POV KAT

Passou uma semana dês do incidente com o futuro padre. Depois disso, ele nunca mais olhou pra mim e sempre que eu chegava ele corava, ai que amor. Bem, de santo aquele só tem a cara, por que na cama meu bem... Confesso que fiquei meio magoada, porra, meus amigos nem pra me ligarem pra ver se eu to bem? Mas que amigos de merda que eu fui arranjar hein.

Hoje é véspera de natal e as freiras aqui tão programando uma missa na maior igreja da cidade, com direito a teatrinho e tudo. Ontem liguei pra minha mãe e expliquei a situação, graças a Deus ela entendeu, ficou meio decepcionada por eu não passar o natal com ela mas no final ela concordou, disse até que ia passar na tal igreja pra me dar um abraço.

Já não aguento mais essa rotina de sempre, e se eu tento animar um pouco as irmãs/vaca velhinha me tranca em um quartinho e me obrigam a ficar rezando, coitadas, pensam que vão apagar meu fogo. Hoje a gente vai ajudar crianças carentes em uma instituição aqui perto, esse é o único dia que eu realmente gosto, elas me lembram a Prim. Tem uma menina, ela deve ter uns cinco, seis anos, ela é baixinha e ruiva, uma linda, toda vez que eu vou lá ela logo pular no meu colo e brincar com meus cabelos, espero que hoje ela esteja lá. Logo depois do almoço fizemos uma fila (eu e outra menina, que descobri que se chama Ana) para sair em passeata até a instituição. Era por volta de 13:00, fico imaginando o que meus amigos estão fazendo a essa hora, provavelmente se divertindo muito mais que eu. Saímos com duas irmãs mais velhas na frente e outras duas atrás, como se estivessem nos escoltando. Logo passamos por um grupo de meninos, deviam ter aproximadamente minha idade, começaram a assoviar e gritar:

–LINDA! GOSTOSA! FREIRA SAFADA! – daí em diante. Olhei para os lados e apontei pra mim, como se perguntasse se esses “elogios” fossem pra mim e eles assentiram rindo. Sai da formação, com a irmã velha gritando e dizendo pra eu voltar.

–Vocês estavam falando de mim? – perguntei com a voz mais sedutora que era possível sem rir.

– Aham – disse um meio grogue. Fui até sua direção, quando faltava um centímetro entre nossos corpos, dei-lhe um maravilhoso tapa na cara.

– Lave a boca pra falar de mim, pelego- disse dando meia volta. Ah muleque, hoje eu to difícil.

Voltei pra formação com quatro irmãs me olhando incrédulas e Ana rindo. Não é que eu não goste de ser freira, eu odeio, mas odeio provocação na rua, sempre quis fazer isso um dia. Cheguei lá e meu amor ruivo veio correndo na minha direção. Ah, se a Prim estivesse viva.

...

POV Cato

Essa semana foi um C-A-O-S, nunca vi tanta gente triste e chorosa junto. Depois que saímos da casa da mãe da Kat fizemos uma votação, pra saber o que iriamos fazer. Finn, Peeta e Clove votaram em esperar ela nos ligar, enquanto eu e Annie para irmos atrás dela. Fiquei totalmente bolado com isso, mas somos um grupo ainda, temos que seguir a maioria. Eles são muito orgulhosos pra ir atrás dela, isso sim.

Acordamos com a casa imunda, uma semana sem roupa lavada nem louça lavada, ECA. Finn estava parecendo um zumbi, a base de café e murmurando toda hora: “A culpa é minha, é minha, minha, minha”; Peeta cozinhava pra aliviar o stress, mas pelo visto não gostava de lavar a louça, então temos comida pra três meses mas louça suja de uma semana; Clove ficou a semana toda trancada no quarto e eu ia dar comida pra ela de vez em quando e seu estado ta sempre deplorável, ela não tira o pijama (há uma semana), sua maquiagem está sempre borrada e o quarto ta cheio de papel e caixa de filmes; eu estou condenado, arrasado por dentro, mas tento manter a ordem nessa casa (o que não está dando muito certo) e Annie fica enfiada no computador/celular dia e noite, noite e dia. Mas hoje é véspera de natal e eu vou arrumar essa bagunça. Ajudei a Clô a ir até a mesa para tomarmos café, todos com cara de acabados, quando eu explodo.

