Summer Paradise escrita por CrisPossamai


Capítulo 4
What Makes You Beautiful


Notas iniciais do capítulo

Festa de aniversário surpresa. Avanços. Surpresas e muitos drinques. O que mais deveria acontecer nas férias de verão?



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Mercedes ria da ridícula imitação que Sam fazia do seu patrão na gravadora independente. Quinn revira os olhos e dá o braço a torcer ao elogiar a performance do ex-namorado. A negra explicava a sua nova rotina em Los Angeles para a amiga, quando o interfone soou estridentemente no apartamento e encerrou a conversa virtual. Ela abre a porta e três caixas enormes surgem em sua frente. Matt grita pedindo passagem e é seguido pelo resto do grupo também repleto de bagagem. O negro coloca o material sobre a mesa da sala, bate a camisa para se livrar do excesso de poeira, entrelaça a sua mão com a Quinn, puxando-a um abraço e o beijo acontece casualmente.

_ O que acabou de rolar aqui? – Lily é a primeira a conseguir verbalizar o espanto coletivo – Você é mesmo um ótimo amigo, Rutherford. – ela grita e estapeia a cabeça do negro, que protesta – Agora, eu estou sobrando oficialmente! No próximo verão, convide um amigo solteiro só para variar! – a indignação da garota faz todos gargalharem.

_ Você tem a minha palavra, Lily. – ele oferece a mão para um acerta de contas e garota revira os olhos antes de bater – Agora, o que acha de mostrar o que pretende fazer com essa porção de decorações?

Lily e Tina viram as sacolas com os apetrechos liberados pela dona da melhor loja de decoração das redondezas. As meninas se ocupam com os preparativos para o festejo e os rapazes se limitam em seguir ordens e colocar as bebidas para gelar. Michael termina de organizar a mesa de som, o famoso vídeo de aniversário e o jogo de luzes. O apartamento estava irreconhecível bem a tempo. No meio da confusão de ideias e corridas, o grito de Charlie decreta a contagem regressiva. “Estamos a caminho”, fora a mensagem que Aylin enviara ao namorado tão logo conseguiu arrancar Nellie de sua casa. Os últimos retoques são feitos e as lâmpadas são apagadas no instante exato que a campainha informa a chegada das garotas. Quinn segura a risada e a sensação de que tinha regredido muito em sua idade. Festas surpresas deveriam ser coisas de crianças. Mas, não. Ela estava ali prestes a abrir a porta, iniciar a comemoração e precisava reconhecer que estava bastante empolgada. Aylin aparece, Nellie lhe cumprimenta com a timidez de costume. Quando a turma aparece cantarolando “Parabéns a você” e toda a produção é revelada, a menina perde completamente a fala. Abraços, beijos e desejos de felicidade se repetem a exaustão e ela se deixa levar pela animação dos amigos. Michael é o último a se pronunciar e ainda admite que preparou um presente particular.

O silêncio impera no recinto no início do tão falado videoclipe. A aniversariante sorri para o amigo ao reconhecer a primeira nota de sua música predileta. Definitivamente, Michael tinha pensado em todos os detalhes. Fotos de infância, lembranças de viagens e festas de família, registros de passeios com os amigos, dias na beira-mar e pequenas filmagens de besteiras cometidas na companhia daquele mesmo ensandecido grupo. Bruscamente, o áudio da canção é reduzido e o foco da filmadora aponta para a pista de skate. As feições de Charlie e Aylin são captadas e o casal cita a primeira impressão que tiveram de Nellie. Palavras carinhosas e desejos de sucesso. O cenário se transforma e gritos são ouvidos a distancia... Lily acena para a câmera e ralha com cinegrafista pela demora em ajustar à lente a luminosidade da praia. Auto-confiante, a jovem faz piada com a desastrada parceira de vôlei, solta duas piadinhas e se despede com um mero feliz aniversario. O nome de Matt Rutherford é chamado e o negro é focalizado e reclama da hora inadequada pelas ondas incríveis que estava perdendo. O negro revira os olhos e narra como esbarrou com Nellie em seu primeiro dia de aula na nova escola. Ela fora a primeira pessoa que lhe ofereceu ajuda na Califórnia. A lembrança alarga ainda mais o sorriso no rosto dela. A câmera é colocada em um tripé e a parede recheada de álbuns de bandas alternativas e de um time qualquer de futebol denunciam o interior do quarto de Michael. “Minha melhor amiga...A garota mais incrível que eu já conheci...”

