Summer Paradise escrita por CrisPossamai


Capítulo 5
One More Night


Notas iniciais do capítulo

Só mais uma noite. Era o que ela pensou em cada manhã ao acordar nos braços de Matt Rutherford. Só mais uma noite... Era a promessa que Quinn Fabray sempre fazia a si mesma e jamais cumpria.



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Matt Rutherford acordou antes das seis da manhã como era seu habito. Tateou a procura do celular e estranhou o peso ao tentar esticar o braço. Ele, finalmente, abre os olhos e reconhece a jovem adormecida e envolvida no seu abraço. As lembranças da noite anterior começam a voltar e a mão livre cobre o próprio rosto. Aquilo tinha mesmo acontecido! O dilema era descobrir o que viria a seguir. O rapaz se desvencilha com cuidado do corpo dela sem desperta-la e confere o telefone. Três ligações perdidas de Tina e cinco mensagens de Mike. O último SMS questionar sobre a manutenção do compromisso na beira-mar em pouco mais de quinze minutos. “Estou a caminho”. A camisa esquecida no chão é vestida e os tênis localizados em um quarto qualquer do quarto. Ele mal havia colocado o primeiro calçado e escutou o conhecido timbre de voz, levemente, sonolento. O que viria a seguir viria agora.


_ Então, você é esse tipo de cara? O tipo de cara que transa e vai embora? – ela puxa o lençol e lhe encara ainda confusa.


_ Não, eu sou o tipo de cara que acorda cedo para surfar, lembra? – ele termina de calçar os tênis.


_ Você é louco, Matheus? Nós nem... Nós dormimos muito pouco essa noite. – imediatamente, o rosto dela se torna corado.


_ E foi por causa de algo muito, muito bom... Mas, não adianta. Eu to acostumado a levantar bem cedo... Você vem? Eu te espero. – o rapaz se levanta e tenta espantar o sono se espreguiçando.


_ Não, não acho que seja uma boa ideia... Não acho que isso tenha sido uma boa ideia.


_ O que? O que você quer dizer, Quinn? – é automático. O sorriso desaparece de sua face e as mãos descansam na parte de trás do pescoço. Sinal de aflição.


_ Isso foi bom, eu sei... Mas, não deveria ter acontecido. – ela mira o chão e a voz sai como um sussurro.


_ Não se preocupe, Quinn. Você é linda, divertida e a noite foi ótima... Mas, eu não to apaixonado... – o timbre é equilibrado e não há nenhum resquício de rancor – Então, não quer mesmo que eu te espero? – ele checa o celular antes de devolve-lo ao bolso.


_ Não, pode ir... Te encontro na praia mais tarde. – ele concorda com um gesto de cabeça, se despede com um beijo na testa e some das suas vistas. O último resquício da sua presença é a porta batendo ao ser fechada.


Você e eu pegamos pesado

Um no outro como se estivéssemos indo para a guerra

Você e eu somos rudes

Continuamos jogando coisas e batendo as portas


Quinn já tinha acordado sozinha depois de passar a noite com um cara. A sua primeira vez fora exatamente assim. Puck pulou a janela de seu quarto e sumiu antes de lhe dirigir uma única palavra. Matt tinha suas razões. Surfar. Basicamente, ele vivia para isso. O gosto atípico de água salgada ainda estava em seus lábios e era apenas uma brincadeira sem graça da própria mente. O que ela poderia fazer, além de se vestir e seguir para a praia? Afinal, era verão e estava na Califórnia. Tina se distraia fotografando o raiar do sol, ao mesmo tempo em que os inseparáveis amigos se alongavam em preparação para enfrentar as ondas. O negro lhe reconhece a distância, acena e corre para encontrá-la no meio do caminho. Dois braços já tomados pela água lhe envolvem e a iminência do beijo lhe pega desprevenida.


_ Ei, o que você ta fazendo? – ele a encara descrente.


