprimentam uns aos outros. Zhen, entretanto, não estava nada feliz.

Zhen: O frasco se foi... Essa é a ultima vez que você interfere nos meus planos, herdeira de Clow!
Eriol: Sou obrigado a discordar.

Eriol Hiiragisawa e Tomoyo Daidouji haviam acabado de entrar no templo Tsukimine. O guardião Kero estava sentado no ombro de Tomoyo.

Zhen: Pai...?
Eriol (um largo sorriso no rosto): Eu acho que Sakura Kinomoto ainda vai atrapalhar muito mais de seus planos, querido filho.

Zhen e Eriol ficam se encarando e se estudando. A reencarnação de Clow suspira profundamente.

Eriol: Eu não tenho como expressar o quanto me arrependo pelo mal que causei a você e a sua mãe. Eu espero do fundo do meu coração que você um dia aceite minhas sinceras desculpas e que possa abandonar essa vingança sem sentido que vai acabar destruindo sua vida mais uma vez.
Zhen (falando rispidamente): Guarde suas desculpas para quem se importa com elas. Você vai pagar pelo que fez e esse mundinho que você tanto gosta também vai sofrer as consequências.

Zhen se vira e caminha em direção a uma árvore.

Zhen (falando sem olhar para trás): Mas ainda é cedo para uma batalha entre nós. Aproveitem essa vitória momentânea, pois da próxima vez eu conseguirei o que quero.

Zhen caminha até as sombras de uma árvore e desaparece. Eriol apenas observa o filho desaparecer com um olhar triste.

Kero: Esse Zhen é um moleque mimado mesmo. Ainda não aprendeu a lição.

Tomoyo corre até Sakura para ajudá-la.

Tomoyo: Sakura! Você está bem?
Sakura: Não se preocupe. Estou só um pouco cansada.
Kero: É natural que ela esteja assim. É necessária muita magia para usar a carta Tempo e o corpo de Sakura não está acostumado com isso. Logo ela vai estar se sentindo melhor.
Tomoyo: Eu fiquei muito preocupada, Sakura. Você sumiu de repente e eu não te encontrava em lugar nenhum. Então procurei o Eriol para pedir ajuda.
Sakura: Me desculpe por te preocupar.

Eriol caminha até Sakura e estende a mão para ela, ajudando-a a levantar.

Eriol (num tom bem calmo): Eu acabei de corrigir o problema na divisa entre os mundos... e parece que você lidou muito bem com o problema do frasco do balseiro. Eu diria que nosso timing foi perfeito.
Kero (erguendo os braços no ar): Bom trabalho, Sakura!

Os fantasmas começam a se desfazer aos poucos em partículas de luz.

Sakura: O que vai acontecer com eles agora, Eriol?
Eriol: Agora que tudo voltou a sua ordem natural, eles vão voltar ao lugar para onde pertencem.

Sakura olha para o casebre.

Tomoyo: O que foi, Sakura?
Sakura: Ainda têm uma coisa que preciso fazer.

Yorokobi kanashimi [Alegrias e tristezas]
Subete daite aruiteiru [Abraço todas elas e continuo em frente]
Watashi no te to Kimi no te wo [São elas que conectam tão forte]
Tsuyoku tsunagu mono [Minha mão e sua mão]


A canção termina. Kobato e Naomi abrem os olhos e notam uma garota de olhos verde esmeralda estendendo a mão para elas.

Kobato: Sakura?
Sakura (sorrindo): Acabou. O frasco do balseiro não causará mais nenhum mal.

Naomi nota que não podia mais sentir o abraço de sua irmã. Kobato voltara a ficar intangível. As irmãs Hanato acompanham Sakura para o pátio do templo Tsukimine. Elas ficam surpresas quando vêem os fantasmas se desfazendo e partículas de luz. Do lado de fora as meninas encontram Eriol e Tomoyo lado a lado, aguardando. Kero havia se escondido na bolsa da melhor amiga de Sakura e observava tudo discretamente. A chuva havia cessado e o céu não estava mais nublado.

Sakura: Kobato, Naomi, esses são meus amigos. Ele se chama Eriol Hiiragisawa e ela se chama Tomoyo Daidouji.

Eriol e Tomoyo fazem uma educada reverência.