Todos os olhares se dividem entre a reação de Nellie e a vermelhidão que aos poucos se propaga pelo rosto de Michael. Algumas fotos mais recentes encerram e fofíssima homenagem e ninguém economiza nas palmas. Bastante comovida, a aniversariante abraça novamente o amigo e lhe agradece inúmeras vezes. O restante dos adolescentes procuram algo para fazer e a sugestão de Aylin para cortarem a torta soa oportuna. A primeira fatia é entregue com toda a justiça ao autor do vídeo e a festa, efetivamente, inicia com a corrida para se apoderar do karaokê. Lily e Aylin estréiam a brincadeira e chamam a atenção dos integrantes do Novas Direções pela excelente desenvoltura em When I Grow Up, das The Pussycat Dolls. As notas são excelentes e Charlie se apressa em escolher uma balada do U2.

_ Ei, essa é para você, querida! Um ano, quem diria?! – os acordes de With Or Without You são executados pelo programa e o timbre dele ecoa pelo lugar - See the stone set in your eyes... See the thorn twist in your side. I wait for you...

A menina turca acha o gesto sensacional e manda um beijo para o namorado, que consegue outra pontuação altíssima. Mike e Matt gargalhavam a toa desde o início da brincadeira musical e sequer param para observar a performance de Tina e Quinn ao remontarem uma das apresentações da competição nacional de corais com o sucesso de Lady Gaga, Edge Of Glory. Michael se junta aos dois arruaceiros e ri com a premeditação do plano. A asiática começa a suspeitar da palhaçada ao flagrar o namorado tentando combinar alguns passos de dança com os cúmplices. Matt e Michael mal conseguiam segurar as risadas, enquanto o dançarino regulava o karaokê para a reproduzir o maior hit do One Direction, What Makes You Beautiful. A primeira estrofe é cantada por Matt, que assume todo o ridículo da situação e piora ainda mais ao seguir os movimentos bizarros da coreografia criada pelo melhor amigo. Michael entra totalmente no espírito de boyband e Mike arranca mais risos ao puxar Tina para seqüência final da canção. A nota ficou bem abaixo dos demais, já que a preocupação era obviamente em fazer graça do momento. Apesar da baixa pontuação, o trio é ovacionado e o karaokê é substituído por uma seleção musical mais dançante. As luzes são apagadas e a decoração ilumina parcialmente o apartamento. Nellie se impressiona com todo o esforço que os amigos fizeram para lhe surpreender e se joga novamente nos braços de Michael para agradecer pela centésima vez. Matt busca as bebidas e pede a ajuda de Quinn para trazer o resto dos petiscos para a sala. No segundo em que se encontram a sós na cozinha, Matt toma a iniciativa e puxa a loira para seus braços.

_ Se você visse o que eu posso ver...Entenderia porque te quero tão desesperadamente...Agora, estou olhando para você e não posso acreditar...Você não sabe como é linda! – ele cantarola antes de beijá-la pela segunda vez na noite.

_ Isso foi incrivelmente engraçado, sabia? – ele confirma com um gesto de cabeça e ri de si próprio – Então, você vai me tirar para dançar ou só queria dar uns beijos? – a loira pondera e revira os olhos ao vê-lo simular uma incerteza sobre suas intenções.

_ Posso ficar com as duas opções? – ela estapeia o braço do rapaz pela idiotice – Sério! Eu não perderia a chance de dançar de novo contigo, mas, também quero dar uns beijos. Como é que vamos resolver isso? – ele debocha e apanha duas garrafas de cerveja.

_ Nós dançamos, você pode me ajudar a arrumar essa bagunça depois e vemos se você merece alguns beijos, Rutherford. – a loira pega a travessa com doces e some pelo corredor. O rapaz resmunga algo sem importância e vira o copo em um só gole.

Mike e Tina já apavoravam na improvisada pista de dança e Quinn dançava com as garotas, enquanto ele despejava as bebidas na mesa e enchia o copo novamente. Charlie se aproxima pega uma dose, diz qualquer bobagem e é puxado de volta para o tumulto pela namorada. O ritmo muda para o hip hop e Matt se sente bem mais a vontade para abusar com algumas acrobacias. As músicas se sucedem e ao se tornar propriamente o parceiro de dança de Quinn, percebe como é fácil resgatar a antiga sintonia. Os passos se encaixam e a mania em cantarolar cada canção conhecida só deixa a garota ainda mais encantadora. Os drinques são feitos, refeitos e os copos esvaziados com o avançar ligeiro dos ponteiros do relógio. Levemente alterada pelo consumo incomum de álcool, Aylin se despede com longos abraços dos amigos e é acompanhada pelo namorado, que não parava de rir dos absurdos ditos e cometidos.