_ Você disse que não tava apaixonado e agora quer um beijo, Rutherford? – o tom quase soa divertido. Soava mais contraditório.


_ Eu disse que não tava apaixonado depois de você falar que tinha sido um erro. O que você esperava, Quinn? – o sorriso tradicional volta ao rosto dele.


_ Eu não... Eu não sei... Simplesmente aconteceu, não é?


_ Yeah, não precisa se preocupar, baby. Nós estamos nos divertindo, certo?


_ Estamos nos divertindo? O que você quer dizer? – ele tenta se explicar inutilmente – Por que adivinha?! Não tem mais graça! – a garota se desvencilha do seu abraço e lhe deixa falando sozinho.


Você e eu ficamos tão

Disfuncionais que paramos de contar o placar

Você e eu somos doentes

Sim, eu sei que não podemos mais fazer isso


_ Essa garota é muito complicado para mim!


_ Esquece, cara. Vamos surfar ou o que? – Mike convence o amigo, que concorda e apanha a prancha. A loira se deixa cair, enfurecida, ao lado de Tina.


_ O que é que aconteceu? Você sabe que eu escutei tudo, não é?


_ Sei, é só que... Não quero ser essa pessoa... Alguém só para se divertir, entende? Isso não faz mais sentido para mim.


_ Matt não ta se divertindo com você, Quinn, não ta brincando contigo... Pelo o que eu sei, vocês tão se divertindo juntos...Você queria algo mais sério?


_ Não, eu só quero entender o que ta acontecendo...


_ Por que pensar nisso, agora? Sério, eu também não tenho noção do que vai acontecer quando o Mike se mudar, mas, não da para controlar o futuro, né?


Não fazer sentido fazia todo o sentido. Ao observar o rapaz sumir entre as ondas, o pensamento de Tina lhe serve de perfeita conclusão. Para que desperdiçar a sua energia com preocupações inúteis sobre um futuro ainda inalcançável? Além do mais, perder a oportunidade de vivenciar o aqui e o agora parece tão idiota. Ela não queria abrir mão do que tinha conhecido até aquele ponto da Califórnia. Contudo, apenas se deixaria levar era algo impensável para Quinn Fabray. A loira suspira longamente e espicha os olhos para o horizonte completamente tomado pelo amanhecer. A regra era calcular cada ação. A simples regra que decidira seguir após o trauma da gravidez inesperada aos 16 anos. Entretanto, se para toda a regra havia sempre a exceção... Por que não fazer do verão a sua exceção? Afinal, aquelas deveriam ser as melhores férias da sua vida.


O seu nome é gritado duas ou três vezes pela asiática até perceber que deveria atender ao chamado. A amiga queria ajuda para colocar o sombreiro para se proteger do sol que já dava amostras que seria escaldante outra vez. A operação é mal sucedida e as garotas decidem aguardam pelo retorno dos surfistas para que o problema fosse resolvido. Tina é discreta o bastante para iniciar a conversa com um assunto muito menos delicado que a briga do quase casal. A menina relembra algumas besteiras da festa na noite anterior e revela a mensagem que recebera de Lily no meio da madrugada. Nellie e Michael tinham se beijado. É, aparentemente, a história de apenas bons amigos tinham sido abandonada por mais gente nas últimas horas. Quinn dá de ombros, coloca os óculos escuros e ri ao flagrar uma manobra errada que acaba com Matt sendo engolido pelas ondas. Revoltado, o negro caminha até a beira-mar para recuperar a prancha, sendo seguido pelo asiático. Tina grita para que o namorado lhe ajude a terminar o dilema com o guarda-sol e outro rapaz se aproxima das cadeiras, coloca a prancha no chão e se joga na areia. Pelo movimento intenso da caixa torácica e a respiração irregular dele, Quinn aposta que ele estava estranhamente exausto. O pensamento lógico lhe lembra que teria certa culpa no desgaste do surfista. Imediatamente, ela sente o rosto queimar de vergonha e precisa se conter para não deixar escapar uma risada a toa. Era ridículo manter aquela tensão entre os dois. A loira, então, abandona a cadeira e para diante do rapaz ainda tentando recobrar o fôlego.


