Spirited Away 2 escrita por otempora


Capítulo 22
Sentimentos que transcendem o tempo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal,
Me desculpem, eu sei que isso está se tornando um hábito, mas eu não consegui terminar o capítulo na segunda e na terça eu nem entrei no computador. A escola está sendo mais puxada do que eu esperava.
O nome do cap de hoje é o mesmo do primeiro filme do InuYasha, um anime maravilhoso, recomendo que assistam.
Boa leitura.



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Boh beijou os cabelos de Chihiro, deliciando-se com a sensação de maciez em contato com seus dedos e rosto. Ela adormecera profundamente em seus braços, a cabeça pousada em seu peito ouvindo as batidas irregulares de seu coração, rindo levemente para ele, um som suave e musical que preencheu o quarto. Ele não conseguia ver perfeitamente seu rosto, somente as pálpebras cerradas e as bochechas rosadas, seu semblante sereno indicando um sono sem pesadelos. Não queria dormir, lutava contra a sonolência que por vezes o dominava, tinha medo que fosse tudo um sonho bom demais. Tentava ganhar minutos a mais antes do sol nascer, gastando todas as velas deixadas naquele quarto. Pensou seriamente em parar o tempo, mas suspirou resignado um pouco antes dessa ideia se concretizar, não podia adiar isso muito mais. Tomou uma das mãos de Chihiro que estava pousada sobre sua barriga e enlaçou os dedos nos dela, tomando cuidado para não apertá-los demais em sua ansiedade Ela iria ser abandonada novamente, doía saber que a magoaria. Quebrando sua promessa, mas por fim... seria pelo bem de todos. Principalmente, para o coração de Chihiro.


- Sabe que não podemos ficar juntos. – lamentou num sussurro. – A verdade, é que preciso mais de você do que você de mim. – suspirou, aspirando novamente o perfume que emanava dela, era a mesma essência de laranjas que sua tia usava, porém era mais agradável senti-la na pele da garota. De certa forma combinava com ela, numa mistura inesperada.


O fogo se apagou, os restos da cera queimada pendiam para os lados. O sol já mostrava seus primeiros raios, bloqueados pelas grossas cortinas, trazendo uma fraca luminosidade amarelada.


- Por que é tão difícil? – Boh pensou, repentinamente sem forças para se erguer. Pensou novamente na conversa da noite anterior, revendo os grandes olhos de Chihiro dizendo:


“... Haku não está morto.”, havia tanta certeza em sua voz. Ela acreditava verdadeiramente naquilo. Parte de si confiava que ela dizia a verdade. Porém a outra parte, a racional, dizia para que pensasse com clareza, argumentava irrefutável que ele vira aquele corpo se desintegrar a sua frente, até que restasse somente um pó avermelhado. Não tinha dito isso para Chihiro, ela arrumaria alguma forma de falar que ele não estava morto, iludindo-se cada vez mais.


Boh respirou fundo, havia prometido a si mesmo que seria somente essa noite. Chihiro mexeu-se incomodada, indo para mais perto de seu corpo, murmurando algo desconexo e feliz, que a fez erguer os cantos dos lábios. Estaria pensando nele?, pegou-se desejando por um momento.


- E se ele estiver vivo?


Aquela energia, perto do lago, era exatamente igual a dele. Um tanto mais forte e, talvez, mais sombria. Mas ele certamente saberia a diferenciar de outra pessoa, era uma aura terrivelmente forte e inconfundível, uma força que ele tentara se igualar durante toda sua vida, treinando arduamente pelos olhos prestimosos de Kohaku, que sempre ria levemente, as mãos fazendo um leve gesto de incentivo, os olhos presos no horizonte se voltavam para ele. Esses, não sorriam nem mostravam calmaria, eram duas bolas de gude com um fraco brilho, relembrando outros tempos, imutável, mesmo quando os primeiros sinais de velhice se assomaram e depois as rugas, os longos cabelos azulados se tornando acinzentados até que começassem a cair. Ele vira tudo isso, sem saber o que sentir, sabia que amava o amigo e que o admirava, mas amava também a figura sempre evocada de Chihiro por sua força e o olhar carinhoso. Escutava Haku dizer seus planos, como iria ficar junto dela, enciumado. Vivia suas memórias e as dele, criando um amor platônico, o mesmo que Haku e Chihiro compartilhavam, inalcançável. O tempo estava contra eles. Suspirou pesadamente, ela estava com ele agora. Estreitou seus braços um pouco mais fortemente em torno dela.


- Bou. – ouviu-a dizer seu nome. Sorriu um pouco, porém seus olhos eram duros. Ela havia dito o nome de Haku várias vezes durante a noite, em sussurros desesperados. Estava disposta a dar uma chance, contudo nunca o esqueceria, seria sempre uma memória presente na vida dos dois.


Afastou a franja grudada na testa dela com dois dedos, curvou o pescoço, erguendo-o do seu travesseiro para encostar seus lábios na pele dela, escutando um fraco murmúrio de aprovação. Distribuiu beijos curtos por toda a extensão de seu rosto, os olhos dela ainda fechados, parou nos lábios.


- Eu te amo. – ela disse sorrindo.


- Eu sei.


- Estou feliz...


- Consigo ver. – respondeu admirando o sorriso com que ela lhe presenteara.


- Você não conseguiu dormir? – Chihiro perguntou, tocando as olheiras sob os olhos dele.


- Estava um pouco inquieto. Não se preocupe.


- Acho que devia descansar. – disse ela mordendo o lábio inferior com força, como se decidindo de algo.


- O que foi?


- Nada. – ela replicou rápido demais. Boh não acreditou nela.


- Fale.


Ela respirou profundamente e soltou o ar com cuidado, ganhando tempo, correndo os olhos pelo aposento, registrando seus detalhes. Por fim, voltou-se para o ser a sua frente, o qual estava preocupado com seu mutismo.


- Precisamos conversar...


Boh encarou os olhos dela pelo que era para ser somente um segundo, esquecendo que a menina tinha algo a lhe falar, mergulhou naquela escuridão apreensiva e amorosa. Um barulho panelas caindo na cozinha, eles se afastaram envergonhados. Chihiro se levantou rapidamente, arrumando a camiseta amarrotada e os cabelos bagunçados, soltando um gemido desanimado quando viu seu reflexo no espelho.


- Eu estou horrível! – reclamou. Olhou para o reflexo de Boh e viu os cantos de seus lábios erguidos, uma expressão de divertimento. – Não ria! – esbravejou. Diante disso, o sorriso de Boh se pronunciou, ele se ergueu e veio para perto dela, conteve o restante de riso, a expressão subitamente séria. Os dedos pousaram suavemente na cintura dela e puxou-a para si, abraçando-a sofregamente sem alguma explicação prévia.


- Você é a pessoa mais linda que já vi em toda minha vida.


Ela murmurou algo com a cabeça no peito dele, segurando-o também. Mesmo que as eras o separassem, os dois estavam juntos. E era isso que importava.  


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