Por volta da uma da manhã, Lily ingere mais um copo de cerveja e considera ideal a decisão de Michael em rumar para a casa. Nellie aproveita a debandada e agradece a gentileza de Quinn em receber a pequena confraternização e a dupla de melhores amigos não perde a chance de importunar o rapaz. Era agora ou nunca. Repetia o negro já dominado pelo álcool. Michael releva as “dicas” e desaparece com as garotas no elevador. O trio caminha algumas quadras em um silêncio bastante incomodo. Lily mexe constantemente no celular na esperança que algo lhe ocorresse para permitir que o amigo pudesse se despedir a sós da aniversariante. Ao viraram na quadra que dava acesso a sua vizinhança, a ideia surge em sua cabeça e a frase sai espontaneamente.

_ Vocês se importam em me deixar primeiro? Vou ficar o resto do verão de castigo senão estiver em casa em cinco minutos!

_ Não tem problema. Só é estranho a sua mãe dar hora para chegar, né? – Nellie acha o toque de recolher quase suspeito e o menino entende a jogada da vizinha.

_ Deve ser pelas coisas que você pegou emprestado da loja dela, Lily. – a desculpa dele é eficiente para acabar com os questionamentos. Poucas passadas são necessárias para alcançar a residência de classe média. A homenageada da noite abraça a parceira de vôlei e tencionava dizer obrigada pela trigésima vez ao ser interrompida.

_ Se eu escutar outro obrigada, juro que pego meu presente de volta, Nellie!

_ Desculpa, eu só... Você não vai entrar? Achei que tivesse com pressa!

_ Ah... Eu preciso respirar um pouco, entende? Aqueles drinques não caíram muito bem!

Michael ameaçava entregar a armação da loira por já não conter a vontade de explodir em risadas, quando decidiu puxar Nellie pela mão e sair dali imediatamente. Lily estica o pescoço ao máximo para espiar o quase casal dobrar a esquina e sumir da sua vista. Ela dá de ombros e se acomoda no degrau da porta de casa. A intenção era aguardar o retorno de Michael e saber todos os detalhes. Os adolescentes caminham vagarosamente e poucas palavras são trocadas na última parte do trajeto. Entretanto, o fato que mais encorajou o menino a tomar uma iniciativa fora as mãos entrelaçadas desde a saída da festa. Matt tinha razão. Era agora ou nunca. Ele para diante da conhecida casa e leva as mãos aos bolsos da calça. Aqueles drinques também não lhe fizeram nada bem. O coração batia fora de compasso e as frases se embaralhavam na sua mente sem que pudesse pensar em algo decente.

_ Você ficaria chateado se eu te agradecesse de novo por fazer o meu aniversário tão incrível? – ela sorri timidamente e leva uma mecha de cabelo para trás da orelha.

_ Não, nunca... Eu só... Nós só queríamos te fazer feliz no seu aniversário... Deu certo?

_ É, deu muito...Muito certo mesmo. – de repente, ela fecha os olhos, se aproxima dele e cola seus lábios – Só faltava esse último presente. – o menino ainda mantinha os olhos fechados e um sorriso invejável no rosto quando ela deu um passo para trás.

_ Uau...Você deveria fazer aniversário mais vezes no ano... – ele só abre os olhos ao escutar a tradicional risada dela. Michael retira as mãos dos bolsos e entrelaça a cintura da garota, que descansa a testa na dele. A iniciativa parte dele para o segundo beijo.

Nellie ainda se despede com um inocente selinho e corre para dentro de casa. Ao lhe dar as costas, a menina precisa rir ao escutar um “YEAH!” vindo da rua. Honestamente, a possibilidade de se enxergar em um relacionamento além da amizade com Michael não era novidade para a menina. Então, era isso mesmo. Ela estava apaixonada por seu melhor amigo. Era sortuda o suficiente para ser correspondida. Não, ela sabia que era a pessoa mais sortuda do mundo por estar prestes a namorar alguém como Michael. Michael. Michael sai em disparada da casa dela e mal contém a vontade gigantesca de sair gritando pelas ruas. A sua corrida adoidada só é encerrada ao ser sacudido pelos ombros por Lily. A expressão idiota em seu rosto já entregava praticamente tudo.