_ Você quer tentar surfar de novo? – o timbre totalmente sereno não causa surpresa. Matt era o cara mais tranqüilo que conhecera e a resposta é formulada com um aceno de cabeça – Antes disso, podemos conversar? – ela assente e se acomoda ao lado dele – Olha, eu não sei o que você tem contra diversão, mas, eu acho que se divertir significa dois amigos que gostam muito um do outro, fazem um sexo incrível e querem passar mais tempo juntos. Tem algo de erro nisso?


_ Não, não mesmo. Sinceramente, soa muito bem. – ela sorri levemente constrangida pelo julgamento anterior das intenções do rapaz.


_ Tudo certo entre nós? – ela acena afirmativamente e beija o rosto dele – Ótimo! Vamos para das ondas, então?


Mas querida, aí vai você de novo me fazendo te amar

Sim, eu parei de usar minha cabeça, deixei tudo para lá

Tenho você presa no meu corpo, como uma tatuagem

E agora eu me sinto estúpido, rastejando de volta para você


Almoço na melhor lanchonete do balneário. Música, fiascos e desafinação no karaokê durante a tarde que deveria ter sido gasta na bendita faxina do apartamento. Aylin precisa correr para chegar na hora determinada pelo pai, Lily e Nellie se despedem para mais um treino de voleibol e a bronca estoura nas mãos do casal Chang. Uma excursão superlota a sorveteria e o turno de Charlie e Matt se prorroga além do previsto. O celular é esquecido na correria e Quinn se enfurece com a demora inexplicável. Um telefonema e o complicado se transforma em péssimo. A limpeza avança com lentidão e ainda revela três peças de decoração quebradas. Ela se enfurece pelo descuido dos amigos e solta alguns xingamentos a esmo. As batidas na porta antecipam o momento de fúria, que é totalmente destinado ao garçom. Matt é sumariamente escorraçado pela garota sem que tenha a oportunidade mínima de justificar o atraso. Apesar da explosão, ele releva o sermão, dá as costas a loira, cumprimenta o casal e afirma que chegara com o jantar. Tranquilamente, o negro se dirige para a cozinha, se acomoda, puxa uma cadeira e pega um sanduíche e o copo de suco. A loira lhe segue e sem sucesso em irritá-lo, desiste da briga e some no corredor. A porta de um quarto é fechada com toda a força e a mensagem é suficientemente clara. Ninguém deveria perturbar.


_ Será que eu deveria tentar falar com ela? Talvez, ajude a desabafar ou algo assim. – Tina cogita e o namorado dá de ombros já se encaminhando para a mesa da cozinha.


_ Não vale a pena. Agora, ela só quer alguém para gritar... Não vai adiantar nada. Mas, vocês poderiam me dizer o que aconteceu com aquela maluca! – Matt questiona retirando o restante do lanche que trouxe para dividir com os amigos.


_ Nós nos perdemos no tempo cantando e brincando com o karaokê e não arrumamos nada da bagunça da festa. – revela a menina.


_ E, daí? A irmã dela chega só no fim da semana! – o negro estranha a preocupação descabida.


_ É, nós sabemos... Só que tem mais coisa. Alguém reclamou da barulheira que fizemos ontem e ligou para o sindico – Matt releva o motivo. Afinal, tinham reduzido o som a partir do horário determinado pelas normas do condomínio – E você não vai acreditar nisso... Esse morador reconheceu a Aylin e achou um absurdo a presença de uma “terrorista” no prédio e telefonou para a Frannie para tirar satisfação. Isso é insano!