– PUTA QUE PARIU, VOCÊS SÃO TUDO UM BANDO DE ORGULHOSOS METIDOS A BESTA DO CARALHO, VOCÊS ESTÃO SE ARRUINANDO. VOCÊS ACHAM QUE QUANDO A KAT TOMOU A DECISÃO DE VIRAR FREIRA QUIS QUE A GENTE FICASSE ASSIM? OBVIO QUE NÃO PORRA. MAS ELA FEZ ESSA MERDA, AGORA A GENTE TEM QUE AJUDAR, NÃO FICAR SE MARTILIZANDO PORRA! POR QUE É ISSO QUE OS AMIGOS FAZEM: MERDA! E A NOSSA OBRIGAÇÃO É AJUDAR AQUELA FILHA DA PUTA, CORNA DESGRAÇADA. – gritei o que estava entalado na minha garganta a uma semana.

– Então o que você quer que a gente faça hein Cato soberano? – diz Annie.

–A gente vai resgatar ela hoje, E SEM RECLAMAÇÕES! – digo me sentindo o líder do mundo.

...

POV KAT

Chegamos da instituição e fui informada que teria uma pré-missa as quatro da tarde. Puta que pariu, não aguento mais ir em missa. Não ta dando mais. Então invés disso fiquei na capela, com meu diário (já que eu não tenho ninguém pra conversar, tenho que me expressar de alguma forma) desenhando e escrevendo poemas que eu tenho decorado. Depois de algumas páginas alguém entra correndo na capela. Sam (o menino/futuro padre que eu peguei) entra ofegante, e cara, ele é lindo de verdade, ele tem por volta de 1,70m, cabelos escuros e olhos verdes. Fico analisando-o tempo suficiente para ele se sentir sem graça.

–Ér... Desculpa senhorita Katniss, é que eu não te vi na missa, fiquei preocupado e...

–Tudo bem meu amor- disse me aproximando dele.

–Desculpa senhorita, por aquele dia, bem eu...

` -Não precisa de desculpar meu querido Sam, você fez o seu trabalho muito bem- disse já arrancando aquele paramento (roupa de freira) e seus olhos transbordados de desejo.

–Nossa senhorita, wow

–Pois é né, quer ajuda pra tirar sua roupa querido Sam? – digo com as mãos na cintura. Logo começamos a nos beijar e ai, bem, meio que me ocorreu um déjà vu, se é que vocês me entendem.

...

–Sam, meu lindo, por que você quer virar padre hein? - perguntei enquanto recolocava minha roupa.

–Minha mãe me obrigou, ela não gostava da minha noiva e disse que se eu não entrasse pro convento ela iria se matar e mataria meu pai também. Eu ia me casar Kat, minha noiva disse que me esperaria e tal, mas não há mais esperança pra nós- diz com lagrimas nos olhos.

–Wow, acho que sua situação é ainda pior que a minha, que barra.

–Pois é. E você? Por que está aqui Kat?- perguntou e lhe contei minha história.

–Nossa, que tenso Kat. Mas olha, se precisar conversar com alguém ou simplesmente transar, pode contar comigo- disse me dando uma piscadela.

–Obrigada Sam, pode contar comigo também. Agora vamos que logo logo as irmãs vão querer nos reunir pra irmos pra tal igreja.

...

POV CATO

Obriguei a todos a arrumar a casa, cada um começando por seu quarto e depois a sala e a cozinha. A situação estava hard. Meldeus, que zona. Enquanto isso, liguei pra mãe da Kat que disse que ela ia hoje pra uma missa na igreja matriz. Fizemos um plano: OPERAÇÃO VACA, espero que dê tudo certo, nem imagino o que aconteceria se ela não quiser vir com nós e ... PARA. Vamos pensar positivo.

Finn e Peeta estão totalmente envergonhados por não ter ligado pra ela, agora eles ficam: “Ai meu Deus, será que ela ta bem?”; “Será que ela ta brava comigo” e blá blá blá. Clove está pensando em como vai matar ela por ela ter fugido. Quem diria que eles foram os primeiros a “esperar ela ligar primeiro”.