_ Ela me beijou... Nós nos beijamos! Eu to quase namorando a Nellie, dá pra acreditar?

_ Isso é tão legal que nem me dá vontade de gritar contigo por me tornar oficialmente a encalhada do grupo! Você e Nellie... FINALMENTE! – ela abraça o amigo e exige ser informada de todos os detalhes da conciliação. Era o mínimo que ele poderia fazer.

Mike experimenta o drinque e sente a garganta queimar. Misturar cerveja e vodca não era nada inteligente. A namorada lhe entrega uma garrafa de água, que é consumida em dois longuíssimos goles. Matt se acaba rindo da besteira cometida pelo melhor amigo e vira outro copo de cerveja. Cerveja pura, faz questão de mencionar em voz alta. Quinn revira os olhos, apanha um pedaço de torta e termina sua própria dose. A música de Michael Jackson ecoa pela sala e ela grita entusiasmadamente. As mãos cobrem a boca tarde de mais e três pares de olhos lhe fitam a procura de uma explicação.

_ Michael Jackson! A nossa música nas Seletivas! – Mike pula do sofá e bate palmas para a canção sendo executada no rádio.

_ Ta, vocês ganharam as Nacionais depois de três anos e piram por causa de um número nas Seletivas? – Matt não compreende a importância da canção.

_ Não foi um número, foi o nosso número! – o melhor amigo se esforça, mas não faz tanto sentido.

_ Nós lideramos o Novas Direções para o tri-campeonato sem a Rachel, disputando contra Mercedes, Brittany e Santana e uma professora tetracampeão das Nacionais! Definitivamente, nós arrasamos nas Seletivas! – Tina se vangloria.

_ Ah... Essa história! Eu escutei várias, várias vezes desse aqui. – aponta para o asiático que volta a se jogar no sofá – É uma das coisas que eu gostaria de ter visto. – ele joga o braço sobre os ombros da loira.

_ Mais coisas? Tipo, o que mais? – a loira ri antes de tombar a cabeça no ombro dele.

_ Ah, eu queria ter carregado o troféu de campeão nacional por aqueles corredores e descarregado uma champanhe em vocês... – ele conta entre risadas.

Outras lembranças são narradas até Tina e Quinn reclamarem de sede por algo totalmente desprovido de álcool e correrem em busca de água na cozinha. Mike puxa o amigo para um canto e o hálito carregado não deixado dúvidas. Mike Chang está seriamente embriagado.

_ Você se importaria de ir embora sozinho? Cara, acho que eu e a Tina precisamos de um tempo só nosso, sabe?

_ Não, não sei de nada... E por que você me disse algo assim? Que merda, cara!

No minuto seguinte, Mike cochicha qualquer coisa convincente o bastante para que a namorada praticamente salte do sofá e desaparece pela porta sem sequer cogitar se despedir de forma decente. Quinn não entende absolutamente nada ao retornar para a sala e encontrar apenas Matt.

_ O que acabou de acontecer?

_ Mike e Tina saíram para dar uma volta. A noite ta ótima para caminhar, não acha? – a loira lhe mira desconfiada – Eu sei que não é isso e não me interessa. É nessa versão que vou me apegar.

_ Pode contar que eu também. Vai para casa agora também? – ele dá de ombros – O pessoal ficou de me ajudar a organizar o apartamento amanhã. Você vem?

_ Você quer dizer que a galera ficou de passar aqui para comer e beber o que sobrou? É pode contar comigo! – ele se levanta e caminha na direção dela.

_ Sabemos o que vamos fazer amanhã e, quanto a hoje?

_ A noite foi bem legal, né? – ela leva as mãos ao pescoço dele antes de concordar.

De alguma forma, o beijo se transformou em algo mais. Muito mais. As roupas se acumulam pelo chão, os carinhos se tornam mais urgentes e os passos lhes conduzem para o quarto de hospedes. De alguma forma, ela repetiu a noite anterior e terminou na companhia de Matheus Rutherford. De alguma forma, Quinn terminou nos braços e dividindo a cama com Matheus Rutherford. De alguma forma, aquilo aconteceu. Porém, de forma alguma, aquilo poderia se repetir. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da leitura. Dicas? Sugestões?



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