O comentário do melhor amigo choca Matt ao extremo. Pela cor da sua pele já teve que conviver com olhares de indiferença e piadinhas idiotas, contudo, nunca se deixou abalar com a postura preconceituosa de pessoas que sequer lhe conheciam. A situação mudava drasticamente quando o alvo era algum ente querido. A postura de Quinn poderia se justificar, afinal, ele também ficaria enfurecido se ouvisse algo semelhante. O problema era descontar tamanha indignação nas costas das pessoas que lhe apoiavam. O negro oferece alguns sanduíches para o casal e divide o refrigerante que pegou na lanchonete. A ideia inicial era jantar e continuar com a limpeza. Após quase uma hora sem um sinal da responsável pelo apartamento, a melhor coisa que poderiam fazer era dar continuidade a faxina. Por volta das onze da noite, Mike resmunga algo incompreensível e aponta para as costas. O asiático estava se queixando de dores desde a manhã em função de uma queda no surfe e o impacto da prancha em suas costelas. Ao erguer a camisa para massagear a área dolorida, a namorada percebeu mesmo a distancia o enorme hematoma. A questão era o que fazer agora. Matt aconselha o casal a retornar para sua casa e descansar pelo restante da noite, enquanto ele tratava de manter a sua palavra independentemente dos contratempos. O negro se livra da camisa, se apodera do sofá, liga a televisão, sintoniza em um filme de ação e se distrai facilmente. Ele estava prestes a pegar no sono, quando sentiu o sofá ceder do outro lado. Quinn se sente ao lado do rapaz e respira profundamente, ainda bastante furiosa.


_ O que você ta fazendo aqui ainda? Nós estamos brigados, lembra? – ela dispara e faz o garoto pular, novamente alerta.


_ E daí? Eu disse que te faria companhia e costumo cumprir as minhas promessas. – ele se acomoda o bastante para não fechar os olhos.


_ Não me importa, Matheus! Eu não pretendo falar contigo nas próximas horas!


_ Excelente! Eu aproveito para colocar o meu sono em dia... – ele tenta ao máximo não ceder a confusão, porém, a voz sai mais alta que o normal.


_ O que? Você não ta achando mesmo que eu vou dormir contigo, né? – a loira se levanta, leva as mãos e cintura e balança a cabeça em descrédito.


_ Tanto faz, Quinn. Eu vou dormir, você pode virar para o outro lado e resmungar a noite inteira... Não faz diferença! – o negro se cansa da discussão a toa, se ergue em um salto do sofá, apanha a camisa no chão e se encaminha para o quarto.


Então faço uma promessa que espero cumprir até morrer

Que só ficarei com você mais uma noite

E eu sei que disse milhões de vezes

Mas só ficarei com você mais uma noite


Ela bufa, resmunga por minutos, se rende ao cansaço do dia mais problemático que enfrentara desde que pousou na Califórnia e acaba se deitando de costas para o rapaz já adormecido. Quinn acordou com um clarão rasgando o céu no meio da madrugada. Ela coça os olhos e outro estrondo estremece tudo ao seu redor. Uma tempestade. Uma tempestade horrível. A jovem estende a mão para alcançar o celular em cima da cômoda e se espanta com cinco chamadas perdidas de sua mãe. Ela tinha todo o direito de estar irritada. Desde a chegada na Califórnia, a loira podia contar nos dedos da mão as vezes que se dignou a dar notícias para Judy Fabray. Isso podia ser resolvido pela manhã. Agora, ela tinha problemas maiores. Afinal, Quinn Fabray odiava tempestades.


_ O que? Por que você ta me olhando desse jeito? – ele arqueja as sobrancelhas contrariado tão logo abre os olhos no novo dia. A loira solta aquela gargalhada. A gargalhada que ele estava começando a adorar e ficando muito bom em provocar.


_ Você ronca, sabia? – ela se apóia nos cotovelos para encará-lo.


_ Yeah... Desculpa por isso. Não te acordei, não é? – ele cobre o rosto com as mãos pela vergonhosa descoberta.