Todos arrumados, bonitos e cheirosos. Operação Vaca em ação.

...

POV KAT

Estávamos na igreja, só tinha irmãs e futuros padres, da nossa congregação e outras também. Cara, muito engraçado falar em primeira pessoa, “nós”, como se eu realmente fizesse parte disso, mas eu não quero, não quero isso pra minha vida, não quero ser igual àquela velhinha vaca, não, não, não.

Já estávamos no fim na missa quando um bando de jovens entram na igreja, batendo porta e tudo. Será que eles não vão se tocar que estão no meio da missa? Quando olho para trás, vejo Cato, Finn, Peeta, Annie e Clove sorrindo e acenando pra mim. Eu rio. Então Finn ficou. ELE FICOU. Meu coração vai explodir de tanta felicidade. O padre para a missa e olha para meus amigos.

–Fiquem quietos, se não vou ter que pedir que se retirem.

–EU PROTESTO! – diz Peeta, como se estivesse em um casamento.

–NÃO, NÃO, EU PROTESTO!- diz Finn, rindo. Pulo a cordinha e vou na direção dos meus amigos, dos meu idiotas.

–KATNISS EVERDEEN, SE VOCÊ FOR EMBORA SUA FAMILIA NUNCA MAIS PODERÁ FAZER PROMESSA ALGUMA E VOCÊS SERÃO REJEITADOS PELO SENHOR- grita a velhinha vaca.

–Que se foda- disse dando uma piscadela para o Sam que estava rindo e outra para a irmã COM cara de chocada. Abracei tanto e dei um tapa em cada um.

–SEUS IDIOTAS, POR QUE DEMORARAM TANTO PRA ME BUSCAR?

–FILHA DA PUTA, POR QUE VOCÊ FUGIU PRA VIRAR FREIRA? SUA MAL AMADA, DESGRAÇADA, CACHORRA, GALHINHA... – gritou Clove me batendo, vale ressaltar que estávamos no meio de uma igreja cheia de padres e freiras.

–Vem Clô, vamos sair daqui- disse dando um beijo em sua testa e abraçando-a.

Saímos de lá e contei todas as novidades, até do Sam, o que fez Peeta e Finn me encararem como se quisessem me matar.

–Olha, vamos deixar bem claro aqui que eu queria te buscar dês do momento que a gente soube que você estava no convento – disse Cato.

–Awn, eu sabia que você É O ÚNICO QUE TEM O MINIMO DE INTELIGENCIA AQUI- disse abraçando meu best.

–É Kat, a casa lá tava uma zona. Peeta e Finn estavam arrasados- disse Clô.

–E você também né Clotilda?- disse Annie.

–Jura? – disse olhando para os dois que tentavam olhar pra qualquer outro lugar, além de mim.

–Aham– disse Cato. Ficamos conversando até umas onze horas, quando decidimos ir em algum restaurante.

–Mas vai estar tudo lotado agora- digo.

–Eu conheço um, vamos- diz Peeta.

...

Chegamos no restaurante il Cibo (A comida em português), um dos restaurantes italianos mais badalados do estado.

–Peeta, meu amor, como a gente vai entrar ai esse horário?

–Calma Kat, deixa comigo. – diz indo em direção a moça das mesas e diz alguma coisa, ela logo acha uma mesa pra nós. – Vualá- diz Peeta.

–O que você disse pra ela Peeta? – pergunta Finn.

–Ahn... Bem... Meu nome.

–Mas o que tem seu nome?

–Meu vô é o dono do restaurante.- diz envergonhado.

–AAAH QUE MARAVILHA, olha gente, agora podemos vir mais vezes aqui- diz Cato rindo.

–Olha, são 23:50. Vamos comer logo – comemos em dez minutos, ou em quase isso. Quando deu meia noite teve queima de fogos e nós (alguns com comida na boca ainda) nos abraçamos e nos beijamos, cantamos músicas natalinas e essa coisa toda.

–Obrigada gente, feliz natal, vocês são a minha família. Amo vocês. – digo

–Também te amamos Kat – diz Finn pelo grupo.

–Um brinde- propõe Annie.

– À nós! – diz Clove

–À nós!