Naomi: Muito prazer. Eu sou Naomi Hanato.
Kobato: E eu sou irmã dela. Me chamo...
Eriol: Kobato Hanato.
Kobato: Hã? Nós já nos conhecemos?
Eriol: Eu já ouvi falar de sua história. É um prazer conhecê-la.
Kobato (um pouco confusa): Igualmente...
Eriol: Infelizmente não lhe resta muito tempo entre nós, jovem Kobato. Aproveite a oportunidade...

Eriol aponta para a entrada do templo Tsukimine, onde Seishirou, Aya e Mai observavam, perplexos, os fantasmas desaparecendo aos poucos.

Eriol: Aproveite a oportunidade para se despedir de sua familia.

Kobato e Naomi caminham lentamente até sua familia. Seishirou caiu de joelhos, aos prantos. Mai abraça Naomi, emocionada. Kobato passa a mão no rosto de Aya. Ela não podia realmente tocá-la, mas estava feliz só de poder estar com ela. Kobato estava feliz por poder conversar com sua familia uma ultima vez.

Aya: E-era verdade... você está realmente entre nós...
Mai: Todos nós ouvimos sua canção, Kobato. Ela nos trouxe aqui.

Seishirou se levanta repentinamente.

Seishirou: Eu sinto muito. Eu não pude te salvar... eu estava lá, mas não pude te salvar... eu matei sua mãe... e também matei você...
Aya: Eu também queria me desculpar... eu não cuidei de você como deveria... te abandonei quando você mais precisou...
Kobato (colocando as mãos na cabeça): Parem!

Todos se surpreendem com o grito de Kobato.

Kobato: Você têm que entender que não foi culpa de ninguém! Aconteceu porque tinha que acontecer e nada nem ninguém poderá mudar isso.

Kobato troca olhares com sua tia Mai, que acena com a cabeça.

Kobato: Já é hora de abandonar essa culpa. Eu fui muito feliz no tempo que estive aqui, mas agora é hora de seguir em frente. Vocês tem que amar uns aos outros, cuidar uns dos outros como faziam no passado. Vivam suas vidas intensamente porque a vida... a vida é uma coisa maravilhosa.

Kobato acaricia o rosto de cada um de seus familiares.

Kobato: Corram atrás de seus sonhos, acreditem no dia de amanhã, sejam felizes. Se não puderem fazer isso por vocês mesmos, façam isso por mim. Façam isso em minha memória.

Sakura, Eriol, Kero e Tomoyo observavam o reencontro de Kobato e sua familia à distância.

Kero: A garota canta muito bem. Isso não se pode negar. Ainda bem que tudo terminou bem no fim.
Tomoyo: Fico feliz que a Kobato pôde reencontrar sua familia.
Sakura: Eriol...
Eriol: O que foi, doce Sakura?
Sakura: Você disse que conhecia a história da Kobato. O que quis dizer com isso?
Eriol: Quis dizer que eu conheço a verdadeira história da morte de Kobato.
Sakura: A verdadeira história?

Eriol ajeita seus óculos.

Eriol: Há muito tempo, dois mundos entraram em guerra por causa de um romance proibido. O mundo Celestial e o mundo Fantástico entraram numa ferrenha e arrastada batalha que quebrava o acordo de não-agressão instituído milhares de anos atrás.
Sakura: Mundo Celestial? Mundo Fantástico? Não sabia que havia tantos outros mundos assim...
Kero: Ainda têm muita coisa que você não sabe, Sakura. Com o tempo você vai ganhando experiência e descobrindo tudo isso. Um dia você vai ter o mesmo conhecimento e contatos que o Clow Reed.
Tomoyo: Como terminou a batalha, Eriol?
Eriol: A batalha havia se prolongado por tempo demais e ecoou por diversos mundos e épocas. Por fim acabou provocando uma fenda na divisa que separa o mundo Celestial do mundo dos Humanos. Uma fenda muito similar a que foi aberta hoje pelos efeitos da magia do caos.
Kero: Ainda bem que evitamos o pior por aqui...
Eriol: Os efeitos da batalha vazaram por aquela fenda e, por uma infelicidade, vitimaram uma menina inocente chamada Kobato Hanato.
Tomoyo: Então a Kobato morreu por causa dessa guerra?!?
Sakura (indignada): Mas isso é injusto! Então ela poderia ter vivido mais. Quem sabe ela poderia até ter sobrevivido a sua doença.
Tomoyo: Uma inocente morreu e ninguém fez nada a respeito?
Eriol: A perda de uma vida inocente motivou Deus a intervir e forçar o fim da guerra, distribuindo punições aos principais líderes.