_ Não... Sinceramente, eu gostei de ouvir.


_ Agora, eu fiquei preocupado... Você tava prestes a me chutar desse apartamento ontem a noite e, de repente, diz que gostou do meu ronco? O que diabos aconteceu?


_ Já te contei que odeio ficar sozinha a noite, só que eu morro de medo de tempestades...E acordei completamente apavorada de madrugada com os relâmpagos... Mas, ouvir o seu ronco me lembrou que você estava aqui. Isso me fez bem. – o sorriso dela aparece, finalmente. Aquela garota poderia ganha-lo com um simples sorriso.


Tento lhe dizer "não"

Mas meu corpo continua te dizendo "sim"

Tento lhe dizer que pare

Mas seu batom me deixa sem fôlego

Eu acordaria

De manhã provavelmente me odiando

Eu acordaria

Me sentindo satisfeito, mas culpado para caramba


_ Sério? Meu pai comentou que o tempo poderia piorar durante a noite...Você deveria ter me acordado, Quinn. – ela nega com a cabeça e se espreguiça antes de se esgueirar para fora da cama – Nem parece que choveu... O céu ta completamente limpo!


_ Eu imagino que esteja perfeito para o seu sagrado surfe, não é? – ela se senta na cama e estica os braços a fim de espantar a preguiça.


_ Isso. E Uau! Já to bem atrasado para encontrar os caras na beira-mar! – ele se espanta ao checar o horário no celular em cima da cômoda.


_ Você toparia atrasar um pouco mais? Me arrumo rápido e vamos juntos? – o convite soa horrivelmente irrecusável. Entretanto, ainda tinham contas a acertar.


_ Pode ser... Desde que você me conte o que aconteceu de verdade ontem, Quinn. – o colchão de casal cede com o peso do rapaz.


_ Tenho certeza que o Mike e a Tina já te contaram tudo. – ela abraça as próprias pernas e mira ao longe pela janela, genuinamente envergonhada pelo comportamento anterior.


_ Yeah, mas, eu to te perguntando... Nunca te vi tão zangada desde a gravidez e as trapalhadas do Puckerman. – ele quase deixa escapar a risada. O momento ainda clamava por seriedade.


_ Sei que não deveria ter descontado em vocês... Eu só tava enjoado com o resto do mundo, sabe? Minha irmã achou tudo ridículo...Como alguém pode falar aquelas coisas sobre uma menina como a Aylin? Céus! Ninguém é capaz de falar com ela por mais do que um minuto sem achá-la o máximo!


_ Eu sei, já ouvi esse tipo de coisa, como sei que você também... Mas, o que eles dizem não é quem você é... A gente escuta e esquece... Simples assim, certo? – ela concorda e imediatamente, é envolvida pelo caloroso abraço de Matt Rutherford.


Mas querida, aí vai você de novo, aí vai você de novo

Me fazendo te amar

Sim, eu parei de usar minha cabeça, usar minha cabeça

Deixei tudo para lá


Quinn ouvira e lera por ai que a melhor parte em brigar com namorado ou algo parecido era fazer as pazes. E, definitivamente, ela precisava concordar. Atrasados, muito atrasado. A loira ri com vontade pela expressão desesperada dele ao se deparar com mais de dez ligações perdidas e incontáveis mensagens no celular. O mundo real exigia as suas presenças novamente. Ao alcançarem a beira-mar, Quinn inventa milhares de desculpas para não percorrer os poucos metros restantes. O negro revira os olhos, lhe chama de preguiçosa e, por fim, acaba fazendo a vontade a alheia e carregando-a nas costas. Mike avista os amigos, acena pra identificar o local e acha esquisito o clima tão amistoso. Tina também reconhece casal que não era e verbaliza a sua indignação. “Quinn Fabray era complicada demais”. Nellie e Lily arrasavam com Michael e Charlie em uma partida de voleibol, enquanto o casal asiático e Aylin se deliciavam com vários sorvetes. Quinn é colocada no chão e, no instante seguinte, o rapaz desaba no chão alegando estar a beira de um colapso. A loira exige silencio e rouba um sorvete das mãos do garoto chinês, antes que pudesse experimentar.


