Spirited Away 2 escrita por otempora


Capítulo 21
Amor


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sei que eu demorei um pouco mais para escrever esse capítulo, mas minhas sextas feiras são meio complicadas.
Na segunda voltarão as aulas e eu creio que só poderei trazer um novo cap. lá pela terça feira. Sinto muito.
Obrigada pelo pessoal que está lendo. :)



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As coisas estavam mais calmas, a euforia do dia foi substituída por um imenso cansaço que tomava conta dos três.


Haviam aproveitado um banho prolongado, depois de uma refeição. E agora estavam separados em dois quartos. O quarto de Zeniba fora dividido entre ela e sua irmã, que discutiam baixinho. As duas sempre estavam brigando por alguma coisa. E no quarto de Boh, estavam ele e Chihiro, que estavam sentados na única cama do aposento. Nenhum dos dois queria ficar junto de Yubaba e agradeceram internamente pelos arranjos que Zeniba fizera.


- Eu deixei de morar com Yubaba. – disse Boh, explicando a presença de grande parte de seus pertences ali. – O clima estava se tornando insuportável.


Chihiro se remexeu, brincando com a barra da camiseta que Zeniba lhe emprestara. Era muito grande e lhe cabia como um vestido largo demais. Boh sabia que ela estava se sentindo incomodada.


- Queria saber o que aconteceu... – comentou baixinho.


- Quando? – ela estremeceu quando Boh pegou uma mecha de seu cabelo molhado e começou a enrolá-lo entre os dedos.


- Não entendo muito bem como tudo isso começou.


- Foi meio que culpa de Yubaba. Embora, na época, ela não soubesse no que isso fosse resultar.


- Como assim?


- Ela vendeu Sem Rosto. Ele estava morando aqui com Zeniba e há muitos anos atrás apareceu na Casa de Banhos um ser procurando por um Deus Errante. Atiçou a ambição dela com alguns diamantes e ela lhe deu em troca o que ele queria. – falou com azedume.


- Mas então vocês sabem quem é!


- Não, ele estava se protegendo bem. Acho que aquilo que conversou com Yubaba era um demônio, e ela nem percebeu... Passou-se muito tempo sem termos notícias dele, até que eu descobrisse o que ela havia feito. Sem Rosto estava feliz aqui. – comentou emocionado. – Yubaba disse que foi roubada, um deus endiabrado que havia lacrado quando era jovem, ele se instala num hospedeiro e pode controlá-lo. Por isso as cópias precisam de sangue... É o que esse deus pediu em troca de fazer o serviço. Ela acusou o Bedel de ser o autor dessa confusão, lembra-se dele? – não esperou pela resposta de Chihiro. – Porém, pelo que Zeniba tem visto, não pode ter sido ele.


Chihiro suspirou.


- Então, por que estão tentando tanto achar o Sem Rosto original?


- Se conseguirmos retirar o que o controla, podemos coagir o deus a nos contar ou pelo menos nos dar uma pista de quem está fazendo isso. Por enquanto, não podemos atingi-lo.


Tirou os óculos do rosto e esfregou os olhos com os dedos da mão direita. Encostando a cabeça na parede, virou-se para Chihiro.


- Você é forte... eu sei que sim. – ouviu-a murmurar.


- Mas não o suficiente.


- Não quero que parta. – afirmou, retomando a conversa perdida. O olhar dolorido retornando.


Boh tocou seu rosto e lhe deu um plácido sorriso.


- Sabe que não pode ter tudo


- Eu sei... Mas não me sai do peito essa sensação. – baixou a cabeça, envergonhada. – Sei que não quer conversar sobre isso.


- Que sensação? – ignorou as últimas palavras dela, levando seus dedos até o queixo da menina forçando-a a olhá-lo.


- A de que Haku não está morto.


- Chihiro, eu vi o corpo dele.


Ela balançou a cabeça, relevando a informação.


- Eu nunca acreditei realmente.


- Não faça isso consigo mesma. – implorou Boh. – Vai ficar tudo bem.


- Não é isso, Boh! – afirmou exasperada. – Eu não quero ter que escolher.


- Eu não creio que seja uma questão de escolha... – afirmou pausadamente.


- Lute, é a única coisa que estou pedindo.


Boh encarou aqueles olhos escuros, procurou as justificativas para aquelas palavras.


- Você está fraquejando? – perguntou, vendo aqueles orbes negros se arregalarem. Viu o tremor nos lábios dela.


- Eu sei que Haku não está morto, e se você se sacrificar por isso... – não completou a frase.


- Chihiro, por favor.


- Não posso refrear isso, Boh.


- Que provas você tem? – afastou-se dela deliberadamente, o rastro quente de seu contato esfriando rápido demais. – Não me peça para ficar! – o sussurro foi cortante.


- Bou... Você tinha razão, eu não sei quem é Haku. E eu acreditei todo tempo que o amava e era verdade, porém... – doía-lhe dizer isso, abdicar de seu muro cuidadosamente construído. As resoluções que havia tomado eram tão fracas, mas ela sabia que iria fraquejar, como dissera Boh. A baixa voz no fundo de sua mente lhe falava a verdade. – Eu preciso de você, e você é real. – tocou os cantos da boca dele, como que para constatar o fato de sua materialidade. – Preciso mais do que aquela lembrança que tenho, pois você está aqui na minha frente. E eu tenho medo que não esteja mais daqui a algum tempo. – balançou a cabeça. – E porque eu tenho esse pressentimento, não significa que vá correr para os braços dele quando o vir. – abaixou a cabeça, sentindo a fragilidade de sua posição. – Eu disse-lhe uma vez que nunca amaria alguém da mesma forma que amei Haku. E isso é verdade, mas... – tomou-lhe as mãos e viu que ele a encarava seriamente e isso a incitou a continuar. – Eu te amo de uma maneira diferente, pode ser menos intenso, mas é mais reconfortante. Não quero criar um desespero, sabendo que você vai partir.


- Meu anjo. – ele estava emocionado, colocou os óculos novamente em seu rosto para que pudesse vê-la de verdade. – Sabe do que está falando? – perguntou para ter certeza, rompendo o momento de seriedade. Chihiro riu.


- Acho que sim... – brincou, prendendo os olhos nos dele. O silêncio se aprofundando, ela arrepiou-se ao ouvir o murmúrio satisfeito de Boh.


- Então, diga novamente. – pediu. Procurando os lábios dela com os olhos.


- Eu te amo, Bou. – as quatro palavras tiveram um efeito mágico, puxando-o para a boca entreaberta que aguardava pelo contato.


- Eu também te amo. – respondeu aproximando-se, sentindo a respiração dela tocar suas bochechas fazendo-lhe cócegas. Tocou-lhe os lábios com sua comum gentileza, sem deixá-la se afastar.


Mesmo assim, estava decidido.  


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