Eriol faz uma breve pausa.

Eriol: Um anjo do mundo Celestial se sacrificou para salvar Kobato. Este sacrificio permitiu que a alma da menina não fosse levada para o Paraíso, o que seria um caminho sem volta. Ao invés disso, a alma de Kobato ficou exilada num limbo entre os mundos, aguardando que Deus decidisse o que fazer a seguir.
Sakura: Então é por isso que Kobato não sabia nada sobre o Paraíso... ela nunca esteve lá... esteve sozinha todo esse tempo...

Sakura olha para Kobato, comovida com a situação dela.

Sakura: E não há nada que possamos fazer para ajudá-la?
Eriol: Infelizmente existem eventos que estão além do nosso alcance.
Tomoyo (triste): É uma pena não podermos fazer nada por ela...
Sakura: Mas nós podemos.
Tomoyo: Podemos?
Sakura (com um ar determinado): Podemos rezar e pedir a Deus que dê a Kobato uma nova chance.
Tomoyo: Uma nova chance?
Sakura: Meu irmão me disse que às vezes Deus permite que algumas almas reencarnem, que ganhem uma nova vida. Se ele vir que têm muitas pessoas que se importam com Kobato, tenho certeza que vai dar uma chance a ela.
Tomoyo: Têm razão. Vou rezar pela Kobato todos os dias.
Kero: Eu também. A garota merece.
Eriol (sorrindo): Contem com meu apoio também.
Kobato: Sakura?

Kobato e sua familia haviam se aproximado.

Kobato: Eu gostaria de agradecer por tudo que você fez por mim e por minha familia.
Sakura: Foi um prazer ajudar.
Kobato: Eu pude ver que seu guardião estava certo. Você realmente é uma feiticeira muito poderosa.
Sakura (sorrindo sem graça): Kobato...

Sakura se aproxima de Kobato e sussurra em seus ouvidos.

Sakura: Um dia você vai para um lugar onde se encontrará com todos aqueles que te amam e então poderão ficar juntos para sempre.
Kobato (sorrindo): Eu espero que sim.
Sakura: Estaremos rezando por você.
Kobato: E eu estarei torcendo por você. Se surgirem problemas que aparentem ser grandes demais, não se deixe abater.
Sakura (os punhos fechados e um semblante determinado): Eu farei o melhor que puder... Sakura, você consegue!

Kobato e Sakura riem uma para a outra.

Kobato: É hora de partir.

Kobato se afasta alguns passos. Seu corpo espiritual havia começado a se desfazer. Atrás dela, os outros fantasmas estavam terminando de se desfazer em particulas de luz que se perdiam no céu em meio ao brilho do entardecer. Era uma imagem linda e única, e Tomoyo saca sua câmera para registrar esse momento.

Seishirou: Parta em paz, minha filha. Nós guardaremos você em nosso coração hoje e sempre. Cuidaremos uns dos outros. Daremos o melhor de nós.
Aya (piscando): Deixaremos você orgulhosa, prima.
Naomi: E para onde você vai? Quem vai cuidar de você?

Kobato sorri para a irmã.

Kobato: Não se preocupe, Naomi. Eu vou para um lugar muito bonito e tranquilo. Vou encontrar com a mamãe e ficar ao lado dela. Estaremos torcendo por vocês e...

Kobato hesita por um instante.

Kobato: ... e um dia, estaremos todos juntos de novo.
Naomi: Mande um beijo para a mamãe por mim.
Kobato: Claro.

Algumas lágrimas descem dos olhos de Kobato. Ela não conseguira se segurar diante de tanta emoção. Kobato se esforça para enxugar suas lágrimas.

Kobato: Isto não é bom. Eu gostaria de partir com um sorriso, mas eu não consigo, não é?

Kobato faz uma reverência final.

Kobato: Eu amo todos vocês. Adeus.

Após suas ultimas palavras, Kobato se dissolve em milhares de partículas de luz que sobem aos céus e desaparecem. Todos ficam em silêncio ali, por alguns minutos. Depois de se despedirem e agradecerem, Naomi e sua familia partem de volta para suas casas.

Eriol convida seus amigos para um chá e um breve descanso. Após o chá, Sakura caminha pelo templo e se senta num banco. Ela fica olhando para o céu, pensativa. Eriol surge de repente, se senta ao lado dela e sorri.