_ Ei, era o meu sabor predileto! – a loira de ombros e devora o sorvete para infelicidade do dançarino – Eu preferia quando você tava aloprando só com o Matt!


_ Cala a boca, Mike! Nós achamos que a Quinn tinha te matado e tava demorando tanto porque precisava se livrar do corpo. – Tina solta a teoria mirabolante e todos rolam de rir.


_ Vocês brigaram ontem? Por que? Tava tudo bem quando saímos do apartamento...


A pergunta de Aylin encerra o riso coletivo e muda drasticamente o semblante da loira, que encara Matt antes de se arriscar a responder o questionamento. O negro, tranquilamente, apanha um sorvete qualquer, joga a cabeça para trás e manda a bomba.


_ Ela é louca na cama e eu gosto das coisas mais normais, entende? Então, ainda estamos aprendendo a resolver essas diferenças!


Tenho você presa no meu corpo, no meu corpo

Como uma tatuagem

E agora eu me sinto estúpido, me sinto estúpido

Rastejando de volta para você


O rosto de Quinn é tingido de vermelho e a palavra “mentira” sai repetitivamente de sua boca. Mike e Tina explodem em risadas, Aylin quase sufocada pela frase totalmente inesperada e Matt gargalhava e tenha escapar dos fortes tapas da loira. O quarteto interrompe o jogo após escutar os gritos e o ataque histérico de risos. Mike repete a lendária frase do amigo e os quatro recém-chegados praticamente perdem o fôlego ao rir tanto. Quinn cruza os braços visivelmente constrangida e se desvencilha dos sucessivos abraços do surfista. Michael se deixa cair na areia e reclama de dor intensa no abdômen pelo riso mais duradouro de seus 15 anos. Nelly estapeia o braço do namorado e com certa discrição pede que se compadeça da situação vergonhosa da garota de Ohio. Charlie descansa a cabeça nos ombros de Aylin e desata a rir novamente. Tina alega que seus olhos jamais tinham se enchido de lágrimas por rir demais e formula algo semelhante à desculpa pelo ataque histérico. Finalmente, a loira acha graça na idiotice pronunciada a seu respeito e devolve com um tabefe leve no peitoral do garoto, que beija demoradamente a sua bochecha.


_ Além de rir da minha cara, vocês tinham programado algo mais para hoje? – Quinn dispara ao notar que as risadas tinham cessado.


_ Tínhamos combinado de treinar mais para os campeonatos do fim de semana, mas, o casal achou algo mais interessante para passar o tempo, né? – Mike provoca o melhor amigo.


_ O que? Eu e Matt não somos um casal... Nós... Eu... Bom, nós somos amigos. – a resposta da loira é pouco convincente.


_ Claro... Amigos... Amigos que ficam pelados juntos. – o comentário indecente de Lily é praticamente ignorado pela loira, que retoma a conversa.


_ De novo... Além de rir da minha cara, vocês tinham programado algo mais para hoje?


Vôlei. As garotas se distraem com seguidas partidas de voleibol desafiando a dupla formada por Nellie e Lily. Os garotos gastam horas a espera da onda perfeita e se contentam com ondulações não tão desafiadoras. Com o calor excessivo, todos os caminhos levaram os adolescentes para o refresco da água gelada do oceano. Horas andando de um lado pra o outro atendendo aos mais variados clientes e amargando parte da noite no termino da faixa do apartamento. Matt estava implorando por um descanso, afinal, o que menos fizera na semana fora dormir. Não, nada de parar. Michael sugere uma partida de boliche com garotos contra garotas valendo uma rodada de pizzas Na primeira tentativa, ele passa por um enorme fiasco e a vontade é voar no pescoço do namorado de Nellie. Apesar da pouca contribuição, o time masculino se sagra vencedor e o rodízio de pizzas fica por conta das meninas, conforme o combinado. Lily exige marcar a data da revanche e o negro quase suplica pela debandada ao escutar a intenção de Quinn e Tina em prolongar a estadia no barzinho para aproveitar o show acústico. Matt junta as mãos e agradece mentalmente aos céus pela péssima qualidade da bandinha. Sinceramente, os números musicais do Clube Glee eram mais afinados que aqueles quarentões chapados metidos a hippies.