Eriol: Não precisa se preocupar. No dia em que Kobato chegar ao Paraíso, haverá um anjo que a estará esperando e cuidará muito bem dela por você.
Sakura: Como você pode ter tanta certeza?
Eriol: Porque nós dois conhecemos esse anjo muito bem.
Sakura (olhando confusa para o amigo): Hoe? Eu conheço um anjo?
Tomoyo: Vamos, Sakura! Seu pai e seu irmão vão ficar mortos de preocupação.
Sakura: Ah. Eu tenho que ir. Tchauzinho, Eriol.

Sakura se encontra com Tomoyo e Kero e eles saem correndo do templo Tsukimine. Eriol fica ali de braços cruzados, observando eles partirem. Após alguns instantes, Eriol olha para o lado. Alguns metros acima de onde Sakura estava sentada havia um mulher flutuando. Ela possuía longos cabelos negros e asas brancas e imponentes. Ostentava um largo sorriso no rosto.

Eriol (com seu tradicional sorriso amistoso): É sempre um prazer, Nadeshiko.

EM ALGUM LUGAR (E EM NENHUM LUGAR)

Kobato Hanato abre seus olhos e tudo que vê é escuridão. Ela flutuava sem rumo em meio a um véu negro que se estendia mais longe do que seus olhos podiam alcançar. Não havia nada ali além de silêncio e solidão.

Voz: Kobato Hanato.
Kobato: Quem está ai?
Voz: Você sabe quem é.
Kobato: Onde eu estou?
Voz: No momento você está no limbo. Temos coisas importantes para conversar.
Kobato: O que você quer?
Voz: Primeiro, gostaria de tranquilizá-la. Não precisa se preocupar com a doença de sua irmã. Ela encontrará um tratamento que irá curá-la em cerca de dois anos.
Kobato: Que bom...
Voz: Quanto a você... Eu tenho algo para lhe dar. Vou te conceder um desejo.
Kobato: E por que você faria isso?
Voz: Porque você morreu em circunstâncias que nada tinham a ver com você. O que você deseja, Kobato?
Kobato: Eu quero viver.
Voz: Esse é um pedido grandioso demais para você, minha jovem.

Kobato baixa a cabeça, triste.

Voz: Não fique triste. Existe uma pessoa que está se esforçando muito para que isso aconteça por você. Portanto, não perca as esperanças.
Kobato: Certo.
Voz: Contudo... eu ainda tenho um desejo para lhe conceder, minha jovem. Uma compensação deve ser feita. O que você deseja, Kobato?

Kobato fecha os olhos para pensar. O que ela poderia pedir? Que desejo poderia fazer a diferença para ela? Então a jovem de cabelos avermelhados se lembra de sua conversa com Sakura e a voz de sua amiga vêm a sua mente. "Um dia você vai para um lugar onde se encontrará com todos aqueles que te amam e então poderão ficar juntos para sempre".

Kobato (abrindo os olhos): Eu já sei o meu desejo.
Voz: E o que você deseja, Kobato?
Kobato: Têm um lugar... têm um lugar para onde eu quero ir...

DIA SEGUINTE

Touya Kinomoto estava terminando de fazer panquecas quando ouviu passos. Sakura entra saltitante e sorridente na cozinha. Ela faz uma reverência para o retrato da falecida mãe.

Sakura: Ohayo, mamãe.

Sakura se senta a mesa e se serve de um copo de suco.

Sakura: Ohayo, onii-chan.
Touya: Ohayo, monstrenga. Que felicidade toda é essa?

Touya serve uma panqueca para a irmã.

Sakura: É que eu tive um sonho muito bom e descobri uma coisa muito legal.
Touya: E o que você descobriu?
Sakura: Descobri que uma grande amiga vai ter uma chance para realizar seu desejo!
Touya (confuso): Você descobriu isso num sonho?

Sakura devora uma panqueca em segundos.

Sakura: Eu tenho que ir se não chego atrasada de novo. Tchauzinho.
Touya: Espera aí. Você não explicou direito essa história do sonho...

Sakura já não estava mais prestando a atenção. Ela saltitava em direção ao corredor, cantarolando uma música que não saía de sua cabeça.

Sakura: Haru ni saku hana... natsu hirogaru sora yo...

EM UM TEMPO E LUGAR NÃO MUITO DISTANTES

As pétalas de flores eram carregadas pelo vento e espalhadas pelos brinquedos e bancos daquele simples parquinho. O lugar era aconchegante e cercado de árvores por todos os lados. A manhã ainda estava se preparando para daro ar de sua graça e uma nuvem gélida costumeira da madrugada pairava sobre o local. Não havia sinal de pessoas por perto. Havia apenas o canto de uns poucos e solitários pássaros.

Por esse motivo, ninguém viu quando ela desceu.

Os pássaros levantaram vôo repentinamente e as pétalas se moveram para longe, abrindo caminho para a garota que acabara de surgir. Ela tinha cabelos avermelhados, num tom levemente puxado para o rosa, que iam até a altura de sua cintura e eram cortados em uma camada menor ao redor de sua cabeça. Estava vestindo uma blusa branca, uma longa saia verde com detalhes floridos e sapatos verdes, além de um chapéu branco com uma faixa verde que ocultava um importante segredo. Carregava em seu braços um mala onde estava amarrado um guarda-chuva cor-de-rosa. Em seu ombro trazia uma bolsa onde carregava, entre outras coisas, um bicho de pelúcia, uma espécie de cachorro, de cor azul. Mas não era um bicho de pelúcia qualquer. Ele respirava e se mexia sozinho. E não estava com cara de muitos amigos.

Kobato: Nós chegamos, Sr. Yoryogi?

O cachorro de pelúcia olhava ao redor, como se estivesse se certificando.

Yoryogi: Sim. Nós chegamos.
Kobato: É aqui que começa, não é? A jornada em busca de meu desejo...

Kobato respira fundo.

Kobato: Kobato, você consegue!

FIM DO CAPITULO

No Próximo Capítulo: "Estranhas brigas estão acontecendo por toda a cidade e Kero suspeita que são provocadas por magia do caos. Mas antes que eu possa resolver esse probleminha tenho uma coisa muito importante para fazer: dar uma lição na Kazuko! Ah. Eu espero que vocês estejam comigo no próximo capitulo de Card Master Sakura para dizermos juntos... LIBERTE-SE!"


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Notas finais do capítulo

Demorou um pouquinho, mas saiu o novo capítulo.

A Sakura ganhou a habilidade de falar com fantasmas e finalmente começou a superar seu medo. Mas a herdeira de Clow ainda vai ter muito trabalho pela frente, ainda mais agora que sabe o dia em que o grande desastre vai acontecer. Será que a Sakura vai conseguir impedir?

Espero que tenham gostado da participação da Kobato e do momento Ghost Whisperer da Sakura (Ghost Whisperer é uma série onde uma mulher ajudava fantasmas a encontrar a luz e seguirem seu caminho). Futuramente teremos outras participações especiais, algumas maiores, outras menores... e eu espero que vocês gostem.

Observações:

— Esclarecendo algumas expressões japonesas usadas: Tadaima! significa Cheguei! e Okaeri (ou também Okaerinasai) significa Seja bem-vindo de volta.
— A história de Kobato que usei aqui foi adaptada para se encaixar no universo de Sakura que venho construindo/ampliando nessa fanfic. Por esse motivo ela não está 100% fiel ao mangá/anime, mas ficou bem parecido. Acabou que ele meio que funciona como um prelúdio para Kobato.

Curiosidades:

— Kobato Hanato é a protagonista de um outro anime/mangá do CLAMP: Kobato. Sua frase mais famosa é Kobato, você consegue! ou Kobato vai dar o seu melhor! (no original, Kobato, ganbarimasu!), que a protagonista usava para se inspirar antes de suas tarefas.
— Rei Tachibana apareceu no anime no episodio 30, quando Sakura e Shaoran capturaram a carta Corrida. Ela era a garota que, inconscientemente, usava os poderes da carta para ganhar as corridas (trapaceira rsrs).
— A canção interpretada por Kobato se chama Ashita Kuru hi. É uma canção muito bonita que marcou o anime Kobato. Quem quiser ouvir a canção, pode conferir nesses links: http://youtu.be/PQMd8oXtTMA ou http://youtu.be/uUqkJVdmk6U (são videos do Youtube).

EDIT: Acrescentei umas falas sobre a situação de Naomi Hanato. Um dos comentários me alertou que eu tinha esquecido completamente a situação dela. (Arigato, JJlogan)



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