O trajeto para as respectivas residências é feito pela beira-mar, como de costume, e na esquina para o condomínio residencial, não há nada para pensar. Quinn entrelaça a sua mão a de Matt ao se despedir do casal asiático. O gesto causa surpresa no negro, especialmente, após a declaração de serem apenas bons amigos. Não, nada disso. Ao se depararem com a privacidade do apartamento, a definição de Lily soa muito mais convincente. As roupas acabam esquecidas pelo chão e os abraços lhes direcionam diretamente para a cama. No fim, pode-se considerar que eram amigos com benefícios. Muito benefícios, inclusive, a companhia um do outro pela manhã ao acordarem para o mundo.


Então faço uma promessa que espero cumprir até morrer

Que só ficarei com você mais uma noite

E eu sei que disse milhões de vezes

Mas só ficarei com você mais uma noite


_ Ah, então eu só precisava dizer tchau que você prepararia o café da manhã? Eu sou uma idiota mesmo! – ela debocha ao encontrar a refeição servida na mesa da cozinha.


_ Não exatamente... Eu sabia que o tempo estaria péssimo e não daria para surfar... Ai, resolvi adiantar o nosso café da manhã. O que achou? – ele coloca o último item necessário para a primeira refeição do dia e puxa uma cadeira.


_ Parece ótimo...Posso experimentar, agora? – ele concorda – Parece ótimo e está excelente. Sempre que estiver ruim para surfar, por favor, apareça! – ela ri com vontade e solta aquela gargalhada. A mesma gargalhada que estava se tornando o seu som predileto no início de cada dia.


_ Eu tava pensando nisso mesmo, sabia? – ela lhe encara curiosa – Você disse que essa seria a última noite que eu poderia dormir aqui porque sua irmã chega de viagem, né? Mas, se a gente prolongasse isso por mais umas 28 ou 29 noites?


_ Você quer dizer até eu ir embora? – ela gesticule positivamente – Mas, você sabe que não vai poder dormir aqui... E acho difícil seus pais concordarem com isso.


_ Eu sei, mas, não é só sobre isso... Eu to realmente gostando disso... E bom, estamos presos um ao outro pelo resto do verão, não é? – ele abre um sorriso invejável e se espreguiça a fim de se livrar dos últimos resquícios do sono.


_ É, acho que sim... E você tem certeza sobre isso? – ela arqueja as sobrancelhas e seu timbre sai mais sereno que o habitual.


_ Não, e daí? Nós nos divertimos tanto juntos, por que parar de repente? – ele abandona a cadeira e circula a mesa em direção a garota.


_ Um dia depois do outro? – ela aceita a mão, acaba nos braços dele e presume como a conversa seria encerrada.


_ Exatamente. Posso te beijar agora? – ela acena afirmativamente e fecha os olhos sem tirar o sorriso do rosto. Mais do que bons amigos e menos do que um casal... O que diabos ela e Matt Rutherford eram mesmo? Não fazia diferença. Não agora, não com mais 28 ou 29 noites pela frente. Afinal, era verão e aquelas já estavam sendo as férias de sua vida. Para que se preocupar justo agora? Não, nada disso.


Sim, querida, me dê só mais uma noite

Sim, querida, me dê só mais uma noite

Sim, querida, me dê só mais uma noite


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